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quarta-feira, 30 de julho de 2014

A Língua dos Anjos


Pintura e Imagem de John Dee, Astrólogo da Rainha Isabel I de Inglaterra (ao lado)

Que Magia era esta, a que John Dee ritualizava na dimensão  alusiva a Anjos - invocando estes - numa espécie de linguagem sua em que comunicavam, riscando símbolos mágicos e diversos quadrados com as letras do Alfabeto? Que língua de Anjos era então esta, que assim se arrogava aquando John Dee se exultava em transe? Seria um desvio em Magia Negra - como alguns o conotaram pejorativamente - ou efectivamente o veículo transmissor dessa língua de Anjos?

John Dee - O Astrólogo da Rainha
John Dee (1527-1608) foi, por assim dizer, o visionário do Império Britânico e para além disso um Mágico obstinado! Como Matemático, Astrólogo e Alquimista soube aplicar cálculos geométricos na navegação, cunhou a palavra «Britânnia» para designar a Inglaterra e a Escócia e, desenvolveu um plano relativo à construção da frota britânica e à formação dos navegadores.
Foi ele também que fez o horóscopo para o dia da coroação da Rainha Isabel I, tornou-se seu conselheiro e ensinou-lhe também Astrologia. Em 1595, ela nomeou-o reitor do Manchester College.

A Técnica de Invocação
Com o seu médium Edward Kelley, Dee deu início a uma das mais invulgares explorações do Mundo Invisível de que há registo nos anais da História da Magia. Em grandes quadros de cera (chamados «almadel») riscava símbolos mágicos e diversos quadrados com as letras do Alfabeto.
Para além disso era colocado um espelho mágico numa mesa, pronto a ser usado e dividido em sectores (aethyr). Cada «aethyr» correspondia a uma determinada região do Mundo Invisível. Segundo Dee, estas regiões eram governadas por Anjos e Demónios que deveriam ser invocados mediante rituais específicos.

O Sistema Enoquiano
Durante os rituais, Kelley ficava em transe e no espelho mágico via aparecerem Anjos. Com uma vara, os Anjos iam indicando diversas letras nos quadrados , letras essas que John Dee ia assentando de acordo com as instruções de Kelley. A sequência das letras era então invertida, pois Kelley era da opinião que os Anjos as transmitiam assim de modo a que a sua força mágica se mantivesse intacta.
Dee achava que estas mensagens recebidas do Mundo Invisível constituíam os fundamentos do Enoquiano - a língua dos Anjos e aquela que Adão terá falado no Paraíso.
O Sistema Enoquiano da Magia então desenvolvido é, ainda hoje utilizado por organizações secretas, que se dedicam à Magia com vista a invocar espíritos.

Protocolo de Experiências Mágicas
O Erudito John Dee, constitui indubitavelmente uma das personalidades mais cativantes da História das Ciências Ocultas! O modo de actuação de Dee e Kelley abriu caminho para as experiências de espiritismo do século XIX e, também para a chamada «Soletração Automática».
As anotações de Dee acerca das suas invocações foram editadas em 1659 por Meric Casaubon (1599-1671). Na introdução dessa edição, Casaubon emite um juízo que teve um efeito bastante destrutivo sobre os estudiosos dessas ciências - algo que, até aos nossos dias, valeu a Dee a reputação de se ter dedicado à Magia Negra.

Kelley e o Espelho Mágico
Foi decisivo o encontro de John Dee com um sombrio jovem originário da Irlanda, Edward Kelley. Em virtude de falsificações por ele feitas, ambas as orelhas de Kelley haviam sido cortadas. Ainda assim conseguiu convencer o crítico e observador John Dee, de que era capaz de entrar em contacto com «seres espirituais». Logo na primeira tentativa, Kelley terá conseguido avistar um Anjo que Dee identificou como sendo Uriel. Deste Anjo terá então Dee recebido uma pedra obsidiana - o seu espelho mágico - onde Kelley conseguia testemunhar as aparições dos Anjos e, dos Demónios!

O doutor John Dee era filho de um membro da corte de Henrique VIII. Teve assim desde cedo um contacto de perto com a Casa Real Inglesa. Já adulto, julga-se que tenha sido o conselheiro Astrológico da Rainha Isabel I. Como, para além dos seus estudos astrológicos, tentou nos seus trabalhos aprofundar outros aspectos místicos e mágicos, o que para muitos dos seus contemporâneos se tornou numa figura algo inquietante e sinistra. Ainda hoje se não conseguiu livrar - de vez - da má reputação de ter-se dedicado à Magia Negra. Esperando que em futuro próximo tudo isso se possa erradicar da memória ou da consciência de alguns, ainda haverá por certo muitas outras interrogações sobre a fiabilidade apresentada nestas suas experiências que, o determinariam transmissor da dita língua dos Anjos. Seja como for, aqui fica o seu registo em assertiva ou quiçá instituída iniciação dos contactos espíritas efectuados então.
Para lá de todas as sequências mediúnicas e outras, haverá sempre a suspeição de algo maior, mais oculto ou mais premente nessas suas experiências mas que aqui, só me resta acrescentar de que a bem de todo um conhecimento futuro, tudo assim possa ser beneficamente explorado, pesquisado e instaurado na cultura da Humanidade. Pois que hoje e sempre, assim seja!

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