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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A Morte

A Lâmina XIII - Interpretação divinatória da lâmina XIII, segundo Oswald Writh: - O princípio renovador de todas as coisas. O Inelutável. Necessidade. A marcha fatal da inovação. O movimento que se opõe a qualquer paragem, a qualquer fixação definitiva., logo ao que seria realmente, morte. O Paracleto consolador que liberta o espírito do jugo da matéria. Libertação. Espiritualização. Desmaterialização. Shiva.
Desilusão. Penetração intelectual. Percepção da realidade despojada de qualquer traço sensível. Lucidez absoluta de julgamento. Imitação integral. Morte iniciática. Separação. Ascetismo. Inflexibilidade. Incorruptibilidade. Poder de transmutar, capaz de regenerar um meio corrompido. Fim necessário. Fatalidade. Fracasso cuja vítima não é responsável. Transformação radical. Renovamento. Herança. Influência dos mortos. Atavismo. -   décimo terceiro Arcano maior do Tarot de Marselha   -


É este o meu destino para o belo ano de 2013. Calhou-me em "sorte" a carta décima terceira do Tarot. Feliz ou, infelizmente!... Dá para reflectir. E mudar. Mudar tudo. Seria estúpido se o não fizesse. Há muito que o deveria ter feito. Transmutar tudo o que me vai na alma e dissecar o que não presta e deitar fora como lixo tóxico, a não reciclar. E quando nos dita em destino e mau augúrio uma carta destas que tem na sua figura, um esqueleto feio inquisidor e feio, então pouco nos resta. Dizem que não é assim, que apenas nos transmite a revolução de coisas existentes para outras mais permanentes, ainda que não totalmente, isentas de dor. Para quê preocupar-me se foi sempre assim comigo, há décadas. Tudo na vida tem dor, muita dor. começa-se pela dor do nascimento até ao da morte em desígnios pérfidos e morosos que ninguém quer para si. Sei do que falo. Atingiu-me em seco, aquando a vi de perto, à morte. Não a minha mas de alguém próximo que pereceria de uma doença que veio sem se anunciar e ceifou essa minha jovem amiga sem piedade ou perdão. Sucumbiria a uma meningite fulminante com um nome indecifrável mesmo a nível clínico e que a relegaria para a ultrajante estatística terrena, dos que são ceifados da Terra ainda em idade precoce. A minha amiga C. era uma força da natureza e esta a si  levou para a terra desconhecida do nunca e que todos um dia, iremos descobrir. Uns mais felizes do que outros. Os que se agarram mundana e ociosamente, aos bens terrenos...esses, vão mais contrariados e supostamente, mais atormentados.


E depois, veio a morte do Feher. O jogador do Benfica que lindo de morrer (e esta é uma expressão maldita que não gosto e até parece dar azar...) haveria de tombar por terra no chão do relvado no estádio do Sport Lisboa Benfica. Mais azar do que isto...enfim. Foi um dia trágico de um mês trágico em ano trágico. Deixei o meu trabalho, deixei tudo. Revolvi a minha vida em busca de uma perfeição que não havia nem em mim nem no mundo à minha volta. pensei andar de uma quimera que me revelasse de que eu era especial e de o mundo precisava de mim, mas nada mais. Nada aconteceu. Se Deus colhia as suas sementes na Terra desta forma tão pouco arbitrária e injusta mesmo, considerei, por que raio haveria de se quedar de mim, uma mulher como tantas outras à face da Terra? Mas chega de lamentos ou lamurias idiotas. Não interessa falar de mim mas do que penso existir à nossa volta. E acreditem, existe muito!


Ainda no meu posto de trabalho e senti que não estava só. Não estava de facto. Éramos dezenas de elementos naquela enorme sala de exíguos cubículos individuais em que cada um fazia a sua respectiva função, ainda que por momentos nos déssemos à cavaqueira entre nós para desespero e fúria mesmo da supervisora que tal como nazi presente, nos instigava num recolher obrigatório de total cerrar de fileiras. Não éramos desobedientes mas também não éramos cães de fila para dizer a tudo que sim.
Nessa tarde de um Verão inclemente em que nem os ares condicionados dariam vazão ao ar quente que nos asfixiava o peito e depunha as gargantas secas (não nos era permitido possuir garrafas de água, perto dos computadores nem sair do posto de trabalho muitas vezes para matar a sequidão) e, numa escuridão pouco usual, para que a temperatura nos não fosse ainda mais castigadora, eu senti as mãos da C. apertando-me a cintura em jeito de menina traquina como tantas vezes o fizera em vida e, na brincadeira comigo. Estremeci. Primeiro, achei que era alguma partida de uma ou outra colega de profissão que entediada como todas nós, se servira de um momento de jocosa e acriançada fugacidade para mexer as hostes e dar um pouco de ânimo àquele antro de belas adormecidas que quase éramos. Mas não. Inquiri a minha colega do lado e esta nada viu. Disse estranhar o meu reflexo de salto na cadeira e grito agudo por algo que lhe parecera ter-me picado sem que algo vislumbrasse. Olhei em volta...tudo sereno. Ninguém com ar efusivo ou de festa, muito pelo contrário e ainda por cima, não era sinónimo de fim de semana para arrebates daqueles. Algo me dizia que tinha sido ela...e que me tinha vindo visitar. Senti-lhe o perfume. Era ainda tão menina...nem perfizera os vinte anos de idade. Orei por ela. senti que me vinha dizer que estava bem e feliz, lá onde estaria.
Nessa noite rezei. Por ela e por todos os que eu conhecera e amara que já desta vida, haviam partido. Fiquei em paz. Acreditei que esse mundo era bem melhor do que o nosso.


Morte ou...vida? Eles também estão entre nós. E não são fantasmas mas almas a erguerem-se, a elevarem-se ao céu. Podem ser anjos, podem ser muita coisa não terrena. Mas ouvem-nos, escutam-nos e sofrem connosco. E nós, damos-lhes muito trabalho, estou certa. nem sempre cumprimos as fidelizações de Deus na Terra. Somos seres ainda muito imperfeitos mas lá chegaremos.
Quando referi o Feher, apenas o fiz em respeito e homenagem, no que marcaria em certa medida a minha vida do que não desejava perpetuar em fardo e fadiga e do que tinha a preservar em missão e destino. Fazer voluntariado em África ou oferecer os meus humildes préstimos e serviços a quem de mim mais precisasse mas acabei por me manter numa nulidade aberta e neutral entre o que almejaria como conto de fadas sénior e um outro caminho mais sóbrio e racional, mesmo tentando ser útil de igual forma.


O ano ainda não acabou e a ceifeira da dita carta de Tarot, perseguindo-me como Jack, o estripador ( e fazendo de mim, a sua inocente vítima) dita-me de que novas virão aí. Vai doer. Sei que vai mas não vou desistir. A minha avó que matava coelhos à paulada e galinhas de uma só virada (Deus me perdoe) mas também não era mulher de desistir. Só não vestia calças mas enxertaria de porrada o mais vil que se lhe afrontasse, caso lhe pusessem em desonra os filhos e os cadilhos da sua vida. Não sou como ela e nem sei se gostaria de ser. Mas adulo em parte, a sua vocação de capataz que a tudo afoitava sem medos ou degredos. E não acreditava em fantasmas. Mas em bruxas...isso era outra história. Conhecera algumas, ter-me-à dito um dia. E eu, acreditei. As de hoje, já não possuem buço, verruga ao canto do lábio e uma fuça que meteria medo aos cães mas antes, esbeltas e famosas certamente, e de venenos ímpares, concertados e consagrados em muitos dos seus inimigos. Mas isso, são outros quinhentos...como se diria nos séculos passados na minha terra. São outras contas, outras histórias por contar...

A Radiação



O Sol - o nosso maravilhoso sol que nos ilumina e enche a alma de calor, sedução e colheitas, é o mesmíssimo sol que nos dá agruras de padecimentos e mortalidade. Gere-nos a vida numa antagónica e assaz controversa em maniqueísmo fortuito de um bem e de um mal, coexistentes.

O historiador russo A. L. Chijevsky consubstanciou dados de 72 países, desde a remota época de 600 a.c. comparando a ocorrência de epidemias, guerras e agitação social com os ciclos de manchas solares, descobrindo uma enorme correlação, assaz significativa na influencia que o Sol tem, no comportamento das populações, levando a revoluções e a tumultos sociais.

Há ainda, uma grande incidência de ataques cardíacos no decurso de períodos de grande actividade solar. O Sol tem quatro códigos de radiação, afectando a capacidade de funcionamento do cérebro. O médico  N. Romensky, na sua clínica, situada no Mar Negro, registaria um aumento taxativo das mortes (100 vezes mais) de ataques de coração num só dia de actividade particularmente elevada das manchas solares.

Deve-se acrescentar de que para além destes malefícios solares, a introdução de hormonas artificiais no circuito clínico geral, vai influenciar directamente o corpo e o sistema endócrino, sendo por isso que o estrogéneo da pílula contraceptiva provoca o cancro, assim como tudo o que interfira, quer com o sistema endócrino autónomo, quer com o relógio solar causando dessincronização biorrítmica. Como exemplo, as linhas de alta tensão provocam cancro pela produção de um certo bloqueio do relógio solar, pois mais uma vez a taxa de metabolismo perde paridade, levando a actividade cancerosa nas células.
Se tivermos em conta o cálculo para que haja uma coincidência com os biorritmos, a taxa de êxito no tratamento químico moderno contra o cancro (quimioterapia) ascendesse, talvez a cem por cento, acertando o tratamento com o código solar correcto: 123, 124, 134 ou 234.

Estes estudos feitos, redigidos e editados já há muito por cientistas, historiadores e clínicos, levam-nos ao conhecimento exacto dos benefícios e malefícios de tão grande senhor de luz e cor que nos assiste. Dia e noite, pois que globalmente este nos é dado em trasladação de um planeta Terra sempre em movimento. E desta vez, ninguém será crucificado e morto por o afirmar...pensamos. É uma bênção do universo e do nosso grande Deus extra estelar. Mas ser-nos-à um presente envenenado se não o soubermos convencionar na medida exacta das nossas necessidades e pretensões quiméricas.

A nível luso, na nossa tão conhecida portugalidade de sol, mar e praias lindíssimas - sem fazer alarde mas referindo em mérito próprio (dele, do senhor McNamara) a onda gigante nos mares da Nazaré, e somos um cantinho ibérico mais famoso do mundo. Não é falta de humildade, já que nisso somos tão provinciais e de tão baixo gabarito de proventos igualmente pouco aguerridos. Somos um povo estranho. Adejamos por esse mundo fora em barco à vela e força de mar e de ventos traiçoeiros que nos derrubavam o ser e a alma para agora quedarmos em desperdícios de uma economia moribunda e pouco dada a reciclagens de orçamentos evolutivos. que foi feito dessa nossa bravura? E do sol que anteriormente nos era devolvido em ansiedade e êxtase de colheitas fartas e bons augúrios de pipas cheias e despensa a rebentar pelas costuras, que castigos teremos ainda, para o sentirmos na pele em melanomas intransigentes e fatais...?!

