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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

pink floyd - It's What We Do - new song - /new album 2014/

A Alma Cadáver


Mulher prostrada no limbo de uma vida inócua

Quando deixei de pensar em mim? Qual o início de toda a minha degradante condição de «Mulher-nada» em que me tornei? Porque me permiti a ter uma existência nula, hermética - e mesmo desprezível - no ser que fiz de mim, ao deixar-me matar física e, espiritualmente? Poderei alguma vez recuperar desse tanto tempo perdido? Ser-me-à oferecida uma segunda oportunidade de voltar à vida? Poderei acreditar nisso??? A minha Alma - agora cadáver - ressuscitará algum dia de toda esta deformidade (ou deficiência congénita) do estupro em que me consignei ainda em vida?

O Passado
Não lembro mais o passado. Não quero e não devo. Passei por este sem saber muito bem o que fazer com essa minha vida em precoce condição e, situação, de menina privilegiada de estudos, sustento e família em redor dita normal. Classe média. Nada a obstar. A não ser, a falta endémica de afecto e carinhos subsequentes que nunca se remetiam em nós: em mim e nos meus irmãos.
Não me recordo sequer de um abraço. De um beijo dado. De um orgulho anunciado por obtenção quase eclesiástica de uma boa nota de percurso escolar ou fim de curso. Nada! Porque nada nos era exigido, antes esquecido e mesmo indiferente de um caminho paralelo mas tão distante como o Ganges do Hudson. A minha família composta em núcleo de pai e mãe absolutamente normais (e avós concomitantes com essa referente linhagem) eram assim como uma espécie de árvore em declínio em que geralmente os ramos mais pequenos ou frágeis se quebravam sem que os outros (os mais fortes) o notassem ou sequer se preocupassem pela origem de tal. Ou seja, éramos (eu e os meus irmãos) simples passageiros do tempo e, de toda aquela disforme massa familiar que sustínhamos em afronta a uma sociedade que já não via com muitos bons olhos uma grande prole, pois esta vinha sendo reduzida à medida que o povo rural se deslocava para as cidades em melhor ou mais sólida condição económica. Éramos sete ao todo e...todos muito desafectos. Mesmo uns com os outros. Éramos assim por dizer, o salve-se quem puder. Se havia sapatos novos, então era uma festa dos diabos! Se havia dinheiro para ir ao cinema, era como se todo o Tibete se tivesse deslocado lá para casa e eu, e todos nós, pudéssemos ver o Dalai Lama em pessoa - em carne e osso - que, naqueles tempos, se resumia mais à figura do M. Gandhi do que propriamente este dissidente da Grande China. Mas não faltava a comida. Nem os passeios a Badajoz! Vínhamos sempre carregados de caramelos, sevilhanas vestidas de vermelho para colocar em cima da TV (por outras que a mãe oferecia às cunhadas e amigas) e, em estâncias de maiores luxos em futuros próximos, uns quantos serviços de pirex de cor verde (posteriormente em castanho, o que era de facto um luxo) na ornamentação da nova cozinha que passara de um verde-cueca para um laranja colorido de anos setenta, muito em moda...convenhamos. Mais tarde ainda, as nossas camas (principalmente as das meninas) estavam atafulhadas destes serviços por baixo de si, misturados com sapatos, bonecos, cadernos e demais entulho juvenil que se acumulava como lixo urbano sem que algo ou alguém dali se aventurasse a tentar limpar ou desocupar tão vil espaço que era somente o nosso castelo em pecúlio próprio.
Éramos uma família estranha. Muito estranha. Ainda o somos. Ninguém se fala!

O Presente
Demorei a aclarar ideias e assomos de mulher adulta. Fui fútil, estouvada, inconsequente e até meio doida no que compus de vida precoce a seguir ao Liceu, hoje...Escola Secundária. Fui má aluna. Muito má. Não digo péssima porque lá tentei redimir-me de uns quantos maus caminhos em anos perdidos, tentando recuperar em cursos técnicos que alguém me consagrou em epíteto diferencial e pejorativo de, «Cursos de meia-tigela»...! Assim mesmo! Estava eu no casamento da minha irmã mais velha e pumba, toma lá disto: «És uma parva, uma estúpida, mulher!» (Foi assim que me senti), ao ver aquele portento de homem lindo por fora mas completamente idiota por dentro, a referir-me que eu era uma «nada», uma coisinha sem importância alguma, dentro dos seus incomensuráveis e prestigiosos ditames vinculativos pessoais de senhor quase engenheiro que era. E pronto, foi mais um desgosto de amor. A somar a tantos outros de namoros furtivos, amores de Verão, amores que não deixaram história (e não estória como se clama agora pelo novo acordo ortográfico!)
Casei. Pois foi. E aqui, a história foi mesmo outra. A minha. A que eu queria começar a contar e, a decifrar. Sem empregadas domésticas (até aí denominadas empregadas para todo o serviço que nos faziam tudo, desde a cama até à ajuda dos trabalhos de casa, ainda que fossem tão ou mais ignorantes do que nós próprios nesse labirinto de escolaridade primária), no que agora, no limiar de uma outra vida, eu tinha de encarar com aquele optimismo de quem vai para a Tropa (em serviço militar que até aí era obrigatório) mas só quer fugir; fugir para longe...muito longe mas as pernas não deixam e a cabeça não comanda, como naqueles sonhos de pesadelos funestos em que queremos correr e não nos é permitido. Eu...sentia-me assim. Mas tinha de ser. Era como uma praga ou instituição maior de forca ou exílio anunciado, dos quais não se podia nem devia fugir. Não fui excepção.
No tempo em que ainda devia andar a saltar de bar em bar, biblioteca em biblioteca ou mesmo Universidade em Universidade (para os mais inconsequentes quanto aos custos e paciência familiares) eu estava já amarrada a...um homem, uma casa e supostamente a um posterior rancho de filhos como era de bom costume em boas e férteis parideiras lusitanas (ainda não europeias, mas quase...estava-se no fulgor e, início, dos anos oitenta).
O precipício começou. O abismo, o caminho para a perdição, para a loucura...para a minha morte em vida. Deixei de ser quem era, ainda que pouco abonasse quem seria eu de facto. Tentei. Juro que tentei...mas não deu. Falhou tudo. Até eu própria. Falhei comigo e, com os meus mais puros valores de união e reciprocidade na contemplação de amores correspondidos e filhos criados.
De início, paracia haver conformidade e...cumplicidade, mas era fogo fátuo. Daquele que brilha em cima de um bolo e que parece jamais se apagar...mas apaga...ao murro! Foi assim comigo.
Sofri de violência doméstica. Sofri tudo. Calada! Muito calada. E foi em silêncio amordaçada, que me vi ser dilacerada em corpo e alma sobre todas aquelas coisas que outrora defendera jamais me acontecer: ser vítima de violência doméstica! Mas fui! E apanhei por isso. Fui sovada, humilhada, estuporada e despojada na rua como cão sem dono (ou daqueles donos que se querem ver livres de si a cada época estival que se aproxima...) e pronto, fui mais uma estatística a ascender na já longa lista de mulheres seviciadas e, maltratadas, pelos ditos companheiros ou maridos.
Ele, o meu criterioso esposo, era bipolar. Ou eu pensei que era, tais os actos sobre mim cometidos de noites sem dormir, de noites de trevas malditas em que só eu me ouvia gritar. E ele dormia. Ressonava (Deus, como ressonava...) e eu, quieta e numa nesga da cama encimada (e cismada), via-me a cada dia que passava, mais mirrada, mais inócua, mais...«nada»! E esse nada, estava a dar cabo de mim. Tentei resistir, só Deus sabe como tentei: pelos filhos, por mim e...até pela casa, enbonecada e enfeitada (e atafulhada) de mais para o comum dos mortais em ali se movimentar. Há mulheres que se vingam na comida; eu vingava-me nas porcarias que comprava nas «Casas dos Trezentos» (comércio de lojas de preço único ou não mas baixo) e, nas quais, os meus parcos recursos de pé-de-meia ou mealheiro (quase sempre vazio), me dava para solicitar em compra efusiva que semanalmente fazia como se trouxesse para casa o mais desejado troféu de Emmy dourado ou coisa parecida. Penso que até era feliz nesses momentos. Desejava a todo custo possuir uma casa de aldeia, daqueles que se reformulam em reconstrução de ponta a ponta mas que, no fim, fica uma obra e tanto! E...por nossas mãos. Quanta ingenuidade a minha...no que depois notei e, constatei, ser um um objectivo - e finalidade - completamente à margem da realidade. Se arranjamos o telhado (porque chove lá dentro) começa a gotejar noutro lado e, em cima dos móveis ou do colchão das camas. Se mandamos compor o jardim, a cancela de madeira interposta aí e tudo em volta, aparece-nos uma praga de térmitas, caruncho, escaravelhos e demais rastejantes que se não exterminam só com a nossa vontade ou falta desta de estarmos a aniquilar voluntariamente a desgraçada da Natureza que tanto já sofreu por mão humana. Mas enfim, são os trejeitos de quem se mete por onde não devia em ares de citadina maluca armada aos cucos de forquilha e enxada na mão, querendo ser rural sem ser obviamente rústica, mais que não seja nesses tão latos desígnios de um campo nem sempre domesticável. E muito menos, nas suas humildes casas. Ficou-me a lição e, a moral sequenciais de não me meter onde não sou chamada ou...onde os meus conhecimentos se refreiam ante tamanhos trabalhos dos quais eu não estava preparada de todo.
Voltei à cidade. Voltei a apanhar, que é como quem diz, voltei a ser um saco de pancada. Ele (o meu esposo) era meio louco. É meio louco. Ou todo ele, não sei. Passei dias amarrada à cama. Odiava aquela cama. Era de latão dourado. E não, não era com fins de jogos sexuais mas antes de autêntica tortura, pior do que a da CIA ou mesmo da NSA em vias de informação mais premente sobre seus espiões ou de outros, como quiserem. As minhas algemas eram de corda dura e grossa, magoando-me os pulsos, ferindo-mos. A alma, também. Fui um desperdício. Daqueles que se usam nas oficinas e que metem nojo só de olhar, que me perdoem os senhores desse ofício. Era assim que eu me via. Era assim que eu me sentia. E estava mal, muito mal. Emagrecia a olhos vistos e tudo o que ingeria, vomitava. A mente estava desequilibrada e tudo me era enevoado. Se queria alimentar-me, tinha de o fazer ainda antes de ele entrar em casa ou já não o fazia, pois a pancadaria começava logo assim que ele entrava de portas para dentro. Tudo era motivo para gritar, confundir, baralhar e tornar a dar como um simples (ou complexo) jogo de poker doméstico e conjugal. A comida nunca prestava. Os seus papéis (muitos!), espalhados por todo o lado eram sempre intocáveis e, quando algum desaparecia eu já sabia quem era a culpada: eu! Sem mais. Bofetadas, pontapés e vários dentes partidos que só mais tarde pude reconstruir a preços proibitivos. Um dia, fê-lo à frente dos filhos (quase sempre era quando estes estavam na escola) e nada o demoveu. Levei vários pontos cirúrgicos de certa vez, escondendo o facto da violência em questão, acrescentando fielmente que se tratara de uma queda; aliás, como sempre ouvira falar e que, agora, também eu alinhara em fraca desculpa ou recurso maior de imaginação farta - sabendo de antemão que médicos e enfermeiros estavam cansados até à exaustão dessa esfarrapada desculpa de quedas, tombos e descuidos: ou pelas escadas abaixo ou nas portas dos armários...ou ainda dos automóveis em total desmembramento cerebral como se fosse possível tal agrura e distracção em si próprio. Mas enfim...é a sociedade que temos. Ainda que, nestes últimos tempos, a coisa esteja muito melhor; exponencialmente melhor! Há casas de acolhimento, há crime e castigo (supõe-se) para os agressores e punição exemplar - seja em pulseira electrónica em domicilio assente, seja na distância devida do agressor em face à vítima, seja na permissão dessa continuada violência com penas já mais pesadas - de prisão sob crime público - sobre esta vertente.
Tudo melhorou. menos...a minha vida. Tornei-me tão apática e tão burra que até dava raiva...a mim própria. Já nem me considerava um ser humano: era apenas um ser vivente, um saco de pugilato e...um escombro ou sombra ténue da mulher que eu fora. Ou menina. Tão menina que eu era...e tão abruptamente adulta que tive de me tornar na consequência mais grave de...rugas, cicatrizes, névoa nos cabelos, olhos sem vida e...todo um corpo amassado e quase sem vida. Uma velha num corpo de mulher madura, uma alma moribunda num ser em espírito devoluto, destruído e amargo. Já não sabia quem eu era. Se aquela que via no espelho sem viço e sem glória, se aquela que ainda buscava em mim...com uma nova esperança de vida que me fizesse recobrar esforços e desígnios do ser que outrora fora. Mas o que via...era feio, muito feio. Odiava-me!

