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terça-feira, 29 de julho de 2014

A «Magia Naturalis»


O Investigador, Filósofo, Teólogo - Alberto Magno «São Alberto Magno» (1193-1280)

Por meio das suas muitas experiências científicas na época, terá efectivamente criado uma espécie de ser humano artificial ou tudo não passa de mera especulação? E, sendo verdade, que terá este descoberto em toda a sua precursora obra de Ciências Naturais Experimentais, referenciada como «Magia Naturalis», onde se evidenciava um conhecimento sobre-humano nas ditas «cabeças falantes», fabricadas artificialmente?

O Legado da Idade Média
A meio do Inverno de 1248 terá um Dominicano alemão - por intermédio de Magia - conseguido obter frutos frescos e um jardim a florescer. Ainda assim, como se tal não bastasse, murmurava-se também que ele havia construído um ser humano artificial, o qual havia sido destruído pelo grande teólogo Tomás de Aquino (1225-1274), seu discípulo.
A pessoa a quem aqui nos referimos é Albert, «Conde de Bollstadt» - mais conhecido pelo nome de São Alberto Magno (1193-1280).

O Cientista como Mágico
Alberto Magno, nascido em Lauingen, foi o mais importante erudito da Idade Média. Estudou em Pádua (Itália), tornou-se depois monge Dominicano e, o admirador do filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.).
Contudo, o facto de se ter ocupado de matérias tão diversas como a Matemática, as Ciências Naturais, a Gramática, a Astrologia e a Alquimia valeram-lhe a reputação de se dedicar também à Magia.
A verdade é que, na Idade Média, ténue era a distinção entre as Ciências Naturais e, a Magia! Alberto Magno levava a cabo experiências científicas, mas não deixava de defender a ideia de que se podia fazer acontecer milagres, mediante certas operações mágicas. A sua obra prestou contributos importantes para o desenvolvimento da chamada «Magia Naturalis» - a precursora das Ciências Naturais Experimentais.

Roger Bacon
De acordo com a opinião do investigador Alexander von Humboldt (1769-1859), o Franciscano inglês Roger Bacon (c. 1214-c. 1292) foi a personalidade da Idade Média que intelectualmente mais se distinguiu. Dotado de particular interesse para a História da Cultura, está um escrito de R. Bacon em que este descreve autómatos, máquinas, viaturas automóveis e até dirigíveis, para além de prever a invenção do microscópio e do telescópio - bem como a utilização do vapor como força motriz.
Também Bacon, em virtude dos vastos conhecimentos de que dispunha em matérias como a Alquimia, a Astronomia e a Física, atraiu sobre si inúmeras desconfianças, julgando-se que este se dedicava à Magia Negra.

Ramón Llull
O erudito e místico catalão Ramón Llull (Raimundus Lullus, 1235-1316) criou um sistema de regras gerais, a partir das quais, através de um processo especial de combinações, se pudesse obter todas as teses científicas. Para simplificar este propósito, designava os conceitos fundamentais com letras e agrupava-as em quadros, campos e figuras.
Durante séculos todos os que posteriormente se dedicavam às Ciências Ocultas, bem como às Ciências Naturais, estudaram criteriosamente a sua obra, a «Ars Magna». Para além dos seus trabalhos científicos, dedicou-se também a escrever romances e poesia, sobretudo em língua catalã.
Muitos dos escritos que lhe são atribuídos suscitam actualmente algumas dúvidas quanto à sua verdadeira autoria.

Avançados para o seu Tempo
Santo Alberto Magno, Roger Bacon e Ramón Llull foram adoptados por aqueles que se dedicavam às Ciências Ocultas. Diversos tratados de Alquimia foram atribuídos a Ramón Llull.
Nestas obras cria-se uma imagem estilizada dele - um iniciado que teria estado em poder da Pedra Filosofal.
Na verdade, porém, qualquer destes eruditos tentou contrariar comportamentos enganadores e supersticiosos. Roger Bacon era da opinião que, as Ciências Experimentais, deveriam enfrentar a Magia, que enganava e cegava a Humanidade com as maravilhas que operava - com maravilhas ainda maiores!

Os Autómatos Falantes
Consta que Alberto Magno e Roger Bacon teriam tido à sua disposição uma cabeça fabricada artificialmente e, dotada de um conhecimento sobre-humano, uma espécie de autómato falante que pronunciava Oráculos.
Na Antiguidade são feitas referências a «Cabeças Falantes» e a estátuas que se julgava estarem habitadas por algum demónio. Ao que parece, tratava-se de cabeças humanas mumificadas e preparadas de acordo com determinados critérios astrológicos, às quais era reconhecida a capacidade de falar.

O investigador, filósofo e teólogo Alberto Magno, sendo um dos estudiosos mais importantes da Idade Média, leccionou em diversas escolas de Ordens e nas Universidades de Paris e de Colónia.
Roger Bacon, filósofo, teólogo e erudito, criou o Conceito Científico de Leis Naturais e contrapôs à autoridade medieval, o Método Experimental. Ambos terão certamente afrontado a Igreja e mesmo as suas leis já pré-definidas no que aqui se registou de toda a audácia e encorajamento destas experiências científicas. Muito à frente do seu tempo, sem dúvida, sendo os percursores das Ciências Naturais Experimentais, houve quem os designasse de bruxos. E, remete-nos dizer que, mesmo não sendo Magia (ou seria...?), algo estes homens saberiam de maiores conhecimentos, de maiores poderes. Não foi à toa que elaboraram teses documentais na fabricação artificial destas tais «cabeças falantes». Que técnicas terão descoberto? Que ensinamentos e sua origem, estes homens de hábito vestidos terão conhecido e, seguido, nessas suas muitas experiências completamente extemporâneas para a época?
Todas estas questões ficam em aberto - no que se não sabe mas se impõe - em pertinência e inquirição de todo um conhecimento medieval que não se imagina (mesmo na actualidade), estes homens possuírem. Percursores, investigadores e curiosos, estes homens da Religião e da Ciência souberam-no indiciar como uma espécie de fundadores de uma qualquer comunidade científica que, na época, era impensável. Pela sua coragem e ousadia, só me resta consignar que a bem de todo um processo futuro em Ciência e Experimentação se possa continuar a aludir a estes mesmos conhecimentos, no que se conhece hoje em tecnologias de ponta e, repercussão científica, nos avanços significativos nesta área. Assim sendo e, a bem das gerações futuras - e da Humanidade - assim continue a ser!

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