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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Terremoto danno Amatrice Italia (24 agosto 2016) earthquake Rome Italy

A Agonia da Terra: (Placas e Plumas)



Imagens do terrível sismo alocado sobre Itália (SIC Notícias), no presente dia 24 de Agosto de 2016. A tragédia humana do que pela consequência do movimento das placas tectónicas se fomenta (à superfície) no planeta Terra.

Hoje, dia 24 de Agosto (2016) todos choramos com Itália. Ou, o que nos provém aventar, em mais um holocausto terrestre sobre a Indonésia, onde também a terra tremeu. Réplicas se repetirão - e tudo em redor estremece - só com o leve pensamento do receio há muito fundamentado do que a deslocação tectónica pode acoplar, na Terra.

Somos (nós, humanos) a simples fragmentação e subsequente dilaceração do que os despojos, os destroços e a destruição de almas e bens nos arroga, tanto em lágrimas como em total impotência para tal evitar. Mas unimo-nos na desgraça do que, cientifica e estrategicamente, a Terra nos afere em sua consistência geofísica. Cabe-nos a nós, todos, compreendê-lo e anuí-lo na maior consciência de conhecimento e, se possível, atitude preventiva para se reduzir os tantos estragos ou calamidades sobre o nosso planeta. Força Itália, estamos todos convosco!


Primeiras Imagens obtidas no socorro ou auxílio prestados pela Protecção Civil Italiana na demanda do devastador sismo ocorrido, em Itália.

Placas e Plumas
É sabido pela comunidade científica além os especialistas na matéria de que, a Crusta Nova está completamente a ser gerada nas dorsais oceânicas, o que provoca a Deriva dos Continentes que, ao que se sabe, estão em perfeita e assistida ou continuada movimentação e mesmo deslocação. No entanto, a Terra, ou planeta tal como o conhecemos, não se está nem a expandir nem a contrair; portanto, para se manter o equilíbrio, alguma crusta tem de ser destruída.
A Teoria da Tectónica de Placas foi então desenvolvida para explicar como isso acontecia e, além disso, como os Continentes se deslocavam no globo.

No início dos anos 60 (do século XX), a ideia da Deriva dos Continentes era então e de certa forma encarada com cepticismo ou alguma contenção por parte dos entendidos, porque, ninguém conseguia descortinar como o Manto (que se tinha provado, por meio das ondas sísmicas, ser sólido) podia transportar as Placas da Litosfera de um lugar para outro. Foi então que o geofísico germano-americano, Beno Gutemberg (1889-1960) demonstrou que o Manto, embora de extrema viscosidade, podia mesmo assim possuir Correntes de Convecção no seu interior. Tratou-se desta feita de, um passo-chave, ou seja, a fiel determinante a partir daí nessa outra visão e, conhecimento, sobre o que se passava efectivamente nesse Manto.


Teoria da Mobilidade dos Fundos Oceânicos: a concepção actual dos cientistas que por fim admitiram a mobilidade dos Fundos Oceânicos.

Sondando os Fundos Oceânicos...
Os Cientistas começaram a sondar os Fundos Oceânicos em meados do século XX, usando então técnicas geofísicas e recolha de amostras dos leitos marinhos. Em resultados desses estudos, peças vitais de provas geológicas surgiram à luz do dia que mostravam, inequivocamente, que os fundos Oceânicos (do mesmo modo que os Continentes), estavam em perfeito movimento.

A partir desse estudo e análise aos Fundos Oceânicos, pôde-se provar então - ou de certa forma comprovar irrefutavelmente - que, a litosfera de Terra, se compõe de sete (7) Placas muito grandes e, de numerosas placas mais pequenas que se comportam como se fossem rígidas e que são impelidas pelos movimentos no interior do Manto - transmitidos por sua vez ao longo da Astenosfera.


Morfologia dos Fundos Oceânicos (imagem da Porto Editora).

As Conclusões...
Por conseguinte, os cientistas admitiram em conclusão imediata de que o Manto estava em Movimento Convectivo, subindo este à superfície ao longo de linhas situadas no meio dos Oceanos, chamados: Eixos de Estiramento (ou de expansão).
O manto quente gera Magma mais leve do que a matéria que o circunda, de modo que este se eleva atá à superfície. Neste processo vai arrefecendo, cristaliza-se e afasta-se para os lados dos Eixos de Estiramento. O arrefecimento provoca contracção, de modo que os Eixos de Estiramento formam dorsais acima da da parte restante dos Fundos Oceânicos, que sofrem subsidência.

Em 1947, os Sismólogos, que se encontravam no navio de pesquisa «Atlantis», de origem norte-americana, advogaram (por suposta descoberta e conclusão geral), de que a camada de sedimento do fundo no Oceano Atlântico era muito mais fina do que o pensado anteriormente. Por conclusão efectiva, sabe-se agora de que a maioria dos processos geológicos que ocorrem no planeta Terra estão directa ou indirectamente ligados (ou conectados) com a dinâmica dos Fundos Oceânicos!


Himalaias: a outra realidade após o terrível terramoto de magnitude 7,8 em 25 de Abril de 2015, no Nepal. Há quem afirme, convictamente, de que os Himalaias encolheram (ou o que se supõe da sua base territorial geológica até ao cimo) depois do sucedido no Nepal em devastador terramoto.

A Transformação evidente...
Segundos os últimos dados de cientistas norte-americanos e alemães, os Himalaias, na Ásia, sofreram uma alteração substancial na altura da cordilheira - ou diminuído o seu tamanho - em cerca de 1 metro. Esta, a conclusão evidente após uma intensa prospecção no terreno e no local, além um acirrado estudo aéreo e por GPS, afirmaram.

«A principal zona que viu a sua altura reduzida é um trecho de 80 a 100 quilómetros de Langtang Himal, a noroeste da capital, Katmandu», aferiu resolutamente o geólogo Richard Briggs, do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Criteriosamente também, existe um «Sobe e Desce» constantes, admitem os investigadores, uma vez que se verificou, por imagens de satélite, essa realidade. E esta é óbvia: foi mostrando que a área da cordilheira diminuiu cerca de 0,7 a 1,5 metros, não sendo contudo possível que haja uma montanha específica que esteja menor, anuíram os cientistas.


Fotos gentilmente cedidas por um astronauta da ISS, e NASA, aquando uma missão ou expedição 8, sobre os Himalaias, em 28 de Janeiro de 2004.

Mais Conclusões...
Segundo os cientistas do Centro de Observação da Terra, do DLR, que compararam as imagens por satélite, antes e depois do terramoto, as conclusões foram reiteradas sobre o que já se referiu; todavia, assumem desde logo sobre o que também se descobriu, de que algumas áreas afectadas (incluindo a capital, Katmandu e o sul das montanhas dos Himalaias) ficaram mais altas depois do terramoto.

