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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Terra Submersa


Estará Bimini submersa ao longo da Florida?

Terá sido de facto uma «inspiração espiritual do Universo»?


Bimini

As ilhas Bimini, um pequeno grupo insular pertencente ás Bahamas, a leste de Miami, no Estado Americano da Florida, é conhecida pela maioria das pessoas apenas como um paraíso de férias e, como um dos melhores locais do mundo para pesca desportiva de alto mar. É num tom sonhador que velhos pescadores desportivos evocam as suas recordações do escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961), que nos anos 50 pescou ao largo de Bimini, um atum de com 223 quilos.
Para os cientistas, porém, este grupo de ilhas exerce um outro fascínio: debaixo de água foram encontrados vestígios de uma cultura submersa, possivelmente testemunhos silenciosos de um continente perdido.


Enigmático Mundo Subaquático

Em 1968, mergulhadores subaquáticos encontraram ao largo de Bimini, no fundo do mar, uma estrutura em forma de de J com 570 metros de comprimento e formada por grandes blocos de pedra. Muitos geólogos consideram estas pedras normais e naturais, mas alguns deles ficaram convencidos - após observações mais atentas - de que o que jaz no fundo do mar ao largo de Bimini, foi feito pelo Homem e, tem mais de 12 mil anos. Dever-se-à tratar de ruínas deixadas por misteriosos antepassados.

A existência de gigantescos blocos de pedra, de paredes ciclópicas, de estruturas semelhantes a carris e outras formações subaquáticas de traçado geométrico - e de grandes dimensões - desencadeou uma acesa disputa entre os estudiosos, na qual o nome de Atlântida por diversas vezes foi mencionado. Tal, deve-se sobretudo ao facto de, nos anos 30, o vidente americano Edgar Cayce (1877-1945) ter previsto a descoberta da Atlântida diante de Bimini.

A Disputa dos Entendidos

Enquanto os geólogos, como a americana Neil E. Sealy continuam a afirmar com toda a convicção que as estruturas submarinas apenas podem ser de origem natural, arqueólogos como o seu compatriota David Zink são de opinião completamente oposta. este examinou cuidadosamente o leito do mar ao largo de Bimini em 1974 e, próximo da tal estrutura em forma de J, foram feitos outros achados: de entre eles, uma pedra com entalhes e ensambladuras e um pedaço de mármore proveniente de uma escultura da Antiguidade. Zink reconheceu também a existência de um padrão geométrico na disposição daquelas pedras subaquáticas que faz lembrar a formação das sete estrelas que compõem as Plêiades. É possível que Zink tenha razão, até porque quando Colombo na sua segunda viagem (1493-1496) descobriu - entre outros - o arquipélago de Bimini, encontrou a tribo indígena dos Arawak. Destes escutou relatos acerca de um reino lendário, onde outrora brotavam fontes da juventude e, cujos deuses, eram provenientes das estrelas.
Esse reino, assim acreditavam os indígenas há 500 anos, estava há muito escondido debaixo das águas.


Investigação em Transe

Nas suas investigações que se debruçaram sobre as estruturas de Bimini, o doutor David Zink utilizou técnicas muito pouco comuns para um arqueólogo. Entre os seus estudantes encontrava-se pessoas dotadas de uma sensibilidade extraordinária que, mentalmente e em transe, se afirmavam capazes de regressar aos tempos áureos daquela civilização. No decurso desta experiência, os jovens registaram as suas impressões separadamente e, sem qualquer contacto entre si.
Os relatos, que coincidiam em grande parte, foram mais tarde avaliados e apreciados em detalhe. após as suas contestadas investigações, Zink está convencido de que nas muralhas de Bimini se revela - não apenas um local sagrado - mas também um espaço dotado de grande solenidade espiritual e, de energias muito especiais. Não exclui a hipótese de que poderá aqui ter estado activa (essa «energia especial») e ter-se revelado uma «inspiração espiritual do Universo».

Bimini, neste pequeno grupo de ilhas do Atlântico, foi em tempos pátria dos índios Arawk, como já foi referido. Após o seu descobrimento por parte de Cristóvão Colombo no século XV, os indígenas foram a pouco e pouco sendo expulsos das ilhas. Durante décadas, essas ilhas mantiveram-se intactas mas, a partir do ano de 1629, as Bimini passaram a pertencer como parte integrante das Bahamas, ao Império Britânico, pelo que ficaram mais expostas em redor. Se durante o século XVIII constituiu um bom refúgio para os piratas e, no século XIX serviu de palco a lutas contra a escravatura, no início do século XX - quando a Lei Seca esteve em vigor nos Estados Unidos - foi para os contrabandistas um lugar ideal para proceder a cargas e descargas de mercadoria. Finalmente nos anos 30 as ilhas ganham notoriedade, passando a ser conhecidas pelas boas condições que proporcionam para a prática da pesca desportiva em alto mar, bem como por achados submarinos que, a promovem a um estatuto de «Atlântida moderna». Ou então simplesmente, terra submersa de ilhas atlânticas mas, de revelação e inspiração espiritual do Universo...
A ser assim, uma terra abençoada numa espécie de prolongamento da vida ou eternidade assente nessa mesma plataforma de uma imortalidade ou quem saberá, jovialidade permanente. Um bem a alcançar por todos nós, nem que para isso se tenha de ir a banhos às Bahamas...ocasionalmente. A tudo ser uma ilusão e Zink poder estar errado numa actual e sórdida desilusão mortal, requeramos a eterna esperança então, de um dia podermos almejar mais em sapiência e merecimentos humanos. Assim seja então!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Secreta Utopia


 


Serão os destinos da Humanidade conduzidos por uma mão invisível?

