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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A Energia de Walberla


Planalto Walberla ou "Ehrenburg"  -  Franken  -  Alemanha

Que poderes místicos e energéticos possui este belo lugar em planalto mágico de solo germânico, onde se concretiza uma das mais antigas festas de celebração da Primavera, cuja história remonta ao século XVII?

A Energia de Walberla
Já em tempos muito remotos os seres humanos procuravam lugares onde se pudessem dedicar à introspecção, nos quais o seu desenvolvimento espiritual pudesse ser acelerado e, as suas forças melhoradas e aumentadas. Os centros energéticos - lugares em que as energias se concentram - podem ser fontes, margens de rios, baías ou mesmo formações rochosas invulgares, como é o caso de Ipf, um pequeno monte em Bopfingen, ou do Walberla, nas imediações de Forchheim.
Ocorreu uma catástrofe de enormes proporções quando há 3000 milhões de anos, na região suábia do Alb, a Norte do rio Danúbio, se deu a queda de um meteorito vindo do Céu que, ao embater no solo, destruiu toda a vida existente nas imediações.
Hoje em dia a cratera de outrora, uma extensão de terra conhecida como Ries-Kessel ( a caldeira de Ries), constitui um dos lugares místicos mais importantes de toda a Alemanha. As pessoas mais sensíveis afirmam ser capazes de sentir ainda hoje, a imensa energia cósmica proveniente do grande bloco de pedra vindo do Espaço. O Ipf - um monte de forma cónica com o cume plano que se ergue nas imediações de Bopfingen - na margem desta depressão com 23 quilómetros de largura, é tido como um lugar ideal para a introspecção.

As Festividades Anuais
A circunvalação que rodeia este planalto fornece indícios acerca de um eventual povoamento por parte dos Celtas, que terão escolhido aquele monte com o cume aplanado pelas condições de visibilidade ideais que este proporcionava e aí se instalaram. Se as razões que presidiram à escolha do lugar são também de natureza mística ou energética, mais não se pode fazer do que conjecturar.
Os visitantes dos nossos dias ficam muito entusiasmados com este monte classificado como paisagem protegida, não só pelas invulgares grutas naturais mas também por uma álea serpenteante, ao fim da qual se encontra, sob três velhas tílias, um lugar ideal para meditar. Desde há vários anos são aqui celebradas festividades que marcam a passagem do tempo e das estações do ano, como por exemplo, no solstício de Inverno.

Passeios no Paleolítico
Um sistema de valas em redor do impressionante planalto de Walberla, de tempos pré-históricos, situado próximo de Forchheim, na região de Franken, deixa adivinhar que ali se terá estabelecido uma presença humana por volta de 4000 a. C. A qualidade do solo, os campos verdejantes e os vastos pomares nas imediações e, em redor de Walberla - um monte com 1500 metros de comprimento, 300 de largura e cerca de 523 de altura - prestam testemunho da presença de uma utilização agrícola da zona desde há muitos séculos. Lâminas de sílex de caçadores e, recolectores do Paleolítico, comprovam que se verificaram ocasionalmente incursões nesta região nesses tempos remotos.

O Alcaçuz como Planta Medicinal
Todos os anos no primeiro domingo de Maio, inúmeros visitantes sobem até ao planalto do monte Walberla para aí celebrarem uma festa da Primavera. De acordo com a tradição, trazem consigo alcaçuz, que outrora crescia neste monte e era utilizado como planta medicinal e, nos dias de hoje, é cultivado nos jardins e hortas da região de Bamberg. Também as «bruxas modernas» e os grupos de danças tradicionais e, populares, redescobriram o monte e utilizam-no actualmente para festas de celebração dos solstícios.
Inúmeros usos e costumes da região apontam para cultos pagãos de outrora que, nos primórdios do Cristianismo, começaram a misturar-se com os rituais cristãos. De resto, toda a história deste imponente monte é acompanhada de muitas lendas.

Os Espíritos dos Antepassados
Uma santa chamada Walburga, terá no século XIII tido a intenção de erigir uma capela no alto deste antigo lugar de culto. Os espíritos dos antigos habitantes deste local terão ficado tão furiosos que lançaram pedaços do rochedo sobre ela, porém, os poderes da santa demonstraram ser superiores: Walburga obrigou os espíritos a construir uma capela com essas mesmas pedras. Em sinal de agradecimento, na noite de 1 de Maio, ela terá devolvido a liberdade a essas sombrias hostes. Desde então as bruxas e os feiticeiros aproveitam essa data para celebrar a «Walpurgisnacht» (a noite de Walburga), entregando-se a excessos orgiásticos.
Tirando esta altura do ano - que ainda nos nossos dias continua a ser comemorada com festas de cariz popular - os centros energéticos da Alemanha, permanecem envoltos na tranquilidade de paisagens isoladas. A magia que os envolve só se torna patente, àqueles que tiverem olhos para a ver, ouvidos para a ouvir e, cujos sentidos estejam alerta e abertos à magia dos pequenos momentos.

Os Centros Energéticos
Um centro energético é um local onde o espírito fica calmo e como que iluminado, onde nos sentimos bem-dispostos, com as energias recarregadas e, em paz connosco próprios.
Na busca de um centro energético, dever-nos-emos deixar guiar inteiramente pela nossa intuição.
As pessoas que andam à procura de centros energéticos deverão estar abertas e ser receptivas a novas experiências e, percepções. Infelizmente a maioria de nós, perdeu a sua sensibilidade natural para apreciar a magia de um determinado local, razão pela qual não deveremos ficar desiludidos se, não conseguirmos de imediato, experimentar uma visão esclarecedora ou algo semelhante.
As pessoas dotadas de poderes sensitivos especiais, aconselham a que se visite um desses lugares de concentração de energia a diversas horas do dia e, ao longo de vários dias, se tente investigá-lo e esquadrinhá-lo com os sentidos - deixá-lo surtir efeito sobre si - bem como aproveitar para meditar um pouco.
Os centros energéticos de culturas antigas são frequentemente atravessados por «linhas mediais», também chamadas pelos rabdomantes, «linhas de eloquência». Quando aí estamos, o nosso discurso é fluente, dotado de força e convicção, a capacidade de argumentação é melhorada e, sentimos-nos ligados a uma inspiração superior. Essas linhas mediais são detectadas pelos rabdomantes sob os púlpitos das igrejas, no centro de círculos de pedras ou nos recintos dos templos.

Ainda em relação ao Planalto Walberla - tido como confirmação dos poderes místicos deste lugar - nos dias de hoje, está classificado como Reserva Natural onde, como já se referiu, uma vez por ano no primeiro domingo de Maio, tem lugar a chamada festa de Walberla, uma das mais antigas festas de celebração de Primavera na região de Franken, cuja história remonta ao século XVII. Lugar místico e deveras respeitado por Celtas e Druidas - tendo sido habitado desde há 4000 anos - reporta-nos para o contemporâneo toda a sua aura de energias e poderes superiores, a quem o visite na contemplação e interioridade que se exige.
A bem de todas as coisas e, pelo conhecimento e cultura da Humanidade, assim possa continuar a ser!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Misteriosa Colina


Colina de Silbury Hill  -  Wiltshire  -  Inglaterra

Será mero acaso que também um Faraó Egípcio tenha mandado erigir uma construção semelhante, a pirâmide em degraus de Sakkara? Que segredos e mistérios haverá nesta colina em percepcionadas forças e, energias similares, às dos círculos de cereais e de pedras das proximidades?

Avebury - A Planície dos Gigantes
Na pequena localidade de Avebury, situada no condado de Wiltshire, ergue-se o maior conjunto de pedras dispostas em círculo de toda a Inglaterra; é maior e mais antigo que Stonehenge, se bem que este último seja mais famoso, e fica situado próximo de Salisbury. Cerca de 700 pedregulhos de formato tosco e irregular, provenientes do Período Neolítico (6000-2000 a. C.) estiveram outrora dispostos em três círculos concêntricos - em redor dos quais havia um talude igualmente circular - com um fosso de 15 metros de fundura. Nos nossos dias ainda resistem de pé 26 desses monólitos, alguns dos quais chegam a pesar até 40 toneladas. Habitantes desta localidade afiançam que, «as forças de Stonehenge eram transmitidas para Avebury».
Muito embora o círculo de pedras fique situado nas imediações de uma estrada principal (e talvez até por essa razão...) muitos são os visitantes que não conseguem escapar à sua influência mágica. Ao contrário de Stonehenge, onde o acesso é limitado, as pedras podem ser aqui tocadas livremente, podem ser feitas todas e quaisquer experiências com a vara de rabdomante e, ser comemoradas festas de inspiração mística e mitológica.

A Pirâmide em Degraus - Silbury Hill
Nas proximidades de Avebury ergue-se uma colina com quase 40 metros de altura chamada Silbury Hill. Escavações levadas a cabo em finais da década de 1960, indicam que esta colina terá sido formada artificialmente entre 2800 e 2600 a. C. No interior da colina, os arqueólogos foram encontrar uma pirâmide de pedra de seis andares. Daí a questão inicial do texto: Será mero acaso que também um faraó Egípcio tenha mandado erigir uma construção semelhante, a pirâmide em degraus de Sakkara?
O objectivo deste edifício, no qual uma mão-de-obra estimada num total de cerca de 700 homens terá trabalhado durante 10 anos, continua ainda hoje por esclarecer.

Mensagens nos Campos de Cereais?
Não deixa de ser espantoso o facto de - próximo de Silbury Hill - não passar um único Verão em que nos campos vizinhos não sejam desenhados misteriosos círculos e pictogramas, cuja origem é prontamente atribuída a extraterrestres. Os rabdomantes afirmam, ter nesta colina envolta em segredo e mistério, percepcionado as mesmas forças e energias que nos círculos de cereais e das pedras das proximidades.
A Kennet Avenue, uma impressionante avenida com perto de 200 monólitos ordenados aos pares, liga Avebury com o verdadeiro santuário pré-histórico desta região, o «Sanctuary», situado na pouco pronunciada Overton Hill. Furos efectuados nas pedras com grande precisão, revelam a possível utilização de vigas de madeira - que poderão ter desempenhado um papel na estrutura circular do templo. Neste pequeno círculo de pedras encontraram-se pedras de lava que são originárias da região alemã de Eifel.

Observatório Astronómico, Calendário ou...Local Sagrado?
O astroarqueólogo britânico Alexander Thom (1894-1985) via nos numerosos círculos de pedras existentes no seu país, uma espécie de observatórios astronómicos cuidadosamente planeados, bem como locais de culto com funções de calendário. Foi ele que conseguiu comprovar que os mestres-de-obras da Idade da Pedra e da Idade do Bronze, eram capazes de aplicar construções matemáticas complicadas e que com certeza já conheciam o princípio do triângulo-rectângulo, atribuído ao grego Pitágoras (c. 570-c. 500 a. C.).
Não obstante, estes conjuntos de pedras permanecem locais onde a investigação e a ciência não parecem ter - até hoje - obtido grandes resultados. Jamais foi encontrado um indício que esclarecesse aquilo que realmente se passou por estas paragens; jamais foi encontrado algo que fornecesse elementos irrefutáveis sobre o sentido e função de todos estes locais.
É verdade que o professor Richard Atkinson, do University College de Cardiff, encontrou em Avebury pedaços de chifre usados para escavar, fragmentos de sílex, machados e pedaços de cerâmica de diferentes épocas, mas permanece para sempre um enigma, aquilo que as pessoas de outrora pensavam - os seus anseios e aquilo em que acreditavam. Em todo o caso, Atkinson não pôde deixar de reparar que, muito embora aquelas construções pré-históricas tivessem sido utilizadas ao longo de milhares de anos, não havia por lá qualquer tipo de restos ou despojos que pudessem ser agora recuperados: "Fica-se com a impressão de que os construtores de Avebury e, de outros sítios semelhantes, se comportariam nestes locais como nós nas igrejas", comenta o investigador. Também nós não deixamos vestígios em locais que nos são sagrados.