O Futuro
Ele foi embora. Teve mais coragem do que eu. Mas foi de vez. Está vivo mas não se recomenda, pois continua a ser agressivo, doentio e de certa forma malfeitor; para com ele e, para com o seu triste mundo de trevas infinitas. Quanto a mim...cá estou: Viva!
Abandonou-me sim. A pior das humilhações! O marido que partiu, os filhos também. O homem que se foi e os filhos também. Que triste, não é? O homem que nos deixa, os filhos que emigram, o cão que morre e até o gato que fugiu e não se sabe para onde. A maior tristeza de todas: o sentir que afinal nem valeu a pena tanta dor, tanto sacrifício, tanta desonestidade de alma de nos perpetuarmos nesta visceral e contínua mortandade de persistir na solidão que remetemos em nós.
Mas estou viva. Mas também não se me recomendo (esta é uma analogia algo fácil mas falsa de sentirmos que tudo passamos por um esforço hercúleo de Mãe-coragem que ninguém depois nos agradece...inversamente a esta heroína retratada em palcos mundiais), pois que tudo nos é mandado em cara por esses mesmos filhos (lindos, robustos, inteligentes e os mais maravilhosos do  mundo para nós) que sem peias ou medidas mais concisas e íntegras em si, nos asseveram que fomos umas parvas, umas pobres coitadas que a tudo deixámos acontecer, reportar e dissecar em nós por mão alheia que até era o seu progenitor. E tudo ouvimos: caladas. De novo. Porque será? Porque simplesmente...eles, os nossos tão adorados filhos têm razão. E nós (mulheres) sabemos disso. E dói. Muito mais do que toda a pancada levada e assumida por nós - mais na alma do que no corpo, do despojo nocivo e, coercivo, em que nos tornámos. Numas...«nadas»! Esta palavra nem devia existir. Só mais tarde soube que até no Universo existe o «Nada» e esse nada, deu-me então outros valores, uma outra essência valorativa de, e em mim: o ser algo, ser o mesmo que esse «nada» cósmico.
Hoje: eu sou outra mulher. Viajo. Estudo. Acabei um curso universitário. Convivo. Tenho amigos e amigas. Escrevo. Canto (mal...) mas canto no coro da Igreja local. Abriram-me as portas da sua alma  E eu...a minha, da minha alma. Estou calma, estou em paz. O gato voltou: esfomeado, desidratado, escalavrado...mas voltou. Para mim, para o meu colo, para os meus braços...para o conforto do meu lar. Não preenche tudo mas já é um começo. Os filhos vêem visitar-me no próximo ano em férias suas. O meu falecido cão será sempre lembrado mas já tenho planos para ir ao canil municipal da minha cidade buscar um outro para adoptar. Outro começo.
Faço voluntariado agora. Estou mais solidária com as causas alheias e mais desprotegidas da sociedade. Estou mais forte, mais feliz e penso que...até mais bonita. Já não estou desdentada nem tenho de me esconder do eterno inchaço facial ou dos hematomas roxos que me impediam de fazer movimentos mais bruscos ou mais forçados. Estou outra. Outra roupagem, outra camuflagem, pois que nem tudo morre como espécie de manto negro de Alma-cadáver que por tantos anos fui...mas ainda dói. Muito. Os anos perdidos, os anos esquecidos do mundo e...de mim! Hoje lembro-me de tudo mas, à distância dos acontecimentos como num tétrico filme de Fassbinder. Ou de Charlie Chaplin, pois que a comédia e o horror muitas vezes se não distinguem e se confundem entre si, mesmo que, na praça pública ou dentro de casa. Somos o nosso pior inimigo: o deixarmos que façam a vida por nós, que nos comandem, que nos institucionalizem o querer e o desejo, que nos refreguem sentimentos, que nos automatizem como suas escravas em poder seu - prepotente e de hegemonia subsequente. Que nos minimizem à condição de seres dormentes que não viventes e, auto-dominantes, que não dominadas (ou voluptuosamente domesticadas) por estes agressores de grandes silêncios e por vezes até, de simpatias nos demais. São os piores!
O meu Futuro é hoje! Começa hoje! Como no ano que vai começar. Sempre em Esperança, sempre em bonomia ou beneplácito de todo um planeta a almejar o mesmo em igual sentimento de união, fraternidade, igualdade e liberdade - como por terras de França se reproduz em voz unilateral e, global, de todo um povo na Terra que somos todos nós. Por outros que em breve (talvez...) venhamos a conhecer e até a admirar nos princípios básicos do que pode ter sido edificada toda a Humanidade e que por vezes esquecemos. Homem ou Mulher que importa isso, se somos todos iguais? Raças, cor ou espécimes que possam surgir entretanto, no que teremos nós de resolver se acaso estes também possuírem Alma (que não seja morta nem cadáver) mas viva, muito viva, e que com estes possamos aprender a ser seres melhores, mais promissores, mais inteligentes, mais solidários e no melhor de tudo...mais conscientes! Na consciência indissolúvel  de que temos um corpo e uma alma divinas que Deus-supremo ou Deus nenhum (consoante as crenças de cada um) mas que, em vigília cósmica, nos surpreende ao dar-nos uma mão, ao estender-nos uma outra oportunidade ou hipótese de vida que não seja a das agressões, a da violência, a do estupro, a da baixaria humana que subleva (e superioriza) uns por outros seus iguais.
Há que aprender ou...reaprender tudo isso com novos e maiores valores ancestrais que, em futuro próximo, nos sobrevalorize e não subestime à mera condição de palermas seres humanos (para não dizer pior) que nem sabem viver entre si quanto mais com os do exterior...um dia, talvez um dia...se O Universo deixar, querer e desejar...! Talvez um dia...sejamos a sua mais bela obra se deixarmos de nos violentar e matar uns aos outros, no que a Humanidade só ganhará com isso. Acreditem! Fiquem em paz que eu também. E um Bom Ano para todos. Que 2015 seja o início desta Nova Era que se aproxima e tudo de bom vos aconteça. Sejam felizes e façam alguém feliz! (Acho que a Coca-Cola me «roubou» o slogan ou então fui eu que já sugestionada por um sonho tridimensional na magia quântica, me vi trasladar para essa orla exo-planetária em palavra e assomo de me ver sensitiva e poderosa em conhecimentos de um Futuro a construir por mim e...por todos nós!) Carpe Diem pela Felicidade em Ad Eternum desta Terra Nostrum! Muita Paz na Terra e fora dela...pois que muitos mundos iremos conhecer...iguais ou diferentes do nosso em suas gentes, seus hábitos e costumes. Sem violência, deseja-se! E esse, é será sempre o princípio genésico de toda a existência humana, seja esta estelar ou não. Mas acredito que sim. Muita Paz e Amor neste Ano de 2015! E Bem-Hajam!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Andrea Bocelli - Silent Night

A Noite da Salvação




Anjo Protector - Anjo Salvador

Poderás ter vindo para mim sob as asas de um Anjo ou, sobre a luminária de um Deus maior que me quis proteger e salvar - até de mim própria? Ouvir-me-às agora, em encanto e suplício por todas as noites em que não te tenho? Aconchegar-me-às no teu corpo de Anjo, na tua Alma divina sob a luz de outros Anjos...outros céus? Serás Anjo de Luz ou apenas um homem que se converteu ao Céu e me deixou órfã de mim mesma...? Reencontrar-nos-emos algum dia...ainda que sob um outro Céu ou, sob outros mundanos corpos mas de uma só Alma? Poderei acreditar nisso...? Poderei???

Véspera de Natal - 24 de Dezembro de 2013
Os ecos do Natal faziam-se ouvir. Por todo o lado. Tu não estavas. Tinhas partido em missão de «Médico sem Fronteiras» em projecto altruísta e de carácter voluntarioso para África. Depois disso, o Médio Oriente. Nunca soube o que seria pior: se o ataque impiedoso do Ébola em toda a linha, se a Frente da Jihad Islâmica na Síria. Mais tarde veio a resposta...cruel, desumana, egoísta e no pior de tudo, avassaladora, em me arrancar a Alma toda de uma só vez!
Foste herói. Foste tudo. Já eu...não fui nada, mas Deus ou outro ser superior do Universo deixou-me ficar com algo de teu: o teu filho. E eu sou-Lhe grata. Muito! Mas não me desperdiço em lamentos nem sequer em fragmentos de toda uma vida tão curta, tão precoce e tão estupidamente vazada por terra, naquilo que vivemos, naquilo que possuímos, naquilo que fizemos existir do nosso bem maior comum: o nosso amado e pequeno filho que nunca te conheceu, a não ser por fotografia. Ainda que não entenda...nem saiba o tão corajoso e bravo homem que tu eras.
Agora dorme (tu, Josh, lá no Céu com o meu menino aqui na Terra). Vai fazer um ano que partiste...um ano (ou uma eternidade?) em que te arrancaram de mim, aqueles vis e inumanos homens que pisam este planeta e se dizem outorgar e, ramificar em sangue, matando, sob os comandos de um Deus que não é o nosso, não pode ser o nosso! O nosso Deus - meu e teu - não mata! Não decepa cabeças como na Antiguidade ou...se limita a fazer da força armada do medo e do poderio bélico, o seu escudo maior em ataques mais funestos, hediondos - e loucos - ainda mais dos que os de Genghis Khan.
A noite estava fria. Como sempre. No Hemisfério-norte não há calor nem Pais-Natal de calções como no Brasil ou na Austrália. Também não há neve mas um frio gélido marítimo que nos corrói as entranhas e até mesmo as vísceras se as não protegermos bem. No meu caso, eu tinha de ser particularmente vigilante e, cuidadora, ou não tivesse eu uma barriga ostensiva de quase nove meses de gestação, faltando precisamente uma semana para este término tão feérico quanto horrendo, se tivermos em conta os pés e pernas inchados, um humor de cão ao tanger do dia e...uma azia tenebrosa como se tivéssemos ingerido uma garrafa de cachaça ou aguardente logo pela manhã. Enfim, coisas habituais numa grávida mal-disposta mais em solidão do que, em enjoo propriamente dito. E...saudades. Muitas! Do meu amor, do meu bem mais querido que por outras gentes, outros cuidados e desvelos clínicos e cirúrgicos (consoante os mais prementes casos) se colmatou; e pronto, fui deixada no terreno sem «combustível», carburante ou até oxigénio (como vemos nos filmes de acção, seja no Cosmos, seja nas profundezas do mar alto...) mas que, aqui, se repercutiu (e para sempre se repercutirá...ainda que mais levemente) em lágrimas, muitas lágrimas, muitos contactos via Skipe e via Internet...quando isso me era então permitido, ainda que aos «soluços» ou...recortados por indulgências ou ultimatos tanto dos satélites como da iminente guerrilha invasiva no local, onde o meu amor exibia a sua bela arte de salvar ou tentar salvar os mais desprotegidos. Não tinha mãos a medir, em que até mesmo os seus tempos mortos - em rara e lúdica amostragem da sua personalidade - ainda fazia uma espécie de reportagem escrita e, em vídeo, sobre as ocorrências no terreno dos rebeldes e dos pró Bashar al-Assad (sob a égide de balas e morteiros) para o Washington Post nos Estados Unidos de onde era oriundo de berço, bandeira e honra.
Mas voltando ao Natal do ano passado...um horror! Ainda que já tenha passado um ano, para mim foi...ontem mesmo! Dói de igual forma. Dói tanto que por vezes me dava ganas (já não dá!) de me mandar para a linha do comboio ou cortar os pulsos à boa maneira de diva mundial em tragédia pré-anunciada. Mas não. Tinha de viver. Sobreviver. Para mais, tinha de o fazer por ele: o meu querido e inocente filho de Josh, ou ele não perdoaria lá do Céu de onde veio em alma pura, alma reencarnada (ainda que por uns instantes e no corpo de outro...) salvar-me. De mim. E pensar que subestimava os americanos...na minha vã glória abusiva (e muito europeia) de me achar superior em História e conhecimentos ancestrais para quem vinha do outro lado do oceano com apenas uns escassos duzentos ou trezentos anos de História local - em que nem os Índios se safavam por tão fracos terem sido ao se terem deixado corromper e, aprisionar, em reservas ditas naturais. Mas essa era uma outra «eu», aquela que na altura tinha olhos verdes de esperança e um mundo para mudar. E que, por abençoado programa Erasmus, me vi consagrar no homem da minha vida!

