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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A Gruta de Shiva



Estará guardado nesta gruta dos Himalaias, o verdadeiro segredo que conduz à imortalidade? E que se passará de facto em fenómeno estranho e de assimetria com as fases da Lua, no que os peregrinos consideram a presença «viva» de Shiva no linga de gelo aí existente?

Amarnath - A Gruta de Shiiva nos Himalaias
Os mitos indianos contam como o deus Shiva se revelou: perante os olhos assombrados dos deuses supremos Brama e Vishnu, o gigantesco Shiva subiu misteriosamente das profundezas, mostrando-lhes o que já existia antes deles. A forma fálica do «linga» (em sânscrito, «sinal», «falo»), sob a qual Shiva é adorado em todos os templos, lembra este poderoso aspecto do deus.

O Segredo da Imortalidade
Um dia, Parvati - esposa divina de Shiva - pediu ao marido que lhe revelasse o segredo da sua imortalidade. Depois de algumas hesitações, Shiva acabou por ceder e procurou um local solitário onde nenhum ser vivo pudesse ouvi-lo. A sua escolha recaiu na gruta de Amarnath, nos Himalaias.
Para ter a certeza de que nenhuma criatura escutava realmente as suas palavras, criou um «rudra» - uma divindade terrível que rodeou a gruta com um círculo de fogo. Instalado na sua pele de veado, meditou, uniu-se com Parvati e, revelou-lhe o segredo da sua imortalidade. De um ovo que por acaso se encontrava debaixo da pele, saíram duas pombas, que se tornaram imortais por terem ouvido a explicação de Shiva.
Muitos peregrinos asseveram ver o casal de pombas no caminho para a gruta.

O Deus no Gelo
Todos os anos, no mês de Sharvan (Julho-Agosto), forma-se na gruta de Amarnath uma enorme estalagmite de gelo. A água pinga de cima, forma um pedestal de gelo no solo e, em cima dele, uma colossal coluna. A sua forma lembra um poderoso «linga» na parede da gruta.
A formação de gelo cresce e decresce com o ciclo da Lua, o que é considerado um sinal de vitalidade. Com a Lua Cheia, o linga atinge a sua maior dimensão. Foi supostamente neste dia que Shiva iniciou a esposa no segredo da sua imortalidade. Ao lado da impressionante coluna de gelo encontram-se outras duas formações mais pequenas, também de gelo, consideradas representações de Parvati e do seu filho Ganexa, o deus com cabeça de elefante.

Sadhus: os Vigilantes
Os sadhus - os homens santos que renunciaram ao mundo - instalaram-se em frente da entrada da gruta, a uma altitude de 3882 metros. Vivem na pobreza e entregam-se inteiramente às suas práticas espirituais. Com roupas ligeiras, desafiam o frio - absortos na meditação - e defendem o linga sagrado dos romeiros que lhe querem tocar. Os peregrinos atiram às formações de gelo oferendas de flores, moedas, contas e tecidos.

A Peregrinação
A romaria à gruta de Amarnath é um dos actos espirituais mais sagrados dos Hindus. O importante santo indiano Swami Vivekananda (1863-1902) afirmou que nunca viveu um êxtase como o que sentiu na peregrinação a Amarnath. Durante dias, não foi capaz de falar de mais nada senão da presença de Shiva, o deus de todos os iogues.
Milhares de Hindus põem-se a caminho da gruta três dias antes da Lua Cheia do mês de Agosto e acampam em Pahalgam, onde a estrada acaba. Seguindo o caminho que Shiva outrora percorreu, vão depois a pé até Chandanwari, rodeiam o lago Sheshnag na direcção de Panjtarni e podem finalmente admirar o «milagre» do linga de gelo na gruta de Amarnath.

Uma questão de fé, de oração, meditação e completa devoção a Shiva, é o que estes sadhus e demais peregrinos elaboram na sua inspecção e romaria, uns e outros, debaixo de um frio glacial onde chegam a passar dias e até semanas, orando e jejuando. A adoração a Shiva e a busca de uma certa tranquilidade pessoal - onde a quimera da imortalidade não estará de todo posta de lado - exulta-se nestes povos numa adoração infinita. Uns como guardiães do linga sagrado e outros como devotos de passagem em total entrega e créditos do que um dia o seu deus Shiva profetizou ao lado da sua esposa Parvati.
Lenda, mistério sacrossanto ou simplesmente a verdadeira ocorrência de algum deus perdido na Terra, o certo é que não se pode nem deve desmentir a igual corrente energética de uma espiritualidade ímpar naquela gruta dos Himalaias. Será provavelmente mais um registo anunciado no nosso planeta Terra do que deuses, reis do Universo ou divindades assumidas aqui perpetuaram em eloquência divina também ou quiçá, abençoada. E que de futuro nos seja da mesma forma demonstrada...pois então, assim seja!

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