Especulações em torno de Avebury
O investigador de assuntos da Antiguidade, John Aubrey (1626-1697) entendia os círculos de pedras da Inglaterra como tendo sido o principal local de actuação dos druidas. Comparava esses homens sábios aos profetas do Antigo Testamento. Com base no trabalho desenvolvido pelo psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), alguns cientistas pensam poder reconhecer em Avebury, a representação do arquétipo feminino do círculo, complementado com as pedras erguidas na vertical de um modo como que fálico.
Avebury compõe-se de um círculo a Norte e outro mais a Sul, já incompletos, mas em cujos contornos se avizinha o elemento feminino. O recinto de Avebury poderá ter sido criado num período em que as mulheres desempenhassem um papel preponderante - estar-se-ia então perante uma sociedade matriarcal.
Sabe-se que, os deuses masculinos, só se impuseram um pouco mais tarde, aquando da Idade do Bronze - no segundo e no primeiro milénio antes de Cristo.
Em 1979, um grupo de investigadores britânicos publicou os primeiros resultados de uma experiência por eles levada a cabo. Consistiu esta em medir impulsos de ultra-sons em diversos blocos, que compunham o círculo de pedras. Tendo sido repetida a experiência em pilares de betão aí implantados, não se obteve quaisquer resultados. Daí a interrogação: Terão então os círculos de pedras sido lugares capazes de promover curas, locais onde em tempos primitivos se repunha a energia que faltava a quem estava doente e, enfraquecido? Terão sido meros locais de culto ou muito mais do que isso?

De acordo com a tradição oral, esta misteriosa colina de Silbury Hill que se vê na imagem acima referenciada e, está situada em Wiltshire - no Sul de Inglaterra - representa o ventre prenhe da deusa da Terra dos tempos remotos de uma cultura matriarcal. Mas, será também ela uma outra referência digna de um outro registo intemporal e extraterrestre que, para além de evidenciar essas mesmas forças e energias envolventes dos círculos de cereais e das pedras das proximidades, nos quer transmitir algo mais? E que porventura estará ainda no segredo dos deuses...ou não? Que se esconderá por detrás de tudo isso e...quem o saberá já, nas muitas e estudadas investigações e pesquisas feitas ao ventre materno desta deusa da Terra em colina cerrada ao mundo? Que mistérios, que segredos e...com que fundamento?
Oxalá tudo se possa desvendar em breve numa perseguição incessante mas fluída e sensata com o que se deseja e, almeja, no maior conhecimento da História da Humanidade ou...fora desta. Assim seja então. A bem do conhecimento! A bem da Humanidade!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Bíblia dos Aranda


 
Pintura Rupestre Aborígene  -  Arnhelm Land  -  Austrália

Será possível que o «tempo dos sonhos» que simboliza para os Aborígenes a época da criação - em que a vida é formatada e inclusa num sistema cujos factores diferentes se interligam - e, permanecem eternos, seja conservada essa consciência ao longo dos milénios até aos dias de hoje? E, impeça os seres humanos do século XXI de regredirem tanto no esquecimento como na interdependência uns dos outros, assim como também da Natureza como um todo?

O Deus dos Aranda
Reza a lenda que, no tempo dos sonhos, Uluru foi erigido por duas crianças divinas. Altjira - o grande deus dos Aranda - um dos mais poderosos povos primitivos do mundo, colocou o Sol, a Lua e as estrelas no firmamento, formou as montanhas, os rios e os poços, plantou eucaliptos e flores silvestres, tendo também insuflado vida nos animais. Quando, depois de um demorado sono - se sentiu só - a partir de um pedaço de rocha extraído de Uluru, formou o ser humano. O deus revelou a este novo ser vivo todos os seus segredos e, ordenou-lhe que os transmitisse fielmente às gerações vindouras, de modo que a Humanidade pudesse viver e desenvolver-se.

Portadores de Tradição Cultural
Os conhecimentos integrados na mitologia do tempo dos sonhos foram efectivamente transmitidos sob a forma de canções, danças e através de objectos sagrados. Não obstante, ao longo dos últimos 200 anos, esta tradição antiquíssima foi sendo parcialmente destruída pelos colonialistas ingleses. Só já demasiado tarde é que os Etnólogos da metrópole descobriram aquilo que permitiu a salvação dos Aborígenes: os chamados homens selvagens da Idade da Pedra não só não constituíam uma horda controlada por instintos desenfreados, como eram mesmo portadores de uma tradição cultural multimilenária, cujos conteúdos e noções remontam ao começo dos tempos.

A Bíblia dos Aranda
O missionário britânico Carl Strehlow chegou em 1894 à Austrália e, ofereceu a muitos Aborígenes a protecção dos abusos por parte dos agricultores brancos.
Por vontade dos feiticeiros indígenas, ficou encarregado de preservar e perpetuar o tesouro espiritual dos Aborígenes para tempos futuros, para quando houvesse mais apreço e compreensão pela sua cultura.
Com base na grande quantidade de material recolhido, Strehlow pôde compilar a chamada «Bíblia dos Aranda», bem como dicionários da língua Aborígene. As mensagens desta bíblia podem perfeitamente ser condensadas em algumas orações simples:
- As condições de vida das gerações vindouras apenas se manterão intactas se, os homens viverem em harmonia com a Natureza.
- O canto, a dança e a narração de contos, são actividades que estimulam a energia vital.
- Todos os seres humanos têm a responsabilidade de zelar por que as regras de ouro da vida e, os valores espirituais, sejam transmitidos de geração em geração.
Tem de se enaltecer ainda, que os Aborígenes não encaram os próprios filhos como propriedade sua, nem tão-pouco se consideram responsáveis pelo seu carácter e personalidade.
Toda a tribo Aborígene constitui a família das crianças e todos têm os mesmos pais: as forças dos antepassados e, a Mãe-Terra!

Os Espíritos Ancestrais como Arquétipos
O tempo dos sonhos simboliza para os Aborígenes, a época da criação em que toda a vida formava parte de um sistema, cujos diferentes factores se encontravam interligados. Tratava-se de uma densa rede de relações que ganhava vida, quando os espíritos eternos dos antepassados se manifestaram pela primeira vez.
Ainda hoje os Aborígenes são capazes de conjurar a «djang» - a energia espiritual do tempo dos sonhos - quando celebram as cerimónias que os seus antepassados lhes ensinaram e com eles estabelecem contacto.
Acreditam ter a possibilidade de, através dos espíritos dos defuntos, penetrar no eterno tempo dos sonhos - aquela época em que todas as coisas foram criadas - e na qual, todas as coisas permanecem eternas.
É curioso que, místicos medievais como São Francisco de Assis, o mestre Ekkehard e Hildegarda de Bingen tenham defendido precisamente a mesma ideia acerca da criação - como um princípio universal de vida - semelhante ao que os Aborígenes australianos defendem também.
É possível que esta consciência, conservada ao longo dos milénios, impeça os seres humanos do século XXI de continuar obstinadamente a fazer como se tivessem esquecido o facto de que, todos nós, somos dependentes uns dos outros e, da Natureza como um todo!

Na Austrália vivem actualmente 160 mil Aborígenes, reunidos em tribos com 50 a 500 membros, preparando-se cada uma destas para as cerimónias com a sua própria pintura corporal.
A pintura rupestre representada inicialmente, encontra-se em Arnhelm Land no Território do Norte. Uma vez que os Aborígenes não utilizaram quaisquer registos escritos até à época moderna, os seus mitos foram transmitidos exclusivamente por meio de imagens figurativas. O ser humano aqui reproduzido ostenta pinturas cerimoniais. Para a História Universal ficar-nos-à então, esta belíssima pintura rupestre em sinal, urgência e conselhos dados em mítica apresentação, do muito que ainda temos de calcorrear em busca de uma perfeição e harmonia individual - e mesmo interactiva entre todos nós - num todo universal também. Que assim possa ser de futuro. A bem do conhecimento! A bem da Humanidade!

A Jóia Sagrada


Uluru - Ayers Rock  -  Austrália

Que magia e poderes supremos encerra este enigmático monte na Austrália, uma das mais belas jóias do nosso planeta, em concepção espiritual e energias cósmicas de todo um povo Aborígene?

Uluru - O Monte Sagrado da Austrália
No centro do Continente Australiano, a sudoeste de Alice Springs, encontra-se aquela que será seguramente uma das mais belas jóias do nosso planeta: trata-se de Uluru - que em inglês se chama Ayers Rock. Para os indígenas da Austrália, os Aborígenes, este gigantesco monólito é tão sagrado como o é, o Monte do Templo para os Judeus ou a «Caaba» - uma pedra negra incrustada no pátio interior da Grande Mesquita de Meca - para os muçulmanos. De acordo com uma lenda, foi em Uluru que teve início a criação do mundo.

Local de Peregrinação
Uluru converteu-se num lugar de peregrinação para pessoas de todas as culturas que andam em busca de experiências místicas. A Natureza oferece-lhes aqui um cenário apropriado: de manhã este maciço, que se parece com um animal primitivo deitado a dormir, reluz na sua coloração amarelo-dourada, como se fosse âmbar, ao passo que quando o Sol se põe, este brilha como um rubi.
As nuvens carregadas de chuva, que escassas vezes aparecem no estado australiano denominado Território do Norte - onde se encontra situada esta montanha com 330 metros de altitude, costumam conferir a Uluru uma enigmática cor semelhante à de uma opala com um brilho baço.
Uluru é um lugar com espaços femininos e masculinos consagrados, com cavernas silenciosas, pontos onde a água corre e pedaços de rochas salientes. Os caminhos do tempo dos sonhos, o período de génese da própria Austrália, confluem neste lugar e conferem-lhe uma magia que constitui um terreno fértil para mitologias ancestrais se desenvolverem.

Os Filhos dos Espíritos
Os Aborígenes acreditam que uma mulher poderá dar origem a uma concepção espiritual se entrar em contacto com as forças mágicas de um determinado lugar. Em Uluru existem as chamadas cavernas da fertilidade, onde se encontram pedras enormes em forma de falo. Segundo os indígenas, a superfície lisa dessas pedras deve-se ao facto de já muitas mulheres haverem esfregado nelas os seus corpos, para assim estimularem a fecundidade. De seguida, sentavam-se próximo de poços de água e em zonas arborizadas nos arredores de Uluru, onde segundo os Aborígenes ainda hoje podem ser vistos - assim o momento seja favorável - os chamados «filhos dos espíritos», seres frágeis que as mulheres atraíam ao seu regaço para lhes dar de comer.

O Misticismo do Amanhecer
Também aqueles que não sejam muito versados na História Primitiva da Austrália podem empreender a subida de Uluru, desde que o façam ao nascer do Sol e que para tal sejam utilizados os caminhos pré-estabelecidos. Os Aborígenes esperam assim conseguir que, através da vivência desta experiência mística, pessoas de outras culturas possam partilhar a sua cosmovisão.
O certo é que este lugar, situado no centro geográfico da Austrália, não deixa indiferente quem o visita: no horizonte recorta-se a silhueta do maciço de Kata Tyuta, também conhecido como Olgas. Esta cordilheira, composta por 36 montes e cumes diferentes, estende-se a oeste de Ayers Rock, sobre uma área de 36 quilómetros quadrados e, é formada por rochas já muito gastas e fragmentadas pelos efeitos das intempéries. O seu nome, já muito antigo, pode traduzir-se por «lugar das muitas cabeças», pois supõe-se que aí residam muitos antepassados do tempo dos sonhos.

Austrália: esse imenso continente que, desde há pelo menos cinquenta mil anos, é povoado e incentivado por estas energias cósmicas em albergue central de um majestático santuário de seu nome Uluru ou Ayers Rock.
Ninguém poderá ficar indiferente a esta emanação poderosa que de dentro de si advém numa corrente existencial de magia ou enigmática surpresa que trará também dentro de si, individualmente. Hoje e sempre, Uluru beneficiará se todos o comungarmos em visita, expurgação ou purificação em seu solo australiano. E, preservação acreditamos. Assim possa continuar a ser. A bem do conhecimento! A bem da Humanidade!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Ancestral Cidade


Ruínas (escavações arqueológicas) de Çatal Huyuk  -  Anatólia  -  Ásia Menor

Que se passou de tão enigmático com os nossos antepassados? Quem terá levado a cabo os esforços de domesticação de animais mais bem-sucedidos da História da Humanidade? Terão os homens da Idade da Pedra sido mais pacíficos que os que se lhes seguiram, demonstrando assim um maior grau de progresso?

Çatal Huyuk - Lugar de culto da Grande Deusa
No extremo sul do planalto Anatólio permaneceu enterrada durante milénios uma das primeiras cidades de todo o mundo. Quando em 1952 o arqueólogo britânico James Mellaart aí deparou com testemunhos da Idade da Pedra cobertos de terra, não fazia ainda ideia que debaixo da suave inclinação daquela colina se pudesse esconder algo de sensacional. Naquele mesmo lugar, há 8000 anos, haviam seres humanos da Idade da Pedra realizado um acto pioneiro e, inaudito. Sob a égide de uma divindade feminina de formas voluptuosas, os habitantes de Çatal Huyuk protagonizaram uma das mais invulgares evoluções culturais na História da Humanidade. As razões que terão levado a tomar este passo no sentido do progresso é precisamente aquilo que os investigadores da Antiguidade procuram desde há décadas no Próximo Oriente.