Temos o Mourinho, o Cristiano Ronaldo e, o nobelíssimo (já falecido ) José Saramago. E temos Fernando Pessoa, Luís de Camões, Gil Vicente e tantas outras cabeças pensantes que mesmo mortas há muito, nos devolvem a esperança e alegria de um futuro melhor. Isto até parece uma redacção (dizia-se assim no meu tempo...) da escola primária que agora, se chama de básica...pode ser. Mas sinto ter de o fazer. A missão deles, dos que já não estão entre nós, seria a de, pelo meio eterno da palavra e do sentimento havido nestas, nos transmitirem de que a alma sem duvida alguma, nos não é pequena. E quanto ao amor e ao sol que deste irradia, emanado em nós, só poderemos estar gratos. Ad eternum!

terça-feira, 30 de julho de 2013

A Estrela

Agosto de 1980

A noite estava tórrida. As cigarras cantavam em zunidos estridentes e pouco melódicos para com a harmonia da acalorada noite de mil estrelas no céu e uma brisa suave, terna e doce. Os latidos dos cães ainda não adormecidos pelo abafado do ar e, das carraças que lhes não davam tréguas, iam compondo aquela noite de Verão como tantas outras. O sussurro ecoado entre paredes que vinha do televisor da sala em anúncio e perspectiva de mais um episódio da série "Dallas" e que fazia as delícias do patriarcado lá de casa, reportar-me-ia a certeza do avançado da hora. Esperava sentada nos degraus da casa dos pais por aquele que era no momento, o meu namorado de intenções sérias e para casar. Achava eu.

As notícias do mundo, afagavam-me a ideia de que era urgente mudá-lo. Só não sabia como. Havia guerras, golpes de Estados e invasões permanentes neste ou naquele país, conhecido ou não. Por meados de Junho, a união soviética (URSS) tinha anunciado uma retirada parcial das suas tropas estacionadas no Afeganistão e na América(EUA) o ex-governador da Califórnia, Ronald Regan era designado candidato do partido republicano à presidência. Quem haveria de dizer que, passados vinte e tal anos depois, este ultimo desse origem ao nome de berço do nosso menino lusitano de chuteira no pé e brinco na orelha e que é o orgulho nacional, maior do que o do nosso primeiro rei. Pois é. Ele mesmo, o nosso Cristiano Ronaldo, dito e assumido pela sua mãe, dona Dolores, mulher de garra e de brio que sempre venerara esta figura norte americana, primeiro em actor e posteriormente em presidente dos Estados Unidos. Coisas...

Eram os anos oitenta e está tudo dito. Muita lantejoula, muito disco sound, muito de tudo. Penteados que não lembrariam ao marquês de pombal, fatos esfuziantes de brilho e tecido coleante que não deixava nada à imaginação. Tempos bons. Ouvia-se Rod Stweart, Bonnie M, Peter Frampton e tantos outros. Refiro estes pois eram os meus preferidos, onde eu dançava à maluca soando as estopinhas e quase ficando em rigidez post mortum no dia seguinte. Mas valia a pena!
Finalmente, o rapaz lá apareceria em boleia e vigília de namoro corrente. Eu estava-lhe grata por isso. Não era fácil naqueles tempos, poder sair-se de noite sem companhia de lado pois que os tempos não eram de libertinagem como os de agora, diria a minha santa avó se ainda fosse viva, coitada. E lá fomos. Para o que seria, uma outra noite de folia e despojamento de corpos e almas na jovialidade que ambos possuíamos e jamais nos voltaria a ser concedido porventura, nos anos seguintes. Quando íamos no caminho, algo se passou. Não nos apetecera ir tão cedo para a discoteca que nesse tempo tinha a designação de "boíte" ou coisa assim e, como tal, termos ido por um atalho em rota ascendente do que nos parecera ser uma montanha agreste de estrada irregular em que por vezes o macadame se confundia com o alcatrão, fazendo o automóvel estrebuchar como latrina de outras épocas. Até que...para mal de todos os nossos pecados - para quem só queria ir namorar um pouco, ouvindo música e dar uns beijinhos...- o carro parou. Morreu. Grande estupor, diria o meu companheiro da refrega, vendo-se em noite frustrada de me ter em seus braços pouco musculados ainda mas de imensurável garra de quando me agarrava nestes e eu lhe sentia o cheiro a alfazema e lhe dizia que era o melhor odor do mundo em campo aberto. Ele sorria, confrangido e de forma inocente, retribuía-me o elogio, enaltecendo a minha púbere e jovial beleza, acariciando-me os cabelos, olhando-me nos olhos e beijando-me nestes, beijar-me-ia na alma. Éramos jovens de facto. Como tantos outros, seja lá qual for o tempo em que tal se apresente. Não existe uma época definida para se amar. É intemporal e, eterno esse igual amor. Desde o tempo de Romeu e Julieta, suponho.

O automóvel asfixiou. As luzes dos faróis apagaram-se. o motor silenciou-se. Parecia um filme de terror. Dos maus! Eu só queria sair dali, daquele morro de nenhures em escuridão total. Nem me lembro se havia lua ou algo que nos iluminasse no meio do nada. O infeliz do meu amigo e namorado bem tentava dar à chave, fazendo a ignição soltar gemidos de dor cavernosa em acção mortal do que este insistentemente lhe incidia. Até desistir. E eu: Porra pá, tinhas logo de vir para aqui. Não se vê vivalma! Ninguém nos vai ajudar agora!..e por acaso, puseste gasolina nesta coisa...? - Dizia eu, furibunda com a impotência demonstrada dele e...minha. Pouco havia a fazer. E ele: Claro que sim! E é gasóleo! Não é gasolina!...E eu: Grande parvo, agora eu é que sou a ignorante, é...? então se és muito espertinho, vai lá arranjar maneira de nos tirar daqui ou então vou por-me pés a caminho e vou-me embora!
A coisa não resultou. Nem a birra que fiz como menina mimada (e muito assustada) nem a demanda de me ver sozinha por ali abaixo sem qualquer luz de candeeiro, lanterna ou vela que me assistisse. Amuei e depois quebrei, quando o vi deveras preocupado com a minha segurança (e dele, também) no meio de uma serra perdida que ficaria encravada entre São Martinho do Porto e...saber-se-ia lá onde. A nossa bússola pessoal não era muito boa, certamente. ele conhecia melhor aqueles caminhos do que eu, que só em veraneio é que por estes andava, mas, de dia. De noite, nunca! E ele, era o grande culpado, acentuei-lhe bem na cara que mal via perante tamanha opacidade nocturna. Mas havia estrelas. E uma, em particular. Brilhava muito! Santo Deus...como brilhava. Era de facto, a única coisa que brilhava na noite. Isso e...o meu top de lantejoulas!...tornei a olhar, observando agora mais em pormenor, o quanto esta estrela radiosa e mágica, nos ofertava em oscilante sentido, como se nos quisesse guiar para um determinado caminho. Tivéssemos um jumento ali, e sentir-me-ia a Maria, e ele, o José.

Não quero ferir susceptibilidades a ninguém nem parecer pouco humilde, mas efectivamente aquela noite atípica e esquisita quanto bastasse, aferir-nos ia a certeza de que algo magistral se estaria a passar. Demos as mãos em comunhão de solidária temeridade ou infeliz cumplicidade de estarmos a ser uma espécie de amostras biológicas de algo ou alguém. Como cobaias. Ainda hoje não sei o que nos precipitou para aquele ermo temível de trevas e devassidão de almas...mas sei que fomos ambos empurrados na desdita. se nos levaram em naves e nos abduziram, não sei. não vi marcas no meu corpo nem tive qualquer alteração de pele, sentidos ou outra coisa do género. Acho. Não sei. A luz da estrela era enorme. Gigante. De uma beleza inumana. Fomos atraídos como abelhas ao néctar. Do que me lembro, só sei haver em mim, uma paz silenciosa, dulcífica e gostosa. Ele, também. Mas após esse interlúdio que não sei dizer de quanto tempo, o meu amigo de nada se recordava. Fiquei furiosa. Eu não enlouquecera! Tínhamos entrado numa centrifugada situação de luz, cor e ambiência extra-terrena e o parvalhão de nada se lembrava. Senti-me idiota. Senti-me violada no âmago do meu ser. Quando precisávamos deles, os gajos falhavam-nos! Bem feito para não achares que és mais esperta que os outros, terá dito a minha voz da consciência ou, o meu desgraçado guia espiritual que devia de andar tonto, de tanta trabalheira que eu lhe dava.

O automóvel sem ninguém lhe mexer...começou a roncar. Foi um susto de morte! Os faróis acenderam e um cheiro a combustível queimado, eclodiu no ar, trazendo-nos à realidade. Eu só queria sair dali. Ele, também mesmo sem o saber explicar. Pediu-me desculpa por me ter chamado (ou insinuado) que eu era ignorante, no que se relacionava com combustíveis e que agora, já tudo no sítio, voltaríamos a ser os mesmos amigos de sempre. Eu cá achei que ele me estava gozar ou então a fazer-se de forte para ter no imediato, esquecido tudo. A luz, o sentido giratório e vibratório que nos induzira em parcial ou total hipnose (não sei) e tudo o mais que eu também já não recordava lá muito bem. Que noite confusa!...admitimos ambos.

Os meus encontros imediatos ou de poltergeist, já estavam por demais inseridos na minha vida como peçonha ou doença hereditária da qual se não pode fugir. Deve ter sido uma lembrança da Bruxa Má de algum elemento da minha família que não fora convidado para o baptismo, considero. Aprendi a conviver com estes surtos inusitados e em mim, ilimitados de acontecimentos estranhos e mesmo, doentios. Até parecia que eu tinha um íman para este tipo de ocorrências paranormais...o que senti, à medida que fui evoluindo no conhecimento e, na idade em maior maturação e trato destas coisas do além ou do universo que nos vê nascer e morrer, de ter uma missão pela frente, aprendendo e não subestimando tudo o que se passa em nosso redor. ou, fora deste. Ainda estou a aprender. Até que tudo seja cumprido. Não falo com Jesus (mas tenho pena...) mas falo com o meu guia que até já dei nome e ele me diz que é errado e não se chama assim mas eu gostei de: Muriel. Soa um bocado andrógino...talvez por isso. Indubitável acredito, é no poder que todos possuímos em nós, com guias ou sem estes para quem não acredita nestes agentes espirituais de asas ao vento, acopladas a si. A resiliência do ser humano é fantástica e eles sabem disso. Se nos fabricaram, não sei. Cristo sabia, não ser deste reino. Apesar das distâncias efectivas de mim e de Jesus, também eu, singela (para não dizer, simplória...) cidadã do mundo, acredito que existem personalidades que igualmente o não serão. e outros tantos, se nos estão misturados. Muitos, o reconhecem. Eu não. Tanto se me dá que sejam de Andrómeda como de Marte desde que não interfiram com o nosso espaço, o que para isso já levamos milénios de avanço, em fazermos de nós próprios bodes expiatórios e assassinos em massa. Como nos matamos uns aos outros, também não precisamos do que vem de fora...perdoem a ironia parva. mas assim é. Infelizmente. Não peço que me julguem. Até pela razão de que o julgamento final, será o de Deus e, no que estou convicta me irá ouvir. Se me irá absolver dos pecados...isso já não sei mas espero veementemente que sim. Deus queira que sim!...




segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Metástase

 
O Sol e a Terra - Os campos magnéticos solar e terrestre estão mutuamente acoplados; a análise do ciclo das manchas solares revela-nos que o campo solar muda de orientação com uma periodicidade de 3740 anos (1.366.040 dias). Essas alterações magnéticas trazem ciclos de infertilidade e aumento da taxa de mortalidade infantil, devido a um bombardeamento crescente de radiação ionizante. Num cenário mais catastrófico, a Terra altera a inclinação do seu eixo de rotação, realinhando o seu campo magnético com o Sol; e quando isso acontece, é a destruição total!