Movimentos de Abatimento e Elevação são uma constante, ou seja, um comportamento geológico normal, depois de um terramoto de tão grandes proporções como neste caso do já referido, no Nepal.
Normalmente, a altura dos Himalaias está em ascensão (devido à colisão entre as placas tectónicas Indiana e Eurasiática). Sabe-se contudo de que, durante a efectuação de grandes terramotos, esse processo é invertido, segundo o que os geólogos assim determinam.


Imagem de satélite sobre a região dos Himalaias. Imagem captada pela Envisat`s Meris (ESA).

O que se passa então com a Litosfera...
A destruição da Litosfera tem lugar ao longo de zonas estreitas e compridas chamadas Zonas de Subducção. Nesses lugares, a Litosfera em expansão afunda-se, deslizando assim por baixo de uma placa oposta, a um ângulo de cerca de 45º, aquecendo e, entrando de seguida em fusão, sendo reciclada no interior da Terra.

Por vezes, porém, duas Placas Continentais convergem. Neste específico caso, as duas placas podem chocar uma com a outra, enrugando-se e formando então cordilheiras montanhosas, em vez de ter lugar a Subducção. Assim sucedeu com a Índia e a Ásia ao longo da linha dos Himalaias, provocando o «cavalgamento» de camadas de Crusta rígida.

O Manto pode subir à superfície de forma muito mais localizada. Chamam-se Plumas ou «Pontos Quentes». Existe há muito tempo uma pluma por baixo das ilhas Havai; outras situam-se por baixo do Continente Africano.

Mas ainda em relação ao que se passou na colisão entre a Índia e a Ásia que terá começado há cerca de 40 milhões de anos, há a referir de que, como as Placas em Colisão se compunham de rochas continentais flutuantes, não se deu a tal subducção. Enormes massas de estratos fracturados, arrancados à margem que avançava da Placa Indiana, sobrepuseram-se então uma a seguir à outra. O movimento contínuo da placa em avanço fez assim deslocar essas massas várias centenas de quilómetros.

A Formação da Cordilheira dos Himalaias deve-se a esta actividade tectónica. Noutros lugares, as falhas absorveram a Compressão, dando origem a acidentes como o planalto do Tibete!


Imagem da «Aine Corona», de Vénus. Cortesia da NASA/JPL.

Plumas de Vénus, Marte e Terra...
Plumas de várias dimensões constituem o ponto principal de Fluxo Térmico, no planeta Vénus do nosso sistema solar e que, ao que parece, não possui fronteiras entre as placas como a Terra.
As Plumas de Vénus, muito maiores, têm estado aparentemente activas por períodos longos, gerando então levantamentos vulcânicos - maciços vulcânicos à escala regional, muitas vezes associados ao Estiramento da Crusta.

Plumas mais pequenas deram assim origem a estruturas circulares denominadas Coroas. A actividade de Plumas de longa duração também se regista em Marte, onde surgiram Vulcões-escudo maciços, por cima de grandes plumas levantadas.

A Terra parece ser desta forma o único planeta do nosso sistema solar que possui mais de uma Placa Tectónica (apesar de se estar só agora a estudar mais afincadamente esses outros planetas, os exteriores, do nosso sistema solar nessa vertente).
Marte e Mercúrio (planetas interiores) não apresentam assim qualquer estrutura resultante da tectónica de placas, o mesmo se passando com a Lua; consideram-se esses planetas tectonicamente mortos.


Sismo em Itália de magnitude 6.2º na escala de Richter. Evidente ou pungente destruição em Amatrice, às 3 horas e 38 minutos em abalo sísmico terrível. A Protecção Civil Italiana confirmou até ao momento (do dia 24 de Agosto), a calamidade de 73 mortos confirmados, pela manhã. Ao fim do dia, eram já 120 mortos, na crescente luta entre a vida e a morte em dados estatísticos. Foto do semanário «Sábado».

A Tragédia da «agonia da Terra»...
O Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia Italiano aferiu já se terem registado cerca de 160 réplicas em imparáveis ocorrências no centro de Itália. E que, até às 12 horas locais (11 horas, em Lisboa, Portugal), a observação e registo através dos sismógrafos de 59 movimentos sísmicos de magnitude oscilante entre 3.0 a 5.0º na escala de Richter na parte central dos montes Apeninos, segundo a agência Lusa.

A Itália, tal como outros países da Europa (de entre eles Portugal que também se encontra na placa Euro-Asiática, no contexto da tectónica de placas, para além da recente descoberta de uma fractura tectónica em formação ao largo de toda a costa portuguesa), faz-se registar em grande perigosidade sísmica para os locais.
Segundo o jornal online «Observador» que comenta este fenómeno, deduz que estas Placas Tectónicas continuam a mover-se ( a Euro-Asiática e a sub-Placa do Mar Adriático), derivando daí os sismos frequentes. Refere também o terramoto de L`Aquila (provocado pelo afastamento abrupto das placas) e, o de Bolonha (em 2012), devido ao movimento contrário - o choque!

Uma parte significativa do Território Italiano tem um nível elevado nesta perigosidade sísmica já referida, sobretudo na região central e sul do país. Tudo isto se deve ao facto de Itália estar situado como país europeu na geografia do planeta, sobre duas placas tectónicas: a Euro-Asiática e a sub-Placa do Mar Adriático. Pelo factor da colisão entre estas duas estruturas nasceram as montanhas dos Apeninos; montanhas estas que atravessam Itália de norte a sul.

Sendo que estas placas continuam a mover-se, os Sismos tornam-se assim uma iminência com bastante frequência registados, deixando sempre ou quase sempre as populações de sobreaviso ou mesmo em alerta. Todavia, nada parando as trágicas consequências destas ocorrências, há que tomar de muita precaução, uma vez que se legitima sempre um manancial estrondoso na perca de vidas.


Foto de Remo Casilli/Reuters na evidente consternação por parte da população enfrentando um inimigo escondido mas por demais visível à superfície...

Da Verdade Geológica à magoada realidade...
Há quem lhe chame desde logo Puzzle Geológico, de facto. E isto, por haver subsequentemente ao longo dos 4600 milhões de anos de existência da Terra, a conformidade de que, durante todo este tempo, os padrões da terra e do mar, se alteraram ou foram mudando em todo o planeta.

Novas Rochas da Crusta estiveram em criação contínua, no que algumas estiveram à superfície durante muito tempo, outras nem tanto e outras ainda foram destruídas ou recicladas. Ou seja, esta bela Terra tal como a conhecemos - ou como muitos apelidam e afectam de Gaia - tal como recortadas peças de um idêntico e enorme puzzle de Continentes se foram separando, apesar do encaixe perfeito que muitos deles obviamente se podem evidenciar se para tal os uníssemos.