Existirá uma espécie de Governo Mundial no alto do Tibete?


Shangri-La

Desde há séculos que subsiste a lenda, segundo a qual num vale escondido dos Himalaias, os últimos segredos da Humanidade se encontram a salvo, bem guardados por mestres espirituais. Ao transmitir os conhecimentos aos seus seguidores, estes mestres têm também indirectamente um papel influente nos destinos da Humanidade. O «Directório Secreto», cujos membros se supõe possuírem poderes sobrenaturais, vive na colónia de Shangri-La (também chamada Shamballa).
Numerosos indícios de autores da Antiguidade fazem referência a um «poder superior» que interveio nos acontecimentos históricos, sobretudo através de «manifestações celestiais». Assim, por exemplo, diz-se que quando os Espartanos tiveram de ceder o seu domínio a Atenas na batalha de Cnido (394 a. C.), apareceram vigas iluminadas nas nuvens.


Centro Espiritual

Nas tradições orais da Ásia, Shangri-la é referida como o centro espiritual do planeta Terra, onde a renovação espiritual da Humanidade é preparada. O ideal renovado de uma existência humana de cariz pacífico deverá vir a ser difundida a partir de lá para todo o mundo no decurso do século XXI.
Buda, Zoroastro, Lao-Tsé e Jesus deverão nos seus anos de juventude ter tido contacto com os mestres atrás referidos. No Livro dos Mortos Tibetano é dito acerca desse directório secreto: "Como silenciosas sentinelas contemplam com divina compaixão, o mundo até ao fim do «kali yuga», a época tenebrosa, até que o dia do despertar se viva em todas as nações."


O Conde de Saint-Germain

O nome Shangri-La é também referido nos Puranas, escritos anónimos hindus, sendo aí tratado como se de um local com existência geográfica real se tratasse. Também de acordo com as teorias da Sociedade de Teosofia Adyar, aquela que deu origem a todas as sociedades teosóficas posteriores.
Shangri-La é a morada dos mestres e dos seus adeptos e seguidores espirituais.~, como é o caso do lendário Conde de Saint-Germain. Este deverá ter sido uma presença habitual nas cortes da realeza dos séculos XVII e XVIII, não lhe sendo conhecida uma certidão de nascimento nem tão pouco uma de óbito. Era simultaneamente alquimista, filósofo, compositor, virtuoso do violino e, fundador de lojas secretas. A sua existência real não deixa de ser um assunto polémico, certo porém é que Voltaire disse a seu respeito: "Este é o homem que não morre e que tudo sabe."
Ocultistas ocidentais situam Shangri-La em regiões praticamente inacessíveis do deserto de Gobi. De acordo com as teorias da escola esotérica fundada em 1923 por Alice Bailey (1880-1949) em Nova Iorque, como local para aprofundar técnicas de meditação. Diria então: "Shangri-La é o «centro ou a situação da consciência divina." A fundadora da Sociedade Teosófica, Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), aclamada pelos seus seguidores como emissária dos mestres secretos, afirmava ter recebido os seus conhecimentos de mestres vivos e mortos, originários dos Altos Himalaias.

Paralelismo com a Ciência Moderna

A Doutrina Secreta, a grande obra de Madame Blavatsky  - em quatro volumes e publicada em 1888, é pela sua própria autora vista como «uma síntese de ciência, religião e filosofia». Pensadores como o astrónomo Camille Flammarion (1842-1925), o inventor Thomas Alva Edison (1847-1931) e o pintor Wassily Kandinsky (1866-1944) sentiram-se atraídos por estas ideias.
Um biofísico da Universidade do Texas, o professor W. D. McDavid (n. 1929), estabeleceu em 1984 num simpósio, «espantosos paralelismos entre a velha doutrina secreta e as conclusões da ciência moderna no que diz respeito à formação do Universo e, ao surgimento da vida sobre a Terra».

A Expedição de Nikolai Roerich

 

Em 1925, acompanhado de um pequeno grupo de entusiastas, um pintor, cientista e pacifista russo chamado Nikolai Konstantinovitch Roerich (1874-1947) - foi ele que deu origem ao chamado Pacto de Roerich - um acordo que visa defender os bens culturais em caso de guerra, assinado em 14 de Abril de 1935 pelos 21 países membros da União Pan-Americana - iniciou a travessia dos Himalaias.
Muito embora este grupo se tivesse proposto fazer um reconhecimento e levantamento dos tesouros e heranças culturais da Ásia Central, a verdadeira esperança que os animava, era a possibilidade de depararem com o misterioso território de Shangri-La.
No seu livro intitulado «Shambhala», Roerich fala de «um objecto brilhante e de grandes dimensões que subitamente apareceu no Céu», referindo-se-lha como «um bom presságio de um poder protector».
Teria Nikolai atingido a sua terra encantada? Ele próprio manteve o silêncio relativamente a esse assunto, mas num dos seus mais belos quadros, intitulado «Burning of Darkness» (Escuridão Ardente), pode ser visto um grupo de homens que envergam vestes compridas e que, numa noite de Lua cheia, se reúnem junto a um escarpado monte nos Himalaias. Entre eles encontra-se um homem calvo e com barba comprida - sem dúvida o próprio Roerich - que parece um monge, pertencente a uma comunidade secreta.