Os Maias sabiam que estamos a viver a quinta era do Sol, a derradeira. Sabiam como o Sol afecta a fertilidade e a ascensão e queda das civilizações.
 
Estarmos no portal exacto dessa mutação em contagem decrescente, limitando-nos o tempo que poderemos ter para a nossa própria salvação, não será de todo incongruente de que as civilizações externas a nós, Terra, se estejam a preparar também estas para a espécie de trasladação de corpos e almas noutras paragens. Parece loucura, eu sei. Mas nem tanto. Senão vejamos: qual a razão dos sucessivos astronautas se terem calado, lacrado em completo e sepulcral silêncio do tanto que viram e observaram à sua volta, aquando as suas deslocações no espaço. Demência nuns e perturbações noutros. Todos eles foram devidamente acorrentados de voz e exultações de maior no que sabiam ter de sonegar, assim que pusessem os pés em terra firme. Não falariam dos movimentos de naves estranhas ou do afluxo imparável das mesmas em cidades suas, firmes na Lua. E, em Marte, ao que se supunha. Ainda que esta ultima fosse uma miragem para a tecnologia terrestre, daria para alcançar as sugestivas investidas destas naves, além tudo o que o Homem até aqui, almejaria. Comentava-se, em suspeição fidedigna mas, à boca fechada, de que os anéis de Saturno estariam a ser alvo de uma elaborada configuração extraterrestre de construção e empenho, algo irreal para o comum dos mortais.

A atitude irracional humana não consegue sequer validar, o quanto estas civilizações das estrelas nos são extraordinárias na sua eloquente e evolutiva acção, ainda que o não concretizemos a olho nu. Impossível, de facto. Existem mais de 57 raças interestrelares ou planetárias, como queiram. Possuem uma habilidade mental macro-dinâmica. Movem-se a velocidades fantásticas, tendo por base uma energia de locomoção totalmente virtual para o ser humano, deslocando-se estes entre a Lua e Marte como quem vai abastecer-se ao posto de combustíveis mais próximo. Estão a colonizar ambos. Há muito!
 
Foi referido por Bob Dean e Clifford de uma zona mista onde alguns deles (4 grupos destes que, entre si, se interligariam em zona de descanso e reflexão) designada por Pine Gap. Estes seres, manipulam o tempo e a mente mas isso, deve dar-lhes trabalho e canseira ou não teriam necessidade de, em Alice Springs (Austrália) repousarem os ossos e o cérebro, se acaso destes forem portadores.

Vamos ver então. Qual o motivo por que estes senhores do universo estarão a colonizar a Lua e Marte com pertences terrenos e afins? Será para fazerem colónias de férias, aquando o nosso planeta por algo mais infeliz (como o tal planeta x que nos vem roubar a luz solar e outras coisas) se erradicar de vez, esfumando-se na crosta celestial e deste memória alguma tivermos? Será...? Deus queira que não. A bem de todos nós. Se for, para sermos levados nas suas canoas de asas e voarmos até lá em sobrevivência de holocausto terrestre que por hipótese possa ocorrer, então que fazer, se não deixar-nos ir em confluência máxima de que os sujeitos velam por nós, nos protegem e auguram um certo e determinado futuro, ainda que nas estrelas. vamos acreditar nisso. Até porque, não nos resta muito mais.

E é aqui, que o grande axioma universal se põe: Deus existe?...Esperemos bem que sim e que nos valha nessa tão dolorosa hora da eliminação do nosso tão maravilhoso planeta.
Nas progressões feitas a pacientes do Drº Brian Weiss, reputado psiquiatra norte americano, as sessões a estes feitas, denunciam a evidência do que não queremos admitir nem nos nossos piores pesadelos, de que a Terra pode eventualmente desaparecer da galáxia que conhecemos. Em registo assertivo, grande parte destes testemunhos em hipnose assistidos, referem de que haverá um ciclo de acontecimentos ominosos como, decréscimo de população, vírus, venenos, esteróides, meteoros, guerras, pragas ou calamidades. Muita coisa, portanto. E má. Muito má. Não abona nada de bom estes tempos que se situarão daqui a, aproximadamente trezentos anos. Será uma idade das Trevas que, devido a toxinas ou a chuvas ácidas ou a, outra coisa qualquer de igual mortandade, levará a humanidade a pagar pelos seus pecados. Todos. Indiscutível e copiosamente. Haverá então, uma retracção demográfica deveras inclemente que porá a Terra desnuda e quase deserta, com um só terço da população existente. Não é primorosa esta expectativa, não mesmo se nos retrairmos de acrescentar de que na realidade, a limpeza geral e, a nível  mundial que se faria da escória dimensional e de graveto que não faz falta nenhuma, então...uma bênção. Cruel, não é? É, sem duvida! Não se preocupem, eu também não faria parte dos escolhidos e dos abençoados nessas naves...não sou assim tão digna disso, apesar de não achar piada à ideia de morrer por antecipação do destino que Deus lá me teria consagrado de bengala na mão e arrastar de pés mas, próxima de netos de netos e família em redor.

Serão tão díspares assim, estas conjugações de mente em que por vezes considero disparate e outras, a verdadeira anunciação de um caminho abissal a seguir. Ou, de abismo. Veremos. Gostaria que esta enorme mancha negra como metástase corrosiva na pele e na alma, me não doesse tanto. Gostaria de ter herdeiros e hereditariedade familiar até à vigésima geração...no mínimo! Se Deus ou os tais senhores que nos lêem a mente e seguem os passos, o não quiserem ou puderem, então, só poderemos rezar para que tudo não passe de um grande erro e mistério sem fundamento. Assim seja e, Deus o permita.

A Redenção






Apocalipse da Bíblia - Visão de São João, apóstolo de Cristo:


- Vi 4 anjos que estavam sobre os 4 cantos da Terra, retendo os seus 4 ventos, para que nenhum soprasse sobre a Terra, sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo, que subiu da banda do sol nascente e que tinha o selo de Deus vivo; e clamou com grande voz aos 4 anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiquem a terra, nem o mar, nem as árvores até que tenhamos assinalado nas suas testas, os servos do nosso Deus.
E ouvi, o número dos assinalados, e eram 144 000, de todas as tribos dos filhos de Israel. (Apocalipse, 7:/-4)

144 000 - Número dos super deuses.
E que número será este...? Será a fasquia quantitativa dos que se irão salvar de algum cataclismo global? Será a determinação esotérica ou curricular dos "nossos amigos" alienígenas em filtro sagrado dos que lhes serão proveitosos e, dos que lhes serão lixo,desperdício...? Esperemos que não.

Voltando às mensagens das aparições - e, estando de alguma forma, tudo conectado...- a efectivação da mesma, generalizada, comentada e mesmo estropiada entre os demais, serviria de alguma maneira para se entender de que, antes da década de sessenta, nada se revelaria. Porque razão o fariam após esse tempo, recortado do antes e do depois? O Homem foi à Lua em 61...onde se enalteceria o major Yuri Gagarine da URSS como o primeiro homem a fazer uma viagem ao espaço a 12 de Abril. Em 61, esteve o mundo inteiro na iminência de deixar de existir, no já célebre e não muito feliz episódio do embargo a Cuba, rodeada de misseis norte americanos. A nível nacional, o início e deflagração da guerra colonial em Angola, onde uma onda de violência (no norte de Angola) se registaria contra a presença portuguesa e que só finalizaria em Abril de 74 com a revolução em Portugal.

Foi um ano agitado. E, iniciar-se-ia a construção do muro de Berlim...como se vê pela História - agora visto à lupa de uma distância considerável - A Senhora de Fátima teria de facto razão em fazer-se impor na demanda de que nada transpirasse antes dessa tão agitada época terrena. O mundo parecia eclodir em provocação e intolerabilidade até aí nunca vista. Abriam-se portas e fechar-se-iam outras em arrogância e prepotências de uma guerra fria (glaciar mesmo!) entre países e nações que se viam de costas voltadas e sem fim à vista no seu antagonismo crónico em autismo teimoso e, persistente. Ninguém cedia, dando a percepção de se estar a caminhar para um beco sem saída de poderes únicos, déspotas em que cada um puxava para si. E, o seu clímax dar-se-ia, aquando o botão vermelho fora premido inconsequente e levianamente, estou em crer, ou não fossem os nossos "pais e irmãos do universo" nos terem neutralizado os actos e, acima de tudo, os intentos malditos.

Prestes então, a rebentar a terceira guerra mundial, neste universo zoológico em que nos encontramos, e eles, novamente, interceptariam as armas nucleares da Europa, Rússia e Estados Unidos, anulando-os.
Bob Dean e Clifford Ston, dois militares na reserva e que por tão "desbocados" serem em alusões exímias e permanentes sobre este e outros casos idênticos, terão visto as suas vidas viradas do avesso em ameaças e acções veladas de uma punição inexorável sobre si. Não tiveram medo e puseram a boca no mundo em conferências e análises exaustivas num denominado Projecto Camelot. Projecto esse, que se constitui de ficheiros secretos - agora, não tão secretos assim...- revelados e expostos na opinião e efectivação do documento escrito e falado por estes dois senhores sem medo que se abriram ao mundo, evocando as mensagens do exterior. Existem raças evoluídas e superiores aos humanos. Existem várias raças, não hostis (pelo menos, na sua maior parte...) que se estão a imbuir na Terra em necessidade e continuação de um determinado minério, essencial para a sua sobrevivência. Com o avançado da sua tecnologia, sempre nos visitaram, sempre cá andaram e acredito, daqui, nunca terão saído. Há milénios que assim é.

Para as mentes humanas, as fracas e de inteligência abaixo da média, é um facto que estes assuntos não serã só tabu como fantasiosos e idiotas. Mas idiotas e néscios serão esses, que o eliminam das suas consciência e raciocínios mais coesos ou consistentes com uma nova realidade. Não temos todos de acreditar mas, suspeitar, inquirir ou apenas, suscitar a discussão. E, se for caso disso, acumular conhecimento e pesquisa sobre o que nunca deveremos temer mas antes, precaver. Existem máquinas do tempo, ovnis, outras naves e outras civilizações extraterrestres que nos observam, vigiam e, por certo, cuidam de nós. Os Anunnakis já nos foram uma dessas civilizações, sitiadas na Suméria e que nos deixaram por tempos indeterminados, voltando depois. Os historiadores nesta área, têm estudado e confirmado mesmo, certos indícios de tal em registos na pedra na América do Sul e deixados pela civilização Maia. A nossa extinção como raça não convergiria para o ano de 2012 como muitos selvática e desalmadamente apregoariam aos sete ventos, criando o pânico nas hostes inferiores de um povo sempre tão temeroso quanto impotente, ante a sujeição de uma guerra ou extinção total do ser humano.

