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sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Terra do Eldorado


Selva Amazónica                                          América do Sul

Teria existido na região amazónica uma enigmática tribo de homens brancos, possíveis guardiões de uma cultura perdida? Manterá a imensa selva amazónica escondido um dos seus últimos grandes segredos?

Eldorado - O Reino de Ouro
Os índios Muíscas seguiam as cerimónias no lago como que enfeitiçados. Sobre uma jangada de juncos totalmente coberta de pó de ouro erguia-se um jovem rei, também ele envolto por uma camada de ouro finamente reduzido a pós que, emitia um brilho mate. O seu olhar dirigia-se impassível para a superfície da água, verde-escura e lisa, a seus pés jaziam oferendas ricamente decoradas de ouro puro; cálices adornados com esmerados trabalhos de cinzelagem e outras decorações, esmeraldas e amuletos.
Toda a lagoa estava repleta de aroma agradável da resina das árvores e os índios, que envergavam fantásticas túnicas cobertas de penas, aclamavam com júbilo aquele rei dourado. Instrumentos de sopro e tambores sublinhavam o burburinho que, em resposta a um sinal secreto, imediatamente terminava. Depois, o homem dourado atirava todos aqueles formidáveis tesouros para o lago, onde estes desapareciam silenciosamente nas escuras profundezas da água.
Através deste ritual, o jovem rei era aceite no círculo dos chefes de tribo. Tudo isto deverá ter tido lugar no lago Guatavita, próximo de Bogotá, na Colômbia.

Ouro usado como Droga
O mundo enlouquece-nos; o ouro torna-nos ambiciosos - mas tal sucede apenas se não tivermos o suficiente à disposição. Sempre houve povos que tiveram a oportunidade de viver em regiões com considerável riqueza em termos de ouro: ora no antigo Egipto, ora no México, na costa ocidental de África ou sobretudo nas regiões mais a norte da América do Sul.
Incalculáveis jazidas de ouro aí existentes promoveram o surgimento de uma cultura  que, mais tarde, no século XVI, foi completamente dizimada pelos conquistadores espanhóis. Na sua ânsia de encontrarem estas lendárias riquezas - sobretudo os tesouros afundados no lago Guatavita - praticaram o genocídio das populações indígenas e, alteraram por completo a paisagem.
A demanda da misteriosa terra do ouro - conhecida por Eldorado - durou séculos e, custou a vida a muitos dos caçadores de tesouros e a inúmeros membros das populações indígenas.
Ainda hoje são feitos achados dos mais diversos séculos que vêm assim confirmar as lendas em redor dos tesouros de ouro.

O Centro do Ouro
Com base nos relatos acerca dos incalculáveis valores que repousariam no leito do lago Guatavita, os conquistadores espanhóis presumiram que, se encontrariam tesouros ainda maiores à espera de ser descobertos. De início, as buscas centraram-se neste lago. Apenas sobreviveram 170 dos 1000 espanhóis que iniciaram a marcha rumo ao lago Guatavita.
Em 1580, António de Sepúlveda, um rico comerciante de Bogotá, socorreu-se da força de trabalho de 8000 indígenas para escavar uma enorme fenda na parede rochosa que se ergue em redor do lago, com vista a baixar a superfície da água no interior do mesmo. Esta enorme fenda ainda hoje pode ser vista. Quando no decurso dos trabalhos se deu um acidente em que perderam a vida centenas de índios, o gigantesco empreendimento foi suspenso. Ainda assim foram aí encontradas esmeraldas do tamanho de ovos de galinha, couraças para proteger o peito e, varas de ouro puro - logo enviadas a Filipe II, o rei de Espanha.
Nos anos que se seguiram, a rainha Isabel I de Inglaterra enviou o explorador Sir Walter Raleigh para a selva amazónica, a fim de encontrar a cidade de Manoa, onde se dizia que até as panelas eram de ouro. A sua busca inglória custou-lhe a vida. Como Isabel I acreditava numa conspiração, Sir Walter Raleigh foi aprisionado e, em nome do interesse de uma nova política de amizade com Espanha, executado em 1618.
Por fim, a febre do ouro acabou por relegar a lenda do rei dourado de Eldorado para segundo plano, porém ainda hoje as investigações acerca das origens desta lendária terra se concentram nas regiões em redor do lago Guatavita.

Gran Moxo
Quando no início do século XVII Martin del Barco Centenera morreu, levou consigo para a sepultura um segredo dourado. Martin Centenera havia estado nas profundezas da impenetrável selva brasileira, onde encontrara uma enigmática cidade perdida, sobre a qual escreveu em 1602: «No meio do lago está uma ilha com edifícios imponentes. A sua beleza suplanta a capacidade de compreensão humana.»
Esta cidade, a que os índios dão o nome de Gran Moxo, tornou-se um sonho almejado e, um pesadelo experimentado, por muitas expedições que se realizaram nos séculos seguintes.