Sendo o planeta Terra composto por três camadas ou zonas concêntricas: Crosta Terrestre, Manto e Núcleo (todas elas separadas por fronteiras a que vulgarmente os geólogos designam por «Descontinuidades»), é fácil chegar-se à conclusão de que a Crusta/Crosta Terrestre é de facto muito semelhante a um puzzle em que cada uma dessas peças é denominada: Placa Tectónica.

Havendo as Placas Convergentes (as que colidem entre si) onde a crosta terrestre se destrói, há outras que se afastam uma da outra - Placas Divergentes - onde a crosta terrestre se renova. Outras há ainda que não se afastam nem aproximam, mas roçam uma na outra - Placas Conservativas. Assente numa camada plástica - o Manto - a Crosta Terrestre está sempre movível, ou seja, em movimento.


Foto do jornal online «Observador»: Metade da cidade desapareceu, segundo este jornal que, tal como a imagem comprova, é uma realidade dolorosa e, quiçá desesperante, para quem ainda espera por auxílio debaixo dos destroços...

Tudo se mexe, tudo se move...
Uma compreensão mais aprofundada sobre esta actual realidade de Oceanos e Continentes, refere-nos na verdade científica - geoquímica, geofísica e mesmo paleontológica (estudo dos fósseis) e da estratigrafia (estudo das camadas de rochas) - de que outrora os Continentes estiveram unidos e secularmente em muitos milénios se foram separando ou deslocando, assim como a percepção de que, a Litosfera, está fragmentada e que as peças individuais - ou Placas - estão em movimento constante. Tal como a nossa própria vida!

Nada mais a acrescentar que não seja, um respeitoso ou mui reverencial sinal dos tempos em consonância com a dor dos que já pereceram - nesta ou noutras idênticas catástrofes humanitárias de índole geofísica sempre sem precedentes - ante a agonia dos povos e do planeta que tanto estrebucha e sofre como os demais.

Para os que ficam, os que auxiliam e projectam na população sofrida todos os esforços que por entre escombros e réstia de vida, dessas muitas vidas que ainda nos surpreendem querer viver, um bem-haja a todos eles. Se a Terra se vê submetida a tão inóspito espectro à sua profundidade ou à sua superfície, cabe-nos a nós, seres humanos, sabê-lo gerir e nunca confundir os bens da Natureza ou da Mãe-Terra com os desgostos de quem por cá lidera. E, acima de tudo, estatiza a dor inconfundível dos que por entre a agonia da Terra e de todos os seus bens perdidos, além a própria vida, se sentem tão perdidos e tão estremecidos como a terra que tudo lhes roubou.

Para esses, os que já em nada acreditam, o meu singelo conforto de alma ainda não perdida mas mui constrangida - e solidária - com os que nada tendo, ainda se vêem lutar por uma réstia de nada. Força Itália que o mundo, todo, está com as vossas lágrimas, o vosso luto, mas também e, além de todas as coisas, com a renovada esperança de tudo e de novo reedificar! O meu coração está convosco: «Forza Itália. La Pace Sia Con Voi»!

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Aos Bombeiros... Obrigado!

Socorro! Estamos a arder!!!


Portal da NASA (NASA Worldview) na premissa de visualização e observação através da Internet sobre imagens que são captadas por satélites. A percepção imediata da extensa realidade dimensional dos incêndios em Portugal.

Fogos em Portugal vistos do Espaço: A maravilhosa observação dos Internautas!
A eterna saga estival que até tem calendário demarcado segundo os especialistas da Protecção Civil da República Portuguesa.

A vaga de incêndios florestais sendo já quase uma praga endémica a cada Verão que passa, é, acima de tudo, a calamidade expectável (e muitas das vezes, espectral), além a sempre hediondamente memorável recordação fatídica de quem assiste de fora, ante a ociosidade de quem vê, de quem observa e nada faz para tal travar. Colunas de fumo de grande extensão (e de muitos quilómetros) são captadas pelos satélites da NASA que se observam ao longo do Oceano Atlântico.

Quem nos salva de nós mesmos???
Já não bastavam os infortúnios financeiros de desbaste e pouca contenção sobre os gastos públicos, a iminente contingência punitiva de Bruxelas sobre os excessos de um déficit nacional há muito tresloucado (ou talvez estuporado como rameira de muitos donos ou vulgo peão de brega de largo lenocínio), também temos os fogos, muitos fogos, que não os pirotécnicos - os da festança e da abastança - mas os outros, os da sazonalidade ou da retaguarda, os da pujança psicótica e mentalmente pouco aceite, de gente que não é gente que incendeia campos e almas, e tudo fica a ver, a observar, diletantemente, como o maior voyeur da História, da sua história, sem história alguma por contar. Estamos assim, a arder, e o mundo que resta a ver...

Para quê haver paliativos da dor, da incomodidade ou do sofrimento de cidadãos na perca de bens, animais, e tudo o mais que vai à frente, do mal e da besta, e de tudo em redor que já não há paciência nem luta, arrefego ou arreganho, pois que tudo jaze por terra, negro e igual àquela mesma dor de tudo se perder ou tudo se ter deixado para trás. E o que resta de nós, daqueles outros que sentados e confortados na distância do que não nos toca, nem na alma, vamos assistindo, bramindo aos céus, aludindo que haja decoro, que haja castigo, e se não for pedir muito, que haja um fim para tudo isto.

Somos tão pobres de espírito e tão pouco dados a justiças terrenas que não divinas, as que sempre acreditamos fazerem-se cumprir por outras que não vencem, que não vingam, pelos arrufos e dislates de mentes pouco sãs, ou outras, de mais latos proventos ou práticas passivas de corrupção - e muita especulação - que tudo arrasam, que tudo definham, em cinzas e pó que dessa terra mais nada sai ou pelo menos nada cresce, não, de dentro em breve.
Usamos de parcimónia com quem tudo destrói e sabemos ser implacáveis com quem, por vezes, só quer chamar à atenção; somos por assim dizer uns pacóvios do sul da Europa que tudo vê derreter sem nada fazer, sem nada aprender, e muito menos acolher em si, nos benefícios ou acordos de uma outra Europa, mais farta e mais húmida, como prostituta sempre pronta a ser usada.

Para quê utilizarem-se lenitivos que não dão em nada - placebo de coisa nenhuma - nos aviões, helicópteros ou Canadairs que todos nos «emprestam» com a mesma veleidade ou condescendência com que amparamos na queda um nosso filho toxicodependente ou filha perdida na vida, por entre escombros e destroços, tais como os daquelas casas da ilha da Madeira ou do Norte do meu continental país ainda à beira-mar plantado mas, tão mal semeado e tão mal gerido, que o vómito me é engolido em sufocado grito que ninguém ouve e ninguém acode. E eu morro com o que vejo, com o que sinto, assim, todos os anos, todos os verões e em todos os serões, à luz da candeia quase apagada como as almas dos que se finaram, dos que partiram e dos que nos encimaram esse outro ódio aos pirómanos, aos loucos, ou simplesmente aos destituídos e indigentes da vida, da sua triste vida, que os faz ser felizes pelas labaredas surgidas.