A Noite de Todos os Anjos
Eu sei, a conversa é como as cerejas: nunca mais se acabam de comer, ou seja, é sempre infindável no chorrilho de lembranças e voragem dos acontecimentos. E neste caso, são muitas, as lembranças. E, as saudades...como já disse. Mas estou conformada ou então deixei de chatear Deus - o meu Deus - no que o amaldiçoei primeiramente por de mim me ter levado o meu amor maior. Mas deu-me outro...talvez ainda maior ou então igual. Mas lá chegarei.
A minha mãe fazia os melhores «sonhos» e «rabanadas» de que há memória. Para quem não sabe, estes, são os fritos tradicionais cá do burgo lusitano. São de comer e chorar por mais mas no fim das festividades estamos tão inchados e gordos como o autêntico Pai Natal - mesmo sem barbas. O meu pai, encalhado no sofá da sala como um velho cacilheiro que apenas guarda as memórias dos dias que passam, ia ouvindo as músicas de fundo do televisor recortadas pela menina do exterior que entretanto atropelava os transeuntes perguntando-lhes se este ano tinham gasto mais (ou menos) nas compras do que no ano anterior - devido à pungente crise que parece não acabar nunca. Até porque, o FMI e a dita Troika não deixava (nem deixa ainda...)...a bem de nós mesmos, não vivendo acima das nossas possibilidades. Quanto a mim, que me deixara seduzir por uns figos com nozes enquanto tentava dar o último tempero à robusta perna de Perú e ao bacalhau no forno da mãe, vi-me ser repentinamente estancada não por um grito ou sequência trágica de algo mas, antes, do silêncio sepulcral, em rosto paterno que dava medo ao susto. O pai, que se mantivera atento às notícias televisivas - que entretanto tinham emitido em rodapé de última hora (em letras gordas) um comunicado urgente de uns quantos soldados rebeldes na Síria que tinham atacado a «fortaleza» dos Médicos da AMI (em bastião da ONU), onde fizeram várias vítimas. Entre eles, contavam-se alguns americanos, ingleses, italianos e portugueses. O meu irmão mais velho estava lá. Era enfermeiro e, como tal, tentando encontrar novos horizontes pessoais de referência em ascensão humana, seguiria com Josh na mesma Companhia de auxílio e empenho clínicos sobre os refugiados - e mesmo soldados - que deles necessitassem.
A mãe percebeu logo tudo. A vítima imediata foi a travessa cheia de arroz doce  e o pudim de Pristos (outros doces tradicionais e, conventuais, da nossa praça portuguesa; sendo que este último até já viajou de avião para obsequiar o Papa Francisco para tamanha degustação divina...) que se estatelaram no chão de mosaicos fazendo um chinfrim que só visto! Depois...só o silêncio e os soluços magoados da mãe sobre o peito mirrado do pai.
O pai agarrou-se a ela. Ficaram abraçados segundos...que foram horas para mim. Não entendi logo. Não queria entender. De seguida, com uma frieza que até e mim própria me espantou, tentei ligar para a Embaixada Norte-Americana (EUA) para que me reportassem se sabiam os nomes dos infelizes que aí tinham sucumbido às forças de um Alá estranho, muito estranho, que matava em nome de Deus. Não sabiam. Ou não queriam. Nada a fazer. Esse silêncio - ou a omissão dos nomes - só me davam mais a certeza de todo o esclarecimento que eu não queria ver nem saber e, se me enterrava na alma como estilete assassino, remetido por mãos de fundamentalistas que a nada nem a ninguém escapava ou, a si se humildava - nem sequer quem por vias de fazer o bem, ali estava...naquele território de ninguém.
Fugi. De rompante. Só levei as chaves do automóvel (um pequeno utilitário que o pai me ofertou aquando soube da minha tão desejada gravidez). Fui impulsiva, precipitada e mesmo ingénua ao pensar que aquela dor imensa se cauterizava no meu peito. Quanto mais...cicatrizar. Ou estancar. Nada! Foi atroz. Nem me lembro que caminhos percorri. Nem que direcção tomei. Acelerei. Queria apenas fugir. Senti de imediato - sem que o conseguisse explicar racionalmente - de que perdera o Josh. O meu grande amor! Barriguda e chorosa - mais, muito mais do que a tal Madalena vendo o seu amor na cruz, supunha eu - e vi-me trasladar para um outro mundo. Terreno ainda, mas mais, muito mais também...vasto em coincidências e fenómenos estranhos, tão estranhos quanto o podem ser, o sentirmos que estamos a ser ajudados por Deus ou, por uma mão divina em Noite de Salvação. A Noite de Natal - a noite da Consoada - ou, para mim ali, a mais bela «Noite de Todos os Anjos», pois que me vi ser arremessada e abençoada por estes. Eu explico:
Entrei em trabalho de parto. As contracções eram tantas que parecia que todo o Inferno junto se me infiltrara, só para me ver gritar na intensa fornalha daquela dor imensa - sobrenatural (para mim, pois que era o meu primeiro filho em experiência e trato com a coisa, objectivamente falando) e, daí, nada saber, a não ser do que está nos livros para o efeito e, dos carinhos da mãe em evasiva perdição de cada vez que eu lhe perguntara se «aquilo» doía...aquilo do parto e das dores que sempre vemos nos filmes as desgraçadas a debater-se com tal. A mãe dizia que não, que era mesmo só filme. Acho que foi a primeira vez que apanhei a mãe em falta, mentindo-me descaradamente! E...para meu bem. Não vale de nada sofrer de véspera (como o tão flagelado Perú de Natal) dizia-me. A partir dali, senti-me muito mais solidária com os pobres perus e menos com a minha cândida mãe, que apenas me quisera refrear o medo do acontecimento como parturiente...)
Não sabia onde estava. Só mais tarde me disseram que me encontrava na orla da Serra de Sintra. Como fora ali parar era um mistério. Não me lembrava de nada! Só da dor!
A noite já caíra. E eu também. Depois de andar aos solavancos e, de o automóvel se não resignar mais a ver-se estrebuchar por aquelas clareiras (pois penso que enveredei por um atalho, saindo da estrada principal da Serra) e, parando este com um som esquisito e um cheiro a óleo e a deitar fumo, senti então que a coisa estava complicada. Para além das dores ininterruptas, agora tinha um carro...morto. Estava frita! Como os doces...da minha santa mãe! Foi então que desci à «Terra». Estava em pleno trabalho de parto, com as temperaturas de Inverno a descerem assustadoramente e, na ânsia de me ver encontrar alguma alma viva por ali, a correr por entre trilhos e mais trilhos - em espécie de labirinto fantasmagórico em que nem a névoa nem as brumas (por entre o crepúsculo) amainavam. Um horror!
As dores não paravam. Eu já gritava. Primeiro, por socorro. Depois...por ajuda. De seguida, por algo que me valesse...fosse o que fosse: gnomo da floresta, feiticeira vivente na Serra, deuses ou demónios mas que, ali, me auxiliassem no conforto, abrigo e, se não fosse pedir muito, que me ajudassem no tão doloroso parto em nascimento premente. E, iminente, a cada passo que eu dava. E nada de nada! Ninguém aparecia. Até que...por sombras e penumbras, endeusamento e florescimento humano, eu consegui distinguir uma forma. Humana. Um homem. Tive medo. Muito medo. Depois acalmei.
Não falava. Estranhei. Tentei que me dissesse o seu nome e nada. Apenas me olhava compadecido com a minha dor e a minha solidão. Sorriu-me. Era um jovem muito bonito. Mais novo do que eu, pois parecera-me de facto muito jovem. De uma assentada, soergueu-me como pena esvoaçante em seu colo de homem robusto. Parecia um folhetim publicitário, daqueles em que somos salvas pelo herói másculo e, musculado de tudo. Até de boa fé. Era nisso que acreditava, até porque não me sobrava nada mais a que me agarrar. A leveza era tanta, que senti ir nos braços de um Anjo. E fui...
Entrámos num casebre. Agora sim, eu sabia o que a Maria de Nazaré, da Galileia e de todos esses lados lá terá sentido em tamanha frugalidade de espaços e conforto exíguos. Mas, estranhamente...eu senti-me quente. Sim, também eram as águas que tinham rebentado (disso, a mãe falara-me) mas o quente não era disso mas antes...de algo que girava em meu torno e...daquela enigmática figura quase esotérica, quase celestial que me aparecera. Um Anjo! Só podia ser um Anjo...admiti. Ou então, um excluído da sociedade, um toxicodependente a quem tinham expulsado de casa e por ali se abrigara (mas depressa anuí esta última alusão ser um disparate, por tão garbosa presença sem que se denotasse algo de deficitário em si, tanto na dentição como na restante apresentação). Fosse quem fosse...seria para sempre o meu salvador. Não da Pátria, mas da minha condição. E isso...também se valoriza. Muito!
As suas mãos não me tocaram. Eu sei disso. Lembro-me disso. Antes emanaram uma luz, uma luz divina, fluorescente. Não magoava os olhos. Era como um ser vindo dessa luz em protecção e, prontidão! Até parecia que as dores tinha cessado, como espécie de Epidural telepática...senti. De repente, um fluxo de energia e força percorrendo-me todo o corpo, no que senti a iminência do meu filho querendo nascer. Um repuxão abdominal e, uterino, foi-me exaltado sem que eu tivesse feito algo para isso. Em instantes que nem sei se lembro, o meu filho nasceu.
O meu Anjo colocou-o em mim. Não recordo nem sei em que momentos ele terá cortado o cordão umbilical, pois quando os paramédicos do INEM chegaram (do Instituto Nacional de Emergência Médica, vulgo ambulâncias de urgência «112»), o meu filho estava completamente ligado por uma gaze terrena que eu não soube explicar qual a proveniência nem os restantes tratos em mim, após aquele tão estranho parto natalício. Senti-me uma inútil! Uma parva e...mesmo uma imbecil, por tanto descuido e emoção precipitada, levando a colocar em perigo aquele filho tão amado. Mas depois aquietei-me, até porque não valia de nada a auto-flagelação sobre o que já tinha passado.