A Primeira Cidade
"Consegui distinguir restos de paredes queimadas, o que poderia querer dizer apenas uma coisa: tratava-se de casas, muitas casas. Não restaram depois disso quaisquer dúvidas no meu espírito: Çatal Huyuk era uma enorme cidade da Idade da Pedra." É deste modo que Mellaart descreve as suas primeiras impressões.
Os habitantes de Çatal Huyuk desenvolveram uma admirável vida em conjunto: como se de favos de cera se tratasse, construíram casas rectangulares e, transformaram-nos em complexos residenciais com pátios interiores. Os espaços interiores eram alcançados através de uma abertura no telhado por meio de escadas, uma vez que não havia ruas, nem sequer portas que permitissem a entrada para o interior. Ao que parece, esta forma de construção levava a que sucedessem muitos acidentes - como fica comprovado pelos esqueletos encontrados que evidenciam ossos com vestígios de fracturas.
Cerca de 10 mil pessoas terão habitado nessa cidade, que era simultaneamente o centro de um culto de fertilidade, como comprovam frescos e, estátuas ai existentes. Num contentor para cereais foi encontrada em perfeito estado de conservação, uma pequena figura de uma matrona Deusa-Mãe, prestes a dar à luz uma criança. Esta figura de formas generosas e, carnudas, personifica a capacidade reprodutora dos seres humanos, bem como da Terra.

O Fim dos Deuses
Assistiu-se por volta de 4000 a. C. ao fim súbito destes rituais em honra da Deusa-Mãe. Depois de invadirem esta região, povos Indo-Germânicos provenientes do Sul da Rússia introduziram religiões de cunho patriarcal. As deusas, ás quais de acordo com a mundivisão dos nossos antepassados se deve o progresso registado no Neolítico, foram tornadas supérfluas pelas novas crenças. é interessante registar que, juntamente com elas, também uma das antigas cidades conhecidas da História da Humanidade entrou em decadência.

O Segredo de uma Revolução
A Península da Anatólia e, em geral toda a Ásia Menor, foram até ao início do século XX consideradas regiões de fronteira entre culturas. Os Romanos construíram palácios e templos impressionantes sobre as ruínas da cultura selêucida que no século III a. C. nascera como herdeira das conquistas de Alexandre Magno. Antes disso, haviam vivido os Persas nestas terras.
O interesse dos estudiosos dos séculos XVIII e XIX concentrou-se sobretudo no que restava de antigos monumentos. Só a pouco e pouco é que achados mais antigos começaram a dar que pensar à comunidade científica. Passados três milénios em que estiveram envoltos pela escuridão da História, foram postos a descoberto por escavações, os restos do Império dos Hititas - um povo guerreiro que no segundo milénio antes da Era Cristã, fundou o reino de Hatti no Leste da Anatólia.
Esses estudiosos haviam também já deparado com os restos de antigas Cidades-Estados do início da Idade do Bronze a partir de 3000 a. C. - antes ainda de terem vindo parar a esta fértil península.
A lendária cidade de Tróia fora uma dessas antigas Cidades-Estados, porém não era a mais antiga povoação da Ásia Menor: 3000 anos antes - entre 8000 e 6000 a. C. - deverá Çatal Huyuk ter vivido o seu auge. Esta povoação neolítica encontrava-se cercada por uma muralha fechada. Se tal se destinava à protecção de ataques inimigos, parece no mínimo e de certa forma duvidoso, já que ao longo da sua milenar história não se encontram quaisquer vestígios de batalhas. Daí que se coloque a mera pergunta: Terão os homens da Idade da Pedra sido mais pacíficos que os que se lhes seguiram, demonstrando assim um maior grau de progresso? Esta questão fica no ar, pelo que apenas podemos supor.

Génios da Idade da Pedra
Em todo o caso, os habitantes de Çatal Huyuk deverão ter sido inventores fantásticos. A partir de 6000 a. C., a sua cidade desenvolveu-se não apenas enquanto centro de produção agrícola e de comércio mas também funcionou como um pólo de atracção para artistas, como certos artefactos funerários e pinturas murais dão a entender. Bastaram poucos séculos para que esta população da Ásia Menor evoluísse de uma sociedade tribal primitiva, para uma cultura citadina bem organizada.
O significado de tudo isto torna-se mais claro, quando pensamos que o ser humano passou dois milhões de anos, ou seja, 99 por cento de toda a História da Humanidade - como caçador e recolector - e a viver inserido em tribos errantes. De repente, porém, deu-se uma alteração decisiva, a chamada «revolução neolítica». O modo de vida, a organização económica, a técnica e a cultura alteraram-se de forma radical e então, o homem conseguiu a partir daí, passar a cultivar espécies de cereais que até então se haviam mantido silvestres - como é o caso do trigo e da cevada. Também animais que anteriormente viviam em estado selvagem, como carneiros, cabras e vacas, foram domesticados.
Pertence ao domínio da especulação, o modo como os nómadas terão conseguido alcançar tudo isto sem conhecimentos prévios de agricultura.
Em Çatal Huyuk pode estudar-se com base nos achados aí recolhidos, o modo como a relação entre o Homem, a Natureza e a técnica se foi alterando. Aquilo que desencadeou esta evolução apenas foi conhecido por estes génios da Idade da Pedra, tendo permanecido até aos nossos dias um segredo.

Ritos de Fertilidade
A crença em ritos de fertilidade tem-se mantido inalterada até ao século XXI. Os habitantes das ilhas Trobiand, um povo da Papua-Nova Guiné, continuam ainda hoje a praticar uma dança da fertilidade que imita o acto sexual; no Japão, por ocasião de festas de fertilidade, as mulheres carregam pelas ruas enormes falos de madeira. Estes últimos pretendem simbolizar a fusão do Céu e da Terra, e constituem uma condição necessária para que se verifique uma boa escolha de arroz.
Na Europa Central são colocadas bonecas de palha nos campos onde se acabou a colheita. Como referiu o antropólogo inglês James George Frazer (1854-1941), também em muitos costumes associados aos casamentos, estão contidos vestígios de antiquíssimos ritos de fertilidade dos nossos antepassados.

O Ponto de Partida da Civilização
Como inicialmente se referiu, surge-nos as questões sobre este povo: Que se passou de tão enigmático com os nossos antepassados? Quem terá levado a cabo os esforços de domesticação dos animais mais bem-sucedidos da História da Humanidade? Ainda hoje, não somos capazes de domesticar certos animais, como as gazelas, transformando-os em espécies das quais possamos tirar proveito. Foi esta «economia de produção» que constituiu a condição básica para um novo estádio de evolução da civilização. Associada a ela está a permanência, o sedentarismo, a construção de locais de residência e de meios de obtenção de água, bem como o estabelecimento de estruturas de comunicação. Desde então as evoluções técnicas permitiram ao ser humano actuar deliberadamente sobre a Natureza.
Pela primeira vez, uma espécie do reino animal conseguiu impor-se não por um processo de adaptação genética mas, através de evolução cultural, mesmo sob condições diferenciadas em termos de meio envolvente.

Em Çatal Huyuk permaneceram escondidos muitos tesouros históricos que se mantiveram em óptimas condições até aos nossos dias, não só por condições climáticas benéficas como pela situação geográfica do local. Tanto nos museus turcos como no próprio recinto arqueológico estão expostos artigos de louça, pinturas murais, armas cortantes feitas de obsidiana, ossos de animais, esqueletos humanos e instrumentos de pedra. As escavações foram tão meticulosas que se tornou possível ficar com uma imagem muito detalhada da vida e, do quotidiano dos habitantes de Çatal Huyuk. Ter-se o conhecimento e, a verdade histórica desta ancestral cidade de Çatal Huyuk, é ter-se a dimensão real de toda a potencial cultura do que nos faz ser hoje cidadãos do mundo em descoberta e, revelação. Que assim possa continuar a ser! A bem do conhecimento! A bem da Humanidade!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Mística de Kailasa


Templo de Kailasa  -  Ellora  -  Índia

Que Arquitecto Divino ou Entidade Superior terá idealizado e, edificado, esta maravilhosa construção em toda a sua pujante personificação da força criativa?

Os templos Indianos esculpidos na Rocha
Quando em Ellora, no estado indiano de Maharastra, se segue por uma parede de rocha orientada a oeste, poder-se-à visitar um total de 34 grutas. Não se trata porém, de grutas comuns, já que operários trabalharam nelas durante cinco séculos, com vista a «construir» para hindus, budistas e jainistas (seguidores da religião indiana conhecida como Jainismo) um templo, um mosteiro e salas de reunião a partir da rocha já ali existente. Foi assim que, as mais invulgares das criações arquitectónicas do Sul da Índia, tiveram a sua origem.

Um Edifício Único
No final desse caminho, quando se julga já ter visto todos os edifícios dignos de interesse, a construção mais espantosa de todas aguarda ainda o observador: trata-se do templo de Kailasa, que pertence seguramente ao grupo dos mais arrojados empreendimentos arquitectónicos da Humanidade. Todo um templo, com a grande complexidade de concepção espacial que lhe é inerente, foi literalmente esculpido na rocha, tanto as suas formas exteriores como todo o seu interior. Há que tomar consciência deste feito.
O templo ocupa o dobro da área do Pártenon de Atenas e, tem uma vez e meia a altura deste. Durante mais de um século de construção foram retiradas 200 mil toneladas de pedra do local. O templo de Kailasa é dedicado ao deus Shiva e, é uma representação do monte Kailasa nos Himalaias, morada de Shiva.
O templo está assente sobre uma base de rocha maciça, o que acentua ainda mais o seu efeito imponente.

O Templo de Kailasa
No templo de Kailasa revela-se a predisposição mística das religiões indianas. A planta deste templo baseia-se na geometria sagrada das mandalas, em que a organização concêntrica reflecte a estrutura fundamental do próprio Universo. O ser humano apenas criou o não-essencial, o espaço vazio: o templo em si sempre esteve presente, embora escondido - no rochedo - apenas teve de ser «libertado» por ele, por assim dizer. Desde o início do mundo que Shiva teve neste rochedo a sua morada. Desde que o templo foi acabado passou a estar visível aos olhos do povo.

Templos para Três Religiões
Os templos hindus tradicionais possuem uma decoração diferente dos demais. Foram trabalhados de cima a baixo e tiveram de ser objecto de um planeamento cuidado, já que foram necessárias gerações e gerações para levar a cabo os trabalhos que resultaram na complicada arquitectura que os caracteriza.
Algumas grutas, originalmente budistas, foram modificadas e adaptadas para servir como templos dedicados a Shiva, transformando os budas em deuses hindus. Os templos dos Jainistas exibem a estrita ascese desta religião, não são tão grandes nem estão tão profusamente carregados de figuras e ornamentos como os templos budistas e hindus, no entanto podem nele ser vistos trabalhos de grande detalhe.

Arquitectura Divina
Os templos mais antigos das cavernas de Ellora foram criados no século V pelos budistas, tendo a maioria delas servido como «Viharas», ou seja, Mosteiros. Nestes templos de rocha encontram-se salas espaçosas com estátuas de budas com mais de seis metros de altura. É com justiça que estas obras únicas são conhecidas como grutas de Vishvakarma, pois este é no hinduísmo a personificação da força criativa, o arquitecto divino. Só uma entidade assim, poderia então ter idealizado e, edificado esta maravilhosa construção.

Simbolismo da Caverna
Desde há muito que, a caverna é tida como um local de iniciação e da revelação de mistérios. Em tempos arcaicos, os iniciandos eram conduzidos às cavernas sagradas com vista a adquirir os primeiros conhecimentos sobre os segredos religiosos. Era na caverna que, em virtude de esta ser um símbolo do regaço da grande Mãe-Natureza, tinham lugar ritos em torno da morte e do renascimento. A escuridão da gruta promove a meditação e a concentração no mais profundo do próprio ser, precisamente onde a divindade se manifesta. É a partir da caverna que se desenvolve o santuário, o centro do templo, que na Índia recebe o nome de «Garbha-Griha» (Câmara do Ventre). É aí que se encontra a imagem da divindade.
Não apenas nos templos escavados na rocha, mas em geral o local mais sagrado dos templos na Índia, passou a ser quase sempre uma câmara escura e, sem ornamentação.

Uma Aura Mística
Numa sala de reunião para meditações de um templo budista em Ellora, o tecto foi concebido como se houvesse traves de madeira e, através da semiescuridão reinante, criar-se um ambiente eminentemente místico. Os escassos raios de luz vindos da entrada apenas iluminam partes do interior e, quando os olhos se habituam a essa ténue penumbra, tornam-se visíveis as figuras quase fantasmagóricas nas paredes. As diferentes fases da vida de Buda são dadas a ver ao observador.

