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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Ascensão do Demónio


 

Lúcifer, Satanás, Satã, Belzebu, Azazel e tantos mais num só anjo caído do Céu da queda no tempo e, na matéria, para se vangloriar depois na sua iníqua ascensão na inversa evolução do Homem.

Lúcifer e o Santo Graal
Na tradição esotérica, o nome de Lúcifer está associado a uma mitologia própria. Vénus é a estrela vermelha para muitas culturas. Os Maias do México chamaram-lhe Chak Ek, «grande estrela vermelha». A este astro vermelho e brilhante corresponde na Terra uma pedra preciosa vermelha: quando Lúcifer caiu da abóbada celeste, soltou-se-lhe da testa uma pedra preciosas vermelha. Para os alquimistas, trata-se da pedra da sabedoria, com a qual foi feita a taça da comunhão que José de Arimateia usou para recolher o sangue de Jesus, pregado na cruz. Esta taça ou cálice seria o Santo Graal, esse objecto enigmático e com poderes misteriosos que, desde a Idade Média, povoa a imaginação dos esoteristas e ocultistas.

Queda e Ascensão
Na mitologia esotérica, o significado de Lúcifer tem sempre um aspecto negativo e um positivo. Ser a serpente do Paraíso é a sua primeira função na Terra. Sem ela, o pecado original não existiria, mas também não teria havido nenhuma evolução espiritual, pois o ser humano só iniciou o caminho para se redescobrir a si próprio e, à sua prática espiritual, depois do despertar da consciência - narrado de forma mítica - na História de Adão e Eva no Paraíso.
Se virmos as narrativas bíblicas do ponto de vista da mitologia, reconheceremos as suas variantes típicas no tema da queda: a queda do anjo, a queda de Adão e Eva e até a queda de Deus no mundo, na medida em que assumiu a forma do seu próprio filho, Jesus.
Em todo o caso, trata-se da descida do Reino do Espírito Puro às sombrias regiões da matéria. Os anjos caem na Terra e tornam-se tenebrosos e maus; os primeiros seres humanos cometem o pecado original e conhecem as suas limitações terrenas com a sexualidade, a doença e a morte; de certa forma, o próprio Deus aliena-se ao assumir a forma humana na figura de Jesus.
A «Queda do Anjo» é uma História do tempo antes do tempo, que pretende explicar-nos como o Espírito desceu à Matéria. O Pecado Original foi o pressuposto para o ser humano alcançar a consciência e, a autoconsciência, e poder começar a entender que existe nele um espírito.
Jesus é a recordação directa do Reino de Deus e a lembrança de que a missão da evolução espiritual é fazer regressar a involução - ou espécie de regressão no ser humano no chamado processo evolutivo - na designada queda no tempo e, na matéria, inversamente à subida à nossa pátria espiritual em Deus.

A Pedra do Céu
Em Wolfram von Eschenbach, existe uma relação entre a jóia da testa de Lúcifer e a expressão «lapsit exillis», que já deu muitas dores de cabeça aos filólogos e que, tem muitas variantes, como «iaspis e lapis» para a primeira palavra e «exillix, erillis e exilis» para a segunda.
Em 1880, Ernst Martin sugeriu que este conceito de Wolfram era uma alteração de «lapis es coelis», (a pedra daquele que cai do Céu), e em 1901, Samuel Singer opinou que a frase original devia ser «lapis ex coelis», (a pedra vinda/ caída do Céu). Em todo o caso, Wolfram referia-se, sem dúvida, a uma pedra vinda do Céu (asteróide...?) trazida para a Terra por um grupo de anjos que permaneceu neutral na luta da Trindade contra Lúcifer. No entanto, se favorecermos a expressão «lapis ex coelis» (caído do Céu) a lenda adquire uma relação ainda mais estreita com a história de Lúcifer.
O termo foi também associado à «schechinah» da tradição hebraica, que é a manifestação visível da glória de Deus na forma da luz brilhante que simboliza a presença divina. Assim, são possíveis outras leituras: «lapis exilii», (a pedra do exílio), a diáspora ou «lapis exulis» (a pedra do desterro), ou seja, a pedra que se desterrou voluntariamente do Céu para manifestar a presença de Deus no mundo.
Estas poucas observações mostram-nos como a figura de Lúcifer se apresenta ambígua: enquanto, para o Catolicismo, ele é o chefe dos anjos revoltosos e, portanto, designação do Demónio. Uma outra tradição vê nele uma espécie de mensageiro de Deus, um ser celestial que anuncia a luz de Deus na Terra e de cujo espírito (testa!) se fez o recipiente onde foi recolhido o sangue de Cristo, esse grande símbolo da transformação e, da libertação.

O Cálice do Paraíso
Wolfram von Eschenbach (por volta de 1170-1220), o importante autor do poema narrativo «Parsifal», escreveu que teria caído uma pedra preciosa da coroa de Lúcifer, quando o arcanjo Gabriel o expulsou para a Terra. Nas Lendas Arturianas de Thomas Malory (século XV), podemos ler que, com a ajuda dos seus poderes mágicos, Salomão esculpiu um cálice numa pedra que Lúcifer deixou cair no momento da sua queda. Segundo versões mais antigas, a pedra que se desprendeu da cabeça de Lúcifer era uma esmeralda, da qual um anjo bom fez o Graal, que foi confiado a Adão até este ser expulso do paraíso terrestre. Set, filho de Adão, encontrou o cálice no Paraíso e levou-o consigo quando teve de o abandonar.

O Bem e o Mal, eternamente a luta endémica e extenuante no ser humano que a capta, absorve e institui como praga sanguínea de formação endógena ao longo da sua vida. Quebrar esse ciclo, seria voltar a nascer ou, a renascer em novas e multifacetadas origens morfológicas e anímicas no Homem. A haver uma transformação real no ser humano - nesse tal processo evolutivo e não regressivo ou mesmo recessivo em si - há que ponderar bem as virtudes e, as maledicências que fizermos na nossa vida e, na dos outros pois estamos todos conectados com a mesma realidade divina e de formatação genética, cromossómica e espiritual. Ainda que por vezes reconheçamos que a alma essa é muito especial em nós e nem todos a possamos exibir, ainda que todos a possuamos e nem sempre em benefício do próximo. Deus é justo. Deus não castiga. Já Lúcifer não sei...mas adivinho. Sejamos coerentes, prestimosos, benevolentes e altruístas e então veremos chegada a hora de nos anunciarmos também nós, seres divinos, seres de luz, seres que, mesmo caindo por vezes como anjos decadentes e sem brilho, nos conseguimos soerguer e dar luz e iluminação interior aos que mais desta necessitam. É por isso que finalizo sempre com uma frase de esperança e bonomia em prol e afecto de toda a Humanidade, porque penso e acredito de que ainda merecemos a compaixão e, a benemerência de Deus em fazer-nos seguir e continuar no nosso caminho. Assim seja, por todos nós!

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