Finalizando por hoje, acrescentarei apenas de que não devemos recear ou sonegar o que possuímos dentro das nossas almas de podermos ser tão superiores quanto eles. Não o somos em tecnologia nem em conhecimentos de energias alternativas que, à sua semelhança, nos faça dirigir e caminhar por entre as estrelas à velocidade da luz. Não o podemos...ainda. para tal, teremos de o merecer e ainda não sei se será o caso. Por vezes, a nossa burrice alada a uma ignorância letal, faz de nós a espécimen mais imbecil que Deus ao mundo botou mas depois também somos capazes de verdadeiras pérolas haver em sentimentos que nos guiam e nos traduzem o que de melhor, possuímos. O amor.
Espero bem que eles o considerem também. Somos válidos mas temos de o demonstrar e ser muito mais altruístas se possível. Iremos ter em breve ( e essa brevidade poderá ser no próximo ano ou, no próximo século, ainda ninguém sabe nem quem gosta de fazer futurologia mediúnica...) uma prova disso mesmo. Irá passar por nós em invasor do nosso espaço celeste, o planeta X ou Nibiru. Há quem o negue, na similitude do nome em designação e rotação deste sobre nós, a Terra. Vamos aguardar. Nada de histerismos ou fugir para a terra dos nossos pais e avós e fazer um buraco no chão como a avestruz, e esconder-nos lá. Até porque...não adianta. Não vale a pena. Nem o esforço! Temos de reagir. Se acaso o imenso planeta viajante no espaço, nos usurpar a propriedade solar que possuímos de um Sol que nos banha todos os dias e é a essência mor da nossa existência como seres vivos, então teremos de ir à luta. Sem armas. Com braços a trabalharem e cabeças a comporem a melhor forma de sairmos desse imenso buraco negro de trevas, solidão e escuridão nefasta. Teremos vulcões, terramotos, tornados e tempestades terríveis em influência extrema desse planeta invasor que nos vai roubar até a alma. Mas não vamos deixar. podem vir chuvas ácidas, tortuosas e malditas que saberemos inverter o ciclo. Sobreviveremos. Eles estão preocupados e nós também. pode ser que nos ajudem. Ou não. vamos ser crentes e rezar por isso. Já vivemos pesadelos maiores em guerras, epidemias e razias de levas enormes na eliminação de povos e nações. Por mão da natureza e...do Homem. Infelizmente! Mas sobrevivemos. Haveremos então, de superar esta também,acredito. Somos preciosos sem falsa modéstia de quem aqui acaba de escrever, do nada que é neste incomensurável espaço galáctico a que pertence. Mas também não me diminuo ou encolho como lagarta em casulo pois que o caminho é em frente. Sem medos! Oxalá!...

domingo, 28 de julho de 2013

A Verdade

Filósofo Lao Tseu - ( extraído do livro) Tao Te Ching

"Quando os melhores tomam conhecimento do caminho,
esforçam-se seriamente em segui-lo e aprofundá-lo.
Os medíocres ouvem-no, contentam-se e registam, mas os
estultos, quando ouvem as novas, desatam a rir à gargalhada
e, se não o escarnecessem, não seria esse o caminho."


Leiria - Portugal
As Aparições da Senhora

"Uma senhora que irradiava como Sol...e falava sem mexer os lábios...e era lindíssima!"




Jacinta, Francisco e Lúcia, assim o designariam. Só Lúcia a ouviria em telepatia assente num poder cognitivo que por certo, desconheceria. Reportaria então uma mensagem de teor político assaz premente na época que se vivia de uma primeira grande guerra. Que iria acabar brevemente, acentuaria esta magistral senhora ante aqueles pequenos corações de uma inocência ímpar. Que a grande Rússia, tomada de assalto por homens de pouca ou nenhuma fé, se converteria depois em largo espectro de crime e castigo, absolvição e reintegração no mundo cristão. Terão sido outras palavras, outros sensos mas para a pobre e inculta criança que pastorava rebanhos, a certeza de algo muito importante ,a reter e,(soube-o mais tarde) a divulgar. Pensou tratar-se de alguém de nome "Rússia..." e não teve de imediato na consciência, o quanto essa informação lhe seria vital em conformidade com o que posteriormente lhe arremeteriam em sevícias de Estado. Pela honra e, pela glória de uma nação de Estado Novo vigente.
 
O Terceiro e ultimo segredo - que lhe foi dito e avisado pela Senhora de que o não comentasse e muito menos divulgasse antes de 1960 - (e que Lúcia assim o fez, impondo-se digna desse registo) que seria, a visão do inferno. Inferno esse, em que no meio estaria uma entidade superior - papal talvez - toda vestida de branco, cingida depois de vermelho sangue, caída por terra entre os seus.
Deve ter sido um susto enorme para aquela criança, a visão de demónios e algozes contorcendo-se em delírio exausto de umas chamas impiedosas, compostas pelo rasteirar dessa outra eminente figura de branco que pereceria aos pés de cristãos e gente da sua fé. Pobre Lúcia e pobres três crianças no seu todo.

Projecção ou divindade...? Que terá sido?
Vamos dissecar um pouco essa mensagem e esses segredos que já o não são. Ou faltará algo ainda?...Algo que ainda não foi dito e não muito bem explicado. Sabe-se que um dos papas anteriores a João Paulo II, terá desmaiado após a leitura do anunciado terceiro segredo de Fátima. Se é especulativo não se sabe mas circula em muitos meios de comunicação - de entre estes, na internet - de que por diversas vezes os documentos escritos ou mencionados por Lúcia, terão sido manuseados, manipulados e certamente alterados. Tudo pode ser uma grande teia de conspiração nata mas, na consciência de todos, em particular no meio cristão, tem-se a duvida presente de que possivelmente nem todo o documento escrito e correcto pela irmã Lúcia, tenha sido divulgado em referência total e, rigorosa. Vamos ver...começa-se pela imagem da Senhora que muitos afirmam tratar-se de uma projectada visão de alguém, púbere ainda e não adulto. Do que possuía  nas mãos e que com estas seguraria em espécie de esfera terrestre ou globo planetário e que nunca seria referenciado como se o mundo fosse; o nosso mundo. E depois, a encomenda expressa por demais rebuscada e politizada, ante crianças tão genuinamente ignorantes e, arredadas desse mesmo mundo. Se Lisboa já era um fim do mundo para estas crianças, quanto mais especificar uma terra longínqua de estepes frias e hábitos tão diferentes quanto o céu da lua. Não deve ter sido fácil. Nada mesmo!

O papa João Paulo II, um santo homem, terá acreditado de que o atentado de que foi vítima e depois salvo pela Senhora de Fátima, lhe terá granjeado também de facto, a fama e alvo maior deste terceiro segredo. E podia ter sido. Ou não. O papa Bento, sabendo-o inclusive e não colhendo frutos do seu antecessor, teria a primazia e raciocínio directo de se ter recolhido em consciência e razoabilidade do que não pactuaria mais em conluio e cumplicidade. Fica-nos agora o papa Francisco, que se quer mais homem e menos divino. Porque será...? Terá este papa a exacta certeza e determinação de arcar com a cruz maior de pústula consagração de poder ser o ultimo...? Não se sabe. Mas todos eles sabem, que o fim está próximo. Não sei se o da igreja como esta é vista pelos olhos dos cristãos ou se acaso, virá aí uma força invasora de afinco ou dimensão extraterritorial que elimine tanto o Vaticano quanto, a todos nós. Não sei. E nem sei se gostaria de saber, tal a perspectiva não muito famosa de irmos ser pasto e fast food de senhores de outros mundos. Se não for pedir muito...gostaria que reconsiderassem e nos salvassem desses cruéis destinos de extinção total de nós humanos, à face da Terra. Até porque, mesmo com os nossos defeitos e agruras de guerras e devaneios tribais, não somos maus de todo. Ficaria grata e...mais descansada.

Posso dizer-vos em conclusão pessoal e muito minha, de que tenho uma afeição deveras profunda e de carisma quase doentio pela figura e santidade de Nossa Senhora de Fátima. Se foi uma aparição divina ou uma mera projecção astral e de cariz extraterrestre (perdoem-me a blasfémia...) não o sei dizer, mas questiono-me. À semelhança de Lourdes ou Medjugorge, acredito que a Senhora possa ser a mesma ou, com a idêntica distinção e, finalidade. E acredito que temos de rezar e ser mais solidários com outros. Mal, não faz. Temos de acreditar e ter fé que caminharemos para um mundo melhor, mais afectuoso e menos raivoso. Temos de estar cientes das dificuldades e dos obstáculos que teremos de enfrentar se porventura de um ecossistema falhado ou determinado fim nos for sentenciado por praticas e abusos que em nós e no nosso mundo fabricámos, sendo então devedores e não servos de uma natureza que nos regenerará. E que a nossa única luta seja essa, sem revolta ou rebeldia que nos assista de entre nós. Não viemos ao mundo para nos matarmos uns aos outros mas, para nos amarmos. Mesmo que isso, ainda nos seja muito difícil. Todos os dias aprenderemos um pouco. Eles esperam isso de nós. E por tudo o que nos é mais sagrado, por Deus, não os vamos decepcionar. Ou não teremos salvação possível!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A Essência


1952 - Nova Zelândia
A 3050 metros de altitude, o capitão Bruce Cathie, pilotando um DC-3 de Auckland para Paraparaumu, avistaria um disco verde, surgido a leste. Piloto e co-piloto observaram-no a voar no céu, deixando traços de fumo no seu rasto. Pela trajectória havida, este piloto concluiria, este objecto não identificado, poder ser guiado por seres expressamente inteligentes.
Tudo mudaria na sua vida desde então. Em pesquisa, investigação e estudo profundo. Questionaria a velha teoria de Einstein (e=mc2) - 300 milhões de metros por segundo - pela sua, deveras revolucionária, polémica e de suspeição assente no meio de uma comunidade científica ortodoxa.

Passo a explicar: - a teoria de Cathie, é baseada e fruto do seu intenso trabalho, acredito. Compõe-se então, nas variações dos campos gravitacional e magnético da Terra que podem ser a causa subjacente da grelha aérea que se situa a uma certa altitude. Os grupos de ovnis, reveladores desse tão grande interesse por essa grelha aérea, poderiam de facto, estar a usar as linhas de que esta se compõe para fins de navegação ou, aproveitamento de alguma forma da energia diferencial, inerente a gradientes de campos como de força motriz para as suas naves.

Maurice Cotterell cita no seu livre das Profecias de Tutankhamon, de que: -"O valor que Cathie atribui à velocidade da luz, sugere que as profecias dos Maias, dos Egípcios e da Bíblia em relação ao enigmático numero 144 000 não se referem àqueles que o têm escrito na testa, mas sim aos que irradiam luz (144 000) da testa. Afinal, todos os purificados de todas as religiões são, ao longo da história, apresentados a irradiar luz da cabeça. como um halo."

"Ba" - Hieróglifo egípcio para a designação, Alma. E representada em gravura de pássaro e tocha.
A alma é universal. Eterna e, incomensurável. A portuguesa então, é extensa! É chorada, é cantada, é amada como não haverá outra no mundo igual. Estou certa disso. Perdoem-me a magnitude da coisa pois ser-se português é ser-se sofredor em crime e castigo de corpo e mente, para todo o sempre.