Pinturas
Em Ajanta, nas paredes de um desfiladeiro em forma de meia-Lua que o rio Waghora formou, encontram-se mais de 30 grutas com vários andares. As mais antigas remontam à época compreendida entre 200 a. C. e 200 d. C. Só 400 anos mais tarde é que as restantes grutas foram criadas. Alguns destes templos albergam pinturas murais notáveis. Mantiveram-se em óptimas condições de conservação ao longo de todos estes anos por estarem perfeitamente protegidas da chuva e, do calor.
As cenas históricas que representam a vida do Buda Siddharta Gautama constituem o monumento mais grandioso da pintura budista na Índia. Ilustram as famosas viagens que o príncipe encetava a partir do seu palácio, durante as quais ficou a conhecer o sofrimento das pessoas, decidindo após isso, renunciar ao mundo e ir em busca das origens do sofrimento. Assiste-se às tentativas de subjugar Siddharta por parte de Mara, uma personificação da morte, estando este apostado em desviar Siddharta do intento de espalhar os seus ensinamentos pelo mundo. Com base nas chamadas «játacas», relatos populares e didácticos budistas, são aqui representadas as vidas anteriores de Buda, oferecendo assim uma análise aprofundada sobre as condições de vida na Índia há 2000 anos.

Representações Artísticas de Buda
Na entrada de um dos templos budistas de Ellora, surge-nos uma estátua de Buda de grandes dimensões, que o representa enquanto monge e asceta. O tamanho desta representação escultórica pretende lembrar aos visitantes que, a renúncia constitui o primeiro passo no caminho rumo ao budismo.
Abaixo dela vê-se o Buda sentado na posição de lótus a pregar - colocando em movimento a roda do «darma». Mais abaixo temo-lo representado enquanto Maitreya, a personificação do amor que tudo abrange. Na teoria dos cinco budas terrestres, este é o último e, é esperado numa época futura - numa altura que ainda está para vir. A sua representação na posição sentada mais comum indica-nos que, está prestes a levantar-se.

O Templo de Kailasa foi declarado Património Cultural Mundial no ano de 1983 pela UNESCO. Fazer-se-à então justiça e por certo póstuma homenagem, aos muitos (supomos) canteiros e escultores que durante gerações e gerações trabalharam na rocha desde o século IV até ao século X.
Sem nos esquecermos eventualmente do seu arquitecto divino ou entidade superior que, como aqui já foi referido, terá havido a supremacia total em luz e veemência de deuses na construção e edificação de tamanha maravilha na Índia. Só assim se pode ilustrar o que, na ancestral História Universal, os nossos antepassados e nossos antecessores nos deixaram na magistralidade eterna que hoje observamos. Respeite-mo-lo então, dignificando-o e preservando-o nessa igual e eterna admiração em solo indiano. Para sempre assim seja! A bem do conhecimento!

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A História dos Deuses



Eram os Deuses Astronautas? - Enigmas indecifrados do passado, algo que ainda hoje o autor deste livro «bíblico», Erich von Daniken se impulsiona e, repercute em milhares de pessoas que tal como ele se interrogam, questionam e acabam por chegar à única conclusão possível: os gigantes eram astronautas extraterrestres - ou os descendentes deles - num cruzamento com seres humanos!

Sodoma e Gomorra: foram destruídas por uma explosão atómica. Ló foi instado a apressar-se na retirada com a sua família, porque a contagem regressiva já havia começado.
Profeta Ezequiel - A visão do profeta Ezequiel era, na realidade, o aportamento de astronave procedente do espaço exterior. O mesmo, quanto aos veículos que retiraram vivos da Terra o patriarca Enoque e o profeta Elias.
Na Pré-História, seres humanos estiveram acima da estratosfera e descreveram a Terra como é hoje vista a bordo de uma cápsula espacial. Essa descrição consta de plaquetas de argila encontradas na colina de Kuyundjik, que fica no território onde viveram os Sumérios.
Encontraram-se desenhos e maquete de abrigo anti-aéreo, à prova de exploração nuclear, que datam de 3000 anos a. C.
Encontrou-se no Egipto um calendário exacto, cuja idade é superior a 4000 anos. Há desenhos pré-históricos que representam astronautas operando controles no painel de comando de um foguete.

Erich von Daniken afirma:" Nenhum abismo é tão assustador, nenhum Céu tão cheio de milagres, como o legado dos Sumérios é repleto de problemas, enigmas e mistérios, quando observado com «olhos de espaço cósmico»". Remete-nos então, algumas das muitas curiosidades da mesma área geográfica:
- Em Geoy Tepe, desenhos de espirais, uma raridade há 6000 anos.
- Em Gar Kobeh, uma indústria de pederneiras, à qual se atribuem 40.000 anos de idade.
- Em Baradostian, achados idênticos, com a idade provável de 30.000 anos.
- Em Tepe Asiab, figuras, túmulos e instrumentos de pedra com data anterior a 13.000 anos passados. No mesmo local, foram encontrados excrementos petrificados que, possivelmente, não são de origem humana.
- Em Karim Schair encontraram-se buris e outras ferramentas.
- Em Barda Balka, foram desenterradas ferramentas e armas de pederneira.
- Na caverna de Schandiar encontraram-se esqueletos de homens adultos e de uma criança, que datam de cerca de 45.000 anos antes da nossa era, conforme avaliação realizada pelo processo do C-14.

Erich von Daniken assevera ainda de que, as conclusões a serem tiradas da presença de visitantes especiais na Terra em períodos pré-históricos, têm de ser ainda completamente especulativas. Contudo, por motivos até agora impossíveis de imaginar, lá estavam os Sumérios, com a sua potencial cultura, sua astronomia e sua técnica. Argumenta ainda, perante a hipotética ocorrência de visitantes no Espaço Cósmico na Antiguidade:
- No Líbano existem fragmentos de rocha vítrea, chamados tectites, nos quais o americano doutor Stair descobriu isótopos radioactivos de alumínio.
- No Iraque e no Egipto foram encontradas lentes lapidadas de cristal, que hoje só podem ser manufacturadas, mediante a aplicação de óxido de césio - produto que só pode ser obtido por processos electroquímicos.
- Em Heluã, existe um pedaço de pano tecido com uma delicadeza e suavidade que hoje, na actualidade, só poderiam ser reproduzidas numa fábrica especializada, por tecelões de grandes conhecimentos e notável experiência técnica.
- No museu de Bagdad estão expostas pilhas eléctricas secas que, trabalham segundo o princípio galvânico. No mesmo local podem ser admirados elementos eléctricos com eléctrodos de cobre e, um electrólito desconhecido.
- A Universidade de Londres possui- em seu departamento Egípcio - um osso pré-histórico, amputado com mestria 10 centímetros acima da articulação da mão direita, em corte liso de 90 graus.
- Nas montanhas da região asiática de Kohistan existe um desenho, em certa caverna, que reproduz as posições exactas dos corpos celestes, como de facto as ocupavam há 10.000 anos. Os planetas Vénus e Terra estão unidos por linhas.
- No planalto do Peru foram encontrados ornamentos fundidos em platina.
- Num túmulo em Chou-Chou (China) encontraram-se partes de um cinto feitas de alumínio.
- Em Delhi, existe um velho pilar de ferro, que não contém fósforo e, por isso, não pode ser destruído por influências meteorológicas.

Erich von Daniken faz-nos então questionar de novo, impondo estas questões em jeito conclusivo: "Esta abundância de «coisas impossíveis», afinal, dever-nos-ia deixar ao menos curiosos e, inquietos. Mediante tais recursos qual seria a intuição destes seres primitivos, habitantes de cavernas, chegando a desenhar os astros em suas posições exactas? De que oficina de precisão se originam as lentes de cristal lapidado? Como terão conseguido fundir e lapidar ornamentos de platina, uma vez que esta só começa a fundir-se a uma temperatura de 1800 graus? E, como terão obtido alumínio, metal que só com dificuldades consideráveis pode ser extraído da bauxita? Só nos resta então concluir por hipótese, de visitas do espaço cósmico, uma vez que não estamos preparados a aceitar, ou admitir, que antes da nossa cultura tenha havido outra mais elevada."

O autor do best-seller "Eram os Deuses Astronautas" acaba este magnífico livro em sublime realidade dos novos tempos em que afirma de que o Homem tem diante de si um futuro grandioso que, superará o seu grandioso passado. Regista então: "Não temos culpa de que no Universo existam milhões de outros planetas. Não somos responsáveis pelo facto de a estátua japonesa de Tokomai - de muitos milhares de anos de idade - ostentar em seu capacete fechos modernos e viseiras. Nem sequer, pela existência do relevo de pedra de Palenque... Menos ainda somos culpados se o Almirante Piri Reis não queimou seus velhos mapas e, se os livros antigos e as tradições da História da Humanidade apresentam tantos aspectos desconcertantes... Porém, teremos culpa se, sabendo de tudo isso, não o levarmos em consideração; não o levarmos a sério!"

Como revisão espectral de todo o seu magistral livro de mente aberta e argumentação fiel, Erich von Daniken expira a sua grandiosidade também na eloquente reiteração final:
"Precisamos da pesquisa do Espaço Cósmico, da pesquisa do futuro e, da coragem para encetar projectos de aparência impossível (...). O projecto de uma bem coordenada pesquisa do passado, capaz de trazer-nos recordações preciosas do futuro. Recordações que, então, terão sido comprovadas e que, sem a necessidade de apelar para que nelas se creia, esclarecerão a História da Humanidade. Como uma bênção para as gerações futuras."
Nada mais a acrescentar a não ser: bem aventurado Erich von Daniken que esta divulgação e publicação subsequentes se reiterou em décadas passadas mas não esquecidas na verdadeira História dos Deuses, na verdadeira História da Humanidade! Bem-Haja por isso. A bem dessa Humanidade!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A Lendária Lumneta


Trelleburgen  -  Dinamarca

Que povo foi esse que erigiu os «trelleburgen», dos quais pelo menos um estava iluminado de modo tão místico? Qual a origem de tanta luz, de tal modo forte a ponto de em seu torno se formar uma religião e serem atraídas pessoas de pontos distantes da Europa?

Trelleburgen - As Fortificações Elipsoidais na Dinamarca
Ao longo de toda a Dinamarca foi em tempos remotos estendido um fio invisível no qual ainda hoje se alinham diversos lugares sagrados como que num fio de pérolas. A estes taludes defensivos singularmente altos dá-se o nome de «trelleburgen», por analogia com a mais conhecida de todas estas estruturas, situada próximo da localidade de Trelleborg, na ilha de Zelândia. No interior desta encontram-se 16 figuras elipsoidais iguais que impressionam pela precisão da sua concepção.
Fora da área defendida pelo talude ficam situadas outras 13 estruturas elipsoidais - ordenadas num arco circular perfeito em relação ao centro da fortificação. Que arquitectos e engenheiros terão planeado e posto em prática esta planta de contornos perfeitamente simétricos? E, com que finalidade o terão feito?

Fortificações Familiares?
Durante bastante tempo os arqueólogos julgaram que estes taludes, construídos por volta do ano 980, serviriam de casernas aos Vikings, sendo as elevações do terreno planeadas à semelhança dos grandes navios em que navegavam. Porém, descobertas mais recentes e o facto de nestas supostas  casernas terem sido descobertas ossadas de crianças e mulheres, sugerem-nos então outras possibilidades de interpretação.
Os «trelleburgen» deixaram assim de ser encarados simplesmente como velhos fortes, passando a constituir um dos mais recentes grandes enigmas do mundo.

A Religião Pagã da Luz
Se observarmos atentamente a localização das fortificações, todas elas foram dispostas de acordo com um plano rigoroso que permitia apenas um desvio máximo de dez graus do Pólo Norte magnético nas suas coordenadas, o que as unia ao longo e em torno de um eixo de simetria de centenas de quilómetros. A isto juntava-se um culto pagão há muito esquecido, do qual durante muito tempo não se soube que a origem estaria tão a Norte: trata-se da «Religião da Luz».
O centro geográfico dessa religião era localidade mítica de Iumne ou Lumne, com a qual ao longo de muitos séculos parecia difícil de dar. Em 1066, o cronista Adam von Bremen refere que o caminho que leva a Iumne passaria por Oldenburg, no Norte da Alemanha, acrescentando que eram Eslavos, os povos que viviam em redor dessa região, porém essas indicações não deixaram de originar alguns equívocos.
Procurou-se esse local na proximidade de Szeczin, actualmente uma cidade na Polónia, tendo ficado completamente esquecida uma segunda cidade chamada Oldenburg, situada na zona costeira do Norte da Alemanha, localidade essa que hoje em dia ostenta o nome de um povoado Viking, Haithabu. Além disso, por volta do ano 900, todos os povos do Norte eram genericamente referidos como sendo Eslavos.
Levando tudo isto em conta e, encetando uma nova busca de Iumne (ou Lumne) ir-se-à prontamente dar a Aggersborg, a maior das quatro fortificações elipsoidais da Dinamarca.