E eu, como me sinto eu...???
«A minha roupa está-me colada ao corpo e eu nem a sinto. Cheiro a fogo, a cinza, a mortalha que só eu sei. As solas dos sapatos derretem-se-me aquando pernoito nos campos cinzelados de mágoa e de dor. Sinto-me a esboroar ou o que resta de mim...
As minhas vinhas estão queimadas e a minha alma incinerada! Estou só e cheiro a Inferno!
O meu gado sem açaime ou fronteira para se acoitar, há muito que fugiu; o que fugiu. Os cães, as ovelhas e as galinhas não sei deles e do palheiro nada restou. O Céu está negro, como negra está a minha alma. Não tenho nada e já não sei se vivo. Acobertei-me na minha fúria e no meu rancor de tudo ter perdido e agora sei que já não sou alguém em quem se possa confiar; ou se possa confinar a uma outra verdade, a uma outra realidade que da terra se pise e do Céu se veja, lá do alto...
Sou um homem ou uma mulher, pouco importa; sou o que de mim ficou, do que o vento levou e os deuses me viram soldar, mas não solidificar nesta vida. Sou uma alma que pena, que peca e também talvez, que se lastima, mas que tudo vai revolver, que tudo vai ver renascer e enfim - se Deus quiser - ver reacender não o fogo que não fustigou, mas o da esperança do gado a mim voltar, da casa de novo habitar e, no fundo, de toda a minha vida eu reconstruir, pois que, se lá do alto Deus me ouvir, eu vou ser um bom pastor e sentir que Portugal é um porvir e eu, só eu, vou ser... um Salvador!»

P.S: Um abraço a todos os Bombeiros de Portugal Continental e Ilhas! Um Bem-Haja!!!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Djavan - Oceano

O Abraço de Cristo ao Mundo!


Cristo Redentor iluminado com as cores da Nação (bandeira, língua e Pátria) de Portugal. A homenagem certa e hospitaleira de um povo que não esquece as suas origens... e Portugal agradece em união e conformidade deste seu país-irmão. Obrigado Brasil!

O que eu sei do meu avô na sua passagem pelo Brasil...
O meu avô conheceu o Brasil. Um dia... há muito, muito tempo. Navegou pelas suas águas, pelos seus mares, voltando depois num saudosismo inconformado - ou talvez desenfreado - para o tanto que havia deixado.

Estava-se no belo ano de 1926 de um turbulento século XX, em Portugal e na Europa, de um pós-guerra de oito anos (1914-1918) que deflagrou em algo muito estranho. A disparidade económica e social entre a cidade e o campo eram confrangentes e tão distantes como a Terra à Lua.
Na consequente realidade portuguesa, na sua urbe, pululavam em multiplicação desembestada, aristocratas, artistas, intelectuais, funcionários e gente em busca de promoção social, desde os novos-ricos (patos-bravos) aos mais inescrupulosos pederastas. Mas isto era em Lisboa, versus Porto, ainda que não tão intenso ou tão desbragado como na capital. Luxúria, cocaína e tantas outras coisas que, hoje, até nem nos parecem tão diferentes assim, na actualidade. Mas nos campos, no meio rural, a coisa era diferente. Mais rude, melancólica, medonha até. A fome imperava e a ignorância alastrava. Assim como as feridas nos pés por ninguém andar calçado ou ter recursos para isso. Além as memórias, traumáticas, que para alguns ficou; da guerra, da fome, da doença (sezões ou febre espanhola) e da morte precoce por falta de medicamentos ou assistência em caso pior. Tudo isso se fazia sentir, pelas agruras e tormentas, muitas, dessa ainda mui recente e famigerada Primeira Grande Guerra (na Europa) que muitos tiveram o privilégio - ou o desprazer - de nesta fazer parte. Guerra esta, de fulcro e jugos sanguinários, recordada por todos os que por lá bisaram, pisaram e, amorteceram, nas tantas dores que não na morte, pois esses não falavam; desses, quase já ninguém lembrava, segundo os mesmos heróis acabrunhados e tão estafados de medalhas ao peito que esta guerra atormentava, ainda. O soldado-milhões é disso exemplo. E mais não se pode dizer.

O meu avô teve sorte; livrou-se da dita e não sei por que razão. Mas os caminhos e desvios destas intermitências da vida haviam-lhe de sair caras, muito caras. Casou pobre, ainda que o dote da minha avó não fosse nada de se deitar fora em alguns alqueires de terras e outros sobrados por enseadas e arrabaldes, pois que esta era senhora de família e de bens, mesmo para a época.
A ruralidade entranhava-se-lhes na pele como virulenta maleita, pois que os tempos não eram de prosa nem de conluio com os que nada tinham, esses outros ainda mais pobres, ainda mais rudes ou ainda mais ingénuos para acreditarem que, em Portugal, se podia enriquecer apenas com o suor do trabalho e da faina, em jorna e em casulo, não se fazendo pé-de-meia, não se fazendo pé de nada.
Segundo a minha avó me contou (pois nunca conheci o meu avô, em vida, tendo este falecido muito novo ainda, de doença oncológica), trabalhava de sol-a-sol, como se dizia então, ou seja, um horror de horas desde que o Sol nascia até que se punha, na feitura e alisamento das estradas de alcatrão por todo o país; daí que não fosse novidade a sua ansiedade de descobrir mais, ir mais além ou simplesmente ganhar mais, o que já não era nada mau.

Do velho moinho de uma quase irmandade matriarcal (a avó tinha mais 5 irmãs, tendo sido criada pela mais velha em repúdio e rejeição de uma mãe que as abandonara para ir viver com outro grande amor que não o pai de todas elas) de celeiro e proventos auspiciosos, passou para uma casa rudimentar, exígua demais para os muitos filhos que foram chegando, entretanto, em que tudo se foi comprimindo sem abastança ou compromisso de tal refrear. Mas já lá vamos. A casa da minha avó, já casada, era composta de dois pisos (soalho de madeira em cima e de pedra rugosa em baixo) e, uma escada que dividia ambos os pisos que parecia oscilar em trémula ou frémita descontinuidade, sem corrimão ou poiso que nos amparasse na queda, onde a minha avó (no piso superior) deu ali à luz nove dos seus filhos (dois mortos precocemente) e uma catrefada de sarilhos e engodos, mitigando a fome ou ludibriando esta nas bocas, muitas, famintas e desavindas que se abriam e se não enchiam de remessas ou alimentos, pois que os campos nada davam em dias e noites de muita chuva e intempérie que só visto. Ou ainda, por destes já pouco restar em venda e demanda de parcos recursos, de parcas economias domésticas que tudo levaram, sem piedade ou conforto de, por vezes, uma sardinha ter de ser repartida e partilhada por três. Era assim a vida, contou-mo a minha avó, a minha bendita e santa avó da qual ainda hoje recordo o seu jeito de sorrir fechado, a sua robustez faraónica de mulher do campo ou, a sua diligência para comigo quando, docilmente, me pedia para lhe servir à luz pálida mas não baça de um pôr-do-Sol magnífico da zona oeste, um cálice de aniz Marie Brizard que alguém sempre lhe trazia de França, pois sabia melhor do que o comprado por cá...