No Encalço do Segredo
O documento com o número 512 da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro contém um relato sensacional e, detalhado, de um grupo de portugueses em busca de ouro em 1743 acerca das ruínas de um misterioso local chamado Gran Moxo. Seis portugueses, acompanhados por uma dúzia de escravos africanos e uma trintena de índios, lançaram-se à descoberta. A expedição avançou para norte, até nas terras altas do Centro do país deparar subitamente com uma serra bastante alcantilada. Os aventureiros treparam por uma parede rochosa muito íngreme e, chegaram inesperadamente a um planalto - onde ao longe conseguiram distinguir os contornos de uma cidade.
Grandes blocos de pedra maciça envolviam as casas, que estavam completamente abandonadas e pareciam ter sido destruídas por um tremor de terra. Foram encontrados alguns pedaços de ouro e vários vestígios de trabalho de mineração, para além de - num rio próximo - ser possível obter pepitas de ouro.

Índios Brancos
Os portugueses decidiram então regressar à cidade, mais bem apetrechados, para aí poderem explorar devidamente os recursos auríferos. Uma vez no rio Paraguaçu enviaram um emissário, portador de um relato provisório acerca do que haviam encontrado, ao Vice-Rei de Portugal que se encontrava na Baía, no Brasil.
Este foi, porém, o único sinal de vida conhecido de qualquer dos participantes. Nenhum deles voltou a ser visto. Ter-se-ão perdido? Terão sido assaltados pelos índios ou pelos escravos que levavam consigo? Ou...terá havido algo inédito e deveras surpreendente em face a este périplo amazónico de portugueses desabridos perante algo muito superior? Desaparecimento mágico, meticuloso ou apenas...a morte anunciada pelos muitos perigos e armadilhas aí impostas sobre uma terra jamais violável?...
Nos últimos registos de que se tem conhecimento, fazem referência ao facto de terem avistado dois homens de pele branca e de cabelos compridos e negros, algo a que também é feita alusão em relatos anteriores. Daí as muitas questões levantadas se, terá existido então na região amazónica, uma enigmática tribo de homens brancos - possíveis guardiões de uma cultura perdida?
Todas as expedições que se seguiram - levadas a cabo por franceses e britânicos - tiveram fins trágicos. O que nos induz nesta última pergunta: Manterá a imensa selva amazónica escondido um dos seus últimos segredos?

A Tragédia do Coronel Fawcett
Firmemente convito de estar em posse da localização exacta do reino de Eldorado, mediante uma informação que lhe havia sido dada pelos índios Nafaquas - e na mira de encontrar uma civilização brasileira perdida - o aventureiro inglês Percy Fawcett começou em 1922 a planear uma expedição.
Em 1925, acompanhado do seu filho Jack e, de um outro jovem inglês chamado Raleigh Rimmel, abandona os últimos indícios de civilização e parte na direcção do inexplorado Mato Grosso.
"O meu objectivo é tão somente este: investigar os segredos que durante tantos séculos permaneceram escondidos nas profundezas da selva. Temos fortes esperanças de vir a encontrar as ruínas de uma antiga civilização de homens brancos." - Estas, são as notas que tirou antes do início da expedição - que também no seu caso, haveria de ser a sua perdição. Se bem que expedições posteriores tenham conseguido encontrar vestígios do seu empreendimento, ele próprio nunca mais foi encontrado, tornando-se assim mais um dos mitos daquela selva.

Metalurgia
A diversidade geológica das paisagens entre o Panamá e o Peru, define assim a chamada terra do ouro do Eldorado. Os países com zona costeira para o Pacífico - bem como aqueles próximos do istmo do Panamá - contam-se como o berço da ourivesaria e, da cerâmica. Diversos achados são datados em épocas bastante recuadas. Existe um recipiente peruano datado do século V a. C. de ouro e prata, em forma de perna, o que deixa adivinhar uma utilização como oferenda em rituais sagrados. A pega dourada de uma faca cerimonial - também originária do Peru - é atribuída à cultura Lambayeque, onde se verifica que, a metalurgia, era uma arte já perfeitamente dominada.

Manoa
A maravilhosa terra de Manoa - um segundo Eldorado - estaria situado numa ilha mágica no meio de um grande mar salgado, de acordo com relatos que os aventureiros europeus ouviram da boca de índios da América do Sul: «Todos os pratos e talheres do palácio são de ouro puro e prata, bem como os mais comuns dos objectos.»
No centro da ilha deverá ter existido um templo dedicado ao Sol, rodeado de estátuas douradas que representavam gigantes, um príncipe e árvores. Julga-se que Manoa ficaria situada a sul do rio Orenoco, no território da actual Venezuela mas, até hoje, a demanda deste belíssimo paraíso dourado apenas conseguiu atrair inúmeras desgraças sobre os habitantes primitivos da América do Sul.

Pouco há a acrescentar, para além de uma verdadeira caça ao ouro, à ganância e, à evolução dos tempos - que registaria mais mortes do que propriamente a refrega (ou saque) desse mesmo ouro. Contudo, tendo havido diversas outras expedições nesta selva amazónica em finais bem mais felizes - e de repercussão positiva em descoberta e datação de artefactos - levar-nos-à a apenas afirmar de que tal terá valido de facto a pena e o merecimento do que se supõe de uma existência civilizacional deveras surpreendente de índios brancos. Ou...seres avançados para a época que, guardando os seus tesouros, terão omitido para a História toda a sua cultura ou parte desta. Que não, todo o conhecimento sobre si...felizmente. Assim sendo, que novas expedições se reportem, reflectindo estes novos tempos mas...em maior preservação e respeito por essas missivas e não ambiciosas do que leva à perdição e morte no Homem. Pela cultura, conhecimento e continuidade da Humanidade, assim seja então!

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