Ainda não voamos pelas estrelas mas lá chegaremos. Também nós temos relatos escritos e em registo permanente dos céus lusitanos terem sido visitados por estes nossos amigos. Que também possuem alma e têm "fé em Cristo?!..." como dita um certo fado cigano. Penso que sim. Cristo, Buda, Krishna, Maomé e tantos outros lideres religiosos comungaram desse mesmo conhecimento em que, unindo-se a física, a matemática e a história universal em testemunho e clarividência, tudo possa vir a lume um dia, numa declaração universal também, dos direitos que possuímos e exigimos de uma só verdade. Por mais que nos sejam coarctados esses direitos ilimitados do berço à cova (ou à incineração...) temos obrigação de lutar por estes. Não, em quinhão de terra maldita que não é de ninguém por direito próprio. Mas por nós. pela nossa alma. Pelo que somos e seremos. Uns maus, outros bons e...outros assim-assim. Mas seremos justos e dignos, não os querendo decepcionar se um belo dia chegarem á conclusão de que não valeu a pena preservar-nos em aconchego terrestre de, Lua, Sol, Estrelas e Mar. Temos de perseguir esse sonho. A bem de todos. A bem do planeta Terra. Pelo menos...para já! Sejamos unos e tal nos será recompensado. Assim acredito. Assim, faço por isso no uso das minhas faculdades mentais e de comum cidadã do mundo que sou. Bem Hajam, cidadãos!

A Maldição

"As Almas ou se tornam estrelas ou reencarnam na Terra"

Citação de Tutankhamon


Profecias de Tutankhamon.
-"Quebrado o sexto selo, haverá um grande tremor de terra e o Sol tornar-se-à negro como saco de cilício, e a Lua, sangue. As Estrelas do Céu cairão sobre a Terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o Céu retirar-se-à, como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas serão removidos dos seus lugares (...)
E havendo aberto o sétimo selo, fazer-se-à silêncio no Céu, quase meia-hora. pouco tempo depois, ocorrerá o apocalipse de fogos e pragas."



Acredito em profecias. Reforçarei esse pensamento pela credibilidade do que estudei, desde este rei e símbolo faraónico, até ao médico do século XVI, o tão afamado Michel de Nostradamus. Compilei certezas e miudezas também, pelo coerente raciocínio que fiz a nível individual de que o nosso mundo físico, é o nosso inferno. E o corpo, o nosso demónio! De facto, 666 é um número terrível e, temível por acrescento e subconsequência do que no mundo ocidental apelidamos de coisa ruim, coisa má. Era o numero da "Besta" já assim desta forma designada, por S.João no apocalipse, por Pacal na Laje de Palenque descodificada e, nas de Tutankhamon, nos tesouros do seu túmulo. Efectivamente, a nossa alma sofre por todos os vícios ou padecimentos do corpo físico e como tal, serem necessários vários ciclos de vidas, para que encontremos se não a perfeição, pelo menos a sublimação em partes, num processo de purificação constante e em certa medida, indeterminado - só Deus o poderá concluir - numa rota de reencarnações, finalizado na pureza dessa ou dessas almas. Não é confuso se obstarmos de que por lei divina, todos já fomos, pobres, ricos, felizes, infelizes, gordos, magros, idiotas e sumidades.
A Bíblia adverte que "Muitos dos primeiros, serão os últimos e o último será o primeiro!" (São Mateus)
Os tesouros descodificados dos Maias e dos egípcios assim o referem, igualmente. Asseveram que, as pessoas ricas reencarnam como pobres e estes como ricos. Os negros voltam como brancos e estes como negros. Todos os escritos se revelam desta forma, acentuando que Deus, o grande Deus universal, é luz, é alma. E que maravilhoso é, sabe-lo e...senti-lo!

"A Alma é luz e com a morte, torna-se uma Estrela!"
Tenho de vos contar uma pequena história passada na década de sessenta em que eu era muito pequenina mas dançava ao som dos Beatles, imitando os mais velhos e fazia birras de quando me limitavam os gestos e movimentos daquela gente crescida de flores no cabelo e roupa multicolor que eu adorava, enroupar.
Era uma bela manhã de Junho, feriado possivelmente, em que os pais nos levariam a mim e aos meus irmãos até ao Castelo de Sesimbra. Por tão longe ser da nossa casa, onde morávamos, a mãe levaria o farnel em cesta composta de tudo o que era bom mas mataria um búfalo de colesterol. Nada de mais. Naquele tempo, não se pensava nisso. Pastéis de bacalhau com arroz de tomate, croquetes e pastelinhos de carne - uma espécie de empada caseira que a mãe gabarola e esfuziantemente fazia, ainda que tivesse de se levantar de madrugada para tal feito - rabanadas (apesar de não ser a quadra natalícia) arroz doce e um sem numero de refrigerantes, vinho e água. Um repasto! E eram dias felizes. Mas continuando...
A algazarra era muita. a excitação também. Depois de barriga cheia, o passeio prometido. E assim foi. Apesar de eu me distanciar dos meus irmãos, como sempre fazia em teimosa liberdade havida, e quase me perdi, nos muito labirínticos muros de pedra que constituíam o enorme castelo que, por ser tão pequena, me pareceram gigantes. Até que, levada pelo choro de alguém que rapidamente discerni ser de mulher aflita e pesarosa, eu a esta me dirigir em maior curiosidade do que por solidariedade. Era muito pequena...mas lembro-me de que a tentei ouvir nos lamentos que fazia, o que me fez arrepender de imediato pois à medida que me aproximava, deu para notar o quanto esta era velha e feia. De longe, parecera-me bela, muito bela. de trajes esquisitos (considerei) de saias compridas e véu condizente e tudo, numa cor púrpura e estranha para mim. Dizia-se moura infeliz, agora viúva que os cristão lhe tinham morto o marido e que os renegava como povo e que por mais vidas que vivesse, os amaldiçoaria por anos e anos vindouros, séculos e séculos de vidas futuras. Sei que estaquei o passo, horrorizada com tamanha predilecção de maldade e afinco. Corri depois, assim que os pés me deixaram, gritando pela minha mãe que não me acreditou na aflição vigente de uma estranha mulher me ter esbarrado no caminho. - Devia de ser uma cigana,filha...- anuíria a minha mãe, não me dando qualquer importância no relato infantil que lhe fizera daquela extemporânea fêmea que haveria de me inundar de pesadelos ainda por muitos dias e noites. Conseguia sem o querer, ouvir as suas ultimas palavras de um ódio visceral e eterno para com...cristãos, dissera-o.

Não sei se aquela mulher que me foi tão real, terá sido uma imagem irreal e fortuita no que tantos me fizeram crer depois mais tarde ou, uma simples advertência em projecção de um outro tempo por vingança e destino que lhe teriam imputado, deixando amargamente viúva e só. Também não sei se esta, terá ou não reencarnado na figura de um Osama Bin Laden da época presente e que, ao que consta, já não pertencer ao mundo dos vivos. Não sei. Mas tamanho ódio, tamanha raiva nunca conheci em ninguém.
Só sei que somos seres espirituais por natureza, sepultados em corpos durante algum tempo, prisioneiros de um inferno donde ninguém escapa. Excepto talvez, como certos afirmam, dos conhecedores do segredo dos egípcios, dos Maias e...da Maçonaria. Quem saberá...? Mas poderemos todos tentar de que, "a sushumna" ou a luz da alma, nos seja tão identicamente luminosa, quanto feliz e um dia, possamos todos, ser uma brilhante e linda estrela do infinito universo que nos guia e protege. Ficai em paz!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A Génese

Setembro de 1978 - Praia do Gronho
23 horas
Peniche, Portugal

Os acessos de terra batida e os solavancos intermitentes que fariam desistir qualquer um que se prezasse em não estragar o seu belo automóvel, determinariam este não fazível caminho de cabras no afugento perfeito de maiores multidões. De dia e de noite!
Não era fácil aceder aquela praia, bravia e selvagem de dunas consistentes e fechadas, viradas para um mar Adamastor sem grande comiseração para com banhistas ou nudistas que por vezes por ali se aventuravam.
Desta vez havia Lua. Enorme! Alva e fluorescente, iluminando toda a extensão de areal e mar depostos a seus pés.
Era habitual visitarmos este local em romaria jovial de grandes grupos de rapazes e raparigas de viola ao ombro e o mundo nas mãos, compondo cantorias e patuscadas de uma alegria só, de pão, manteiga e chouriço assado. Sem contar com as cervejas...ou mesmo, não raras vezes, de garrafão de cinco litros atrás pois que o vinho da região não era de se descurar. E isto, pela noite dentro...

Naquela noite, em particular, mais fugaz e eloquente de um namoro de Verão - que como todos, são bons por serem efémeros...- eu constataria de que essa tão mágica lua, era só minha e de mais ninguém. O mar esse, resmungaria num doce murmúrio de espuma e sal pela devassidão que lhe remeteria, do meu olhar sobre este. Por entre beijos e abraços (unicamente) - pois que os tempos eram outros e não muito dados a extravasamentos físicos...- fomos sendo o par romântico que, tal como tantos outros e de vez em vez, por ali se refugiavam. Nessa noite éramos os únicos. Às tantas, por uma extrema necessidade fisiológica e por certo, não muito ecológica, admito, o meu parceiro da noite foi "vazar águas". Dito assim parece feio...mas útil e obrigatório para quem tem a bexiga cheia e a aflição é uma constante. Nada de mais.
Eu fiquei no cimo da ravina e sentada sobre a camisola do tipo pullover do meu cuidadoso namorado, enquanto este, descendo a ladeira da duna atordoado e apressadamente, desapareceria do meu horizonte.

Fiquei só. De novo! A maresia sentia-se nos ossos, penetrando-se-me até na alma numa invasão gélida que me fez de imediato pressentir o que alcançaria. Uma vez mais!
Ao longe...uns vultos. Altos. Muito altos! De início, julguei tratar-se de homens dedicados à pesca submarina ou talvez, outros ainda, em descarga (legítima ou não) de mercadorias vindas por mar. Era um raciocínio deveras ingénuo, o meu. Mas foi o que pensei. Ou quis acreditar.
Encolhi-me. Dei a mim própria o benefício da duvida do que questionaria poderem ser somente, homens do mar em trabalhos de arredo de pesca à mão - não sendo ali, isso muito comum, considerei - ou pior, contrabandistas de tabaco ou outra coisa qualquer por mais ilícita que fosse. A minha imaginação não parava. Foi então que comecei a esfriar o sentimento havido de estar ali, sentindo um frio de morte. Fiquei nervosa e com um arrepio na espinha de origem glaciar que, aflorando-se-me na pele, me tomaria de imediato na consciência de zarpar dali. Senti ser urgente sair daquele morro sem ser percepcionada por aquela gente, ainda que tivesse de esperar pelo meu rapaz que tardava. Estar no lugar errado, à hora errada nunca foi um bom sinal. Geralmente, lixamo-nos sempre!
As surpresas não acabavam. Senti-os aproximarem-se mais do areal. Sustive a respiração. Eram gigantes. Altíssimos mas esguios. De formas esfíngicas. Nunca tal tinha visto ou sequer visionado na televisão em filmes de ficção ou acção científica. Fiquei siderada. Queria gritar mas não conseguia. Mas baixinho...só para chamar o meu parceiro que parecia ter-se esfumado na noite. Eles observavam o chão que pisavam como se estivessem a andar sobre um rio e iam projectando entre si, porventura, observações do que deste recolhiam em pesquisa mais delineada ou precisa. Não emanavam cores nem se irradiavam de uma luminosidade extraordinária, parecendo até muito normais do que ouvira falar e descrever destes elementos. Não consegui distinguir a indumentária que os revestiria mas dava para ter a certeza de que não eram verdes, cinzentos, ocre ou, de outra qualquer coloração epidérmica. e não possuíam antenas! Moviam-se como já referi, em passos lentos. Iam perscrutando o terreno de uma forma estranha. De vez em vez, olhavam para cima, para a escarpa de terra em frente como se esta espiassem, sem que quisessem ver vistos. De seguida e por último, unir-se-iam num círculo entre si. Dialogariam, não sei. Depois, bem depois, não sei muito bem o que sucedeu pois erradicariam do meu espaço visual de tal forma que considerei, estes se terem volatilizado. Nas sombras e, na profundidade da noite. E do mar.