Mas falava eu do Brasil. Pois foi. O meu avô era um saloio. Daqueles que se matavam a trabalhar nos campos e na eira e, desta, sem eira nem beira, ficavam sem nada, vá-se lá saber porquê, se como ter de alimentar mulher e filhos já lhes não fosse o suficiente.
Que sabia então o meu avô daqueles fartos ou abastados (só para alguns...) e loucos anos 20, para se ter de rebater - e talvez enfurecer - até terras de Vera Cruz, sendo ele tão saudoso, tão prestimoso e tão zeloso da sua trupe familiar que só agora começava a dar rebentos mas muitos sustentos...?! E tantos sustentos eram, que ele não tinha para lhes dar. Ele, e muitos mais da sua povoação e fora desta, pois que Portugal extravasava de pobreza e ninguém parecia querer saber...
Quão débeis eram então os índices de desenvolvimento de Portugal, e ele, de bigodinho raso e não farto, aliás como tudo o resto, de olho verde e cigarro ao canto da boca, lá ia assobiando, talvez afastando a magra, paupérrima sorte, de se ter emparedado - e quiçá apaixonado - por aquela roliça moça do moinho, do velho moinho e da despensa farta, que todos no povoado cobiçavam em ambas as desditas.

E que sabia o meu avô da situação da urbe, ou daquela majestática cidade capital que vazava champagne como quem vaza um olho, sem querer ou sem poder, numa mistura de vaidade e deslumbramento pardos, endividando-se, amortalhando-se, em conspícua alternância de luxúria e desperdício, sucata e brilho, nos muitos clubes nocturnos que proliferavam como cogumelos na noite lisboeta; Que sabia o meu avô de tudo isso...? Nada, certamente!
Jogo clandestino, prostituição, tráfico de droga e até o crime violento (quem não se lembrava da infeliz Maria Alves, a bela actriz que fora morta pelo seu amante em crime passional, na Primavera de 1926...?!) ou da colossal burla de Alves Reis sobre as notas de 500 em infame escândalo financeiro com avassaladoras repercussões que chegou a atravessar fronteiras, terras e mares...?!
E isso importava...? Não sei. Para já não falar da ditadura instituída, fortalecida pela sequencial eliminação de uma oposição fraca ou de um estabelecido autoritarismo nacional inspirado por ditaduras europeias, como a de Mussolini, de Itália. Só mais tarde viria o Reviralho, mas isso o meu avô ainda não sabia nem podia e, possivelmente, nem compreendia. Só entendia a fome, muita fome, e um desprezo vómito (ainda mais) por aquela incipiente vida de muitos nadas e tantas perguntas por responder de uns serem bafejados pela sorte de um berço doirado e, outros, desmantelados e omissos dessa mesma sorte do nascer ao morrer; e muitos deles, sob o mesmo chão da mesma aldeia e da sua triste e igualitária vicissitude.

O Regime é uma Ditadura...? «Quero lá saber disso, nina (abreviatura de «menina» nas aldeias), quero é ter comida na mesa», disse-mo a minha avó, quando lhe perguntavam sobre o que por lá se passava, pela cidade grande e maluca - e pelos vistos desnorteada - como aferiam alguns mais sabidos. A Ditadura tem um prazo...? Vai-se regressar à Monarquia? Temos de mudar a Constituição...? Os Militares mantêm o poder ou passam-no aos civis...? Por que porra se fez então esta Revolução, heim...?! E como vai o povo pagar a dívida ao estrangeiro e anular a Bancarrota Nacional...???

Tempos de outrora... ou nem tanto...
Não foi bem assim que a minha avó me retratou os medos e receios de então, bem mais fácil foi retirá-los daquele contexto truculento e, abissalmente incómodo, de grande transtorno e pouca resolução que então me foi contado à boca pequena, pois que até parecia as paredes ouvirem, tal a confusão instaurada e desregrada que por aquelas terras se fazia, das cidades aos campos, das vilas às aldeias, por mais pequenas ou insignificantes que estas fossem. Não havia trabalho e ponto final. Assim me resumiu a minha avó, dizendo enfaticamente:
«Queríamos lá saber daqueles Filhos da Puta todos lá na capital; queríamos era ver o nosso celeiro abastado e não vazio e, para mais, ou para tantos outros, a barriga cheia e não a roncar, de dias e noites a fio de todos os meus filhos - teus tios - sem nada ter para lhes dar! Dói, ah, como dói neta; e eu sem nada poder fazer, com todos a chorar em volta de mim, ranhosos e famintos... ah, que tempos maus esses, neta, que tempos maus esses... dizia-me ela com seu olhar vítreo e perdido na secura das memórias, ou desse seu anoréctico tempo em que ainda não se sabia o que isto significava, além a era das exânimes donzelas que desmaiavam por tanta fraqueza haverem de apenas rejeitarem comida, essa mesma comida que tanto lhe faltara na mesa e na vida...

Voltando ao meu avô. Não sei se ele se perdeu pelas noites da capital; das noites boémias, voluptuosas e travessas de uma Lisboa sem regras, princípios ou vergonha na cara de gente que não era gente, ou se fazia por ser em arrasto e arresto de bens ou, arraso de famílias brasonadas que o deixavam de ser, imediatamente, em casinos e casas de mau porte, assim que se passava a ombreira de tais refúgios elitistas - e perdulários - de muito boas famílias portuguesas. Mas acredito que não. O meu avô não tinha dinheiro para isso nem sequer para mandar cantar um cego. Apenas se desdobrou em martírio e solidão, tristeza e silenciosa amargura de ter de deixar os seus e rumar até Lisboa, até ao cais de embarque para o Brasil, aquela terra das mil oportunidades, disseram-lhe. E também lhe disseram que voltaria rico, muito rico, a ajoujar das algibeiras não rotas e puídas (agora), que ele ostentava mas tentava disfarçar, metendo ambas as mãos nos bolsos em jeito de passeio, em jeito de vagueio e, pouco enleio, de alguém o notar.
Mas ainda viu, ah, se viu, por Cristo na cruz, os cartazes, aqueles belos e efusivos cartazes revelando pernas e só Deus sabe mais o quê, que lá na terra nunca ninguém viu, das belas coristas, das belas e azougadas dançarinas de cabaret ou do Teatro de Revista. E como eram belas, Santo Deus...! (perdoa-me mulher, que um homem não é cego nem de pau, não posso fingir que não vejo...). E assim lá terá arrepiado caminho o meu não menos santo avô... acho eu.