A Lendária Lumneta
Em mapas antigos, Aggersborg é chamada Luxstedt (Cidade da Luz) ou Lumneta. O antigo historiador Helmoldus, do século III, escreveu a propósito: "Onde o mar Báltico corre para o mar aberto existiu outrora Lumneta, a famosa cidade. Era local de permanência e de visita de bárbaros e gregos (...). Assim, vinham de todas as cidades da Europa (...). Após a destruição da cidade e dos costumes pagãos, os habitantes passaram a vaguear por aí."
No centro dessa localidade erguia-se o mais importante santuário desta religião pagã, uma construção que emitia uma luz tão forte que a cidade recebeu o nome de Luxstedt. Daí as muitas interrogações: Que povo foi esse que erigiu os «trelleburgen», dos quais pelo menos um estava iluminado de modo tão místico? Qual a origem de tanta luz, de tal modo forte a ponto de em seu torno se formar uma religião e serem atraídas pessoas de pontos distantes da Europa? Terá havido em permanência, visita e estabelecimento terrestre, algo de muito celestial ou de tecnologia surpreendente em conhecimentos de civilizações estelares?
Os vestígios de desaparecidos de Lumneta foram reencontrados. Agora é tempo da arqueologia e toda a envolvente científica dar - ou tentar dar - resposta às questões em aberto.

Construções de grande Dimensão
Ao passar de avião por cima de Trelleborg, o piloto dinamarquês Preben Hansson (n. 1923) reparou na configuração simétrica da fortificação. Uma estrutura em forma de cruz de grandes dimensões parecia indicar-lhe o caminho, pelo que ele apontou o piloto automático nessa direcção. Para sua surpresa, a rota marcada levou-o até à segunda destas fortificações, Eskeholm, depois até à terceira, Fyrkat, e finalmente até Aggersborg. Resta saber com que sistema de orientação terá sido possível traçar um percurso que se estende ao longo de mais de duas horas de voo, isto numa altura bem antes dos Vikings (século VIII).

No século IX, não havia nada que os países costeiros da Europa mais temessem do que os Vikings, que com silenciosos navios se aproximavam dos seus territórios e, através de saques, aterrorizavam populações inteiras até ao Norte de África. Os «trelleburgen» foram em parte usados por estes escandinavos com fins militares, mas não foram eles os seus verdadeiros construtores.
Num museu da cidade dinamarquesa de Roskilde podem ser admiradas embarcações comerciais e de guerra dos Vikings e, nos meses de Verão, a direcção do museu oferece também a possibilidade de navegar em réplicas dos originais expostos.
Nada mais a acrescentar do que a convicta e revigorada insinuação de que outros povos, outras civilizações terão pisado a Terra em solo escandinavo, denunciando-se deuses ou senhores das estrelas em iluminados eflúvios nessas fortificações elipsoidais. A não ser assim, que luz magnífica seria então essa que irradiava por todo o lado em luminescência estranha e nunca vista até aí? E, que parecia ter uma espécie de íman, atraindo todos os povos da Europa a si circundantes e não só? Ficarão as respostas por dar até que arqueólogos, cientistas e historiadores cumpram efectivamente o seu árduo trabalho e, planeamento, em todas estas questões que ao longo dos tempos têm permanecido secretas e misteriosas. Assim seja então! A bem do conhecimento!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Constelação de Ingá


Itaquatiara de Ingá  -  Nordeste do Brasil  -  Amazonas

Terão os indígenas que viviam na selva há dez mil anos conhecido e, utilizado, uma escrita simbólica? Que quereriam estes artistas Pré-Históricos comunicar através destas representações figurativas? E a quem seriam destinadas...? Aos deuses, aos povos contíguos ou aos seres vindos das estrelas e, estabelecido contacto com essas forças superiores através dos seus símbolos?

Os Símbolos da Itaquatiara de Ingá
Um dos documentos mais invulgares da História da Humanidade permaneceu durante milénios escondido nas florestas tropicais do Amazonas. Na região Nordeste do Brasil, oitenta quilómetros a leste da cidade de Manaus - uma verdadeira metrópole no meio da selva - ergue-se nas margens do rio Ingá um imponente bloco de pedra com 23 metros de largura e 3 metros de altura.
A sua superfície está repleta de enigmáticos símbolos: linhas serpenteantes, espirais, seres de aspecto humano, outros deles estranhos e também animais que se assemelham a dinossauros. Daí as muitas perguntas que hoje fazemos perante tamanha dimensão artística: Que quereriam eles comunicar através destas representações figurativas? E a quem terão sido destinadas? Terão os indígenas que viviam na selva há dez mil anos conhecido e, utilizado, uma escrita simbólica? Terão sido os Egípcios a deixar aqui esta mensagem lavrada em pedra, como alguns acreditam? Ou terá em tempos longínquos existido uma cultura megalítica que se espalhou pelo mundo inteiro?...
Nenhuma destas questões pode até hoje ser respondida satisfatoriamente, mesmo sendo cada uma delas parte integrante de uma hipótese arrojada.

Descobertas Fantásticas
Foi em 1944 que o brasileiro Anthero Pereira, professor de Arqueologia na Universidade de São Paulo, se deparou na região de Ingá - até então inacessível - com uma itaquatiara, uma palavra de origem Tupi que designa um enorme bloco de granito coberto de gravuras, desenhos ou pinturas.
No decurso das investigações realizadas em torno deste bloco de pedra, os cientistas chegaram à conclusão de que, já há 5000 anos, muito antes do aparecimento dos primeiros sinais de escrita na Suméria ou no Egipto, os indígenas do Amazonas usavam símbolos que se assemelhavam em muito a uma língua escrita.
As expedições de investigação realizadas a regiões do Nordeste brasileiro deram conta da existência de numerosos locais semelhantes, os quais haviam permanecido dez milhares de anos sob a protecção de grupos e, desfiladeiros de vertentes escarpadas. Terão os sacerdotes e os soberanos pretendido perpetuar conhecimentos, transmitindo-os aos vindouros através daqueles desenhos? Teriam através dos símbolos estabelecido contacto com forças superiores?
O que mais desperta a atenção, é efectivamente o enorme e, intencional esmero, com que aqueles sinais com apenas alguns milímetros foram gravados na pedra dura. Por que razão se teriam dado a tão grandes trabalhos, sendo eles simples caçadores, recolectores e, pescadores?

Cultos Cósmicos
O bloco de pedra de Ingá parece ter sido o centro de um culto religioso, no âmbito do qual se realizavam observações astronómicas que se deverão ter revestido de grande importância. Já em 1974 o doutor José B. Medeiros, do Rio de Janeiro, publicou um estudo no qual demonstrava a semelhança entre determinados círculos na itaquatiara e, a Constelação de Orion, bem como a própria Via Láctea. Com base noutros desenhos - que foram identificados como sendo representações de Marte, de Júpiter e de Saturno - fica a ideia de que astrónomos antigos terão calculado há 6095 anos a localização concreta de uma determinada constelação. A Itaquatiara de Ingá parece também ter sido um calendário solar, uma vez que a sombra que projecta vai passando, uns após os outros, por 114 pequenos círculos, os quais demonstram claramente o ciclo solar anual. Por fim, o doutor Francisco C. Pessoa, do Rio de Janeiro, reconheceu constelações que, nas narrativas mitológicas dos índios brasileiros Tupi-Guarani, desempenham um importante papel espiritual.
Certas ideias religiosas e culturais dos tempos mais primitivos da Humanidade, mantêm-se até aos nossos dias praticamente inalteradas: lavradas em pedra e, transmitidas oralmente. As gravuras rupestres brasileiras constituem assim uma ponte fantástica entre a actualidade e aqueles seres humanos que, há centenas de gerações, começaram a questionar o mundo em que viviam, enviando os resultados dessa reflexão - registados em pedra - numa viagem pelo tempo até ao futuro.

Culturas Universais
Em 1945, o linguista brasileiro Alberto Childe, do Rio de Janeiro, foi a primeira pessoa a reparar nas assombrosas semelhanças entre as inscrições rupestres da Itaquatiara de Ingá e, outros sinais que foram encontrados nos Andes peruanos e na distante ilha da Páscoa, no meio do Oceano Pacífico.
Passado pouco tempo, um explorador francês, o professor Marcel Homet, entusiasta da Pré-História, visitou os locais megalíticos da selva brasileira e comparou os glifos aí encontrados com a escrita grega antiga e, com os sinais da escrita fenícia. A representação de uma flor de lótus parece indiciar uma ligação à Sardenha, assim como aos Celtas. Talvez os criadores das gravuras tenham pertencido a uma cultura que terá outrora estado espalhada por todo o mundo. Representações de navios encontradas na Amazónia poderão indicar a existência - já remota no tempo - desses contactos, com uma civilização entretanto desaparecida. Toda esta demonstração pictórica revela-nos também a existência de chefes tribais e xamãs, uma vez que, estão representadas não só corpos celestes e constelações mas, figuras com as respectivas cabeças ornamentadas.

Os seres humanos que há dez mil anos cobriram com figuras simbólicas este bloco de rocha situado na região de Ingá, no Amazonas, deverão ter tido de facto, estes conhecimentos de Astronomia bastante exactos. Daí que se questione então, toda esta simbologia na pedra em revelação ou mesmo comunicação com os seres estelares que provavelmente os visitariam e, interagiam com eles. São meras suposições mas que, existencial e razoavelmente nos intriga, pelo tanto que é exposto nesse imenso bloco de pedra na Amazónia. Acredita-se que algo de muito evocativo e superior aí se terá gerado no que hoje em dia apenas podemos supor, especular e mesmo insinuar desses povos ancestrais em selva cerrada mas, agora, aberta ao mundo num portentoso tesouro pré-histórico, mitológico e astronómico. Que se preserve, que se estude e se nos revele na verdadeira dimensão de conhecimentos havidos como uma espécie de constelação terrestre em sapiência e, sabedoria futuras. Assim seja!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Criatura do Lago


Fotografia de Nessie - O Monstro de Loch Ness - Escócia, tirada pelo doutor Rober Kenneth Wilson em 19 de Abril de 1934 (tendo sido mais tarde declarada uma falsificação...) onde a imagem surgiu na edição de 28 de Abril desse ano, no jornal Illustrated London News.

Existirá de facto esta imensa criatura nas profundezas do lago em réstia de «Elasmossauros» que povoaram a Terra há cerca de 60 milhões de anos? Terão sobrevivido e, continuado a reproduzir-se em segredo ao longo de todos estes milhares de anos?

A Criatura do Lago
Tudo se passou ao entardecer de um calmo dia de Agosto de 1963. O agricultor Hugh Ayton estava a trabalhar com o seu filho e mais três homens nas imediações do Loch Ness, um lago profundo, cuja superfície reflecte um brilho enigmático e que, fica situado no Norte da Escócia.
De repente, registou pelo canto do olho um movimento no lago. Quando olhou naquela direcção, Ayton viu uma criatura gigantesca, semelhante a um réptil, cuja cabeça ascendia a cerca de dois metros de altura ou, acima da superfície da água para se ser mais exacto. O tronco do animal teria - de acordo com as declarações dos companheiros de trabalho de Ayton - uns dez a doze metros de comprimento.

Nessie - A estranha Criatura das profundezas do Lago
Já antes, em 1933, a criatura do Loch Ness fora avistada por pessoas que passeavam nas imediações. O senhor John Mackay e a sua esposa, descreveram um animal com duas bossas, cada uma delas com alguns três metros de comprimento. Depois de um jornal local ter apresentado um artigo acerca desse singular encontro, àquela criatura do lago já ninguém se referia a não ser como «monstro».
Desencadeou-se então uma verdadeira onda de histeria e, nos tempos que se seguiram, registaram-se relatos de numerosas aparições do animal. Ainda nesse mesmo ano foi feita a primeira foto de Nessie - nome pelo qual o monstro não tardou a ser conhecido. Outras se seguiram. Todos estes relatos acabaram mais cedo ou mais tarde por ser declarados falsos; não obstante, a «nessiemania» estava já lançada. Para os investigadores, a possibilidade de existência de uma espécie por classificar afigurava-se bastante interessante...