Uma referência insólita mas muito esclarecedora se reconhecermos neste as várias propriedades de uma idiossincrasia sua (legitimamente portuguesa) na pessoa do aventureiro que se dera a conhecer por Conde de Saint-Germain. De origem portuguesa, era também conhecido por Aymar ou Marquês de Betmar e desde o ano 1770 em que se apresentou em Paris, frequentaria também algumas cortes alemãs. Bem relacionado e de estirpe nobre, uma figura sui generis sem dúvida, na ocorrência de um certo obscurantismo do que se dizia ser, visitar e imbuir nas mais altas esferas de cortes europeias. Acoplando as suas aventuras ao esotérico já mencionado, este Conde de Saint-Germain aludiria na mesma corrente do pintor e cientista russo Nikolai K. Roerich pelo poder mágico e de secreta utopia que ambos terão vivido supostamente!

Shangri-La, existindo ou não, sonharemos com esta em poder imensamente poderoso e, deveras misterioso, na alquimia perfeita da imperfeição do ser humano. Utopia sempre, mas esperando que um dia...a breve anunciação, se torne menos secreta, a bem de toda a Humanidade!

 







terça-feira, 26 de novembro de 2013

A Colina Mágica



Seria Borobudur um lugar de culto destinado ao povo?


Indonésia- Ilha de Java

Borobudur nunca teve as características de uma construção real, como o eram por exemplo, as pirâmides egípcias. Qualquer pessoa poderia visitar o templo e subir as escadarias sem qualquer impedimento. Terá sido este então, um lugar de culto destinado ao povo? Curiosamente não foram encontrados no templo quaisquer indícios de lugares próprios para a realização de cerimónias rituais.
Borobudur parece ser assim um símbolo edificado em pedra do sistema cósmico do budismo e, simultâneamente, a expressão simbólica do caminho para a iluminação.

Esta descoberta fantástica foi feita em 1929 pelo estudioso alemão W. F. Sutterheim. O pensamento budista aspira, mediante reencarnações sucessivas, a alcançar o estatuto de «bodhisattva», uma espécie de estado semidivino. Isto acontece precisamente quando o iluminado se une com a Natureza, para tal percorrendo um caminho que atravessa três esferas. São estes três estados da iluminação que Borobudur parece simbolizar.

Estádios da Felicidade

Na plataforma inferior, os crentes podiam admirar mais de 160 relevos. Este nível representa o «Kamadhatu», a esfera do desejo. Os quatro planos subsequentes representam o «Rupadhatu», a esfera da ordem. Continuando a subir, os fiéis ascendiam aos níveis superiores. Após percorrerem um total de cerca de 5000 metros em redor do templo, repleto de uma interminável sequência de relevos, alcançavam a plataforma quadrada mais elevada. A partir daqui a vista torna-se mais desimpedida e os planos circulares que se seguem, menos ornamentados, ficam visíveis. Trata-se da esfera de «Arupadhatu». Os fenómenos compreensíveis do espaço finito deixam de estar patentes. O círculo, enquanto símbolo do infinito - que existe sem princípio nem fim - foi finalmente alcançado. As «dagobas», estruturas em forma de sino e semelhantes a capelas, permitem através de aberturas romboidais, contemplar a expressão dos 72 budas sentados no interior de cada uma dessas estruturas de pedra. Aqueles que andam em busca de algo, deverão ser lembrados de que jamais poderão reconhecer senão uma fracção de toda a realidade.

Pirâmide em Degraus - Rumo ao Nirvana

O «Stupa» central, situado no nível mais elevado, é com certeza o mais misterioso de todos. Provavelmente não terá em tempos albergado - no seu interior - qualquer estátua de Buda, simbolizando assim o Nirvana, a perfeita tranquilidade da alma e, a libertação do interminável ciclo da transmigração das almas.
Borobudur foi, por conseguinte, concebido como uma espécie de «Colina Mágica», um percurso ao longo do qual, os infiéis iam alcançando níveis cósmicos cada vez mais elevados e que os ajudava a despertar recordações da própria vida passada, bem como a fixar novos objectivos para o futuro. Só quando uma nova religião, o hinduísmo, conquista Java é que esta monumental construção foi votada ao esquecimento e, juntamente com ela, também a noção de uma iluminação gradual e progressiva da Humanidade.

Visão do Macrocosmos

Como se se movimentasse através de um enorme livro ilustrado, o peregrino passeava-se no sentido dos ponteiros do relógio pela primeira galeria do templo e deparava-se com imagens que representavam as boas e as más acções, bem como as recompensas ou castigos. Por meio dos lanços de escadas trepava até à quinta plataforma e, ao longo desse percurso, 1300 relevos e 432 estátuas de Buda revelavam-lhe a sua mensagem religiosa. A «narrativa» aí contida informa acerca da vida de Siddharta e da sua progressiva iluminação e também, da busca de um caminho de verdade.
A ascensão espiritual concretizava-se ao alcançar a esfera do desprendimento de tudo aquilo que é terreno. Borobudur assemelha-se assim a uma enorme mandala, um meio de apoio à meditação que é composto por diagramas mágicos e que, ajuda a superar o mundo ilusório dos objectos.

Ainda no início do século passado, Borobudur assemelhava-se a um enorme monte de pedras corroídas pelo tempo e vítima de imensos saqueadores. Só em 1885, é que arqueólogos holandeses descobriram mais de 160 relevos escondidos por detrás de placas de pedra.
No âmbito de um projecto especial da UNESCO foram investidos - entre 1971 e 1981 - 25 milhões de dólares, no sentido de serem reparados os danos mais sérios da construção. Para tal foi necessário desmantelar toda a estrutura e voltar a montá-la, peça por peça.