Não interessava que o país estivesse endividado ou que a moeda tivesse caído num abismo cambial a roçar a catástrofe iminente numa economia desarticulada... Que importava isso, se as meninas do cabaret tudo faziam esquecer, tudo faziam sonhar, até aos mais incautos ou desafortunados da vida...? Até parecia que a escassez dos bens essenciais ali não fazia mossa, pois parecia, terá pensado o meu avô, sem saber muito bem o que quereria dizer aquela placa que acendia e apagava, dizendo intermitentemente algo que nunca ele sonhara poder algum dia viver:
«Hoje há espumante livre ao som do Fox-Trot e do Charleston e temos salão livre para os mais afoitos, os mais noctívagos que se alberguem pela noite dentro. A nossa brilhante Jazz-Band, agora em Lisboa, depois de Paris, Berlim e Nova Iorque, vem agora presentear-nos com o seu famoso ritmo, não perca!» Boquiaberto e pouco esperto, o bom do meu avô talvez não se tenha deixado seduzir, pois que mesmo ao longe, a uma centena de quilómetros da sua tão abençoada terra, a mulher lhe ouviria os intentos, ou talvez não...

Que dizer de todos aqueles excessos, depois de se saber consagrado (ou formatado) de uma autoridade irrepreensível, irrefutável ou sequer indissociável das muitas chibatadas que levara com o cinto, aquele grosso cinto que doía que se fartava (ou pior ainda, com a chibata com que o pai batia na mula para que ela andasse, mesmo de quando se atolava na lama sem forças para se erguer), e que ele tentava ajudar, sentindo essa estranha cumplicidade com o animal da tanta violência acometida sobre ambos. E nada o detinha, a seu pai, vergastando-lhe os costados - e supostamente a dignidade - numa competência paternal e quase homicida que ninguém fazia por se imiscuir ou levemente interferir, fosse por que razão fosse; e assim ele fez nos filhos, nos seus filhos, Deus lhe perdoasse... Depois de uma disciplina espartana ou de um violento radicalismo que jamais entenderia de um Regime, de um Governo ou sequer de uma sua família em que nem o sobrolho se levantava à mesa, agora e ali, tudo às claras, tudo às avessas, tudo a nu, de belas mulheres e vinho que se farta, afinal porra, nem precisei chegar ao Brasil para já me perder... afinou em boa voz mas só para si, não fossem os ventos ouvir e lá pelo oeste estes se seguirem... até à patroa...

«Estou farto desta merda, vou é embarcar; afinal, já não me chegava o racionamento, os talões para os trocos, que moedas não tenho, farrapos de papel em vez de dinheiro e uma mão cheia de nada, para agora ficar parvo a olhar para estas leviandades...»

Não sei se o meu avô desta feita assim embarcou, com o olhar perdido por entre as ligas das coristas ou o severo olhar da minha avó que nem por um só momento deixou que ele lhe visse a réstia do viço no desejo contido ou, naquela desinvestidura deste seu homem partir para além-mar, além tudo o que se pudesse imaginar, para além dos seus montes e dos seus vales, do seu trigo, da sua cevada, das suas papoilas, dos seus malmequeres ou, do seu tufo de coisa nenhuma, pois que o dote há muito sumira e as ceifas há muito se tinham reduzido a nada.
E não quebrou. Só quando o foi levar ao caminho-de-ferro da aldeia vizinha é que o pranto se não recolheu, e lhe devolveu os piores momentos da sua vida. E por mais que a sua vizinha Maria a confortasse em jeito de bonomia e confraria que tudo iria correr bem, a minha avó tolhida mas não vencida - mesmo com o ventre já inchado de outra gravidez pronunciada mas não confessada ao que de si partia - lhe amolgou nos braços todos os receios, todos os temores e desamores sobre aquele seu homem, o seu único homem que a vira tão em nudez como em desfaçatez de lhe ter sido tudo na cama e na alma, pois que uma mulher que é séria, sê-lo-à para sempre; mesmo para além da morte.

«Vá lá Tininha, sorri para o teu homem que ele já vai longe, olha como vai prazenteiro e galhofeiro, o malandro, e olha como ainda te acena do vapor e te diz que tu és dele, só dele, e tu mulher, que dizes agora...? Não vês que só tem olhos para ti...?! E para ti voltará este homem que tanto te quer, parvalhona...! Vai por mim, Tininha, este é dos que volta, acredita mulher!»

E assim foi. Depois das coristas, em Lisboa, até aos ventos e assomos de uma terra que marujos e navegantes em séculos antes também viram, o meu avô atracou e afiançou que jamais na vida se apartaria de minha avó. Por lá trabalhou, por terras do Brasil (não sei em que cidade mas projecto que tenha sido pelo Rio de Janeiro) vindo só a conhecer o seu último filho até à data - meu pai - aquando por lusas terras de novo se insinuou. Não sei quanto tempo por lá ficou, no Brasil, se deixou descendência ou se foi o mais claustro, beato - ou o mais prolífero devasso - por essas terras de pouco celibato e muito estorvo a quem quer ser fiel aos seus, aos deixados do lado de cá. Mas acredito sim, piamente, que o meu avô jamais esqueceu também de que, por muito pobres que sejamos, hoje e sempre, há sempre um coração que nos chama, uma alma que nos pertence e, uma vida que nos enche de tudo, mais que não seja do benfazejo alívio de sermos, uma vez mais, abraçados por quem nos quer e ama mais, com toda a certeza. Se o Corcovado abraçou o meu avô eu não sei (talvez em sonhos, uma vez que este foi inaugurado só em 12 de Outubro de 1931, ou seja, 5 anos depois da curta estadia de meu avô por terras brasileiras) mas sei que, fosse ele vivo hoje, com toda a certeza também, ficaria orgulhoso e mui célere de voltar a Portugal depois de ter acreditado que além-mar ou, além-terra, podemos ser felizes desde que não esqueçamos quem mais amamos ou, na melhor das hipóteses, termos quem mais queremos do nosso lado - mesmo que esse lado fique do outro lado do oceano...!

Para a próxima Avô, levas a família toda, ouviste...?! E voltares ou não, para as cores da tua bandeira, da tua língua, da tua Nação ou Pátria, será algo bem mais fácil de decidir e não radicalizar, pois que o Cristo Redentor, cá ou lá, em Portugal ou no Brasil, é sempre o mesmo que nos abraça no seu todo.
Que sejas muito feliz lá onde estiveres, avô Floriano!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

TERREMOTOS mas fuertes del mundo grabados por camaras de seguridad NEPAL...