Não vi nenhuma nave. Não vi mais nada. Gelei! Quando o meu inocente e estival namorado voltou, eu estava branca como a cal das paredes mas este, nem notou. Abracei-o, suplicando-lhe que me levasse dali. Não lhe disse nada. Afinal, não o conhecia tão bem assim!...Chamar-me-ia de doida varrida. Não acataria, estou certa. Penso que se o tivesse feito, o namoro teria acabado logo ali. Apenas acrescentei de que não era lá muito seguro estarmos tão sós, naquele morro inóspito, desértico. Aquiesceu. Disse-me que estava certa. Que seria bom não arriscar por haver sempre malandragem, voyeurs ou outro tipo qualquer de espionagem individual que se investiam nos maus hábitos por vezes, de irem espreitar os casais de noite.

Voltei para casa. Enfiei-me na cama com o cobertor a tapar-me as orelhas. Quase sufoquei, querendo apenas esconder-me e esquecer o que vira, ainda há pouco, uma hora atrás...por aí.
Jurei então, novamente, nunca mais ser noctívaga em pesquisas pessoais nocturnas. Mesmo, com outra pessoa do meu lado se acaso não estivesse em sítio e local melhores iluminados e de presença humana vigente e, em redor. Para mim, chegava! Rezei como nunca. Fiquei mais alada de uma fé que julgara perdida e nos confins do mundo, devido à insistência perene daqueles meus encontros de terceiro grau ou...outro qualquer, não sei. E se a minha ignorância da época era muita, em termos de ovniologia e encontros imediatos (só mais tarde viria a público certos relatos, séries televisivas a nível mundial sobre esses temas e posteriormente os vídeos do youtube...) no momento actual, a minha consciência e abertura ao mundo, confina-me a pronunciá-lo, a divulgá-lo. Já tenho a minha quota parte de um conhecimento e experiência que, não pedindo, viria ter comigo...substancialmente. Mais não era possível ou internar-me-iam no hospício mais próximo de casa.
Não esqueci. Mas também não sei se quero recordar. É apenas e tão somente, o meu testemunho. Para quem acredite. Ou não!...

terça-feira, 23 de julho de 2013

A Prospecção

17 de Junho de 1977 - Base Aérea Portuguesa de Tancos

Detecção de objecto não identificado no espaço aéreo português.



imagem ilustrativa, não referente ao texto

20 de Julho - Nau dos Corvos - Peniche                                                                          

 
A noite estava fria. O que era comum naquelas paragens de um oeste húmido e cavernoso,encorpado por uma faixa costeira tenebrosa de rochas,ravinas e mar. ao longe,mas visível a olho nu,a ilha da Berlenga. A saída com os amigos tinha sido farta mas não faustosa ou mesmo exagerada,no que havíamos ingerido.
Deviam de ser aproximadamente,dez ou onze horas da noite,quando saímos do restaurante. Enquanto o meu acompanhante e amigo se deslocara para ir em busca do seu automóvel que ficara estacionado no parque em frente ao dito restaurante,eu,mingando o passo sorvendo a noite,fui-me deixando ficar para trás. Em instantes que não preciso,um facho de luz em tubo,descendente e inusitado - ao que registei no momento - fazendo-se incidir sobre aquele mar inóspito,revoltoso. Olhei de novo,incrédula. De repente,a escuridão. Após uns milésimos de segundos ao que suponho,de uma retirada abrupta e sem despedida. fiquei boquiaberta e alarmada em parte. Não o poderia dizer a ninguém,até pela simples razão de que me não acreditariam,apelidando de não sóbria pelo evento da noite. Eu era muito jovem e contrapor algo que me pudesse ridicularizar,não estaria nos meus planos. Ocultei de todos o facto,não sem antes o fixar em mim para sempre, sabendo de antemão que assuntos tabus e não muito aceites,se teriam de recolher nos confins do nosso ser. Até ao dia em que pudessem ser expostos,ainda que num registo escrito,muitas décadas depois.

Agosto de 1978 - ilha do Baleal - Peniche
Estava-se em época de veraneio. Desta vez,a noite estava quente. Não lembro bem,mas penso que seria uma noite sem lua. Escura mas terna. O mar calmo e as estrelas,muitas, refulgentes e belas lá no cimo de um céu maravilhoso, reportar-me-ia uma segurança que eventualmente não teria cá em baixo. Muitos desses momentos, de Verão em Verão, foram passados nessa linda ilha composta por casinhas brancas de construção rudimentar e singela - outras nem tanto,sendo pertença de alguns estrangeiros - bifurcando por entre dois mares que se juntavam em oceano aberto, na sua retaguarda e tendo a Berlenga de vigia.
Era uma noite como tantas outras. Viera de um encontro familiar e,por insistência minha que me julgava adulta e sem medos,recusara que me acompanhassem até à ilha onde os meus pais pernoitavam em aluguer de época numa dessas casas que já referi. Ouvi o automóvel partir e com este, todo e qualquer som mais agreste que não fosse o marulho das ondas e, uma ou outra gaivota mais inquieta que por ali houvesse. Naquele tempo,a iluminação e acessos à ilha não eram como os do presente em que esta se encontra, mais ornamentada e embelezada. Era tudo, muito mais selvagem e acredito, muito mais bonito. Mas reconheço os esforços e a certeza de que assim tem de ser nestes novos tempos. "As Pedras Muitas", "A Tromba do Elefante", a praia de Almedreira num enclave desta ilha e Ferrel e,do outro lado, "A ilha das Pombas", esta deserta e capitosa, imponente em mastro maior no canto superior da ilha. E, tudo calmo. Até que...sem audição alguma, ruído ténue ou crepitoso que me suscitasse a curiosidade ou receio, eu distingui um facho de luz esverdeado, depois amarelado e depois...não sei. Engoli em seco. Estava só,de sandálias na mão e a correr ou...querer correr sem que as pernas mo permitissem pois tremiam-me como varas verdes, à semelhança daquela luz estranha que não omitia qualquer som e me percepcionava no ser,algo de muito tenebroso poder vir a acontecer. Queria gritar pela minha mãe que não me valeria de muito, por já estar a dormir à horas e nem sequer dar pela minha falta. Éramos muitos...e eu, em encontros imediatos fosse de qual fosse o grau, pedindo a Deus que me não sugassem no ar em abdução que na época eu nem sabia que esta palavra e acto existiam, e sei que fiquei para ali, entre o maravilhado e...horrorizado. lembro-me que pensei poder tratar-se de algum helicóptero mais afoito em tecnologias mais prementes mas nada disso fazia sentido. Não lhe ouvia nada em bater de pás ou asas suas como tantas vezes os vira em passeios turísticos na praia. Raios, dizia eu, é sempre comigo!...Já parecia perseguição ou qualquer teoria da conspiração aérea, só para me levarem à loucura ou, os pais a negarem-me mais saídas nocturnas, caso eu lhes contasse algo do género, do que me vinha sucedendo de fenómenos nunca vistos ou observados, pelo menos na família normal, honrada e séria que éramos. De um momento para outro, aquela coisa,eclipsou-se. Como a noite estava escura e de algum breu, não consegui discernir muito bem que tipo de nave seria esta, se mais cilíndrica se, mais oblíqua do tipo "charuto acabaçado" como alguns populares alentejanos as definiriam um dia mais tarde em ocasião excepcional destes objectos não identificados por terras onde o mundo começou, alvitram agora. No Alentejo, o mundo poderá ter tido o seu início mas ali, para mim, era ou seria o meu fim, do que considerei não ter maturidade e firmeza para o garantir em mim. Era de facto muito jovem para arcar com tanto conhecimento extra planetário. guardei sempre para mim a sete chaves estes sucedidos, como eu lhes chamo. A quem recorrer...? E depois,ouviria alguns dizer, de que o nosso pequeno país estaria a ser alvo de várias prospecções de ordem temática muito diversa. Não seria petrolífera ainda pois na época, tal ainda se não conhecia de poder existir nas nossas costas marítimas, o tão famoso crude que origina este igualmente tão requisitado produto combustível. Mas falava-se de outras coisas...da hipotética central nuclear que queriam fazer em Ferrel para a mais alargada economia nacional, mesmo que isso fosse ser prejudicial para as pescas da zona e a agricultura em geral. Deu polémica e porrada. Não se falava de outra coisa. Houve quase batalha campal entre a população local e os autarcas regionais que se opunham firmemente aos desmandos do núcleo duro central. Depois,tudo acalmou. Apaziguados ânimos e refeita postura de não se mexer uma palha em prol de toda a região oeste,frutuosa e de bons proventos em frutas, legumes, vinhos e por aí fora num inúmero de actividades hortícolas, piscícolas e outras e tudo estacaria.

Nessa noite não dormi. Jurei a mim mesma, nunca mais na vida sair sozinha. Bem...nem sempre cumpri esta determinação. Fui esquecendo. Tentando esquecer. Posso acrescentar de que senti naquela noite na praia,presenças não físicas e não me peçam para explicar ao pormenor, a razão de tal. A consciência que tive no momento, foi de que estaria a ser observada num imenso olho óptico celeste, captada por algo que me transcenderia como simples humana que sou. Não que eu tenha algum interesse para os tais elementos visitantes nesta nossa linda Terra mas, por que provavelmente - detectando estes uma fonte de calor em corpo em movimento no meio de nenhures...- eu lhes ter em parte estragado os planos na recolha de espécimes terrestres ou marítimos da nossa costa.


Não tenho ideia se existe alguma razão, perceptível ou não, para que estes acontecimentos me tivessem surgido na vida. Só mais tarde pude compreender certos trâmites relacionados com seres de outros planetas, outros mundos. Não sei o que têm reservado para nós mas senti, naquela noite de que nos não hostis ou...eu já não estaria aqui. Pelo menos, esta civilização que perspectivei na presença terrena dessa tão estranha quanto mágica noite. Foi surpreendente. Houvesse uma luz, uma estrela, semelhante á dos Reis Magoa e não sei se a seguiria em hipnose assente...não sei. Só sei que foi magnífico. Se foram aviões telecomandados de tecnologia superior deste ou doutro mundo,pouco me importa. Registei em mim que nada sou, de que todos temos uma luz e um destino. O meu, foi o de presenciar algo que sem o saber explicar, me entraria na alma no conhecimento e sapiência absoluta de que não estamos sós. De que nos vigiam os passos e os caminhos. De que nos guiam e identificam as fraquezas e, as idiotizes, também. Só teremos de lhes provar de que merecemos usufruir e viver, neste belo planeta que não é nosso mas nos é emprestado para uma maior missão persecutória mas ascendente e...feliz. É nisso que acredito. Mais uma vez. É nisso que me empenho e detenho em existencial fé. Porque também nós, somos uns seres magníficos e tão magnânimos quanto eles. Autora dixit!


segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Demanda


Vamos falar de sonhos.Já se sabe que o sonho comanda a vida. No meu caso...as muitas vidas que tive e, possivelmente, virei a ter. Este, foi dos mais enigmáticos e certamente - acredito! - de todos,o mais hediondo.

