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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Respostas do Hospedeiro

 

(Ilustração de vírus SARS-CoV-2 infectando células pulmonares humanas). Este vírus, que muitos apelidam de um dos mais corrosivos e abusivos invasores das nossas pulmonares células, sequestrando-as impiedosamente, talvez tenha os dias contados. 

E se isto não for uma promessa, será pelo menos uma empenhada intenção dos muitos cientistas que trabalham arduamente para que, finalmente, haja a misericordiosa luz ao fundo do túnel que nos dita haver esperança: o de derrubar o novo coronavírus. E por isso queremos respostas. Mesmo que algumas delas nos submetam a tantas outras perguntas ainda não totalmente esclarecidas ou sentidas como tal.

Todavia as muitas interrogações, dúvidas, e quiçá tantas outras dissimulações que vamos fazendo em redor desta temática, a informação avoluma-se e dá-nos a cada dia mais a certeza de não termos a estouvada «Síndrome de Estocolmo» em relação a si, ao maldito vírus, pelo que contrariamente se procuram os muitos caminhos e vias de se fugir deste.

(Ou melhor dizendo, de o refrear e erradicar de vez). Assim sendo, há que sublevar os feitos, os estudos e as várias descobertas dos mais reputados cientistas do nosso mundo que acrescentam algo mais nesse sentido. Para que tudo isto faça sentido: o da vida, o de sobrevivermos e melhor compreendermos este e outros vírus e seus hospedeiros que nos querem seus reféns. Até à morte. 

Determinar, Identificar e Reciclar: são assim as três poderosas projecções científicas agora em ressalva nos domínios da biotecnologia que actualmente se dispõem e, sob grande sucesso há que o afirmar sem fingimento ou encobrimento, no fornecimento de novas e preciosas informações sobre a patologia da doença por COVID-19.

Investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston (Boston University School of Medicine/BUSM), nos EUA, divulgaram recentemente - na publicação à Science Daily de 2 de Dezembro de 2020 - que haviam identificado proteínas do hospedeiro e vias em células pulmonares cujos níveis mudam com a infecção pelo SARS-CoV-2; ou seja, como este inacreditável vírus sequestra e de forma absolutamente rápida causa irreparáveis danos às células pulmonares humanas. No entanto, nem todas as notícias são más.

Uma outra anunciação feita foi a de que se identificaram medicamentos já há muito clinicamente aprovados e licenciados pelas mais credíveis instituições do medicamento com a finalidade da protecção da saúde pública - garantindo assim a eficácia e a segurança dessas drogas ou medicamentos para os humanos e animais (a nível veterinário, mas também sobre outras valências no fabrico e uso de produtos biológicos) - e que, actualmente e segundo a estimativa dos investigadores da BUSM, podem ser reutilizados para o tratamento de pacientes com COVID-19.

(Ex: FDA - US Food and Drug Administration, a agência federal do Departamento de Saúde e de Serviços Humanos dos Estados Unidos; EMA (The European Medicines Agency, EU) - agência europeia de medicamentos que tem como missão garantir a avaliação científica, a supervisão e o controle da segurança dos medicamentos para uso humano e animal na União Europeia). 

(Em Portugal, a Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. - faz essa avaliação técnico-científica, assim como a autorização de introdução no mercado dos medicamentos registados; genéricos ou não).

Voltando à descoberta: Numa colaboração de vários grupos envolvendo os Laboratórios Nacionais de Doenças Infecciosas Emergentes (NEIDL), o Centro de Medicina Regenerativa (CReM), e o Centro de Biologia de Sistemas de Rede (CNSB), os cientistas relataram o primeiro mapa das respostas moleculares do pulmão humano nas células invadidas pela infecção do SARS-CoV-2.

A Explicação dada refere que «Ao combinar células alveolares humanas - projectadas por Bioengenharia com a mais avançada tecnologia de Espectrometria de massa sofisticada e por conseguinte altamente precisa - os investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston (BUSM), nos Estados Unidos, identificaram proteínas do hospedeiro e, vias nas células pulmonares, cujos níveis se verificaram alterados após a infecção por SARS-CoV-2».

Os dados agora recolhidos darão certamente uma inestimável ou valorosa informação não só sobre o patógeno da doença como, acima de tudo, informarão sobre «Novos Alvos Terapêuticos» para bloquear ou fazer o cerco eficaz ao COVID-19.