Terremoto desde un vehículo y tsunami atrapa a un anciano

Ondas Sísmicas: as ondas que chocam o mundo...


Abalo Sísmico de 6.4 na escala de Richter, em Taiwan (Ásia).

Não havendo muitas vezes a compreensão humana para a escalada de destruição que as Ondas Sísmicas provocam no globo terrestre sem distinção ou qualquer deferência - ou mesmo sem outro tipo de contingência, interferência ou sequer anulação sobre estas por parte do Homem - que mais haverá por reconhecer (mesmo para os leigos na matéria), sobre algo intransponível e inexequível de fazer parar, de fazer estacar, ante a prodigiosa actividade sísmica da Terra...?!

Estando hoje os cientistas a estudar e, pormenorizadamente a analisar, essas ocorrências mesmo para além da Terra (havendo a noção exacta já hoje do que se passa na Lua ou em Marte), poderá o Homem aludir a mais, avançar mais ou, pronunciar-se mais, sobre o que ainda não controla ou domina, de toda uma idiossincrática performance terrestre que não sendo original, é tão comum quanto inexorável de se travar, de se perspectivar ou quiçá (como alegam os investigadores), um dia, rebater em previsão e diminuição de seus tão elevados custos humanos?!

Ondas Sísmicas ou ondas que chocam o mundo, o nosso mundo, pela tão radical destruição de bens e pessoas, terra, mar e todos os seres vivos que em premonição ou factores paranormais (em relação aos animais) se vêem trasladados para outros sentidos, outros caminhos, numa aferição cognitiva que ainda hoje o Homem não sabe definir completamente.


Sismógrafo, revelando ao mundo um sismo de 6.6 na escala de Richter, na Colômbia. Até hoje, o maior sismo verificado ocorreu no Chile, em 1960, de escala 9.5 graus.

Frequência e Amplitude, são os dados que se recolhem hoje na intensidade dos acontecimentos sísmicos: todavia, a imprevisibilidade da ocorrência de Terramotos ou Abalos Sísmicos (que vai de 0 a 10 na escala de Richter) perpetrados na Terra, é nula. Continuam a fazer-se sentir numa magnitude de 6 ou mais, legitimando uma prepotência assaz avassaladora. Cabe agora ao Homem defini-lo e transmiti-lo em maior conhecimento e, talvez, em maior respeito pelas tão argutas forças da Natureza.

Forças estas que, nesta Terra e noutros demais planetas se fazem sentir. Alcançarão os cientistas a sapiência-mor (em futuro próximo?) da total verdade sobre esta demanda sísmica...? E, aproximando-se dela, evitarão receios, temores e tremores, avanços e recuos ou, apenas, a liderança do que nos guia e remete para a simples organização planetária - e cósmica - de toda a incomparável/pronuncial verdade estelar?! Estaremos à altura de tal...? Oxalá que sim.


Nepal: a mesma terrível verdade que sucedeu a 25 de Abril de 2015, desde Katmandu até ao Monte Everest, deixando um rasto de desolação e avassaladora destruição. Terramoto de 7.9 na escala de Richter.

Ondas Sísmicas: a compreensão científica
Os Planetas Dinâmicos são marcados por uma actividade interna que se exprime à superfície em Vulcões, movimentos tectónicos das Placas e, Sismos.
Esta actividade é significativa de outros modos: a passagem das Ondas Sísmicas através do interior permite que os Geofísicos sondem parte da Terra de outro modo inacessíveis. Por esse processo foram capazes de demonstrar que o nosso planeta possui uma estrutura em camadas. Isto é também verdadeiro para os Planetas Interiores (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte), tendo-se efectuado estudos sísmicos simples tanto na Lua como em Marte.

Sempre que o Magma em ascensão faz deslocar as Rochas da Crusta - ou sempre que as rochas rígidas se fracturam- desencadeiam-se Tremores de Terra sonoros ou sísmicos!
Propagam-se na Terra a velocidades que são proporcionais à densidade do meio através do qual viajam. Podem ser registados em instrumentos sensíveis chamados: Sismógrafos; foram assim instaladas cadeias destes instrumentos por todo o mundo para registar os tremores de terra que ocorrem diariamente sem que a população em geral os sinta.


Imagem horrível mas factual que se registou no Nepal. A perda de vidas humanas que não escolhe homens, mulheres ou crianças no meio de destroços ou escombros tumulares. Em Abril de 2015, o Nepal vestiu-se de luto, e o resto do mundo assistiu horrorizado e impotente para tal colmatar...

A Diferenciação Sísmica
Nem todas as Ondas Sísmicas são iguais. As Ondas Longitudinais (ondas P «Primae undae», Primárias ou de Pressão) são do tipo compressivo e deslocam-se com um movimento vibratório através de sólidos, líquidos e gases. Cada perturbação molecular que provocam faz deslocar Átomos em distâncias que se aproximam dos 10 (-13) metros.

Em contrapartida, as Ondas Transversais (ondas S «Secundae undae») têm um movimento tangencial e, deslocam-se então a uma velocidade de cerca de 60% da velocidade das Ondas Longitudinais (P). propagam-se apenas nos sólidos.
Quando se dá um terramoto, as Ondas Sísmicas têm origem no Hipocentro ou Foco; o ponto da superfície situado na sua vertical chama-se: Epicentro.

A Intensidade dos Sismos mede-se pela escala de Richter; os maiores sismos atingem então uma magnitude aproximada de 9.
A posição do Epicentro - a partir de uma estação sismológica - é obtida medindo a diferença nos tempos de chegada das ondas P e S. São assim necessários registos de, pelo menos três estações, para determinar o Epicentro.


Dezembro de 2009: o maior sismo dos últimos 40 anos, em Portugal (Epicentro a 265 km, de Lisboa). A cerca de 100 quilómetros do Cabo de São Vicente (Algarve), em ocorrência no Oceano Atlântico, a cerca de 30 quilómetros de profundidade. Magnitude de 6.0 na escala de Richter e, a uma intensidade de 5.0 na escala de Mercalli, segundo fidedignas fontes do Centro Operacional de Sismologia de Lisboa, Portugal.

Na Estrutura Interna da Terra...
A estrutura interna da Terra é revelada pelo estudo das Reflexões e das Refracções das Ondas Sísmicas à medida que estas se deslocam. Quando as velocidades das ondas P e S são ordenadas em função da profundidade, observa-se então uma nítida diminuição de velocidade de propagação a uma profundidade vizinha dos 100 quilómetros; este fenómeno corresponde a uma camada de Baixas Velocidades Sísmicas denominada: Astenosfera.

Deste ponto até cerca de 700 quilómetros de profundidade, as velocidades aumentam mas com várias «bolsas» nítidas que representam descontinuidades sísmicas provocadas por diferenças na química das rochas ou no Estado Estrutural.