A um dia de uma outra Véspera de Natal...
2014 trouxe-me muitas bênçãos. Uma delas, a principal, foi ver o meu filho desenvolver-se em vida e alegria de feliz nascituro e, depois, no seu subsequente crescimento natural - mesmo que só tenha alcançado um ano de vida a cumprir amanhã. Durante todo o ano, fui pesquisando, investigando e quase mortificando tanto os serviços sociais como os que poderiam ter albergado semelhante figura que tão prestativa formação teve em mim. Nada. Não descobri nada. Até há cerca de um mês.
O que me foi prontificado desde logo era que esta pessoa já não existia; já não estava entre nós! Era bombeiro voluntário e até há um ano e tal atrás tinha exercido as suas funções exemplarmente. Até ter sido colhido por um incêndio terrível no norte do país no penúltimo Verão. Era muito jovem: tinha apenas dezanove anos de idade...o meu Anjo! Tudo isto, depois de ter vasculhado, palmilhado e mesmo desorientado todo o pessoal dos Bombeiros Sapadores de Sintra - e arredores - em busca deste meu querido salvador...morto ou vivo! Infelizmente...foi a primeira. Não valeu de nada ter contado a minha efectiva (e terrena) experiência, pois não acreditaram em mim ou no que lhes contei deste meu Anjo ter sido declaradamente um meu protector que desceu do Céu só para me ajudar a dar à luz...!?
Não tem sido um ano nada fácil. Nada mesmo! O meu irmão morreu. Os meus pais ainda não tiraram o luto nem nunca mais o farão, pelo que interiormente sentem (e se culpam mutuamente) por não terem tido mais força para retirar aquelas ideias ao rapaz de, acompanhar o cunhado até terras de malucos que se fazem explodir semeando o terror e, o pânico, nas suas gentes e noutras gentes. A mágoa é muita. A mãe vestiu-se de negro da cabeça aos pés como se tivesse integrado agora nas forças muçulmanas em burka decisiva. Por mais que eu lhe tivesse referido essa similar comparação (convencendo-a a aliviar tamanha indumentária opaca e cruel) ela não o fez. Não vacilou em reportar-me de todo o seu sofrimento e, se o seu coração estava negro...ela assim andaria como já a sua mãe e avós um dia tinham feito pelos seus defuntos. Mesmo estando em pleno século XXI, havia ainda muitas regras que se não toldavam por outras bem mais leves...de corpo e alma, assenti. O pai esse, nunca mais foi o mesmo em prática e uso de vida quotidiana de convívio, fosse o do seu clube desportivo ou, daquelas reuniões de copo e prato cheio com os camaradas do tempo da Guerra Colonial - dos quais já muito poucos sobram, sendo ele, um dos seus mais bravos guerreiros em heroicidade e...longevidade. Mas agora, parece ter envelhecido anos! Na minha casa não há alegria.
Do meu amor, que sinto que me falou por momentos, aquando observei os olhos daquele infeliz bombeiro voluntário morto, sinto que a sua alma está com a minha. Veio em minha ajuda. Veio socorrer-me. Veio então...para mim. E...para o seu filho que ele veria nascer. Senti isso! Não o vi fisicamente mas senti, sim! Ele, o meu amor, o meu grande amor...estava ali comigo! E, estará sempre, acredito. Mas, para findar esta prosa tão ferozmente nostálgica e sofrida (a quem se sinta em similaridade com esta minha dor deste meu passado recente) tenho de deixar aqui uma palavra de esperança: Há sempre volta a dar! Há sempre solução para a tristeza, para a dor, para a perca e...para a certeza de que outros e melhores dias virão! Não acreditam? Comigo, aconteceu. Fosse por cansaço, por pena, por até maldição (um dia disse-mo) eu encontrei um novo amor, ou ele encontrou-me a mim; o meu fiel e muito querido bombeiro que tantas horas me assistiu em pranto, devoção e maleita de o estar a confinar á mera condição de «secretário» pessoal meu, roubando-lhe eu horas no serviço e no espaço de lazer, tentando então descobrir o meu Anjo perdido. Tantas horas foram que um dia ele me confessou já ser em parte esse mesmo «Anjo» de que eu lhe falava, mais que não fosse em paciência e muita perseverança de quando eu lhe gritava de que este meu Anjo era (ou me foi, bem real)!
O primeiro beijo fui eu que lho dei. Logo ali! Assim que descobri o meu salvador da Noite de Natal de 2013! Ficou tão aparvalhado que nem tempo teve para se refazer da minha afronta. Deixei-o especado mas depois, convidando-o para jantar (eu cá sou muito prática nestas coisas de não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje sem mais delongas...) e pronto, cacei-o! É divorciado (são todos...ou quase todos, feliz ou infelizmente) e já está! Ele ganhou em enteado rechonchudo e loiro como o pai, o meu querido e jamais esquecido amor Josh, e eu ganhei uma enteada; por mais incrível que pareça, eu vou ser mãe de uma bebé de apenas três meses de idade - uma vez que o André tem a custódia da menina e, por consequência da mãe da bebé estar longe e a viver na Nova Zelândia. Menos mal, pensei. Do outro lado do mundo, não chateia, por muito que estas situações sejam sempre muito complexas e de trato nada fácil - um dia - para com as crianças, como se sabe.
Para já, vou ser feliz! Vou ser mesmo muito feliz, com o meu amor pequenino que se chama Josh como o pai (em sua homenagem) e, com a Maria Madalena. Já viram a coincidência? E o meu André também é José mas já achei demais chamá-lo assim; prefiro André!
Sabem que tentei voltar ao casebre onde dei à luz o meu filho e...nada? Nada mesmo! Nada de nada! Para além de que, também não me posso aventurar em voltar a cometer a parvoíce de me perder ou então vir a correr na demanda de algum caçador desportivo (ou furtivo) estar por ali, vindo atrás de mim, por eu lhe estar a invadir a propriedade - mas, no que me foi dado alcançar e conhecer - nada! Aquele casebre do tipo estábulo (mas sem a vaca ou o burro) não existe, pura e simplesmente! Nada mesmo! Será que fui acolhida por alguma zona intermédia estelar ou celestial, no que os Anjos me invocaram em auxílio e glória dos céus??? Não sei, mas estou-lhes grata, de facto. Muito grata! E isso vê-se na felicidade que hoje acolho... a quatro! Só os meus pais me preocupam (aqui, tenho de fazer uma ressalva: aqueles a quem chamo de pais são de facto meus avós paternos mas que, me amam e eu amo de paixão, como se fossem meus pai e mãe de verdade, pois foram-no, por ausência imperativa de meus pais terem ambos falecido era eu e o meu irmão muito pequenos; daí, os meus avós sendo ídolos para mim, são como pais, e assim ficarão até que algum deles nos deixe neste paraíso terreno). Lá virá o tempo em que esse mesmo tempo lhes acolherá essa sua maior dor também...ficando «apenas» uma boa e linda recordação do majestoso filho (ou neto verdadeiro) que ambos acolheram - no meu doce  e jamais esquecido, irmão. Penso que estão juntos, ele e o Josh, sem esquecer o meu querido Anjo-salvador! Acredito que sim, e que para sempre nos velarão o sono, as tristezas e as alegrias...venham estas de onde vierem...e já agora, um Santo e Feliz Natal daquela que nunca vos esquece...(como se dizia nas longas e dolorosas cartas para os familiares de quem estava na Guerra do Ultramar) e sejam felizes! E façam alguém feliz! Terão assim também muitas «Noites de Salvação» se, o vosso coração estiver aberto para uma outra luz entrar...acreditem, pois é mesmo verdade! Feliz Natal e Bom Ano para todos!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Lisa Gerrard - Ariah

A Artificie da Mente


A Mente Humana em Esquecimento/Memória/Déjà vu e Imagens de toda uma vida!

Havendo a ambição de se guardar tudo em Memória ou Recordação - tal como arquivo ou documental registo no ser humano - poder-se-à alcançar essa magnitude algum dia, no que todos buscamos em eficiência mental, fulcral e imediata? E que fenómeno é então esse - o do «Déjà vu» - que tantos de nós exultamos aquando sentimos já ter vivido, sentido ou presenciado algo muito igual?
Haverá no fim da nossa vida, na que de nós se despede, a repercussão de imagens abruptas, velozes e incisivas em nós, sobre o que jamais esquecemos na nossa Consciência, retratando-nos todas as sensações havidas e, vivificadas em nós???

A Arte de Esquecer
(Onde estava você quando mataram o Presidente Kennedy ou Martin Luther King? Onde estava, quando o Muro de Berlim veio abaixo? Quando as Torres-Gémeas colapsaram no fatídico dia 11 de Setembro de 2001 e...tantos outros acontecimentos de inquestionável importância para o ser humano do mundo; onde estava você de facto? Lembra-se disso?)
Em relação à primeira questão, há a referir que, dez anos depois do assassínio ou homicídio do presidente norte-americano John F. Kennedy, o número de Novembro de 1973 da revista «Esquire» relatava que todas as pessoas famosas interrogadas se lembravam bem de como tinham ouvido a notícia da morte do presidente, em 22 de Novembro de 1963.
Estudos académicos posteriores confirmaram o facto: a maioria das pessoas com idade para se inteirarem do assassínio, recordavam com exactidão o que faziam e, onde estavam, quando ouviram a notícia. O que denota que, lembramo-nos sempre de acontecimentos dramáticos - em que uns se sublevam mais do que outros - consoante nos atingem mais interiormente ou mais sentidamente.
Mas será assim mesmo e qual a razão disso?
O que esquecemos mais frequentemente são nomes (de coisas e de pessoas), como por exemplo, nomes, datas e tudo o que aprendemos de cor ou, o que não entendemos. Temos também dificuldade em recordar (na generalidade) quando estamos embaraçados, frustrados ou doentes. Mas todos temos esquecimentos - e isso é normal, de facto.
Há, ao que parece, um limite para o que podemos recordar. Se conseguíssemos lembrarmo-nos sempre de tudo, a vida (nossa e de todos os outros) tornar-se-ia intolerável! À medida que envelhecemos, perdemos cada vez mais recordações, deixando apenas as mais significativas no espaço mental disponível - indefectivelmente!

Um Caso Inédito
(Quando a Mente de um cirurgião «apaga» em vez de «gravar»...)
Em 1986, um cirurgião de Chicago - com 20 anos de experiência - estava a coser um paciente, depois de uma intervenção rotineira à Vesícula Biliar, quando parou e perguntou com curiosa indiferença: «Eu tirei esta...vesícula?»
A Enfermeira assistente, assegurou-lhe então - muito calmamente - que sim, e que este (cirurgião) deveria continuar a fazê-lo. Ele assim fez, mas repetiria insistentemente a pergunta depois de cada ponto efectuado no paciente. A arguta (e sábia) enfermeira tranquilizou-o - a cada pausa e interjeição deste - até que a operação findasse.
Em seguida, o cirurgião foi consultar um Neurologista, que lhe diagnosticou um tipo raro de perda imediata de Memória chamada Amnésia Global Transitória - porque pode durar algumas horas (ou dias) e porque a vítima não consegue lembrar-se do que vê, lê, ouve, prova ou cheira.

Horas Perdidas
Em todos os outros aspectos, as funções do Cérebro do Cirurgião eram perfeitamente normais. Embora surpreendido com o que estava a acontecer-lhe, não mostrou receio.
Ficou então um dia em intensa observação, sendo submetido a diversos exames ao Cérebro. Entretanto, a Memória recompôs-se completamente - excepto numa lacuna de 48 horas - e dois dias depois voltou à Sala de Operações.
A Amnésia Global Transitória é provocada por uma disfunção no Sistema de Activação Reticular - uma rede de células que participam no registo e, evocação, da Memória.
Stress físico ou emocional, Imersão em água fria, Exposição repentina ao calor ou ao frio - ou até a Actividade sexual - podem levar o sistema a desligar-se, mas é ainda (para a Comunidade Médica e Científica) um enigma ou por certo um acto misterioso do que provoca ou despoleta tudo isso. Contudo, cerca de 10% das vítimas de um primeiro ataque, sofrerão posteriormente de outros ataques em que se regista o desaparecimento (quase sempre) dos sintomas, quase de imediato também.

Déjà vu
(Ocasiões em que sentimos «já ter estado aqui»)
"Fiquei assombrado e perplexo...com a ideia de já ter visto este...espectáculo antes. O local pareceu-me tão familiar como o asseio decoroso da cozinha da minha avó...!"
Assim relatou o novelista Nathaniel Hawthorne a visita que fez, na década de 1850, às cozinhas do antigo castelo de Stanton Harcourt - próximo de Oxford - quando era Cônsul dos EUA em Inglaterra.
O Escritor estivera ali antes. Quem sabe se, talvez...numa vida passada? Numa outra vida anterior que este tenha possivelmente vivido e, regredido, em pensamento e visualização aí. Terá havido alguma precognição psíquica do velho castelo?
Qualquer que seja a explicação, Hawthorne não está só nesta estranha experiência. Segundo um Inquérito de 1967, cerca de uma em cada três pessoas passou pelo que se chama de «Déjà vu» («já visto») - a misteriosa sensação de assistir ao que parece ser a exacta repetição de uma cena do...Passado!

Quando o Passado se reverte no...Presente!
Em David Copperfield, Charles Dickens descreve a experiência como uma «sensação que nos assalta ocasionalmente...de termos estado rodeados - em épocas imprecisas mas anteriores - pelos mesmos rostos, objectos, circunstâncias, de saber perfeitamente o que será dito a seguir, como se nos tivéssemos subitamente recordado».
Qual é então a causa do...«Déjà vu»? O Filósofo Grego, Platão acreditava que era indício de ter vivido vidas anteriores - prova da Reencarnação!
A Ciência Moderna não resolveu ainda esse tão enigmático mistério mas, sugere de igual modo, explicações muito mais prosaicas do que as que Platão asseverava.
Uma teoria justifica-o, pela participação de Recordações aparentemente esquecidas - e, foi uma dessas de facto, que originou a experiência de Hawthorne. Ainda muito jovem lera - e esquecera - uma descrição das cozinhas de Stanton Harcourt, mas isto não explica a sensação descrita por Charles Dickens de saber o que será dito a seguir numa conversa trivial...
É possível que, a melhor explicação do fenómeno resida na Actividade Eléctrica do Cérebro. Talvez a sensação do «Déjà vu» possa ser causada por um lapso momentâneo entre o que está a acontecer e, a nossa percepção mental do evento.
Parece assim que, os sinais entre os nossos Sensores - Olhos, Nariz, Ouvidos, etc. e o Cérebro, ficam de vez em quando desfasados. O Cérebro compara continuamente as experiências do nosso Passado e, se o Cérebro e os sentidos estiverem desfasados, o Presente pode surgir-nos como: a Recordação de algo que aconteceu no...Passado.
Ou nada disto faz sentido e, havendo uma outra hipótese - agora estimulada até mesmo pelos homens da Ciência - de que, poderá haver (ou ter havido), uma outra dimensão (tridimensional) na qual o ser humano se tenha aventado a perfurar, mesmo que...inconscientemente. Mas esta última teoria sendo muito polémica, é talvez a mais espectacular numa óptica de mecânica quântica de mundos transversais ao nosso - pelo menos ao que conhecemos até aqui. E, onde a Astrofísica e o mundo quântico também têm uma palavra a dizer! Talvez não seja somente um mero ou simples «Déjà vu», aquele (ou aqueles) que todos nós já sentimos alguma vez...