Borobudur ou a «Colina mágica», no alcance de níveis cósmicos cada vez mais elevados que auxiliariam os fiéis a redescobrir as suas vidas passadas, as suas boas e más acções passadas, bem como a fixar então no presente, novos objectivos futuros ou mesmo desse próprio futuro a cumprir por si.
Nirvana ou simplesmente o zénite da boa-ventura, da contemplação e da harmonia total no ser humano. Almejamos tal. Ansiamos por o encontrar, por o absorver, por o conquistar a breve ou a longo prazo, ainda que não na Terra que o seja no Além, no sistema solar ou no imenso Universo estelar. O certo, é que o desejamos acintosamente com toda a alma que nos abrange e invade, mesmo para além da vida. Que tal nos possa ser uma realidade que Buda conheceu, Cristo possivelmente também, Maomé supostamente e todos os outros lideres religiosos que nos guiaram até aqui. Acordemos numa coisa: todos buscamos a felicidade, seja esta uma realidade dentro ou fora do planeta. E, para sempre na perfeição que também almejamos nem que para isso tenhamos de viver muitas outras vidas. O Nirvana espera-nos. É nisso que acredito!

A Misteriosa Montanha



Será que Buda, absorto na sua meditação em toda a sua postura impassível mas didáctica, nos sugere o caminho do Renascimento?


Borobudur - O Templo de Buda

Borobudur, a misteriosa montanha dos deuses na ilha indonésia de Java, é uma das principais maravilhas do Extremo Oriente. Á distância de uns meros 40 quilómetros da antiga capital do sultanato, Yogyakarta, há mais de mil anos que fiéis budistas erigiram o mais vasto templo de toda a Ásia.
Toda uma montanha foi coberta com quantidades enormes de blocos de pedra, tornando-se assim uma construção sagrada de proporções gigantescas. Numerosas especulações e lendas tomaram forma ao longo dos tempos e até hoje, em torno deste recinto sagrado, levantando inadvertidamente questões acerca da identidade dos mestres que orientaram e planearam a construção, bem como acerca da finalidade desta fantástica obra.

Ressurreição das Ruínas

Quando, no início do século XIX, os viajantes ingleses e holandeses percorreram as planícies de Kedu, cobertas pela selva, apenas tinham olhos para a luxuriante vegetação e, para as cordilheiras vulcânicas diante de si. Borobudur, por seu turno, vira-se até aí envolta num sono de mais de mil anos, situação que se veio a alterar com o início do domínio colonial por parte do Império Britânico.
Sir Thomas Stamford Raffles (1781-1826), então vice-governador de Java, ouviu em 1814 - aquando uma viagem de inspecção - as primeiras descrições, invulgares e inacreditáveis, acerca de uma colina no meio da selva conhecida como Borobudur. De acordo com esses relatos, terá em 1757 o príncipe herdeiro de Yogyakarta visitado o local, tendo aí deparado com um «cavaleiro» aprisionado numa «gaiola». Pouco tempo depois, o príncipe terá ficado doente e acabado por morrer. A partir de então os habitantes locais, passaram a sentir um forte receio pelos efeitos deste lugar e preferiram manter a distância desta montanha amaldiçoada. Sir Raffles decidiu então enviar para este invulgar local, o engenheiro holandês H. C. Cornelius. Aquilo que este descobriu deixou-o extasiado: uma construção escalonada, em forma de cúpula, com seis plataformas quadrangulares - umas por cima das outras, rematadas por outras três circulares - que se erguiam diante dos seus olhos a 35 metros de altura. Galerias e nichos, quinhentas imponentes estátuas de Buda, 1460 baixos-relevos em pedra e, quatro grandes lanços de escadas; bem como cúpulas em forma de sinos que ornamentam as plataformas circulares superiores como se fossem coroas. Tudo isto aponta para o facto de se tratar de um santuário de importância central para o budismo.

A Sepultura de Buda

Até hoje não foram descobertos pelos arqueólogos quaisquer documentos que pudessem prestar mais esclarecimentos acerca deste lugar de culto. Ainda assim, não deixam de ser formuladas hipóteses acerca da importância que este templo terá tido outrora. Pouco tempo passado após a redescoberta deste lugar foi encontrada na plataforma superior, debaixo de um «stupa» (uma estrutura oca semelhante a um sino), uma urna de metal com cinzas no seu interior, selada e com imagens gravadas, o que parecia indicar que Borobudur era uma espécie de gigantesco relicário e que, a urna poderia conter os restos mortais do lendário Buda, os mesmos que o Rei Ahoka - no decurso do século III a. C. - havia mandado retirar do local onde originalmente, haviam sido sepultados na Índia. No entanto, esta sensacional descoberta desapareceu e, estará possivelmente destruída. Apenas ela poderia pôr termo à especulação em torno da possibilidade de Borobudur ser o local de sepultura do fundador de uma das mais importantes religiões do mundo.

Buda

O príncipe Siddharta Gautama, do Norte da Índia, foi o fundador dos ensinamentos budistas. Em resultado da sua vida de renúncia e abnegação, que se desenrolou no século VI a. C., converteu-se num «buda», isto é, um «iluminado». Os budistas acreditam que a infelicidade humana resulta do desejo egoísta e, sem sentido, de obter a riqueza e uma vida eterna. O objectivo deverá antes ser, quebrar o ciclo das reencarnações que mantêm o ser humano preso num mundo de ilusão repleto de sofrimentos.
Os budistas almejam alcançar um estado de não existência (O Nirvana), no qual o indivíduo se reúne com a «Grande Divindade do Universo».