Para além deste ponto e até aos 2885 quilómetros, aumentam de novo suavemente. Então as ondas S desaparecem, enquanto as ondas P sofrem uma grande diminuição de velocidade. Estas últimas criam assim uma zona de sombra situada entre 103º e 143º do Hipocentro de um Sismo que marca a fronteira entre o Manto e o Núcleo Exterior e, a que por vezes se dá o nome de descontinuidade de Gutenberg, devido à sua descoberta, em 1909, pelo geólogo germano-americano, Beno Gutenberg. O comportamento das ondas S, indica então que o próprio núcleo exterior é líquido!


Sismo de 8.8 na escala de Richter, na cidade de Mito - província de Ibaraki - no Japão (Março de 2011), aquando o terrível terramoto precedido por um não menos temível tsunami: a tragédia que sempre (ou quase sempre) se repete nestas circunstâncias...

Moho: a Descontinuidade de Mohorovicic
A descontinuidade de Mohorovicic (abreviadamente Moho), situa-se onde a velocidade das ondas P se altera abruptamente.
Fica a cerca de 7 quilómetros abaixo da Crusta Oceânica e a 40-70 quilómetros de profundidade na superfície dos Continentes. define assim a fronteira entre a Crusta e o Manto, onde se verifica uma mudança do tipo de rochas.

A Rocha dominante abaixo do Moho é a Peridotite; a cima dela, a crusta oceânica é sobretudo Basáltica, ao passo que a composição da crusta continental está mais próxima do Granito.
Existem assim mais duas Descontinuidades Sísmicas no Manto, às profundidades de 400 e 670 quilómetros. Elas correspondem então a mudanças de estado, provocadas estas pelo aumento de pressão que exerce efectivamente um efeito muito grande nas estruturas dos minerais que ali ocorrem. Crê-se de facto que, o próprio núcleo, tem a mesma composição dos Meteoritos ferrosos.


Ilha de Sumatra- Indonésia. A tragédia que se abateu na Ásia sem anunciação ou o que sobrou desta, após um terramoto de 9.1 na escala de Richter, em 2004; 8.6º (em 2012 e 2015). No primeiro, as evidências foram óbvias, terríveis e urgentes, na razia e devastação acometidas pelo mar em tsunami forasteiro que tudo ceifou e arrasou, esventrando a mártir terra asiática de belas praias e centros turísticos da zona.

Estudos extra-Terra...
Os estudos dos Tremores de Lua efectuados pelos sismógrafos das missões Apolo que pousaram na Lua nos meados de 70, do século XX, viriam a mostrar aos cientistas que a Lua - ou mais exactamente a sua crusta lunar - tem aproximadamente 60 quilómetros de espessura na sua face visível (que não a oculta...) podendo inclusive atingir uma espessura de 120 quilómetros na Face Oculta.

Por conclusão os investigadores aludiram que, o Manto Superior da Lua, é rígido. Já quanto ao Manto Inferior as coisas se não passam assim, podendo este estar parcialmente em Fusão.
Pensa-se assim, segundo os especialistas, que o pequeno núcleo sólido da Lua - rico em ferro - se encontra a uma profundidade de cerca de 1500 quilómetros.

Só em jeito de referência última, há que não subestimar os avanços nesta área nas últimas décadas, onde se prevê com alguma substância e, registos científicos, o avolumar de mais terramotos de magnitude 6 (ou superior) na escala de Richter, pelo que convém estar alerta.


A triste realidade sísmica que se ostenta, infeliz e tragicamente, na Terra - ou em qualquer ponto do globo terrestre em que as vítimas somos todos nós.

O Registo Sísmico
Não sendo ainda uma ciência exacta ou de maior previsibilidade ou anunciação prévia, há que ter em conta estes dados e estes registos sismológicos para uma melhor análise futura sobre estes fenómenos, na Terra.

Exprimindo a Intensidade dos acontecimentos sísmicos, medindo a Frequência e a Amplitude das Ondas de Superfície, os cientistas vão tentando encontrar mais explicações para estas ocorrências quase sempre nefastas no nosso seio terrestre. Muito para isso contribui a já famosa escala de Richter em que, de 0 a 10, sendo logarítmica, cada ponto representa um aumento pelo factor 10, de modo que a Magnitude 5, é 100 vezes mais potente que a Magnitude 3.

Em Portugal, há muito que nos confrontamos com esta realidade sísmica (mais especificamente desde 1755, aquando o terrível terramoto sobre Lisboa, em pleno século XVIII); terramoto este de magnitude 8.5/9.0, precedido por um tsunami de trágicas proporções, até aos mais recentes de 1969 e de 2009, já nos séculos XX e XXI, de magnitude 7.3 e 6.0 respectivamente. E agora, em actualidade vigente, em 29 de Julho de 2016 na zona de Peniche, na zona oeste do país, numa ocorrência de magnitude 3.4 ou de 3.5 nas Caldas da Rainha em registo de 30 de Julho.

Além o que, prestigiosa e muito criteriosamente o IPMA - Instituto do Mar e da Atmosfera - em seu registo metódico nos vem revelar de uma última efectivação sísmica (em preciosa informação da nossa rede sísmica nacional), na presente data de 1 de Agosto de 2016, em registo e magnitude de 4.0, no Golfo de Cádiz.


Registo de 2009, em Portugal. Registo do painel sísmico apresentado pela Google.

Sabendo-se a inevitabilidade destes acontecimentos sísmicos, só nos resta apelar à consciência e ao maior estudo sobre estes fenómenos por parte de quem de direito, ficando nós todos, comuns cidadãos do mundo, talvez um pouco mais confortados que não sossegados, aquando estas ocorrências eclodem, havendo maior disciplina e, entendimento, sobre as mesmas. Assim se deseja.

Mesmo não tendo a clarividência ou a precognição animal que se traduz por certa referência paranormal existente nos animais que rápida e assertivamente fogem dos locais ainda antes de qualquer fenómeno se registar, há que ter em atenção todos os sinais, ou talvez todas as incidências anormais ou ditas anómalas que entretanto surjam.

Não é fácil, mas sabendo-se de antemão dos avanços do Homem sobre estes fenómenos, há que acreditar que em breve seremos bem mais cordatos - ou diligentes - em prevenir e não apenas recolher os tristes escombros após tamanhas desgraças humanitárias. Sejamos fortes e lúcidos, cientes da nossa pequenez mas também da nossa urgência e, muita sensatez, de nos sabermos resguardar de tais actos devassos da Mãe-Natureza ou desta nossa tão amada Mãe-Terra que de vez em vez abana e estremece e, enfaticamente nos suplica, que a deixemos em paz, por momentos... Assim possa ser, assim o desejamos, ante uma Humanidade que já tanto sofre...