Uma Luz no escuro mundo Subaquático
Uma das provas mais convincentes da existência real de Nessie foi apresentada em Agosto de 1972. O lago foi então navegado por especialistas equipados com sonares, que sob a direcção do investigador Robert Rines varreram toda a profundeza das águas, da superfície até ao fundo. A 8 de Agosto, o sonar detectou no Loch Ness um objecto com cerca de sete a dez metros. Nas imagens daí resultantes, surgem os possíveis contornos de uma criatura com as características atrás mencionadas, isto é, pescoço comprido e bossas.
Em 1975, uma outra expedição voltou a produzir imagens semelhantes. O doutor Georg H. Zug, zoólogo e curador da exposição de répteis e anfíbios do Smithsonian Institute de Washington, classificou Nessie, um ser vivo até então desconhecido, e atribuiu-lhe o nome científico de Nessiteras rhombopteryx.

O Último Dinossauro do Mundo?
As descrições e fotos do Nessiteras rhombopteryx da Escócia assemelham-se aos chamados «Elasmossauros» que povoaram a Terra há cerca de 60 milhões de anos. Possivelmente um - ou mais - dos animais que habitam no Loch Ness terão sobrevivido e ter-se-ão continuado a reproduzir em segredo ao longo de muitos milhares de anos. Certas testemunhas oculares chegam mesmo a afirmar ter visto Nessie com uma cria pequena.
Cientistas de renome têm desde há alguns anos vindo a defender a realização de investigações mais aprofundadas neste lago escocês. Uma vez que o Loch Ness tem uma carga bastante grande de partículas em suspensão, o trabalho dos fotógrafos submarinos e dos mergulhadores, estaria logo à partida muito dificultado. Para além do mais, no fundo do Loch Ness não se consegue ver absolutamente nada, pois este está coberto por uma densa e impenetrável camada de lodo que, alberga perfeitamente tudo aquilo que lá se (quiser) esconder. Os investigadores anseiam no futuro não apenas por fotografias - que não suscitem já quaisquer dúvidas quanto à sua veracidade - mas sim, pela derradeira e inquestionável prova: trazer a própria Nessie à superfície.

Ogopogo e Manipogo - os «familiares» de Nessie
Animais aquáticos semelhantes a dinossauros foram também avistados no Canadá. O chamado Ogopogo, de quase 22 metros de comprimento, vive no lago Okanogan e o Manipogo - captado em vídeo por câmaras automáticas - tem cerca de oito metros e vive num lago mais pequeno no Leste do Quebeque.
Estes animais fascinam não apenas os Canadianos mas também cientistas de todo o mundo, que lhes estão no encalço. Também no Japão há relatos de terem sido avistadas criaturas semelhantes a Nessie em diversos lagos. Uma delas, o Issie, tem mesmo o estatuto de estrela dos media, ao passo que uma outra, baptizada de Kussi, tem já a sua própria associação de defensores.
Foi há bem pouco tempo que o Kussi se apresentou a fotógrafos amadores com os seus orgulhosos nove metros de comprimento. Aquilo que está por detrás destas aparições constitui um enigma, tal como Nessie desde há décadas.

Terá então de se fazer justiça - talvez - ao pioneiro médico de Londres, o doutor Robert Kenneth Wilson que, em 19 de Abril de 1934 terá captado a fotografia de Nessie, embora ainda hoje se sustenta a ideia e, o cepticismo, desta ser falsa. Actualmente existem muitas outras fotografias pelo mundo inteiro de hipotéticas criaturas semelhantes a Nessie mas, por serem de reduzida qualidade, não se poder esclarecer afirmativamente se se trata de modo efectivo e claro destes mesmos exemplares. Elasmossauros ou não, em vivências perpetuadas no tempo - em reprodução e continuação - acredita-se de que algum dia se chegará à verdade dos factos e elementos que o possam comprovar, não obstante continuarem-se investigações e estudos sobre esta espécie sobrevivente na Terra mas, sem que com isso, se derrube e se extinga por mão do Homem, estes belíssimos exemplares de sobrevivência pré-histórica surpreendente. Que se estude, analise, pesquise e derrube barreiras de oclusão mas também, sem criar a habitual atmosfera de «caça às bruxas» em que ninguém ganha com isso. Temos de o fazer respeitando regras e princípios na continuação desses seres do lago que por alguma razão, subsistiram na Terra. Não vá agora o Homem quebrar tudo isso. Assim seja então! A bem do conhecimento!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Imagem Alma


Imagem ampliada da expressão de Bigfoot, filmada a 20 de Outubro de 1967 por Roger Patterson

Qual a razão de nenhum dos cadáveres ter sido encontrado, pelo que os investigadores têm conhecimento de tantas mortes havidas de Almas, Yetis, Yowies, Sasquatchs ou Bigfoots?

Vestígios nos Himalaias  -  Na peugada de Yeti/Bigfoot
Testemunhas oculares ocidentais referem já em 1887, os invulgares vestígios deixados na neve do maciço dos Himalaias. Em 1925, o aventureiro grego N. A. Tombazi avistou pela primeira vez nas montanhas de Sikkim, a figura animal associada a tais pegadas. Tombazi descreve que, a criatura que viu andava erecta e por vezes parava e ficava de pé, a mordiscar arbustos. Quando reparou que estava a ser observada, desapareceu de imediato. Tombazi procedeu à medição das pegadas deixadas no chão durante a fuga, chegando à conclusão de que estas tinham 15 centímetros de comprimento e 10 centímetros de largura, pelo que não correspondiam de todo, ao pé de um ser humano adulto.
Nos anos 30 e 40, relegada para segundo plano pela Segunda Guerra Mundial, a investigação sobre o Yeti pouco avançou, mas logo de seguida, nos anos 50, registou-se uma verdadeira caça ao Yeti.
Em 1951, e de acordo com o jornal Londoner Times, a chamada Everest Reconnaissance Expedition, liderada por Eric Shipton, encontrou pegadas frescas na neve. Tratava-se de um pé com três dedos, acrescido de um quarto dedo lateral com função preênsil. A pegada tinha 23 centímetros de largura e 33 centímetros de comprimento. Em 1955, uma outra expedição encontrou dois escalpes de Yeti. Estes, porém, vieram a revelar-se falsificações, tal como muitas descobertas feitas antes e depois.
Em 1961, o alpinista Edmund Hillary, que recebeu em 1959 uma distinção honorífica pela sua ascensão ao monte Everest em 1953, citou o monte Everest como habitat do Yeti, muito embora nunca tivesse sequer visto este homem das neves.
Essa sorte parecia estar reservada para outro montanhista que entrou para a História com o feito de ter sido o primeiro ser humano a chegar ao cume de todos os montes mundiais com mais de 8000 metros de altitude: trata-se de Reinhold Messner. Este afirma ter visto o Yeti nos Himalaias pela primeira vez em 1986 e, pela segunda vez, um ano depois.

Bigfoot
Os parentes Norte-Americanos do Yeti parece serem um pouco menos reservados que este último. Dão-se a ver com bastante frequência e, regularidade, e entretanto já se tornaram tema de produções televisivas e cinematográficas, tendo adquirido notoriedade a nível internacional.
A questão sobre se o Bigfoot é real ou antes um produto da imaginação humana, é um tema tão controverso como a própria existência do Yeti, que a maioria dos investigadores toma por uma espécie de urso que, as lendas e os mitos trataram de elevar ao famoso estatuto de «Homem das Neves». Ainda assim, numa revista que aborda a temática do Bigfoot, a "Bigfoot News", guardas florestais e guardas de caça dos EUA e do Canadá, não cessam de publicar relatos sobre pegadas de grandes dimensões e, excrementos por eles encontrados, bem como de encontros reais com criaturas que se assemelham a enormes macacos de aspecto humano.
Uma prova documental à qual nos círculos de entendidos sobre o Bigfoot é conferida grande importância, é o filme de Patterson e Gimlin. A 20 de Outubro de 1967, nas imediações de Bluff Creek, na Califórnia, o americano Roger Patterson conseguiu registar em filme os movimentos de um Bigfoot, o qual dá alguns passos, aparentemente sem grande pressa, afastando-se do leito de um ribeiro onde se encontrava na direcção da orla de um bosque próximo.
As opiniões dos contemporâneos de Patterson acerca do filme, dividiram-se. Alguns viam naquele filme, uma prova de que o Bigfoot efectivamente existia, enquanto outros defendiam tratar-se de uma falsificação.
Por muito que se tentasse, até hoje ninguém conseguiu provar que o filme de Patterson é um logro. Ultimamente têm-se levantado vozes que afirmam que John Chambers - o caracterizador do filme de ficção científica «O Planeta dos Macacos» - teria criado o Bigfoot de Patterson a troco de alguns dólares. Chambers nega com veemência essa acusação.

Os Almas da Sibéria
Das estepes da Sibéria e das quase inacessíveis terras montanhosas do Cáucaso, chegam-nos testemunhos acerca do Alma - a versão russa do Bigfoot e do Yeti. Já durante a Segunda Guerra Mundial surgiram relatos de prisioneiros de guerra e que, no decurso da sua fuga através das inóspitas regiões siberianas, se teriam deparado com criaturas de até dois metros de altura, cobertas de pêlo e com um tronco comprido, pernas curtas e olhos rasgados. Segundo eles, as mãos destes «animais» tinham a mesma forma das mãos humanas.
A Universidade de Ulan Bator, na Mongólia, recolheu numerosos relatos deste género, sobretudo acerca de encontros fortuitos com estas estranhas criaturas. Os investigadores de Ulan Bator têm também conhecimento de casos em que Almas já foram mortos, porém até hoje nenhum dos cadáveres foi encontrado. Do mesmo modo que actualmente e, nos círculos científicos se associa o Yeti a uma espécie de urso desconhecida, também são avançadas algumas hipóteses interessantes acerca da origem dos Almas.
A doutora Myra Shackley, da Universidade de Leicester, considera que poderão ser o que resta de uma população de homens de Neanderthal que terão sobrevivido na Mongólia.

Espécie humanóide, bípede, híbrido humano e por fim, Homo Sapiens Cognatus, em qualquer destas verificações análogas entre si (ou não) estaremos perante não um enigma civilizacional mas porventura, uma espécie que se perpetuou no tempo em origens de civilização de Neanderthal. Isto, segundo alguns investigadores...mais cépticos ou avessos a outras teorias de conspiração genéticas entre si também. Seja como for, pelos relatos que ao longo dos tempos foram sendo transmitidos por testemunhas oculares das muitas histórias relativas a Yetis, Almas ou Bigfoots (para além de outras designações pelo mundo inteiro) esta criatura - verdadeira - existindo nos vários pontos do globo, ter-se-à mantido em refúgio e habitat pelo que ainda hoje de si se desconhece. Mesmo que, sendo feitas análises a toda a sua morfologia, nunca venhamos a saber - pelo menos tão rapidamente como desejaríamos - da sua verdadeira essência em berço genético ou quiçá genoma adverso ao dos humanos em diferente génese, física e mental de raciocínio e, inteligência. Mas aguardamos. Que a Ciência e, mais importante ainda, que os homens - cientistas e entendidos - nos possam assim revelar essa outra verdade em realidade desmistificada nessas criaturas, humanas ou não. Assim seja então! A bem do conhecimento!

A Existência do Bigfoot


Foto de Bigfoot, retirada de filme amador de Roger Patterson em 1967 - Bluff Creek - Califórnia

Será esta espécie um resquício humano que para trás foi deixado no tempo em Homem de Neanderthal ou um produto híbrido fabricado e, congeminado, por outras espécies mais desenvolvidas e ditas extraterrestres? Que conterá o seu ADN que nos possa revelar da sua origem?

A Existência do Bigfoot
Pegadas de grandes dimensões na região dos Himalaias, material filmado verdadeiramente sensacional e, relatos de experiências aterradoras provenientes da Sibéria, pretendem demonstrar que, para além dos seres humanos e dos restantes animais, existe ainda uma terceira possibilidade: uma espécie a meio caminho entre o ser humano e o animal, também capaz de se deslocar em pé.
Esta criatura, semelhante ao ser humano, deverá ser de grande estatura, bastante tímida e estar coberta de pêlos. Nunca ninguém conseguiu observá-la durante o tempo e, com a proximidade suficientes, para se conseguir uma descrição detalhada. Apenas as pegadas, encontradas e preservadas na neve ou na lama, puderam até hoje ser fornecidas para análise e apresentadas como prova da existência deste ser desconhecido. No maciço nepalês (Nepal) dos Himalaias, onde foi pela primeira vez avistado em 1887 - no decurso de uma expedição - este ser vivo «monstruoso» recebe o nome de Yeti.
Não é apenas nos Himalaias que parece existirem figuras semelhantes ao Yeti. Na América do Norte há relatos e, imagens do Bigfoot, a vaguear sozinho pelos bosques, ao passo que no Canadá este recebe o nome de Sasquatch - passeando-se igualmente pelas vastas regiões desabitadas deste país.
Também nas estepes da Sibéria foram avistadas criaturas semelhantes a seres humanos mas, cobertas de pêlo - os Almas - e, na ilha de Samatra, investigadores de uma organização britânica de defesa do ambiente chamada «Fauna and Flora International» depararam recentemente com uma criatura semelhante, o «Orange Pendek», um hominídeo semelhante a um macaco.