O «Filme» da nossa Vida em Imagens
A antiga crença (que ancestrais ou antepassados nossos sempre o referiram como último acto lúcido ou de uma outra Consciência, interior mas real ) de que um homem prestes a despedir-se da vida, vê desfilar de relance mas diante de si, toda a sua vida -  afirmando-se agora, poder ser absolutamente verdade!
Foi o que concluiu o Neurocirurgião  Canadiano, Wilder Penfield, que investigou o fenómeno nos anos 50. E, dizem os que foram salvos no último instante, não só quando uma pessoa está a afogar-se (pois os casos estudados na época, eram oriundos de pessoas prestes a afogar-se que se terão salvo no limite) mas quando se julga a morte iminente! Ou seja, em qualquer situação - trágica ou não - mas que o indivíduo sente no limiar e, exígua fronteira entre a vida e a morte.

A Vida a andar para Trás
Uma faceta curiosa da experiência é, nesses momentos finais de Consciência, a vida ser reproduzida para trás: Gente esquecida, Lugares e Acontecimentos acorrem à Mente com total nitidez!
Penfield crê que isto sucede porque - o Cérebro - normalmente armazena todas as Recordações, mas só um gatilho especial pode evocá-las - e a Morte, ou a convicção da morte iminente, pode sê-lo!
Há uma outra Teoria (mais defendida pelos estudiosos) de que, os Lobos Temporais - onde são armazenadas as Recordações - se revelam então muito vulneráveis a interrupções do abastecimento de oxigénio ao Cérebro, e estas provocam ali o caos no sistema de sinalização eléctrica.
As pessoas que estão a sufocar, a afogar-se (ou são enforcadas, por exemplo) permanecem conscientes o tempo suficiente para experimentar o estranho efeito desta privação de oxigénio, a qual projecta para a Consciência, todas as recordações disponíveis. Será efectivamente assim?...

Haverá por certo muitas outras teorias, umas mais cientificas do que outras, na laboração de uma resposta eficaz e, verdadeira, para esse acontecimento mental no fim das nossas vidas. Seja como for, por ordem ou regra a instituir de investigação e ratificação científicas no que isso reporta - ou não - a realidade, é que há já muitos testemunhos dessa ocorrência quase terminal. Nesta, é visualizada toda uma vida passada em pormenor sobre actos, feitos, situações, pessoas e mesmo sentimentos - e tudo num ápice de breves minutos ou mesmo segundos. Se tal, é um manhoso (ou ardiloso) meio da nossa Mente nos fazer revisitar o que há muito perdemos ou deixámos para trás (ou nada disto, sendo antes a complexidade maravilhosa do nosso Cérebro em perspectiva final na retaguarda da vida...), é algo que ainda não sabemos, mas percepcionamos e...interiorizamos - ainda que só nos reste um fio de vida! Abraçando essa cauda-efeito de falta de oxigénio no Cérebro ou tão-somente os uivos de anjo que nos sopram aos ouvidos e nos desfiam a vida em imagens impressionantes, o certo é que todos nós - Humanidade - a isso intuiremos em poderes sensoriais (ou outros) que nos revelam no final desta grande epopeia que é a vida, que vamos finalmente partir...! Artificie da Mente ou a lógica de todas as coisas no fim da vida...será sempre algo que nunca saberemos! Mas a bem da Humanidade, que essas imagens nos confortem, nos abracem e...nos acompanhem até a um outro destino que não será certamente só mais um breve final...! Assim o seja! Cíclica e...pacificamente!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Lisa Gerrard - The End (amazing cut)

A Síndrome de Sábio


Trissomia 21 (ou Síndrome de Down) e Autismo na Temática da «Síndrome de Sábio»

Serão estas crianças portadoras de algum segredo maior que até hoje o ser humano ainda não conseguiu descodificar? Serão eles, meninos-homens, meninos-deuses que, fechando-se em si, estão abertos para um outro mundo por nós desconhecido? E qual a razão deste poder genial que os faz ser matemáticos e calculadores incríveis - tais como um computador humano na sua eficácia e, exibição?

Ilhas de Génio
(O Brilho intrigante da Síndrome de Sábio)
Há que impor as prementes questões sobre este tão polémico tema: Como pode alguém ser capaz de calcular o dia da semana de qualquer data e, no entanto, não saber somar dois mais dois ou, inversamente a isto, fazer cálculos incríveis e, imediatos, sem a ajuda de uma calculadora? Ou ainda, executar na perfeição uma difícil peça clássica no piano, depois de a ouvir uma vez, sendo este, mentalmente diminuído - ou seja, sofrer de alguma patologia mental ou deficiência cromossómica?
Estes indivíduos sofrem da Síndrome de Sábio, que a Ciência só há pouco começou a explicar. A Síndrome em questão intrigou deveras os Neurologistas desde que o doutor J. Langdon Down - que deu o nome à deficiência mental conhecida por Síndrome de Down) mas que, hoje, se identifica e denomina por Trissomia 21 em termo mais técnico mas também mais correcto, presume-se - descreveu pela primeira vez, em 1887, estes génios mentalmente atrasados, chamando-lhes «Sábios-idiotas» (o que, à imagem dos nossos dias se não alude nem assim se determina pelo termo pejorativo em questão, como é óbvio):
Cem anos mais tarde, houve então um maior aprofundar desse conhecimento acerca dos «Patetas-sabedores» como então eram identificados. Hoje, essa determinação abjecta de «Sábios-idiotas» já não singra no mundo académico mas, na época, assim os conotavam. Afirma-se de que, possuíam uma forma de Memória altamente apurada e, eficaz, com a qual podiam visualizar pinturas ou uma série de datas, ou fixar uma melodia.
Ainda hoje assim se reportam estas crianças ou mesmo indivíduos na idade adulta. Estas aptidões podem existir ao nascer ou, ser adquiridas depois de uma lesão - ou doença do Sistema Nervoso Central. O estado pode ser causado por anomalias genéticas, isolamento sensorial ou imperfeições em certas áreas do Cérebro que executam tarefas intelectuais, como o Hipocampo (uma estrutura com a forma de cavalo-marinho, ligada aos Receptores Sensoriais e, à Memória).
É seis vezes superior a probabilidade de, estes extraordinários sábios (outrora «Sábios-idiotas») serem masculinos e, as suas aptidões poderem aparecer e sumir-se de súbito.
O Autismo, uma doença cerebral que faz o indivíduo voltar-se para si próprio e ser incapaz de comunicar com os outros, também tem sido relacionado com a Síndrome de Sábio. Cerca de uma em cada dez crianças Autistas apresenta tais aptidões.
Uma das primeiras descrições de um «Calculador-Relâmpago Humano» foi feita em 1789, pelo doutor Benjamim Rush - um médico notável e um dos signatários da Declaração de Independência Americana. O seu paciente mentalmente diminuído, Thomas Fuller, viera como escravo para a Virgínia, em 1724. Demorou então apenas 90 segundos para calcular que, um homem com 70 anos, 17 dias e 12 horas tinha vivido 2 210 500 800 segundos - incluindo os anos bissextos no cálculo!
A despeito desta incrível aptidão, Fuller morreu em 1790 sem saber ler nem escrever...

Repertório Espantoso
Outro escravo «Sábio-idiota» tornou-se famoso como pianista na década de 1860. Blind Tom mal conseguia dizer 100 palavras mas, era capaz de tocar esfuziante e impecavelmente 5000 peças musicais! O seu virtuosismo levou-o desse modo à Casa Branca e, a toda a América.
Em 1964, os gémeos Charles e George surpreenderam os Neurologistas com os seus cálculos de Calendário. Podiam responder num instante, por exemplo, quando o dia 21 de Abril calhou a um domingo (1963, 1957, 1946, até 1700).
O Escritor e Neurologista Inglês, Oliver Sacks, testemunhou tais aptidões quando espalhou uma caixa de fósforos diante dos gémeos e, eles exclamaram em uníssono: «Cento e onze». Ao apanhar os fósforos, Sacks confirmou então que tinham caído exactamente 111. Ao perguntar como os tinham contado tão depressa, os gémeos responderam de imediato: «Não contámos...vimos 111!»
referiram também o número 37 e, apesar da sua incapacidade para resolverem as mais simples equações, pareciam sentir (ambos) que, o número 111, podia ser visto em três grupos de 37!

Mente Sobrecarregada
John tinha 24 anos, uma inteligência acima da média, fino humor e forte personalidade mas, com segundos de intervalo, era atacado por violentas contracções musculares espasmódicas.
Por vezes, tirava partido desse facto, como quando tocava bateria - mas na maioria das vezes, causava-lhe problemas no emprego e em casa. Além de que, se adormecido ou em completo relaxamento, só ficava livre dos tiques quando se movia ritmadamente, por exemplo, quando nadava - ou se executava certas tarefas no emprego que lhe exigisse maior actividade física.
Enquanto a maior parte dos transtornos neurológicos envolvem a perda de uma função - Fala, Memória do curto e longo prazo, Linguagem, Identidade, etc. - há pelo menos um que resulta de um excesso de Função Cerebral. John sofria da Síndrome de Tourette, na qual uma pessoa - noutros aspectos dita normal mas que se remete em tiques, movimentos ou espasmos bruscos, roncos e caretas (esgares espasmódicos no indivíduo).

Controlo Químico
A Síndrome tem o nome do Neurologista e, Escritor Teatral, Gilles de la Tourette, que a descobriu em 1885. Posteriormente, os Neurologistas descobriram que as vítimas desta Síndrome têm um excesso de Dopamina - substância química neurotransmissora do Cérebro.
John, submetido a um tratamento com medicamentos que baixavam os níveis de Dopamina, passou a partir daí a ter uma vida normalíssima!

O Autismo em Investigação
Recentemente, Cientistas dinamarqueses e britânicos asseveraram em relatório minucioso de que, o Autismo, pode estar seriamente relacionado com o grau de exposição a elevados níveis de algumas hormonas «In Útero».
A experiência foi feita através da recolha de amostras de Líquido Amniótico (o líquido que envolve a criança ou feto dentro do útero materno e que, entre outras funções, lhe garante o oxigénio e os nutrientes necessários à sobrevivência) provenientes de registos médicos de 128 rapazes dinamarqueses que foram diagnosticados com Autismo.
A equipa comparou então as amostras com outras de um grupo de controlo e, chegou à conclusão de que, os rapazes autistas estiveram expostos a níveis maiores de Testosterona ( a hormona masculina) e, ao Cortisol (hormona corticosteróide da família dos esteróides, produzida pela parte superior da glândula supra-renal, localizada acima dos Rins) durante a gestação.
A equipa Anglo-Dinamarquesa descobriu assim que se verificava uma alteração significativa dos níveis da hormona.
Simon Baron-Cohen, director do Centro de Estudos do Autismo na Universidade de Cambridge - integrando a equipa deste estudo - aferia que: "No útero materno, os Rapazes produzem cerca do dobro da Testosterona em relação às Raparigas!"
"Não é possível ligar directamente esta alteração ao Autismo, mas, comparados com os rapazes típicos, os diagnosticados com Autismo têm níveis ainda maiores. É uma diferença significativa e pode ter um grande efeito no desenvolvimento do Cérebro!"- Concluiu o especialista, citado pelo diário «The Guardian».
Reportaria ainda no contexto desse estudo: "Não podemos concluir que é um fenómeno causal a partir deste Estudo, mas ele está a dizer-nos que, parte da Biologia do Autismo começa numa fase Pré-Natal!" - Acrescentaria Baron-Cohen.
Experiências e intensas pesquisas anteriormente realizadas em animais, mostraram uma correlação entre a Testosterona e, na formação do Cérebro dos machos, ainda «in útero».
Em relação à sequência deste Estudo liderado por Simon Baron-Cohen, em Cambridge, está a ser ultimado um outro, baseado na comparação entre grupos de Raparigas com Autismo e outras sem esse problema, no que se aguarda novidades nesse sector.