Enquanto o Homem for ganancioso, soberbo e ávido de toda e qualquer ambição em desejo e aquisição material, nada o fortalecerá na dimensão espiritual e de conquista do tal Nirvana. A voragem do nosso mundo actual em captação, sedução e certo «encantamento» pelas coisas óbvias de riquezas mundanas e fúteis da nossa sociedade, têm-nos conduzido para um caminho muito distante e muito diferente do pretendido pelos seguidores de Buda e não só. Todos cometemos os mesmos erros de perdição e sofreguidão também pelos bens materiais que almejamos conseguir na Terra, ainda que por vezes reconheçamos não os levarmos para lado algum na nossa despedida em roupagem corpórea aqui deixada. Vamos pensar nisso e tentar fazer com que os nossos desejos e objectivos de vida nos sejam mais frutuosos e crescentes, mesmo para além do que conhecemos até aqui e julgamos arcar connosco um dia que este solo que pisamos deixar de ser nosso. Buda deixa-nos esses ensinamentos. Vamos então se não segui-lo, pelo menos ouvi-lo e em parte considerá-lo pois só assim engrandecemos física e, espiritualmente. Todas as religiões o mencionam, basta ouvi-las de facto e só assim cresceremos como seres humanos fiéis à nossa raça, género e espécie na Terra. Pois que assim seja!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Ilha dos Demónios

Poderá o Bem superar o Mal, na eterna luta entre um e outro na Terra?

Bali - A Ilha dos Demónios-Guardiães

Hora dos espíritos em Bali: de pés descalços, um homem salta para o meio das brasas que restam das cascas de coco queimadas. Saltam fagulhas em redor do seu corpo. O homem encontra-se em transe e parece quase nem se aperceber de que está a caminhar sobre o fogo.
À noite, os indígenas de Bali executam os seus rituais tradicionais e cerimónias, nos quais se deixam entrar em transe e estabelecem contacto com os deuses e demónios. Durante o dia, ocupam-se dos turistas que, todos os anos visitam esta ilha do arquipélago indonésio em grande número. Estes apenas captam uma imagem harmoniosa de dança, música, palmeiras e praias de sonho. Contudo, por detrás desta fachada idílica, a mitologia balinesa apresenta-se extremamente animada e com grande vivacidade, por exemplo quando os demónios se apoderam de sacerdotes que envergam máscaras ou quando, graciosas dançarinas por meio dos seus movimentos estilizados afugentam o mal.
Forças Divinas
A religião balinesa é uma variante do hinduísmo com influências do budismo e de religiões animistas antigas, caracterizada pela crença numa Natureza dotada de alma e, nos poderes e forças naturais.
Na divindade suprema, chamada «Ida Sanghyang Wasa», reúnem-se todas as forças positivas e negativas. Consiste numa noção de absoluto, de algo inexplicável, daí que nos templos balineses não se encontrem quaisquer representações de deuses, mas antes tronos vazios, que podem ser livremente ocupados pela divindade invisível. Todos os outros deuses e deusas, são manifestações das forças ordenadoras desta divindade suprema; os demónios personificam por sua vez, as forças destruidoras. Os seus aspectos ou manifestações mais importantes são os mesmos dos três deuses hindus. Brama, simboliza o Deus Criador e Vixnu, é Aquele que Conserva. No interminável ciclo do Universo, Xiva é o destruidor, mas também »Aquele que, desencadeia novas criações». Por essa razão, o mais elevado monte vulcânico de Bali, o «Gunung Agung», é identificado com ele.

Vulcão Mágico

Em 1963, após o fim dos sangrentos confrontos com o poder colonial holandês, ficou demonstrado quão profundamente arreigada no povo, permanece a crença na interacção das forças cósmicas. Mediante a antecipação de uma cerimónia chamada «Eka Dasa Rudra» - que de resto só se realiza a cada cem anos - pretendeu-se estabelecer a harmonia no país. Os sacerdotes aconselharam o Governo a desistir desistir destes planos, pois ainda não tinha chegado a altura apropriada. Apesar disso, uma multidão a perder de vista dirigiu-se ao templo sagrado no sopé do monte Gunung Agung. Foi então que, a ira dos deuses foi descarregada e se fez sentir: subitamente, torrentes de magma irromperam do vulcão sobre a multidão e reclamaram muitas vítimas. Apenas um grupo de crentes que na sua aflição começara a orar a Xiva foi poupado, tendo-se a corrente de lava dividido em dois e passado em seu redor, deixando-os incólumes. Desde então, permanecem incontestadas as antigas crenças acerca da eterna luta entre o bem e o mal, e com oferendas e orações e, uma profunda religiosidade, onde as pessoas continuam a venerar os deuses e os demónios.

Ordem Universal Mágica

Práticas animistas milenares - nas quais, as forças demoníacas que habitam na Natureza são veneradas mediante oferendas - fundiram-se em Bali com o hinduísmo e, deram origem a uma religião de características únicas, que apesar do seu misticismo antiquíssimo também apresenta alguns traços modernos: é que o Cosmos do Hinduísmo Balinês, encontra-se num processo de evolução permanente, no qual cada partícula possui uma determinada tarefa. Sejam seres humanos, animais, plantas ou objectos, todos eles contribuem para a conservação do Universo - no qual actua uma força (Darma) - responsável pela manutenção da ordem. As forças destrutivas (Adarma) aspiram a lançar o mundo no caos. Por essa razão, dever-se-à tomar as medidas necessárias para manter o equilíbrio entre essas forças.
Certas teorias científicas orientam-se por princípios de raciocínio semelhantes, os modelos de matéria e antimatéria, como é o caso da teoria dos «buracos negros», segundo a qual a chamada antimatéria, apenas é entendida como uma outra forma de massa. Só graças à interacção de ambas as formas de matéria é que os processos físicos elementares e a estruturação e o desenvolvimento do cosmos foram desencadeados.