- Senhora!...Senhora...eles vêm aí! Fuja,Senhora! Fuja...por Deus Nosso Senhor!
De imediato não me apercebi do que estaria a suceder mas,ante a visível aflição da irmã - uma das muitas que para aqui foi desterrada por pais capciosos e malditos,suponho - neste claustro de jardim e pedra tumular onde me encontro. Senti,ter de agir rápido e daquela roda infantil,fugir.Estava a brincar com as crianças num círculo de mãos dadas em cantorias e alegorias,à Primavera que se avizinhava em flor.No meio dessas crianças,estão alguns dos meus filhos,pequenos ainda. Como formiguinhas tontas,pressentindo o perigo iminente,correm desnorteadas em salvação própria de um qualquer esconderijo. - Jesus! Eles vêm aí!

Não eram amistosos. Sentia-se no ar,a hostilidade de um vento maldito que me fazia esvoaçar o longo cabelo entrançado que eu sustinha como ancora de navio que tão bem o meu senhor conhecia e,amava. E agora que fazer...? Indefesa e só,no meio daquele extenso e luxuriante jardim mas,por demais exíguo,para que me servisse de abrigo ou protecção maior. Observei ao longe a Madre Superiora que gesticulava na minha direcção numa língua gestual indecifrável.Tudo,infrutífero!
Ouvi os cascos dos cavalos - não muitos,alguns...-talvez,quatro ou cinco equídeos que estacaram a acelerada,violenta mesmo,cavalgada. Senti-o. Relincharam,agressiva e teimosamente na premonição assertiva,do que estaria prestes a acontecer.Pressenti o perigo mas,não havia fuga possível!
Tremia. Deus meu,como tremia!...Nunca fora covarde mas por vezes a coragem,tem limites. A minha,tinha chegado ao seu. De uma assentada,aqueles três homens na minha frente,surgindo do nada...- do Inferno acreditava -de espada desembainhada (um deles,pelo que verifiquei de mais acirrado e,impetuoso) dirigindo-se a mim. Parei de respirar. O coração saía-me do peito,batendo veloz e num descompasso doentio,descompensando-me igualmente uma maior consciência de fuga e sobrevivência. Cerraram-me entre si,espiando-me os gestos e os movimentos que estatizei sem luta aguerrida,sem nada. Neutralizaram-me. Até a alma.Eram homens de guerra e armas,de poder instituído,poder absoluto e,a mando de alguém superior.Percebi tudo. De imediato.Não vinham em discurso ou,grandes preocupações de entendimentos. Vinham cumprir ordens. Ordens essas,terríficas e quiçá fatais,sobre a minha pessoa.
Não me ouviram nos apelos e nas súplicas,de que parassem nos intentos.De que me poupassem na alegoria infeliz de me ceifarem a vida. A única palavra mortal que me proferiram em sentença irreversível,foi a da ordem expressa e única também,de me colher a vida por escolhas que eu fizera. Maus,rudes e sem pinga de piedade alguma,taxativos no que estariam prestes a cumprir,enunciariam ainda de que vinham a mando do mui dignitário e reverendíssima figura do seu senhor,El Rey D.Afonso IV.
O terror apoderou-se de mim.As lágrimas,secaram-se-me. A palidez,copiosa. A minha voz,silenciou-se então,após o cilício daquela tortura que me impunham de não acederem aos meus pedidos clamorosos de me pouparem a vida. A nada,ouviram. - Pelos meus filhos...peço-vos! Apiedai-vos de mim,peço-vos!...Rogo-vos! - E ia tentando proteger o meu roliço ventre,resguardado que não estava daquele desmando malévolo e traiçoeiro na pessoa de um rei sem escrúpulos nem coração. Continuava a tentar cobrir o mau prenhe ventre,cheio de vida inicial que eu temia que de mim levassem também em asserção máxima de uma malvadez ímpar. Como se poderes houvesse,daquele filho salvar...mas poderes,não tinha. Nenhuns!Estava só. Completamente só.Ninguém me podia salvar.
Foi tudo muito rápido. Num acto de áspide humana,subitamente,um dos três - o mais corpulento e possante,provavelmente o mais temível - soerguer-me-ia,cerrando-me nos seus fortíssimos braços como correntes de aço e ferro,sufocando-me o querer e tudo o mais,de encontro ao seu tronco de homem de guerra. Com uma mão,segurar-me-ia o pescoço frágil e,com a outra,a espada enorme e fulgente com que me degolaria. O meu ultimo olhar,foi para a árvore rainha que tantos lamentos me ouvira mas tantas alegrias também,houvera,sustendo-me numa escassa e rude vida,breve,muito breve agora. E,por amar quem não devia. Mas para sempre em eternidades que ninguém me tiraria,amaria!
A visão embaciou-se-me. E tudo ficou turvo. Mas ainda os ouvi,proclamar: -A ordem foi cumprida! Por El Rey,nosso Senhor único,por terra e por mar,nosso El Rey D.Afonso IV!!!
 E eu...esvaindo-me em sangue,pendendo-me a cabeça,moribunda e exangue,exauridas as forças,latejando sobre um peito desnudado,lembrava ainda,o meu grande amor na terra,no meu príncipe e senhor D.Pedro I. Meu senhor...meu Pedro,meu único e grande amor!...para sempre...para sempre...

Posso afirmar o que sonhei,o que senti mas,não me arrogo no direito ou,na pretensão hierárquica de ter sido em pleno século XIV,uma aia espanhola morta. Dito deste modo,parece cruel. E foi-o sem duvida alguma. Esta mulher,rainha depois de morta,depois de desenterrada a título póstumo,sendo a sua mão beijada pelos subditos do reino em imposição implacável de um futuro rei de Portugal,destruído na dor e porventura,na alma. Não possuo dados bibliográficos ou documentação histórica que o comprovem ou provassem.
Pode ter sido,meramente,um paralelismo de destino tão idêntico quanto fatal e a pronunciação do nome desse tão despótico rei também,ter sido sugestionado por algo que me transcende. Nas regressões ou sonhos de proveniência interior em meditação ou semi-consciência - em espaços psiquiátricos ou fora destes - o certo é que,por vezes,se atingem estados de verdadeira ocorrência passada. Como disse inicialmente,não me arrogo nesse direito de ter sido a tão amada (e simultaneamente,tão odiada)por aqueles dois homens de sangue real,de pai e filho. Poderá ser somente,uma abnegação minha,endémica e profunda do amor incondicional que devotei nesta tão nossa clemente e piedosa figura da História de Portugal. Pode ser...não sei. Dª Inês de Castro,a linha rainha que o nunca foi. Em vida.
Vivi neste sonho pormenores que não sei se existiram ou foram apenas reminiscências de uma escolaridade histórica que terei retido em mim ao longo dos tempos. Sabia-me grávida. Não tenho esse precisão documental se acaso a senhora dona Inês estaria ou não de esperanças,apesar de ter considerado - uma vez que observei em visita ao Mosteiro de Alcobaça,onde os seus restos mortais,jazem - a deferência coloquial de ambas as suas mãos,amparando o regaço e não o sobre o peito como seria habitual. Pode ser algo factual e sem significado,ante uma leiga ou ignorante como eu sem habilitações históricas concisas sobre o processo tumular da época. Pode ser. Não o questiono. Só posso referir o que auferi numa onírica amostragem de um,dos episódios mais trágicos desta nossa História. Sei o que sonhei e o que vivi em corpo e mente,decalcados de um tempo que,eventualmente,em vivência suportei,sofri e,amei. Tudo por ti,minha rainha DªInês de Castro. E um dia,se faça justiça em todos nós que nenhuma terra valerá uma vida. Salvé Rainha DªInês! Repousa em paz!...


sábado, 20 de julho de 2013

A Diáspora



Hoje é um dia especial para mim. Vi o sol nascer,espreguiçando-se sobre o vasto manto azul que o sustém e,no maior milagre de todos,encher-nos de calor e boa disposição como convém. E este,é o meu milagre também. O de acordar todas as manhãs com a graça de Deus e poder respirar para mais um dia de labuta. Hoje em particular,estou um pouco nostálgica,pois acabo sempre por duvidar da minha missão na Terra,declinando perspectivas de maior que possa ter ou,ver surgir na minha vida.

Na saga quinhentista em solo luso,os nossos homens furaram mundos,esventrando mares e terras desconhecidas por desbravar. Hoje,nem tanto. E há ainda,quem morra na terra onde nasceu sem que desta tenham partido para outras paragens. Outros há,que só desta se lembram em pormenores vagos de recordações saudosas e muitas vezes,chorosas. É triste. Emigra-se com o corpo mas fica-se sem a alma que se indigna e se fixa de pedra e cal no que lhe deu origem. Posso sentir isso. E compreendê-lo,apesar de nunca me ter feito à vida de mala de cartão ou,de mochila às costas.

As viagens que faço,são as que recordo de vidas passadas que tive. Podem chamar-me de louca mas acredito piamente de que possuímos várias missões e funções nessas vidas. Acho que nunca fui rainha,princesa ou baronesa. Talvez mais,cortesã,meretriz ou camponesa...mas lembro,que por todas estas,a minha grande missão,é a de ser feliz e fazer alguém feliz.Já passei por muitas cidades,muitos países que na época o não seriam na estrutura e fronteiras definidas da actualidade mas,sei também,de que apesar de importantes pelo conhecimento e variedade dos mesmos,a fonte principal,ser a ascensão da nossa alma.

Está tudo interligado,conectado. Posso não ter sido muito explícita mas lembrem-se do milagre do sol em Fátima. Penso que a igreja ainda hoje,o não reconhece,afirmando ter sido uma histeria de massas que insistiam no momento,em verem a Senhora. Da enxurrada,ficaram secos. Estranhamente. De um circulo dourado que se agitava como o sol,mandando-lhes de seguida umas flores virtuais que por sobre estes caíam em levadas harmoniosas,criando um púlpito de êxtase e entrega,devoção e rendição.

Mais uma vez,não julgo ninguém. E muito menos a igreja católica que me é superior mas acredito efectivamente,de que algo de maravilhoso se terá passado naquele dia em Fátima. Assim como acredito na diáspora desses seres extraordinários que nos velam dia e noite e protegem de nós mesmos. Assim não fosse,e já teríamos destruído o nosso fantástico planeta na década de sessenta,mais exactamente,em 61.

Mas isso,é outra história com um H muito grande,certamente! Falarei disso mais tarde,uma vez que é do conhecimento geral do público que estivemos prestes a cerrar fileiras com o inimigo e mandámos ás hortas a sensatez e,a consciência maior de o não fazermos. Somos uns idiotas de facto. Somos uma civilização excepcional mas simultaneamente abrutalhada que se mata uns aos outros,seja de seixo na mão ou...de dedo em riste,no tal botão vermelho. A era atómica é surreal. todos o sabem mas insistem. Até quando,Santo Deus...por uma Terra que não ficaria para ninguém. E isso,eles sabem. Os terrenos e os outros. Os que,tal como nós,também têm alma e não nos vão deixar eliminar da face do Universo,a nossa. Bem Hajam por isso! Glória aos céus!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Transição

Imaginem que havia um apagão a nível mundial...bem, poderá ser para começar, a nível local. De qualquer dos casos, o caos instalar-se-ia. Não acham?