Há quem não subestime a importância e certa nocividade nos anti-depressivos que se tomam em excesso na nossa Era Contemporânea...a mal de todos nós. Outros sublevam a certeza de se estar perante todas as agressividades de toda uma sociedade em geral também muito acintosa - e por vezes cruel - na incisiva voragem dos tempos em que se respira mais carbono do que oxigénio ou ainda, se ingere mais tóxicos do que o devido em produtos alimentares carregados de toxinas. Seja como for, a Humanidade carece (e padece) urgentemente, de uma transformação eminente que nos faça nascer mais saudáveis e descontaminados, se possível. Todas estas doenças genéticas ou do foro cromossómico têm forçosamente de ter uma origem e, haja acordo e unilaterais empenhos para as debelar, e todos beneficiaremos com isso. Síndrome de Down, de Tourette ou...de Sábio, o certo é que nestes novos tempos - tempos modernos - teremos de saber lutar para as contrapor e se possível, redimir, a uma mera condição pontual de pequena ou mínima percentagem residual no mundo. Oxalá essa altruísta intenção se cumpra...a bem das nossas crianças e, dos nossos adultos num futuro próximo. Que Vença a Humanidade e toda a saúde que se lhe reconhece para assim poder evoluir e recrudescer em franca e sadia proliferação de outros novos tempos...! Que assim seja, a bem de todos nós!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A Moderna Fibra Óptica


Fibroscopia às Cordas Vocais Normais

Na Medicina Moderna haverá ainda algo mais a alcançar e, a explorar, para além de toda esta maravilhosa Fibra Óptica que hoje já nos é insubstituível na exploração cirúrgica? Que magia voyeurista é esta - a que se assiste através do mirabolante Fibroscópio - que, percorrendo todo o corpo, nos transmite imagens do nosso corpo, até aqui desconhecido por nós...?

História do Interior do Corpo Humano
(Fibras Ópticas que «viajam» pelas estreitas passagens do Corpo!)
Até há poucas décadas - na recente abordagem clínica e, cirúrgica - quando os Médicos necessitavam de ver os funcionamentos internos do Corpo Humano, podiam recorrer à cirurgia exploratória (exame potencialmente perigoso) ou, a uma Radiografia, que dá uma imagem estática.
Nas últimas décadas, graças às Fibras Ópticas, pode-se introduzir fibras flexíveis ultra-finas pelos espaços do Corpo - passagens de ar, ductos intestinais, artérias, câmaras do coração - e ver em pormenor, o bom ou mau funcionamento dos principais sistemas e, órgãos, como se estes estivessem numa cápsula selada.

Imagens Internas
O maior avanço deve-se ao Fibroscópio - um instrumento flexível semelhante a um fio fino. Contém dois feixes paralelos de Fibras Ópticas, feitos de vidro da máxima pureza - pelos quais passa a luz - e, está envolvido por um tubo de plástico (ou borracha) que é introduzido no corpo por uma abertura natural ou uma pequena incisão.
Uma vez colocado o Fibroscópio no lugar, a luz passa por um dos feixes e, ilumina o alvo, no que então uma imagem é reflectida pelo outro feixe e vista por uma ocular, mostrada num ecrã de televisão - ou gravada por uma câmara.
Os Fibroscópios podem conter 10 000 Fibras num feixe com menos de 1 mm e, enviar imagens de áreas reduzidas de tecidos,,,como um pólipo do Cólon!
Conseguem penetrar nos sistemas Digestivo, Reprodutor, Circulatório e Respiratório ou, por exemplo, ser introduzidos numa artéria do braço e chegar ao Coração, permitindo então detectar quaisquer anomalias nas Válvulas Cardíacas ou...nas Artérias Coronárias.
Os Fibroscópios são muitas vezes incorporados em instrumentos maiores - os Endoscópios - os quais têm ligações que permitem inserção pelo tubo de instrumentos cirúrgicos miniaturizados (tais como tesouras, pinças ou loops) para recolha de amostras de sangue e, de tecido.

Diagnóstico sem Cirurgia
O Primeiro Fibroscópio foi construído por um americano, o doutor Basil Hirschowitz. Em 1950, ele e alguns dos seus colegas compraram por poucos dólares Vidro Óptico e, fundiram-no em fibras que foram enroladas num cilindro, feito de uma caixa vazia de cereais.
As Fibras receberam então camadas permanecentes de vidro e, cada uma das fibras compostas daí resultantes, transmitiria luz. O instrumento construído pelo doutor Basil Hirschowitz foi introduzido pela primeira vez no Estômago de um paciente...em 1957.
Os Médicos e por conseguinte, todos os cirurgiões aí envolvidos, podem agora não só ver o Interior do Corpo - e diagnosticar um mal ou patologia associada - mas também enviar Luz-Laser pelas Fibras Ópticas no tratamento de doenças, tais como úlceras de estômago, sem executar operações ou intervenções cirúrgicas. Um avanço inegável, de facto!

O Laser tem sido usado em diferentes áreas e sectores mas, dentro da perspectiva clínica, tem sido potencialmente usado para melhorar o aspecto das Manchas Congénitas (cor de vinho) que não desaparecem com a idade. Alguns Médicos têm tentado retirar Tatuagens com Laser, no que por vezes são bem sucedidos mas noutros casos não. Os resultados positivos são sempre dúbios, se tivermos em conta a nocividade nestes pela óbvia incursão de algo não-natural sobre a pele, mas isso já é uma outra questão, no que dermatologistas e investigadores na área se revestem de alguma cautela, devido aos efeitos colaterais que podem degenerar em miomas ou sérios problemas cutâneos nos futuros pacientes.

Lasers contra Lentes
Os Oftalmologistas estão já a encarar a Cirurgia Ocular por Laser como alternativa - tanto da cirurgia ocular tradicional como de óculos e lentes de contacto.
Nestas últimas décadas, os avanços têm sido verdadeiramente miraculosos! Senão vejamos: Lasers já foram usados para ligar Retinas descoladas e, a utilização de Lasers-Excimer para mudar a forma da Córnea, após muitos ensaios e experiências usando esta técnica completamente inovadora!
O nome destes Lasers deriva de, «Dímeros excitados» - Átomos voláteis da mistura gasosa que produz um feixe-Laser de luz ultravioleta.
Podem usar-se para remover finíssimas lâminas de tecido, e são tão precisos que podem cortar um padrão num fio de cabelo. O comprimento de onda do feixe de luz, determina onde a sua energia será absorvida e, portanto, que tecidos afectará.
Quando o Laser está preparado para penetrar na camada exterior da Córnea, não entra no tecido situado atrás dela. A Incisão é muito pequena e limpa, e são improváveis problemas de...cicatrização.
Mas há que perguntar: Como é então, ser operado por um Laser?
O processo, que levaria ainda alguns anos a aperfeiçoar-se, (portanto, ainda numa fase experimental) revelar-se-ia desde logo muito rápido e...indolor! Primeiro, são administrados medicamentos para fechar a Pupila do paciente e, de seguida, anestesiar o olho deste. O equipamento é depois fixado neste por sucção de vácuo - para prevenir movimentos durante a intervenção.

Tratamento Rápido e...Eficaz!
Na maioria dos casos, a exposição ao Laser dura menos de 12 segundos. A sessão não demora meia-hora, e o paciente não precisa de internamento. No dia seguinte, todo o mal-estar passou e, a visão voltou assim à normalidade.
Na actualidade, os Cientistas sentem-se felizes por abranger grande parte da população que sofre de elevada Miopia, Estigmatismo ou outras deficiências na Córnea, para além da inquestionável perturbação (e mesmo cegueira) no descolamento de Retina. Hoje, tudo é já possível em melhorias e casos de muito sucesso - em quase 90% de todos esses casos, em particular, os de Miopia.

Verdadeiros milagres ou simplesmente o grande avanço na Medicina ocular e oftalmológica (e não só), no que se perspectiva em futuro imediato. Lasers. Fibra Óptica e toda a sequencial orgânica automatizada, monitorizada e mesmo computorizada neste novo século que agora iniciamos em alegoria de deuses que não somos mas...idealizamos, para com o nosso bem-estar.
Fibroscópios, Endoscópios, TEP, EEG, TAC e outras mais técnicas que nos servem de grande bengala no imenso mundo do Corpo Humano que, a breve prazo (acredito) nos irão ser obsoletos uns e, mais dinâmicos e revolucionários outros, pelo imparável avanço tecnológico e de maior conhecimentos que vamos adquirindo ao longo da nossa vida individual e pública. Há que procurar soluções e tentar obtê-las sob  todas as ópticas e, sobre todas as coisas...se isso nos reverter em saúde e bem-estar gerais. A bem da Humanidade assim possa então continuar a ser, na busca e no encontro de todas essas viabilizações físicas e mentais, pois que o Homem ainda tem um longo caminho a percorrer na dor, na doença e, no padecimento de muitos de nós que diariamente nos confrontamos com o passar do tempo e, o inadiável que é, sentirmos a morte sem dor, sem sofrimento! A bem desse processo indolor em passagem de uma vida para outra - na Humanidade (sem esquecer por um momento que seja, os animais, nossos parceiros nesta mesma vida) - assim seja, em futuro breve, muito breve! A Morte é apenas o início...alguém disse. Só posso afirmar que assim o desejo, mesmo sem haver confirmação...!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A Verdade Sanguínea


Múmia de Tutankhamon                    Egipto

Haverá a absoluta certeza dos factos e toda a identidade revelada, perante esta nova ordem de conhecimentos de testes sanguíneos e, por último, do tão exímio ADN? O nosso código humano estará para além desses mesmos testes de sangue a anatomia em geral, em genoma e idiossincrasia anatómicas? Haverá ainda mais segredos (iguais ou similares aos de Tutankhamon) nesta espécie de «Verdade Sanguínea» e laboratorial, no que agora sabemos em descobertas contemporâneas?

O Milagroso Corpo
(Testes sanguíneos ajudam a desvendar mistérios de uma Múmia com 3.300 anos!)
Na superfície de cada Glóbulo Vermelho do sangue está um padrão de diferentes moléculas chamadas «Antigéneos». A presença ou ausência de certos Antigéneos pode ser usada para classificar o sangue segundo «grupos».
A Identificação do grupo sanguíneo de um indivíduo é simples, mas extremamente importante - no caso de uma pessoa precisar de uma Transfusão de Sangue depois de um acidente ou operação - só podendo recebê-lo de...um grupo sanguíneo compatível!

Começar com A e B
Os primeiros Antigéneos a serem estudados foram chamados A e B e, a a sua presença ou ausência, determina a qual dos 4 grupos principais (A/B/O) se pertence: A, B, AB ou O.
Algumas pessoas têm Antigéneos A, mas não B (grupo A); algumas têm B, mas não A (grupo B); outras ainda têm Antigéneos A e B (grupo AB) e, as restantes, não têm qualquer e pertencem ao grupo O (outras classificações são baseadas na presença de mais Antigéneos como: M, N, S e s).
Herdamos assim o Grupo Sanguíneo dos nossos pais sendo que, os nossos Glóbulos só podem ter Antigéneos presentes em qualquer dos progenitores.
A Análise dos Antigéneos não pode provar a Paternidade ou a Maternidade (diferentemente do ADN que, na actualidade, o permite na sua quase totalidade em percentagem firme dessa eficácia) mas, às vezes, mostra claramente que um homem ou uma mulher não é pai ou mãe de, determinada criança.
Por exemplo, se a Mãe e Pai possuem ambos o sangue do tipo O (o que significa que nenhum deles tem Antigéneos A ou B), o seu filho não pode ser A, B ou AB.

Crise de Identidade
A Análise do grupo sanguíneo foi utilizada para resolver um caso de Erro de Identidade de um indivíduo com mais de de 3.300 anos.
Em 1969, encarregaram R. C. Connolly da Universidade de Liverpool, de ajudar a identificar uma Múmia do Museu de Antiguidades do Cairo.
Em estudos anteriores de Múmias Egípcia e Sul-Americanas, Connolly descobrira que, muito depois de os Glóbulos Vermelhos se terem desintegrado, permaneciam noutros tecidos do corpo quantidades muito pequenas de Antigéneos que podiam ser identificados. Foi-lhe então pedido que ajudasse a confirmar duas hipóteses: Estudos de hieróglifos tinham sugerido - se bem que não conclusivamente - que uma Múmia do Museu do Cairo, que se julgara ser do faraó Akhenaton, podia pertencer ao seu genro e co-Regente Smenkhkare: e Historiadores e Antropólogos perguntavam-se o faraó-criança Tutankhamon e Smenkhkare - com medidas corporais similares - seriam de facto irmãos. Se fossem idênticos os Grupos Sanguíneos de Tutankhamon e da Múmia misteriosa, seria bem provável a veracidade de ambas as hipóteses.
A Equipa de Connolly revelou então que, as duas Múmias, pertenciam ao mesmo grupo sanguíneo em dois sistemas diferentes: A (no sistema ABO) e MN (no MN). Como tinham medidas semelhantes, era grande a probabilidade de serem irmãos.
Juntamente com outras provas reunidas em maior concertação desta tese, reunidas assim por Historiadores, era quase certo que a Múmia em causa seria Smenkhkare e, que este e Tutankhamon...eram efectivamente irmãos!