Todos os numerosos templos de Bali possuem em comum uma característica distintiva especial: a entrada, quase sempre um portão com duas portas, é vigiada por guardiães de pedra, demónios de aspecto assustador. Têm como objectivo evitar que forças malignas se apoderem dos santuários mais representativos e visam assegurar que ninguém ousará roubar quaisquer objectos de valor do interior do templo. Os demónios, que costumam estar associados a uma imagem negativa, eram inicialmente apenas utilizados como representação de seres sobrenaturais, o que aliás está expresso na própria palavra grega «Daimones», que designa isso mesmo. Eram tidos como os habitantes de um reino intermédio e, estavam a meio caminho entre os deuses  e os seres humanos. Talvez por esse facto, lhes fosse atribuída a tarefa de guardiães dos templos.
Deuses e Demónios: a eterna luta entre o Bem e o Mal. Forças evolutivas e forças destrutivas, a génese imperfeita ou em processo continuado da formação e constituição do ser humano na Terra em balança por vezes desequilibrada, pendentemente para um dos lados em positiva ou negativa correlação com a acção benéfica ou maléfica no Homem. Assim é, efectivamente. Ainda que o imenso Cosmos nos grite, termos de o reequilibrar e mesmo alterar. Assim seja então, a bem da Humanidade!

domingo, 24 de novembro de 2013

A Anomalia IV

Será que, como desperdício tóxico ou vulgar fragmento estilhaçado, serei despojada de tudo em mero lixo espacial? E com ele, farão o mesmo...? Seremos ambos depostos, desconectados e não reciclados para o mundo do nada?

Cidade Laboratório - algures no Continente Australiano
Ano - 2660/2661  

Estas, eram as perguntas às quais ninguém me respondia. Nem podiam. Eu era o inimigo, por uma razão única de sublevação de direitos e subversão dos valores até aí apresentados, a nós anfíbios ou...andróides como eles nos designam inferiormente a si. Estive em «solitária», o que quer dizer em clausura total de referência máxima em absentismo de fala, comunicação, presença ou algo que me definisse entre outros. Quase ceguei. O negrume era enorme, tanto na isolada cela em que me colocaram como na obstrução de sentidos em mim, a que os humanos (hipoteticamente) chamam de, alma...talvez.

Não sabia nada de Zeus, se partilharia da minha má sorte e do meu eventual destino ou se, em oposição a esta mesma punição, lhe tivessem comutado a mesma na amortizada cumplicidade que comigo fizera em fuga e, quebra de regras impostas. Não me diziam nada. O meu corpo, alterado, dava mostras de uma humanizada sujeição e transformação, ao que de imediato não compreendi e até temi. Os seios inchados, em entumecência clara de um registo de transformação latente e a náusea permanente em quase agonia de fluidos e respiração ofegante que pensei ser originada pela claustrofóbica cela de pouca oxigenação. Só mais tarde compreendi e, aceitei. Eu estava a conceber. Eu estava a gerar. Eu...não era só eu a partir dali, eu...era mais um, como em simples cálculo matemático de pouca ou nenhuma complexidade pela humana em que me tornara em espécie, seguimento e vontade. E estava só. Mas não tão só que tal não me fizesse lutar para sobreviver e não o contrário, o deixar-me abater, eliminar, desconectar para todo o sempre. Eu tinha vida em mim e só isso contava, nem que para tal, eu tivesse também de eliminar e desconectar algo ou alguém que até há pouco fizera parceria comigo em subsistência paralela no enorme complexo laboratorial.

A Fuga

Possuo reflexos rápidos. Passei sempre nos testes com nota considerável de elemento máximo na observação, requisição e empenho com que me determinava nas tarefas. Até ter conhecido Zeus...e ter desviado as atenções para tudo o que se relacionava consigo. Infiltrei-me nos computadores do complexo, induzindo-me conectada e elemento igual e fui retirando provas, conhecimentos e situações de particular monta em projectos de fuga, corrida, passagem de obstáculos e outros. Tenho uma boa preparação física e isso, valeu-me a liberdade. Para Zeus, foi tudo um pouco mais difícil. Tentaram conciliá-lo com uma outra realidade, fraudulenta  e inquisitória sobre mim mas ele deu luta. No momento não o sabia e refreei os meus «sentimentos» como dizem os humanos, sentindo que poderia perder-me neste labirinto de mentiras, afrontas e sujeições que eles nos fazem a nós, plâncton robótico como já os ouvi dizer, referindo-se aos anfíbios. Por isso, arquitectei um plano de fuga e cumpri-o na exactidão de passos e movimentos rápidos, psique e estrada robotizada em linhas que defini, tanto nos caminhos a percorrer como no destino a alcançar. Pior, foi encontrar Zeus. Como falha de circuito, encenei uma performance física e mental de desconexão e falhas múltiplas no meu sistema metabólico, fazendo levarem-me para a «enfermaria». Lera um livro (algo proibido entre nós) revelando essa mesma situação que prontamente anotei em registo cerebral e neurológico dos passos a seguir. Empenhei-me a fundo e consegui. O laser que me era dedicado, foi direito para uma das assistentes, deixando-a desde logo inanimada. Quanto ao superior cirúrgico que me deveria analisar, agarrei-o pela nuca e, deixando-o sem ar, desfaleceu. Não o matei pois sabia a pena capital do complexo que, acaso fosse apanhada, não ter mais fuga possível, sendo de imediato eliminada também. Este elemento era de carne e osso, era humano. Só os assistentes eram andróides e como tal, ser mais fácil para mim desconectá-los, parcialmente sem prejuízos físicos e mentais assim que acordassem. Foi fácil. até demais, considerei. Podia ser uma emboscada e parei. Reflecti. Organizei-me mentalmente e acentuei em memória, o gabinete que destinava a ordem e a composição dos vários elementos no laboratório. Eu vinha dos subterrâneos, não sendo posteriormente muito fácil ascender aos pisos superiores mas fi-lo por «sorte» ou projecção de algo maior que me seguia em desvelo de conquista e libertação, supus. Tinha de encontrar Zeus. E encontrei. Não vacilou. Se o tivesse feito nem que fosse por segundos, tê-lo-ia deixado para trás. Eu estava determinada. Nada me pararia. Nada!