O Yeti
No Nepal, os Sherpas (os habitantes das montanhas) consideram o Yeti um animal invulgarmente tímido. Esta designação composta pelas palavras nepalesas «yeh» e «teh», significa: animal de carne e sangue. Com base numa tradução errada, o nome desta criatura é em muitos relatos falsamente descrito, como sendo sinónimo de: «Abominável Homem das Neves», para além de ser responsabilizado por matar reses crescidas e, reconhecido como capaz de correr mais depressa do que um cão.
Dada a sua estatura - os Sherpas falam de três metros de altura - o Yeti poderá então ser uma criatura perigosa se houver um confronto com um ser humano, mas segundo parece, este homem das neves está pouco interessado neste tipo de encontros. De resto, se houvesse interesse da sua parte, com certeza já o teríamos visto mais vezes nas proximidades de lugares onde viviam seres humanos.

Será o Yeti, um Urso?
Já nos anos 30 era avançada a hipótese de que, na realidade, as pegadas de Yeti encontradas nos Himalaias não passassem de pegadas de ursos.
O doutor Ernst Schafer, antigo explorador do Tibete, escreveu em 1991 o seguinte a Reinhold Messner: "Em 1934, o general Liu Hsiang, o antigo senhor da guerra da província de Sechuão, dirigiu-me um pedido no sentido de dar a conhecer o enigma do Yeti e, de lhe arranjar um casal destes peludos «homens das neves» que ele pudesse ter no seu jardim zoológico privado. Tive a oportunidade de concretizar esse pedido no ano seguinte, em 1935, numa região bem no interior do Tibete, inabitada e próxima da nascente do Iansequião. Aí, liquidei numerosos Yetis, que na realidade se tratavam de poderosos ursos do Tibete."
Com o correr do tempo foram descritas três espécies de ursos do Tibete e Reinhold Messner acabou por tomar o partido daqueles que julgam que o lendário Yeti, é na realidade apenas uma raça de ursos, a «Ursus Arctos».

Uma Prova em Filme
Num filme amador que Roger Patterson fez em 1967 em Bluff Creek, no Norte da Califórnia, pode ver-se durante alguns segundos uma espécie de macaco humano. Após ter sido analisado por especialistas Russos e Ingleses, estes declararam que a criatura é autêntica. Com uma estatura de cerca de 1, 95 metros e, uma passada com um comprimento de cerca de um metro, esta criatura é claramente maior que o ser humano médio. A largura dos seus ombros e a da sua cintura apontam para um peso que poderá rondar os 130 quilos. Uma vez que na opinião dos investigadores nem o modo de andar nem o próprio comportamento da criatura que surge no filme de Patterson parecem artificiais, põe-se de parte a hipótese de se tratar de uma falsificação.

Possuindo distintos e diversos nomes mas todos eles condizentes com semelhante criatura das neves, só nos resta acrescentar da sua origem em que, específica e concretamente, já teremos hoje em dia mais dados para o que se nos põe em interrogação e veemente insinuação: será que esta criatura é proveniente de alguma espécie de «fabricação» alienígena ou extraterrestre em ADN simulado, manipulado?
Há quem rectifique na actualidade em documentação e realização laboratorial diversos elementos que acrescentam mais ao que sabíamos até aqui. São estes: análises ao padrão nuclear da criatura; mitocondrial, (ADN), histopatologia (exame microscópio do tecido), análise forense (cabelo) e microscopia electrónica.
De todos estes exames feitos - supondo-se que terão conseguido «capturar» uma destas criaturas - vaticina-se um nome sui generis: Homo Sapiens Cognatus. Elaborou-se a tese de ser um produto de hibridização (réstia de Neandertais e Denisovans) em genomas do nosso próprio ADN. Concluía-se de que, este ser híbrido humano era portador do genoma dos nossos ancestrais (Denisovans), contendo um segmento de DNA de outra espécie...daí que esta conclusão se verifique.
Nada se pode asseverar com a fiabilidade que se deseja, uma vez que estes exames feitos, o terão sido à revelia ou como é comum nestes casos, envoltos em mistério e secretismo absolutos. Expirando cá para fora essas mesmas ditas análises - em quase violação de segredo de justiça ou ficheiros secretos lacrados - o certo é que, transpirando para o mundo exterior estas conclusões, só poderemos beneficiar das mesmas em pura especulação e meras hipóteses havidas - pelo que os próprios cientistas imbuídos e investidos nesta matéria, terão sido ameaçados e, forçados, a não revelar ao mundo as suas conclusões de laboratório forense. Daí que nos fique apenas a incerteza mas ainda assim a hipótese. Híbrido, ser civilizacional de outro território terreno (ou extraterreno) ou simplesmente o tal ser: Homo Sapiens Cognatus; o assunto não ficará por aqui...ainda. A bem deste. A bem do conhecimento de todos nós!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Sepultura Extraterrestre


Cadáver mumificado de Extraterrestre  -  Atacama  -  Chile

Terá efectivamente o padre Le Paige realizado uma das descobertas mais inacreditáveis da História da Arqueologia na sequência destes achados, supostos cadáveres extraterrestres?

O Segredo do Padre Le Paige
A 29 de Abril de 1975, a notícia de uma descoberta sensacional percorreu o mundo. O arqueólogo e missionário Gustavo le Paige estava convencido de, na sequência de escavações levadas a cabo no Chile, ter encontrado os cadáveres de seres vivos semelhantes a humanos, possivelmente originários de um outro planeta e que, há muitos milhares de anos, haviam sido sepultados na nossa Terra.
Na época, impôs-se a questão se acaso não teria sido vítima de um logro o padre Le Paige. Mas, subsequentemente também, agitaram-se movimentos e opiniões científicas sobre a autenticidade destes achados em que, Le Paige, se reverteria como tendo realizado efectivamente uma das mais poderosas e, inacreditáveis descobertas da História da Arqueologia. Para além - na referida época - se desconhecerem ainda esses supostos cadáveres extraterrestres que, já mais tarde por volta do ano 2003, se redescobririam no deserto de Atacama, no Chile. Em 1975 ainda não se sabia destes achados ou onde possivelmente, estes jaziam, trasladados que foram para outro sítio. A questão permanece ainda hoje em aberto: onde se encontram esses supostos cadáveres extraterrestres? Apesar das recentes descobertas como é o caso referido acima em foto exposta, os achados do padre Le Paige continuam mesmo nos dias de hoje a serem uma interrogação loquaz pelo que destes ainda nada se sabe da sua possível localização.

Múmias Extraterrestres em San Pedro
Quando o padre Le Paige (1903-1980), originário da Bélgica, apareceu corajosamente diante da imprensa, fez a seguinte declaração: "Julgo que nas sepulturas que descobri, terão sido enterrados seres extraterrestre. Os rostos de algumas das múmias que encontrei tinham formatos que até hoje nunca foram vistos na Terra."
Afinal de contas, Le Paige não era uma pessoa qualquer!...
Foi em 1955 que chegou na sua qualidade de padre à aldeia de San Pedro, situada no deserto de Atacama e povoada por meras 2500 almas - um pequeno oásis a 2400 metros de altitude no Norte do Chile. Contudo, para além de padre, Le Paige era também arqueólogo, pelo que começou a investigar a cultura dos habitantes do deserto de Atacama.
No espaço de apenas 20 anos, Le Paige põs a descoberto cerca de 5500 sepulturas, desenterrou cântaros de barro cozido, martelados na pedra, correntes de ouro e outros adornos, tendo ainda descoberto um centro cerimonial usado pelos povos indígenas do deserto no vulcão Licancabur (5916 metros).
Por toda a sua contribuição para a arqueologia, foi concedido a Le Paige o grau de Doutor Honoris Causa; recebera já algumas das mais altas distinções do Estado Americano e de alguns outros países do continente americano, para além de ser cidadão honorário do Chile.
O padre Le Paige terá sabido bem que, ao fazer um anúncio destes, poderia pôr em causa o seu bom-nome e, a obra de toda uma vida, mas ainda assim arriscou tornar pública a sua inacreditável descoberta. Este padre Jesuíta parecia estar perfeitamente convencido daquilo que afirmava. Estaria enganado? Ou...assertivamente correcto na sua convicção de descoberta extraordinária, remetemos nós.

Os Cadáveres Desaparecidos
Contudo, o padre Le Paige levou o segredo consigo para a sepultura. Quando morreu em 1980, os cadáveres mumificados parecem ter sido silenciosamente transportados do local onde se encontravam. É possível que estes enigmáticos achados tenham sido levados em segredo para a Universidade Católica de Antofagasta, no Chile, que apoiou formalmente as escavações em San Pedro.
Até mesmo registos em filme dos trabalhos de desenterramento destes misteriosos mortos, desapareceram.
A importância deste estranho assunto para o missionário torna-se óbvia, ao pensar-se que até mesmo dos seus colegas cientistas terá desconfiado profundamente no que dizia respeito às suas descobertas.
Pouco antes da sua morte, Le Paige encetou contacto por carta com o autor suíço Erich von Daniken - o qual defende a teoria dos Astronautas Ancestrais - de que civilizações extraterrestres terão visitado a Terra em tempos pré-históricos. A ele, (Erich von Daniken) o padre Le Paige acedeu em mostrar os seres vindos das estrelas, porém, pouco antes de Von Daniken ir visitá-lo ao Chile, o padre surpreendeu-o com a sua morte...(morte natural ou...acidente de percurso?)
A sua última carta acaba com as seguintes palavras: "Ninguém acreditaria em mim se contasse mais acerca de tudo o que descobri nas sepulturas."
Algures num depósito de artefactos arqueológicos no Chile, parece estar a resposta à questão de o ser humano estar sozinho neste vasto Universo ou, se já há alguns milhares de anos, culturas de outras galáxias terão tentado estabelecer contacto com a Terra.

Descobertas Arqueológicas em San Pedro
No Período Pré-Hispânico viviam no Norte do Chile - numa paisagem pautada por desertos secos e vastos lagos de sal - os Atacamenos, que se designavam a si próprios «Likan Antai», ou seja, «Gente da Terra».
Uma das tribos, os Cunza, possuía nas imediações da actual aldeia de San Pedro o seu centro cultural. Foi aí que, ao longo de 25 anos, o padre Le Paige efectuou escavações, no decurso das quais foram descobertas mais de 400 múmias. Algumas das peças mais importantes da sua colecção são exemplos de diversas deformações cranianas, bem como uma múmia com 7800 anos e que, em virtude dos traços harmoniosos da sua fisionomia, é conhecida como «Miss Chile». Não obstante, os cadáveres extraterrestres descobertos por Le Paige nunca puderam ser mostrados num museu...

Em conclusão: é inquestionável objectivar-se da importância destes achados. Mais ainda: da afirmação corrente (e a cada dia mais consistente) na visita e permanência de civilizações extraterrestres no nosso planeta Terra. Aqui aterraram e terão deixado raízes (mais que não seja, nestes achados de seus cadáveres mumificados) ou, também há quem o refira, terem-se «perdido» e aqui terem vindo parar ao acaso.
No deserto de Atacama, desde há 400 anos que não chove, reunindo-se assim as condições ideais para a conservação dessas múmias aí sepultadas e que, o padre Le Paige encontrou em 1975, considerando piamente tratar-se dos restos mortais de seres extraterrestres.
Fazendo justiça ao seu bom nome e, a todas as futuras descobertas arqueológicas - sejam de índole extraterrestre ou não - quero aqui deixar a minha homenagem a título póstumo de uma simples cidadã em interesse-mor por todos estes assuntos que ainda hoje nos são tabu e, alvo de um secretismo absolutamente idiota. E, inacreditável também, face ao que já conhecemos nesta matéria externa ao «nosso» planeta Terra. Daí que só se poderá acrescentar de que hajam de futuro, muitos outros padres Le Paige e que, à sua semelhança e glória, se ramifiquem na descoberta, pesquisa e esclarecimentos sobre futuros achados. A bem da Humanidade!

sábado, 15 de fevereiro de 2014

A Marca do Vampiro



Sou um espírito vagueante, eternizado na esfera de um Anjo caído, o meu Anjo, que me amaldiçoou os dias e, as noites vadias, perpetuando nas escadas da vida. Não escolhi, fui escolhida, numa cruz impiedosa e maldita que me faz ladear por entre os vivos...e eu, morta!