Identidade de ADN
(Na actualidade, os tempos são de avanços a cada dia mais impressionantes: o fabuloso ADN!)
Estudos liderados por Zahi Hawass, o mui conceituado (e prestigiado em todo o mundo), Arqueólogo e Egiptólogo egípcio que, à frente de toda uma equipa «Egiptian Mummy Project», falaria à imprensa internacional sobre os feitos até aí conseguidos através de testes de ADN sobre a tão aclamada Múmia de Tutankhamon.
A 17 de Fevereiro de 2010 esta Múmia de Tutankhamon viria a dar que falar, no que o britânico Howard Carter ficaria orgulhoso se fosse vivo, uma vez que foi o descobridor do túmulo de Tutankhamon por volta de 1929. Há muito que se tentava saber da filiação deste Menino-Rei com a datação de 3.000 anos, daí que, egiptólogos e demais investigadores aventaram assim as expectativas e, limites, das análises ao seu ADN!
As conclusões apresentadas no Cairo (Egipto), foram publicadas de seguida pelo «Journal of the American Medical Association» onde exibiam em palavra e imagem a figura de um jovem rei muito frágil. As conclusões que se obtiveram foram unânimes e, magníficas: O jovem Tutankhamon usava bengala! Sofria de uma rara doença óssea (possivelmente a doença de Köhler), tinha pé boto e lábio leporino. A causa da sua morte (na precoce idade de 19 anos) terá sido uma queda, associada à...malária! Foi identificado como sendo filho do Faraó Monoteísta Akhenaton, adensando o que já se conhecia desta filiação dos anais históricos egípcios.
Hawass (nascido a 28 de Maio de 1947) confirmaria então em toda a sua glória de homem conhecedor - e sabedor - que, uma Múmia não-identificada (encontrada no Túmulo KV55) era de Akhenaton, esse tão impressionante faraó que tentou levar a cabo uma revolução religiosa no Antigo Egipto!
De entre as 11 Múmias analisadas, os investigadores tentaram encontrar sinais de problemas genéticos ou doenças infecciosas que permitissem estabelecer uma relação entre eles ou ainda, fornecer explicações plausíveis sobre os destinos dos membros ilustres desta família.
Zahi Hawass corroborou também da negação - ou afastamento da ideia - de Tutankhamon ser filho da rainha Nefertiti, como anteriormente ou até aí se acreditava. A mãe deste jovem-rei (Tutankhamon) era uma filha não-identificada de Amenhotep III e da rainha Tiye.
Quanto ainda à causa da morte deste jovem de 19 anos - Tutankhamon - ter sido muito debatida sobre o que o seu crânio apresentava em fractura e buraco exposto (levando a que ate aí os investigadores por conclusão óbvia, tivessem determinado uma morte por pancada na cabeça - em possível crime de homicídio), agora anulariam, pelo que efectivaram como propósito e processo natural de mumificação feito pelos embalsamadores e não, como até aí se julgara, em golpe na cabeça ou fractura craniana provocada deliberadamente.

A sensibilidade e empenho com que todos estes investigadores se arrogam, é sempre digna de todos nós, seja em escavações arqueológicas, seja nas experiências ou testes laboratoriais forenses a que se dedicam em busca da verdade. Nem que esta tenha tão-somente...3.000 anos. Ou não. Mesmo na actualidade e, em datação mais recente, os testes sanguíneos e os de ADN, são-nos igualmente conceituados e, em nosso benefício instados. Só assim alcançaremos a Verdade. Seja esta de origem sanguínea ou não. Entre outras formas que a Humanidade entretanto vai reconhecendo, como busílis dessa mesma verdade anatómica do ser humano. A bem de todos nós, essa verdade prevaleça! E para sempre assim o seja!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A Rede Informática do Corpo


Ilustração de Células Nervosas (Neurónios) no Ser Humano

Que poderosa magia é esta, a do nosso Sistema Celular - por cabos e sem fios - como uma gigantesca obra de engenharia informática que nos percorre todo o corpo? Havendo a doença nos Neurónios - em complexa inflamação ou interrupção dos impulsos nervosos - estará o ser humano condenado para sempre, sem que haja solução para esse desbloqueio e, deficiência, nas suas funções físicas e mentais? A Medicina Moderna dará resposta em breve para colmatar essa lacuna do Elo Nervoso?

Agindo por Impulso
(A Compreensão do nosso Sistema Celular - por cabos e sem fios!)
Para Comunicação rápida e eficaz, o nosso corpo conta, segundo os Cientistas, com 10 a 100 mil milhões de Células Nervosas chamadas Neurónios.
A maior parte está situada no Cérebro e, retransmite mensagens eléctricas - os Impulsos Nervosos - a velocidades até 100 m/s, garantindo uma reacção pronta a condições internas e externas sempre em mudança.

Rede de Informação
Ao Microscópio, os Neurónios lembram condutores eléctricos descascados. Consistem num corpo celular que contém o Núcleo da Célula - um longa fibra chamada Axónio, que transporta impulsos eléctricos a outras células e, a finas ramificações chamadas Dendritos, que recebem as mensagens.
Um único Neurónio pode captar mensagens de um elevado número de outros. O Axónio pode ramificar-se muitas vezes, no que, os Cientistas pensam haver (pelo menos) um tipo de Neurónio que chega a ter 200 000 ramificações axónicas, conduzindo cada uma a outro Neurónio.
Os Axónios são rodeados por uma camada gorda - a bainha de Mielina - que assegura que os impulsos eléctricos transportados pelos Neurónios não se escapam. Quanto a alguns destes, calculou-se que, se o corpo celular fosse do tamanho de uma bola de ténis, os Dendritos ocupariam o espaço de uma sala comum média, e o Axónio (nessa escala) tem 13 mm de largura e mais de 1,5 km de comprimento.
Os Neurónios Sensoriais recebem estímulos sob a forma de sinais eléctricos dos órgãos sensoriais (Nariz, Olhos ou Pele) e, enviam-nos, como fracas correntes eléctricas, para a Coluna Vertebral e o Cérebro.
Os Neurónios Motores expedem as instruções do Cérebro ou, da Coluna Vertebral, para os músculos ou glândulas - também como sinais eléctricos, para que respondamos a qualquer estímulo. Por exemplo, quando retiramos de imediato a mão depois de tocarmos num objecto muito quente ou...produzimos mais saliva se cheiramos comida.
Estas mensagens eléctricas circulam pelo corpo sem que os Neurónios se encontrem. Quando a mensagem viaja até ao fim de um Axónio, chega então a uma fenda - Sinapse - que tem de atravessar para atingir os Dendritos do próximo Neurónio. Para isso, a mensagem eléctrica converte-se numa substância química que atravessa a fenda; e, uma vez do outro lado, a substância é de novo convertida em sinal eléctrico. Os Investigadores calculam que, o mais simples pensamento, exige assim milhões destas operações!

Interrupções na Cadeia
O Sistema é complexo e vital e, se algo interrompe a «cadeia», o resultado é...devastador! Tomemos como exemplo máximo a Esclerose Múltipla, essa tão falada doença degenerativa e de patologia deveras assustadora no ser humano: é uma doença do Sistema Nervoso Central que pode causar paralisia geral, pois ataca as «bainhas de Mielina» - que fornecem importantes elementos nutrientes aos Neurónios - inflamando-as e, interrompendo os impulsos nervosos. São assim afectados a Visão, a Sensação e, os movimentos dos Membros. Aventa-se a hipótese desta doença ser originada por uma deficiência nas substâncias gordas - Mielina.
Na doença dos Neurónios Motores, os que saem do Cérebro para os músculos...morrem. Estes não recebem mensagens do Cérebro e, enfraquecem então por falta de uso, privando os doentes das funções físicas. Até agora, não há cura para qualquer destas doenças. Contudo, o meio científico tem vindo a laborar nesse sentido arduamente para que, em vez de doença terminal e fatal, esta possa eventualmente caracterizar-se por crónica - numa melhoria acentuada (ainda que não regressiva) desta terrível doença.

Substituir um Elo Nervoso
(Como os Médicos usaram um «Sistema de Andaimes», para os Nervos continuarem a crescer...)
Transplantações de Coração, Rim e Fígado são na actualidade muito comuns nas várias intervenções cirúrgicas efectuadas pelo mundo inteiro. Mas, em 1988, uma Equipa Médica Canadiana realizou então um Transplante, só perceptível e possível no campo da... Ficção Científica!
Os Cirurgiões transplantaram (com êxito), um Nervo Ciático - o maior nervo do corpo - que vai desde a parte inferior das costas até à parte inferior da coxa, de um dador humano de um rapaz de 9 anos - Matthew Beech - que sofrera um acidente no Remo-desportivo e, ficara sem 23 centímetros do nervo ciático esquerdo.
Em casos semelhantes, os Médicos tentariam habitualmente transplantar outro tecido nervoso do corpo do próprio paciente, mas para isso, necessitavam de grande quantidade de tecido para recompor a lacuna, concluindo depois que, retirá-lo do corpo de Matthew o deixaria gravemente debilitado. Assumindo que esse seria um risco inusitado e mesmo imprudente, anuíram então que teriam de transplantar um Nervo de um dador ou...amputar a perna de Matthew, na pior das hipóteses.
É sempre muito arriscado - e difícil - transplantar Nervos, porque estes terminam indefectivelmente em centenas de minúsculas fibras que se juntam em feixes chamados «Fascículos».
O Nervo Enxertado deve ter o mesmo número de Fascículos que o Nervo Cortado. sendo que, o cirurgião tem mesmo de emparceirar e, ligar, cada Fascículo separadamente - um sério trabalho de costura, incrivelmente meticuloso! Além disso, como em qualquer outro Transplante de uma pessoa para outra, o novo tecido pode ser rejeitado pelo Sistema Imunológico do receptor.
A Equipa Canadiana teve de facto muito sucesso nesta abordagem e, intervenção cirúrgica, demonstrando assim para todos os efeitos de que, os Enxertos de Nervos, estimulam uma regeneração do tecido nervoso original.
O Enxerto foi semelhante à construção de um andaime - ao longo do qual, os Nervos cortados de Matthew puderam assim regenerar-se! Com o auxílio de um produto que fora prévia e anteriormente testado em símios (macacos) - submetidos a Transplantes de Nervos - o corpo de Matthew não rejeitou o tecido estranho.
O processo estava completo um ano após a operação inicial e, os Nervos Cortados de Matthew, continuaram a desenvolver-se normalmente - agora unidos.