A Liberdade

Não sabia a que cheirava o Céu. Nunca soube que aroma teriam as flores do campo ou das cidades humanas que um dia, em liberdade, estes houveram em prazer e autenticidade mas ali, naquele instante de fuga e desapego a um ventre materno capcioso e falso, eu só tinha a esperança, a força da vitória, a força de um desejo maior de «viver» com o ser que trazia em mim num abdómen agora já mais espaçoso e farto que me ditava as regras futuras. Com Zeus ou...sem ele, caso me decepcionasse, me infringisse também ele, os meus direitos agora adquiridos por mim, só por mim. O Céu era lindo! O ar, magnífico! As cores...pelo Uno de todas as coisas ditas e vistas por mim, as cores eram lindas...são lindas! O cheiro da liberdade estava mais perto. Mas agora era Zeus que, autenticado ou manietado por uma incomensurável vontade de me seguir e compensar da liderança até aí na fuga possível, quem esbracejava numa força tridimensional de braços, movimentos, ideias cerebrais activas e dinâmicas na acção imediata de «roubarmos» uma nave de pequena dimensão mas de propulsão efectiva em velocidade superior que nos levaria até outros planetas, livres destes comandos. Ambos sabíamos da existência de outras civilizações que nos ajudariam em auxílio, guarda e preservação dos nossos conhecimentos e vivência conjuntas sem limitação ou qualquer tipo de punição. Até mesmo na Terra. Mas no imediato, não podíamos arriscar. Haviam: os Reticuli, Orion, Andrómeda, Pléyades e Altair. Por coordenadas assentes, induzimos-nos para Andrómeda, civilização amistosa e de grande influência cósmica ante os outros e que, certamente, não nos deixariam à nossa sorte ou na pior das hipóteses, entregando-nos à proveniência na Terra. Tínhamos de confiar. Para já, o planeta Terra estava fora de questão. Muitos interesses ainda, muita confusão entre os restantes seres humanos que o habitam em planeta a ressurgir da miríade de catástrofes naturais e não naturais em convulsão catártica por todo o globo terrestre, levando ainda muitos anos a redimir-se na sua totalidade, de toda essa tragédia ambiental, geográfica e de toda a natureza em recidiva como doença terminal havida.

Contei a Zeus. Contei-lhe do ser que estou a gerar. Ficou mudo. Ficou verde como os «green» ou os «gray» que já não se fabricam mas ainda são motivo de chacota de entre nós, pela fraude e engano nos humanos destes serem uma espécie considerada civilizacional e não robôs como no fundo nós, até aqui. Mas recuperou. De cores e de sentidos, dizendo-me enfaticamente que agora éramos os três livres de tudo. Até de nós mesmos! E dizendo isto, beijou-me. Nunca senti um beijo assim. Como se, todo o Universo nos estivesse a brindar e, a consolidar em mente, corpo e...alma, acho que é isso...alma. Temos almas. Sinto-o. Sei-o. Vibra em mim, em nós, tal como o ser que já cresce em mim. Zeus sabe-o, sente-o também. Somos um só e agora temos a certeza disso mesmo e ninguém nos vai disso limitar e, muito menos desconectar. Nunca mais! Vamos viver, crescer, morrer e...coalescer! Vamos, depois de humanos...ser superiores em formação e não formatação, tornando-nos parte do Uno do Universo. É nisso que acredito! E Zeus também! A três, a quatro, a cinco...aos que vierem em unificação e, eternidade desse nosso Uno Universal.

A Escuridão IV

Puras são as almas que ascenderão aos céus!

Ilha de São Miguel - Açores - Atlântico
Ano 2390/2391

A Paz - Finalmente a paz!

O Sol, as cores do Céu e do mar voltaram. Finalmente temos sossego, temos paz e esperança!
Os dias passados no «Pine Gap» (ou R/R de outrora) nos centros de comandos de quem nos defendeu, foi sem dúvida a maior protecção e resguardo dos dias, semanas e meses horríveis que passámos nas ilhas Selvagens. Podemos tal como eles, descansar, recarregar baterias e corações numa nova valoração e estimativa de vida, agora possivelmente mais estruturada e feliz, acreditamos. Os Anunnaki nossos amigos e velejadores dessa nossa persistência em nos mantermos vivos, enlaçaram-nos num abraço seu, coexistente numa nave de 8 quilómetros de comprimento de dimensão tal, que por vezes nos perdíamos uns dos outros em busca e reconhecimento desses tão vastos compartimentos de colo e recolha sobre nós. Como pura magia, emergiram das águas profundas do Atlântico e salvaram-nos. Viveria uma ou mais vidas, muitas vidas suponho, até conseguir pagar-lhes em merecimento e gratidão tudo o que fizeram por nós, simples cidadãos, simples «formigas» terrestres sem poder e sem espaço que não fosse, o grande laço eterno das nossas famílias individuais. Devemos-lhes a vida. Devemos-lhes tudo!