O Limbo - 1 de Novembro de 1975
Senti um gosto adocicado na boca: era sangue, o meu sangue. Não gostei da sensação e tentei aperceber-me da realidade. Não o consegui. Ouvi passos apressados, sirenes. sentia-me a deixar o meu corpo, sentia-me perdida. Apenas os sons ecoavam no meu cérebro em osmose de dilúvio tenebroso entre o que restava de mim e, o mundo terreno. Queria abrir os olhos e estes pesavam-me tal como a minha tumba, a minha sepulcral e gélida morada última e que, eu só deixava à noite para me presentear por entre os vivos. Que maldição a minha, que me deixei tomar em corpo e alma por ter amado e tudo de mim ter sido levado...

Hospital de Santo António - Porto
Já não sei onde estou. Apetece-me vomitar as entranhas e correr, correr muito. Já só lembro do chiar dos pneus e da minha enorme aflição de deslace da vida e, do cheiro a óleo queimado no ar. Penso que sofri um acidente de viação e fui trazida para esta tumular previdência de mortos-vivos a que dá o nome de hospital.
Não sinto nada: apenas ouço as enfermeiras em meu redor que me entrelaçam de fios e mais fios e que, agarrados a máquinas (muitas) vão transmitindo sinais e sons e eu...corpo inerte, disforme, vejo-me nua e somente envolta por um lençol que me não tapa a existência, mas apenas a alma que se vai esvaindo.
Ainda sinto o cheiro do alcatrão esparramado de sangue, muito sangue. Apresentava uma ferida profunda na cabeça que de imediato os paramédicos me estabilizaram em jorro hemorrágico insano. Diziam que eu estava inconsciente e que revelava cortes faciais o que me constrangeu pelo que sabia ter de «recompor» assim que dali me soltasse...para não mais voltar. Asseveravam estar em presença de um traumatismo craniano e que a minha frequência cardíaca oscilava entre 55, 56; tensão arterial 26 - 14 e respiração 12 e depois mais nada...apenas o silêncio. Agora, em sepulcro de maca hospitalar, os meus sinais vitais reduziriam drasticamente e eu entrei em assistolia - não sabia o que queria dizer mas reconheci ser grave pois a confusão que se gerou de seguida, reivindicou isso - dando-me uma injecção de epinefrina, restabelecendo-me o ritmo cardíaco. E eu, assistia a tudo da parte de fora vendo-me a ser manuseada e vilipendiada, supus, por seringas, fios, mãos e movimentos bruscos sobre o meu inerte corpo como se estivesse em rigor mortis. Mas não estava! Diziam que eu estava no nível 5 na Escala de Coma de Glasgow e, do que me lembro em réstea de esgoto de sarjeta que eu era - em que me aplicaram de novo por via endovenosa 500 cc de manitol - fui conduzida para os cuidados intensivos em que uma valsa de enfermeiras, médicos e demais pessoal auxiliar me rodeavam como se eu fosse um animal de laboratório sem vontades ou quereres como terá dito um dia a minha avó em 1875 quando me apaixonei...

1875 - O Ano da Paixão
Eu era (ainda sou...) uma menina-mulher de 15 anos. Possuo belas formas de cintura e cabelos ondulados negros que me dizem ter saído à minha bisavó em árvore genealógica um pouco louca por vias de um matrimónio de alçada britânica do pai desta (e meu tetravô) com a minha tetravó portuguesa e, nortenha pelas cinco quinas de Portugal! Tenho uns olhos amendoados e brilhantes de cor acinzentada que também lhe terá sido roubado pelo que me afiançam do seu porte majestático de rainha da Bretanha. E...o seu mau feitio, asseguram-me também. Sou rebelde, inteligente e pouco recomendável ante o que se conhece das meninas do meu tempo em bordados e cantorias francesas ao piano. Odeio!
Na minha pungente irreverência, leio às escondidas "O Crime do Padre Amaro" de Eça de Queirós em que uma paroquiana se envolve intimamente com o pároco do seu povoado e acaba mal - pelos vistos, pois ainda não cheguei ao fim mas já me constou - deste interlúdio pecaminoso entre um venerando acólito cristão e, uma sua ovelha tresmalhada. Como se houvessem ovelhas assim...e nós raparigas e mulheres tenhamos sempre a causídica da culpa e, da punição. Como um estigma fêmeo em continuada assumpção doentia do que nos fazem sentir em castração e limites ao longo dos tempos.
Ontem vi-o! Ele foge de mim. Ele foge de todos na aldeia. Dizem que não é bom da cabeça e que sendo órfão, isso ainda o transtornou mais. Mas é lindo! Tens uns olhos selvagens enormes e um cabelo de estopa negro que faz lembrar os ciganos das feiras que sempre por aqui passam em festividade anual em circo e fantasias suas de utensílios e roupas da venda. Mas ele é diferente. Possui um olhar de lince e uma passada de raposa fugidia sem que ninguém o detecte a não ser eu. Um dia entrou-me no quarto. E eu assustei-me. Não lhe reconhecia tamanha ousadia mas fiquei feliz por ver que lhe correspondia em afectos e sonhos...

O Amor Pleno
O Verão já vai no meio e eu sinto em libélula transformação como larva a sair do casulo na mulher que agora sou...com ele do meu lado. Chama-se Martim e tem músculos de homem do mar, ainda que por lá não tivesse assomado, disse-mo. E eu, Mariana, ouço-o nas noites perdidas e nos momentos a sós em que ele me vigia o sono e toma nos braços e faz sua, sem que ninguém o suspeite. E eu deixo-me amar, sentindo-lhe o cheiro a macho, a desejo e, a toda a essência corporal que ele extrapola em mim como único ser no mundo a ser amado. Diz-me que eu vou ser eterna para ele e eu estranho...fala-me de tal com aqueles olhos de lince e falcão em encontro de presa que eu lhe sou. E eu voo com ele. Dou-lhe a mão e perco-me nos seus sonhos e vejo-o numa dimensão que nunca pensei buscar algum dia.
As noites são imensas. Os dias, vazios. Ele não se assume de dia, pois ninguém o vê. Perguntei-lhe certa vez, qual a razão de tão nocturna actividade e ele respondeu-me com um sorriso seu de que não gostava do dia, do Sol e...das gentes em bulício de quotidiano agitado e rumoroso. Fiquei assustada mas depois compreendi do que à noite ele se soltaria em pujança sua sem afrontas nos demais que o impunham como indigente e alma penante de ninguém ter à sua beira. E o nosso amor continua...por entre os meus lençóis de linho e, o seu sentido irónico ao revelar-me que de si nunca sairei, nunca mais!

A Morte
E esse dia veio. Ainda que por meio de uma horrenda noite em que o meu pai, homem de poucas palavras e muitos actos - maus - me arremessou contra a parede por ter visto ainda em chama última, o meu Martim ter saído à pressa do meu quarto em noite sem Lua.Trancou-me depois em fechadura de porta e janela franqueada sob madeiras grossas e maciças de nada se ver, de nada transpirar lá para fora ou de fora para dentro. Fiquei escrava, fiquei prisioneira. E amaldiçoei pai e toda a família que se tal houvesse prevenido, e me teria ido embora fugindo com o meu amado. Mas era tarde demais. Muito tarde...
O que soube depois, agoniou-me. Pior que me esventrar o corpo, seria o terem-me condenado a alma. Perseguiram-no. maltrataram-no e...mataram-no. E eu louca, dizendo que se mo mataram, me matassem também a mim, fui dada como insana e posta num manicómio da cidade. E fiquei louca de facto. Até ao dia em que ele me veio buscar e me tirou daquele suplício de loucura em que só ouvia gemidos e gritos das outras internas aí. E que sofreriam como eu, supus. Foi a noite mais linda da minha vida!
Fugimos para as Beiras. Fugimos para as serras de neve e cumes altos em frios imensos mas de quietude e morna ambiência em que ele me esquentava o corpo e, a alma. Não mais vi os meus. Nem o queria...talvez um dia me perdoassem, não o sabia. Mas desistir do meu homem-noite, isso nunca!
Até que me descobriram e de novo me levaram. E, a ele. Se tinha pensado terem-me mentido da outra vez na sua morte havida - e feita por mãos de meu pai e outros - agora não havia mais dúvidas. Fizeram-me ver o que ele era: um monstro! Deceparam-lhe a cabeça do corpo, após lhe terem espetado um prego nesta. Colocaram-lhe uma estaca no coração, envolto em rezas de expurgo e maldição, expiação e depois purificação, disseram-me. Queria ter morrido logo ali mas nem isso me deixaram, obrigando a ver o que me revelavam este ter sido em vida sob noites maléficas de horrores e malfazejos seus em mortes havidas por toda o campanário, aldeias e vilas vizinhas. Que matava as galinhas, os porcos, os bezerros com as suas dentadas malditas e malignas, para todo o sempre. E que ficava de vigília das moças solteiras, das donzelas e virgens anunciadas para o seu gáudio de homem-lobo, homem-diabo que matava tudo ao seu redor.
Despedi-me dele com um beijo que ninguém me conseguiu segurar. Ainda com a cabeça neste. Fiz vomitar muitos dos presentes com a minha ousadia mas fi-lo ainda assim. Meu pai renegou-me e minha mãe também. Os populares voltaram-me as costas e eu aquiesci, ficando só e desamparada. Agora...era eu a indigente, a malfeitora, a perdida. E para sempre o fiquei...nas noites havidas em que o buscava e não encontrava. Mas continuava a procurar...

1975 - De novo no Hospital
Passou um século. E eu sobrevivi. Não morria. Vi passar familiares, entes queridos e gentes que me tinham feito feliz nessa outra vida e todos morreram. Eu não compreendia. Não, logo de início...para depois ter a percepção exacta do que me tinha sucedido. Eu era eterna! Para pecados meus e...de todos os que me eram afectos e detinham as minhas simpatias (poucos). Nunca me senti tão só! Tinha poderes imensos mas não era feliz. Nunca mais fui feliz. Vivia e ainda vivo de noite. Olho as estrelas e escondo-me destas. E do Sol, e das nuvens e...das brisas do vento e de tudo o que um dia almejei poder viver em paz. Mas tenho de continuar nesta busca, nesta procura do meu amor do passado que para trás me deixou em lástima e consideração injusta de, de mim o terem usurpado. Vivo no meu castelo assombrado que só eu sei o caminho, que só eu sei por onde ir e caminhar. Tenho riquezas imensas mas não faço uso delas. Vou esperando que um dia ele me encontre ou eu, saindo da alquimia sepulcral em que estará em morte expectante mas não eterna, como eterno é este meu enorme sofrimento da sua ausência. E espero...
São três horas da manhã. Acordo. Abro os olhos e vejo-me numa cama de hospital. Que se terá passado...? Arranco os fios, arranco tudo de mim. Nada me prende ali. Tenho de sair, tenho de fugir daqui...penso. E fujo. Ouço ainda os passos apressados das enfermeiras pelos sons e avisos monitorizados em mim - até há pouco - e que estas sabem algo se ter passado de errado em consonância com o registado até aí. E eu voo. Abrindo as janelas, abrindo corredores com uma força que não é minha, solto-me e espalho a confusão em ecos de multidão e sentidos que mais ninguém tem. Estou fora do hospital e sou de novo livre! Livre de tudo. Até de mim! Volto para o meu casebre, volto para a minha infâmia de vida, voltando para o meu desterro, o meu degredo mas, sabendo, que um dia ele vai voltar! Tenho a certeza!
Meu amor, meu Martim adorado nesta e noutras vidas que, mesmo sem seres abençoado meu vampiro maior, me serás consagrado na vida que após nossas almas se unificarem, eternas se elevarão.
Meu amor...estou à tua espera. Vem para mim. Vem depressa. O meu sangue, é o teu sangue, a minha alma é a tua alma...eu sou tua e tu...serás sempre meu também! Agora vem...

2015 - Algures no Mundo
Ele veio. E está mais belo do que nunca. Não semeia ventos nem tempestades e não abate gado nem rasteira cidades com a sua sucção voraz por sangue e endémicas avenças do que o reconhece como vampiro destes novos tempos. E eu...bem, eu continuo apaixonada. E eterna! Ambos iremos ser a pedra tumular do que na terra faremos de maior e de melhor: espalhar a paixão. Com sangue ou sem sangue derramar, iremos para sempre eternizar este nosso amor consanguíneo de alma e crença para todo o sempre. Para todo o sempre...