Ontem...e hoje!
Na década que se seguiu à Segunda Grande Guerra - ou Segunda Guerra Mundial - O doutor Walter Freeman realizou mais de 3500 lobotomias (operação assaz controversa em que são extraídos os Lobos Frontais do Cérebro para «acalmar» as vítimas de doenças mentais).
Certa vez, Freeman operou os Cérebros de 25 mulheres num só dia em êxtase quase demoníaco de uma espécie de «exorcismo» cerebral. Estava então convencido de que, a técnica em questão, «transformava Esquizofrénicos, Homossexuais e Radicais em bons americanos...»
O Nobel da Medicina (em 1949), o português Egas Moniz também o efectivou na sua época, sendo na actualidade muito contestado pela sua igual prática de excisão e, «adormecimento mental», em Lobotomia cometida nos seus pacientes de então.
Sabe-se de antemão que, o Cérebro, trabalha muito mais do que o resto do nosso organismo. Apesar de ter pouco mais de 2% do peso do corpo, utiliza 20% da sua energia. Querer-se apropriar indevidamente desta actividade por meio de cirurgias abusivas que tornam indivíduos ditos normais (ou apenas meros pacientes do foro mental) em pessoas acéfalas, é de facto muito polémico - para além da exacta e diminuta percentagem que o dito individuo normal possui de toda a capacidade cerebral. Daí que, todas as intervenções nestes domínios tenham de ser sempre criteriosamente estudadas e, registadas, de acordo com os riscos aí inseridos - eminentes ou irreversíveis - se caso estas não forem bem sucedidas.
Combater doenças do Cérebro por meio de Transplantes Cerebrais não é simplesmente uma especulação da Ficção Científica. Por todo o mundo são diariamente efectuadas várias intervenções cirúrgicas nesse âmbito, sendo realizados Enxertos Cerebrais, utilizando uma pequena quantidade de tecido celular das Glândulas Supra-Renais - ou do Tecido Fetal - para melhorar a memória de pacientes com a doença de Parkinson.
Mais haverá em experimentação e activação por todos os blocos de cirurgia mundiais que, por vias de maior aceitação do nosso organismo e, em novas esferas de conhecimentos mais avançados nestas áreas, o ser humano poder efectivamente criar esperança de sucesso (ou êxito) nas suas doenças e, sequenciais intervenções médicas para o efeito. Assim sendo, que mais se repercuta em corpo e mente de toda esta magnífica «Rede-Informática Cerebral» (ou do restante corpo) que todos nós compomos - desde o berço à cova. Sem querer ser tétrica mas racional, há que descobrir mais, aludir a mais - no que, na nossa não muito longa vida (que por vezes não chega a atingir um século) possamos almejar e, usufruir ainda, da Ciência Médica. A bem da Humanidade...assim seja!

sábado, 13 de dezembro de 2014

A Leitura da Mente


Cérebro Humano/Mente em Movimento (EEG)

Que energia cerebral é esta que ainda hoje nos confunde mesmo dentro da comunidade científica médica - em que, por vezes, a actividade cerebral continua, além o que é considerado morte cerebral?
Que benefícíos tem o ser humano com a descoberta do já tão propagado EEG, no mundo médico? Poderá a análise da psique humana - Frenologia -  revelar-nos ainda hoje algo que esteja escondido ou no foro secreto da anatomia do ser humano? Que mais descobriremos em poderosa Leitura da Mente, nos anos que se seguem? Que mistérios maiores nos reserva ainda este maravilhoso Cérebro Humano???

Ler a Mente
(Quando a Pseudociência da Frenologia fez furor!)
Os Vitorianos acreditavam que quanto mais pesado e maior fosse o Cérebro, maior a inteligência...!?
Estavam então fascinados pelas medidas dos Cérebros de intelectos famosos. Os do escritor William Makepeace Thackeray e do estadista alemão Otto von Bismarck. Por exemplo, pesavam 1658 e 1907 gramas, respectivamente. No entanto, as medições do Cérebro depois da morte nada significam, porque este aumenta efectivamente então o seu peso com a ocorrência de um Edema (infiltração de fluidos de tecidos).
Nas primeiras décadas e até meados do século XIX, era largamente aceite que estudar as protuberâncias ósseas do crânio de uma pessoa, revelaria então os seus talentos e, o seu carácter. Esta análise da Psique Humana chamava-se de, Frenologia e, foi inventada pelo médico austríaco Franz Joseph Gall, nascido em 1758.
Charles Darwin e muitos outros eminentes cientistas interessaram-se pelas teorias de Gall, e até a Rainha Vitória (Inglaterra) fez observar os filhos por um Frenologista para averiguar as suas hipóteses de êxito no futuro.
Depois de examinar crânios de criminosos e louco, bem como de cidadãos normais, Gall dividiu  crânio em 37 áreas diferentes, localizando assim características-chave, tais como: Firmeza, Auto-estima, e Amor aos pais - na parte superior. Enquanto Secretismo e, Introspecção, se situavam num dos lados. Afirmou que, as Bossas Cranianas reflectiam proeminências, e portanto o maior desenvolvimento de diferentes partes do Cérebro. Contudo, a crença de que era possível «ler alguém como um livro» de acordo com os contornos do crânio, assentava num erro fundamental da Anatomia, mais tarde esclarecido.

Sistema Imperfeito
O Erro de Gall foi acreditar que, o Crânio era moldado por um Cérebro crescente, e que, portanto, os contornos do crânio revelavam faculdades mentais subjacentes.
Sabemos agora que há uma barreira entre o Crânio e o Cérebro, chamado «espaço subararacnoideu», que contém o fluido cerebrospinal que almofada o Cérebro e, o protege do contacto com...o Crânio!
O Cérebro possui de facto diferentes regiões que governam funções - mas não as identificadas pelo sistema de Frenologia de Gall.
A descoberta do Fluido Cerebrospinal, por um médico francês, François Magendie, ocorreu em 1828 - ano em que Gall morreu - mas nem isso desacreditou a teoria de Gall. Ainda em 1907, foi concebido um «Frenómetro» para medir...as Bossas Cranianas.

Ritmos da Mente
(Como Registar a Mente em Movimento...)
Os espectaculares progressos alcançados no campo da observação minuciosa do Cérebro, relegaram para segundo plano as contribuições dadas pelo EEG (Electroencefalograma).
No entanto, na detecção de algumas doenças cerebrais, o EEG pode fornecer informações que mais nenhum aparelho de Radio-diagnóstico iguala!
A Electroencefalografia foi idealizada por Hans Bender, professor de Psiquiatria da Universidade Alemã de Iena, em 1929. Sabia-se há muito, por experiências feitas em animais, que o Cérebro gerava Sinais Eléctricos.
Berger descobrira que, usando um Galvanómetro (aparelho concebido para detectar correntes eléctricas fracas), era então possível captar sinais de, eléctrodos colocados no couro cabeludo.
Quando amplificou estes sinais fracos e com eles alimentou uma máquina que traçava instantaneamente um gráfico, tornou-se assim a primeira pessoa a ver a, impressionante imagem, do maquinismo do Cérebro em acção!

Mudar Padrões
Berger descobriu que as mensagens eléctricas do Cérebro são, às vezes, sincronizadas em padrões de ondas distintos, que variam de velocidade segundo a idade do paciente, o estado do Cérebro e ainda, a actividade que exerce.
Nos adultos saudáveis, o padrão de onda dominante num EEG, é ritmo-Alfa. A sua velocidade é de 10 ciclos por segundo e, é melhor detectado, se o indivíduo está a descansar e de olhos fechados.
Enfrentar qualquer desafio mental reduz as Ondas-Alfa, bloqueando-as por vezes completamente.
O resultante padrão de onda de frequência irregular é chamado: Bloqueio-Alfa. Com o início do sono e à medida que se vai tornando mais profundo, as Ondas do EEG ficam mais longas e, de menor frequência - são dominantes as Delta, cuja frequência é de apenas um a dois ciclos por segundo.
O EEG do cientista Albert Einstein ilustra o fenómeno das Ondas-Alfa, embora não seja um exemplo típico. Enquanto executava cálculos complicados que, contudo, não lhe colocavam qualquer desafio, a sua Mente estava relaxada e, apresentava um Ritmo-Alfa contínuo.
De súbito, as Ondas-Alfa desapareceram e ele pareceu inquieto. Ao perguntarem-lhe se algo corria mal, Einstein respondeu então que encontrara um erro nos cálculos que fizera na véspera e que, desse modo, precisava de telefonar para a Universidade de Princeton a comunicar o erro.
Os Ritmos-Alfa de Einstein haviam sido substituídos por Ondas Irregulares (Bloqueio-Alfa) por causa do desafio mental do erro.

Tempestade Cerebral
O EEG é ainda útil para detectar e observar a Epilepsia, que é de facto, uma séria tempestade eléctrica no Cérebro - e talvez o seu maior êxito neste campo tenha sido, o ampliar da definição da doença. Em finais dos anos 40, as investigações por EEG revelaram um estado inteiramente novo - a Epilepsia do lobo temporal. O doente não cai, não tem convulsões e pode até ser capaz de caminhar - e falar - durante o ataque, mas apresenta um comportamento confuso e, muitas vezes estranho, do qual a seguir não se recorda.
Cabem neste tipo de Epilepsia estados de despersonalização, alucinações e outros fenómenos estranhos.

Em Busca da Sede da Alma
Os Médicos e Filósofos antigos devem ser perdoados por localizarem o Intelecto e, a Consciência, ou...como diziam na época, a «Sede da Alma», em todas as partes do corpo - excepto no Cérebro.
Afinal, o Cérebro Humano é comparativamente pequeno, pesando em média 1,5 Kg.
Numa inspecção superficial, a textura gelatinosa fornece pouca evidência da complexidade das suas operações como impulsionador das funções do corpo.
O desconhecimento de Anatomia nos tempos antigos levou à crença, por exemplo, de que as Secreções Nasais vinham directamente do Cérebro e, de que este era composto quase só por mucosidades. Assim, a «Sede da Alma» foi atribuída a órgãos mais interessantes, como o...Coração, o Fígado ou os Rins.
Expressões como: «Coração destroçado», são relíquias destas crenças. Embora Hipócrates - baseado nas suas observações da Epilepsia em fins do século V a. C. - tivesse situado o Intelecto na cabeça, Aristóteles, um pouco mais tarde, localizou-o no...Coração, rejeitando assim o Cérebro como um órgão que «arrefecia o sangue». No século II, o anatomista grego Galeno, descobriu algumas funções do Cérebro - mas as opiniões de Aristóteles reinaram ainda mais 1500 anos.
As doutrinas de Aristóteles só declinaram, quando, por volta de 1628, o médico inglês William Harvey descobriu a circulação do sangue e, mostrou que o Coração é uma Bomba Muscular! Mesmo então, atribuíam à «Sede da Alma» várias localizações, excepto na massa cinzenta do Cérebro: os Ventrículos, os espaços ocos no centro do Cérebro e, as Meninges, membranas que o cobrem, eram as preferidas.
Descartes, filósofo francês do século XVII, escolheu a Glândula Pineal - do tamanho de uma ervilha - como o ponto de contacto entre...o Corpo e a Alma, por ser efectivamente no Cérebro, um órgão singular e não par de outro, mas Anatomistas ficaram consternados ao verificarem nas autópsias que, a «Sede da Alma», estava calcificada!
Foi então deste modo que, Franz Joseph Gall - o tal dotado Anatomista austríaco especializado no Cérebro (antes de se desviar para a pseudociência da Frenologia) - quem, em finais do século XVIII, seguiu a origem dos nervos até ao Cérebro. Localizaria assim o Córtex Cerebral, a camada de matéria cinzenta que cobre todo o Cérebro - como Sede das mais elevadas funções! O pioneiro, portanto!

Existem hoje - no mundo moderno - ainda muitas questões subjacentes ao mundo cerebral, neurológico e de actividade imparável, mesmo para além do que se obsta em paragem cardíaca e de todos os outros órgãos em falência múltipla ou generalizada.
Indivíduos em estado comatoso - em determinados graus de actividade cerebral - vão-se debatendo pela vida que escasseia, no que, em actividade cerebral, lhes comanda essa réstia ou fio de vida. Mas, para além de tudo isso, há sempre o registo de algo mais que, nem com toda a tecnologia possível e existente na actualidade, se poderá determinar na sua totalidade. Não muito longínquo ou tão distante assim no tempo e no conhecimento humano, se enterravam seres humanos devido à inércia física apresentada que, não se denotando vida (ou sinais vitais muito ténues nessas épocas), se julgavam mortos; e, como tal, a sepultura era iminente. Uma tragédia para quem, ao fim de dias ou semanas acordaria em susto, horror e total impotência de se fazer ouvir, acabando por falecer devido à falta de oxigénio e outros meios para dali sair, obviamente. Um horror, de facto! Hoje, toda a tecnologia moderna que reveste todos os núcleos intervenientes médicos e locais de hospitalização se nutrem por uma impecável assistência de tratamento, recobro ou simplesmente vigília desses dados no ser humano. Mas, algo permanece ainda obscuro na sabedoria e poder total de um conhecimento maior, ao afirmar-se conhecer-se já hoje toda a exponencial orgânica e anatómica do Cérebro, algo de muito questionável complexidade e, reiteração...supõe-se. Há mesmo quem se interrogue se, a Consciência Humana, vai muito para além da morte física...da morte anunciada e firme em não-actividade cerebral. Algo que, estando ainda no segredo dos deuses ou...no de uma Ciência ainda por descobrir e revelar ao mundo, da qual ainda ninguém atingiu - por muito que as sessões psiquiátricas de regressão ou progressão o afirmem, nada é em absoluto! Pelo menos...em absoluta consciência no que hoje reportamos, apesar dos muitos avanços tecnológicos e outros, sobre o ser humano!
Seja como for, que num futuro próximo a tudo possamos (todos) - nós, Humanidade - ascender a esse mesmo conhecimento, além o espaço Físico e mesmo Mental que agora nos é dado conhecer. A bem desse conhecimento, tudo nos seja ofertado em bênção e agrado destes novos tempos. Assim seja!