 
Para já, eu não estaria aqui e agora a escrever estas frases. Depois, se fosse de dia, estava safa. Se fosse de noite, a coisa piorava. De vela na mão, balde de água na outra para serventia aos sanitários e um abre latas para as conservas que ainda pernoitariam na minha despensa - se a escuridão permanecesse por mais de um dia ou dois...- e tudo mais ruiria nesta minha "bela" casa na cidade. Digo bela, porque é minha. mesmo que seja composta por decoração minimalista com mobiliário do Ikea (passo a publicidade...)ou ostensivamente e, em oposição a isso, poder ser uma réplica do palácio de Versailles. Que não é, garanto-vos!

Os alimentos perecíveis, morreriam ao primeiro devaneio de uma pequena vaga de calor climático, fora do frigorífico, suponho; cheirando mal e entupindo as condutas ou caixotes do lixo. Tudo pararia; já pensaram? As televisões, aparelhos radiofónicos,internet ou qualquer outra rede social (excluindo os sinais de fumo...)de telecomunicações, emudeceria. A opacidade seria total. O caos perfeito! Ou, imperfeito do que nos assiste como seres evoluídos que antes do café da manhã sorvermos, já ingerimos doses altíssimas das notícias quase sempre catastróficas, do dia. Praga essa, pior do que as do Egipto!...Infalivelmente para nossa desgraça, também.


Poderemos mudar então nós,perante essa situação de paragem cardíaca mundial?...Não sei. Mas sei que é o caminho a seguir. Temos de mudar de hábitos alimentares. Temos de mudar muita coisa na nossa vida quotidiana, sedentária. Dentro e, fora de portas.
Nunca cultivei nada, lamento. Mas aprendo rápido, acredito. Pelo menos, tentarei.Posso sujar as mãos na terra e ser uma verdadeira parteira ao ver nascer couves, nabos,cebolas,tomates e por aí fora. Mal,não me faz.
 
Posso aprender a ser, também eu,uma espécie de Amish dos novos tempos,talvez...posso tudo,se quiser e me dedicar a isso. Sei que tenho de o fazer,mais cedo ou mais tarde...nesta vida ainda ou,noutra mais à frente...ainda não sei. Não adivinho o futuro exacto mas sei posso,à minha maneira,fazer um pouco de futurologia do que é óbvio e está pungente, bem na nossa frente como seres em mutação constante,ainda que a olho nú o não consigamos observar. É mais a olho cirúrgico como agora se diz,por aí...

Sei que a mudança é inevitável. A bem de todos. Um dia,os animais vão desaparecer da nossa cadeia alimentar e tudo o que possamos ingerir,provenha única e simplesmente do que semearmos ou plantarmos nos campos. Essa,é a atitude correcta se quisermos singrar na vida em subsistência e vivência maior e mais natural. Os especialistas já o dizem,embora nem todos o aceitem. É difícil mudar hábitos incrustados em nós como lapa na rocha que vão da infância à velhice,na educação e consistência alimentar que desde cedo nos impõem. Não sou vegetariana nem nada que se pareça. Adoro um bom bife grelhado,apesar de me horrorizar com as touradas e os matadouros municipais que existem no mundo inteiro.Por vezes admito de que,se tivesse eu de decepar uma vida animal (ainda que fosse um mero galináceo,sendo certamente uma vida que sofre ao morrer) eu alimentar-me-ia de pão com manteiga e café com leite até ao fim dos meus dias terrenos. E a manteiga,já seria um luxo...mas enfim. Continuo a fazer o mesmo que todos nós. Paciência. Sou humana. cometo muitos erros. Mas acredito que um dia,a filosofia e modus vivendi mundial,irá mudar e E,para melhor. A bem,ou a mal.

Pensem nisso. Custa um bocadinho,mas depois sabe bem. Como em tudo...na vida. E se disso,depender a nossa sobrevivência como seres humanos num Planeta Terra magnífico,então,é porque vencemos a "coisa".
"Eles"não nos vão deixar morrer (a todos...)ou,o seu famoso projecto de ADN geneticamente manipulado ,iria todo pelo cano abaixo em esgoto científico. como um capital malparado ou obsoleto de investigação nula,infrutífera. Pronto, já chega. Eu sei. Talvez eu esteja a extrapolar a coisa...não sei. O que sei,é que seria uma pena. Afinal,há gente boa por aí...nem todos somos "maus rapazes". E queremos salvar o mundo. E este planeta azul,maravilhoso. Este planeta que é o nosso,o único que conhecemos até agora,habitado por nós. Mas seremos receptivos se nos quiserem trasladar para outros. Há que ter mentes abertas numa consciência maior. É nisso que acredito.
Para todos que me lêem e me escutam, um abraço desta vossa simples e mui humilde terráquea. Bem hajam uma vez mais.
                                     

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Regressão



Nasci numa noite de tempestade em pleno Verão,mas por certo,não tão violenta como a que vivi em 1892
que me roubaria a vida,na tenra idade de um ano.

28 de Outubro de 1892 - O céu rasgava-se num temor único de luz e som,verdadeiramente aterrador. O vapor por várias vezes,oscilante e pouco firme,ia tentando manter-se há tona de água num mar vociferante de espuma e dor. Era perceptível as manobras de músculos e braços dos muitos tripulantes do navio sob ordens concisas do seu comandante. O ar cheirava a enxofre,revelando-se asfixiante e mortal,ante o que se poderia adivinhar. A minha cama embalava-me num sono pouco tranquilo,fazendo-me acordar de vez em vez,indo por vezes bater com a cabeça nas grades de madeira que agora rangiam dolorosas,assim como o chão que se parecia abrir,debaixo de mim. Não via o meu corpo a balouçar mas conseguia observar a Nanny (Ama) a tapar-me as pernas com o seu xaile branco,sem que dessa forma eu o mantivesse. Destapava-me,ante a sua agonia de mulher aflita em me querer proteger de algo. Até que o inevitável sucedeu. Primeiro,um rombo estóico e seco...depois,logo depois,um rasgar ainda mais tenebroso do que o dos céus nos seus muitos relâmpagos e raios malditos que assombrariam a noite. foi quando ouvi outra criança gritar que sabia e conhecia,como minha irmã,dois anos mais velha do que eu.

Mammy,Mammy...gritava a minha irmã Gladys,completamente horrorizada com o solavanco abrupto que sofrera. De seguida,em segundos que ainda lembro,o ar encheu-se de fumo,labaredas e um sem sentido que me transportaria até a,uma espécie de inferno latente. Já não conseguia ver a minha Nanny,nem quase ouvir os gritos lancinantes da minha querida irmã. Eu era pequena demais para saber rezar ou firmar-me nalguma oração que tivesse ouvido ou,perscrutado aos pais. Mas sei que o fiz. Só não sei como. Deus ouviu-me,pois sei que me segurou nos seus braços e dali me levou. Já não sentia a pele a arder,o fumo a invadir-me os pulmões e a queimar-me o meu pequeno e frágil corpo de menina,ainda bebé. No estertor da morte que não mais é,do que a esperança de uma nova vida,eu senti uma enorme leveza...uma paz indescritível,no meio de um silêncio sepulcral,deixando a Terra,entregando-me aos anjos...

Foi tudo verdade. Por anos e anos,tive este sonho,mais pesadelo do que sonho,efectivamente!
Fui investigar,pesquisar e sei lá mais o quê,e acabei encontrando. Não foi fácil mas Deus uma vez mais devia de estar do meu lado pois,por coincidência ou não desta vida,haveria de encontrar em registo num livro meu,toda a tenebrosa saga,daquele fatídico episódio,havido há dois séculos atrás.Eu estivera no local. No epicentro de um furacão marítimo em que haviam perecido 122 pessoas,de entre estas,10 crianças. Descobri tratar-se do vapor SS Roumania que zarpara de Liverpool com destino a Bombaim na Índia,onde nunca chegou. O vapor inglês naufragara,frente a um rochedo chamado Gronho. Tão conhecido por mim...estranhamente. Senti que Deus que me transpusera para uma terra pela qual eu já passara e...me finara.Tudo teria uma explicação ou...missão. A partir dali,sabia que o tinha de fazer em prestar a minha singela homenagem a essas duas pequenas criaturas,das quais eu fiz parte.

Soube posteriormente de que o SS Roumania em noite de temporal ímpar,se desviaria da sua rota normal,indo embater num baixio a escassos metros da praia. O embate partiu o navio ao meio,provocando a explosão das caldeiras e matando de imediato,parte dos passageiros e tripulantes. O rochedo denominado de Gronho,é uma escarpa temível,frente a um mar igualmente temível que ladeia a zona de Peniche e a Foz do Arelho,nas caldas da Rainha,região de berço e nascença de ambos os meus pais. Seria então inevitável,de que eu me sentisse desde que me lembre,tão atraída por aquele embuste de fuça feia em ravina íngreme de janela voltada ao mar. Nunca consegui molhar sequer os pés,na beira desse mar bravio e sem lei que nos derrubaria até a alma,caso este o desejasse. Fiquei eternidades que ainda hoje recordo,aí sentada no seu molhe altivo em visualidade ingénua do que ainda não conhecia mas sabia sentir no mais profundo de mim. Só mais tarde me penitenciei frente a esse mar,não sem,alguma morbidez de facto. Afinal,esse tão indomável mar,tinha-me levado a vida,um dia. Mas fizemos as pazes.

Vou finalizar,dizendo-vos de que estou em paz. Finalmente. Encaminhei-me para a Serra do Bouro,algures por perto das Caldas da Rainha em aldeia despontante no cimo de um monte,onde jaziam os restos mortais dessas duas infelizes meninas,no cemitério local. O meu peito latejou entre o que seria a alegria de um reencontro não muito ortodoxo ou,consensual com o que sempre me assistiu,mas fui. Não recuei na inglória missão de me ver sentir algo mais,ante aquela que fora a minha sepultura,mandada erigir e mesmo perpetuar na memória de todos,em particular nos seus desgostosos familiares que dessa forma,quereriam e desejariam evocar a lembrança dos seus entes queridos,precocemente levados da Terra. Joyce Pollard de um ano de idade e Gladys de três anos de idade,ambas lado a lado,na lápide exposta a poente do cemitério,em placa comemorativa - ali colocada cem anos depois - pela comunidade britânica,expressando: -"In Loving Memory"

Não pretendo usurpar estas identidades. Não ,de todo. Apenas dar acalmia a pesadelos que ao longo dos anos possuí sem saber da razão. Acredito na reencarnação,em vidas passadas e quiçá,futuras. tenho a minha fé sem ser fundamentalista. Rezo por vezes. Ouço-me em oração interna como interiorização maior ou expiação de pecados que julgo não ter. Não sou mais nem menos do que qualquer outro cidadão comum que pertence a este grande mundo global,determinando-me portuguesa,europeia (por enquanto...vamos ver) e mulher quanto baste. Não sou feia nem bonita,nem mais burra nem mais culta,acima da média. Nem o pretendia. pode ser fatal. mas acredito em valores maiores que nos regem nesta vida. Somos seres espirituais e muito mais do que nos fazem crer à nascença. Não sou perfeita,apenas humana. Posso até ser uma básica. Uma vulgar e,Primitiva,Selvagem e Perigosa amostra humana como nos consideram os "outros",os que estão acima de nós,os do "outro lado". Sem dúvida que nos são seres superiores,na parte científica da coisa,pelo menos!...Quanto ao coração,e a um alma nossa,isso já é outra coisa. Ou talvez não... quanto a mim,só quero ser feliz.
Como,todos nós...suponho. Bem-Hajam!