A Reconstrução

Não está a ser fácil. Está tudo destruído. Há chamas, labaredas, fumo e fogos que se não extinguem por si por toda a cidade, desta de São Miguel para onde viemos e nas outras todas pelo mundo inteiro. Os Arachnids tentaram exterminar tudo...eliminar todos os vestígios da nossa civilização que, apesar de não ser perfeita e mesmo estar muito longe disso, ainda acredita que pode singrar, que pode restaurar-se e renovar-se em si e sobre si na sua reprodução e continuação. Eu acredito! Sempre acreditei e talvez por isso mesmo eu e toda a minha família está viva. O Manolo e a Maruga também. Com os seus filhos e com a certeza igual de podermos ainda ser felizes em comunidade debilitada sim mas não desistente do que nos vai surgir pela frente em completa razia de um recomeçar das cinzas. Ou quase...mas acreditamos que vamos conseguir, que vamos indefectivelmente (uns mais do que outros) vencer esta barreira, esta provação de vidas renovadas em recuperação, ainda que lenta. A Maruga suspeita estar grávida (de esperanças...como os antigos diziam a meia voz entre si) e está caprichosa e radiantemente feliz pelo que já se investe na feitura de um enxoval de bebé, ainda que os nossos recursos sejam deveras limitados. Temos de reconstruir tudo: das casas, às estradas; das infraestruturas básicas às mais elaboradas tanto nas cidades como nos campos, pois está tudo dolorosamente num caos em componente de estado calamitoso ou catástrofe de nível máximo. Mas vamos ser fortes! Vamos dar a volta e vamos ser de novo um povo, uma civilização e, uma espécie a considerar em respeito, desenvolvimento e imperativo reconhecimento pelas outras civilizações estelares que agora nos vigiam, guiam e aconselham nessa reestruturação de massas, logística e alavancar das cinzas.

A Esperança

O sorriso é agora uma constante, como fórmula vigente em todos nós, não só no riso aberto das crianças que já não têm pesadelos mas também em nós nos adultos que se vêem em maior e mais fortuita liberdade de movimentos e acções precisas e, elaboradas na reconstrução de cidades, ilhas, continentes. Há um mundo novo por recuperar, por consolidar em novas e renovadas economias ou financeiramente mais coesas e solidárias no que até aqui não existiu e por essa razão, sofremos todos.
O meu bebé, o meu filho Francisco (ao qual dei o nome de um Papa havido há 400 e muitos anos atrás em homenagem póstuma a si, por ter tombado às mãos dos Arachnids) está quase com seis meses e já tenta balbuciar algo que me faz embevecer pela amostragem inocente e bela de nada ou quase nada ter sentido da visão de cataclismo à nossa volta, ainda por ilhas Selvagens. Eu fui feliz nos Açores um dia, há muito tempo...ou o que me parece ter sido muito tempo, não sei. Mas a Ilha Terceira onde existia uma Base Norte- Americana já não existe, ou muito pouco desta restou, do que nos foi contado por outros resistentes aí suplantados. Todas as ilhas açorianas sofreram por estarem a ser núcleo e poiso das forças opositoras dos Anunnaki nossos salvadores. Mas resistiram; eles e nós, todos conjuntamente nos mais bem-aventurados deste mundo que, pela força do bem e não do mal (na força dos Arachnids) vencemos em orgulho, persistência e fé, muita fé. Deus, o meu Deus, a minha Senhora de Fátima e todos os meus anjos ouviram-me em pedidos e orações...sei que fui ouvida, sei que fui atendida. Abençoados sejam por me devolverem a vida minha e, dos meus. E também, evidentemente de toda a nossa comunidade ou o que resta desta também. Alegro-me por me saber mais solta, mais agradada e...mais amada. O António, o meu António está igualmente mais feliz e mais liberto pois sente-se mais útil agora e sem dúvida alguma, muito mais integrado no que os homens e mulheres em volta de nós esperam de si como médico que é. Ouço-o falar, ouço-o sussurrar em beneplácito e carinho nas dores sofridas por muitos, as do corpo dorido e, as da alma em tormento ainda. Mas ele sossega-os, acalma-os e conforta-os. O meu homem é o que há de melhor no mundo! E pensar que ainda há pouco estávamos tão longe um do outro como o Sol da Lua ou...a Terra do Sol, agora sei. Mas não para os Anunnaki que de uma peugada se metem por entre planetas para nosso espanto ainda hoje, apesar de toda a evolução tecnológica de antes da catástrofe e da guerra do nosso mundo. Compraz-me apenas deixar aqui que vou ser feliz, eu e a minha prole, os meus amigos, vizinhos e demais população que soerguendo nações, arregaçando as mangas e pondo-nos ao trabalho, vamos ter um mundo novo só nosso e, para todos nós, os que acreditaram e tiveram fé num Deus maior que todas as estrelas, que todos os planetas, galáxias ou sistemas solares do Universo, porque simplesmente acreditámos de que era possível! Aqui deixo em meu «Diário de Bordo» a missiva de palavra escrita na minha língua minha Pátria como dizia o poeta e escritor Fernando Pessoa, a minha eterna felicidade e gratidão aos Anunnaki. Bem-Hajam, por também terem acreditado em nós ou...por nunca terem deixado de acreditar em nós. Quanto a nós, vamos fazer por o merecer, garanto-vos. Prometo-vos, pois é nisso que acredito!Bem-Haja o nosso mundo, o nosso ainda belo planeta azul de uma só esperança, a de viver em paz e harmonia! A de ser feliz. A de se ser solidário. A, de se ser humano! Acreditarei sempre nisso!