Estes incansáveis investigadores descobriram que, um Tipo Crucial de Modificação da proteína chamada «Fosforilação», se torna aberrante nessas células pulmonares infectadas.

A Fosforilação de Proteínas desempenha um papel muito importante na regulação da função proteica dentro das células de um organismo, de acordo com a explicação dos cientistas. E a isto, acresce-se dizer, tanto a abundância como a fosforilação de proteínas são processos típica e altamente controlados no caso de células normais/saudáveis.

No entanto, os investigadores referem ter descoberto também que o temível SARS-CoV-2 confunde as células do pulmão, causando inevitavelmente Mudanças Anormais nas quantidades de proteínas; assim como, na frequência de fosforilação de proteínas dentro dessas células.

De acordo ainda com os especialistas, «Essas Mudanças Anormais» ajudam indefectivelmente o vírus a multiplicar-se e, eventual e infelizmente, a destruir as células. A destruição de células infectadas pode contudo resultar numa «Lesão Pulmonar Generalizada».

Segundo aferem os investigadores «Assim que o SARS-CoV-2 entra nas células do pulmão, verifica-se que este, de forma muito rápida, começa a explorar os recursos essenciais da célula como ocioso vilão ou indomável invasor que é - desses mesmos recursos tão necessários e vitais para o crescimento e a função normal da célula».

O autor co-responsável deste estudo ou desta agora admirável descoberta - Andrew Emili - PhD, professor de Bioquímica da BUSM, nos EUA, reitera de forma pragmática:

"O Vírus usa esses recursos para se fazer proliferar enquanto evita o ataque do sistema imunológico do corpo. Dessa forma, novos vírus se formam, pelo que posteriormente saem da célula pulmonar exaurida e, brutalmente danificada, deixando-as para se auto-destruir. Esses novos vírus infectam outras células, onde o mesmo ciclo se repete."


(Vídeo em 3D): a informação através de imagem por computador que nos mostra os pulmões infectados pelo novo coronavírus. Todo o ano corrente (2020) foi emanado de densa divulgação e publicação de dados, imagens e explicações sobre os danos irreversíveis causados pelo COVID-19. Cabe-nos a nós agora, não alheados desta realidade, tomar de cuidados e prevenção para que não sejamos as próximas vítimas, mesmo que saibamos dos benefícios ou eficácia (?) das muitas vacinas já anunciadas...

Descoberta/Identificação/Reutilização

Esta fantástica descoberta realizada pelos investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Boston e associados/colaboradores suscita-nos de facto grande interesse. Em particular, quando se trata não só da identificação do problema como do processo a seguir que, neste caso, será o da reutilização. Mas já lá vamos. Por ora, há que resumir o que esta descoberta veio explanar.

Assim sendo, há que reportar o que os investigadores inicialmente se propuseram, tendo começado por examinar as Células Alveolares do Pulmão de uma a 24 horas após se registar a infecção por SARS-CoV-2 para assim melhor se entender quais as efectivas mudanças que porventura ocorrem nas células pulmonares imediatamente (em uma, três e seis horas após a infecção por SARS-CoV-2), e quais as mudanças que ocorrem depois (nas 24 horas após a infecção).

Estas alterações foram então comparadas às células não infectadas. Todas as proteínas de Células Alveolares Infectadas e Não Infectadas, correspondentes aos diferentes pontos de tempo, foram extraídas e marcadas com etiquetas de código de barras exclusivas chamadas «Etiqueta de Massa em Tandem».

Estas marcas - que podem ser detectadas com precisão apenas e através de um espectrómetro de massa - permitem a quantificação robusta da abundância de proteínas e da fosforilação nas células.

"Os nossos resultados mostraram que, em comparação com as células pulmonares normais/não infectadas, as células pulmonares infectadas com SARS-CoV-2 mostraram mudanças drásticas na abundância de milhares de proteínas e eventos de fosforilação." (A afirmação de Darrell Kotton, MD, professor de Patologia e Medicina Laboratorial em BUSM e director do CReM - Centro de Medicina Regenerativa)

Elke Mühlberger, virologista, especializada em Biologia Molecular - PhD, professora associada de Microbiologia e investigadora principal do NEIDL (National Emerging Infectious Diseases) - Laboratórios Nacionais de Doenças Infecciosas Emergentes - corrobora de forma enfática:

"Além disso, os nossos dados também mostraram que o vírus SARS-CoV-2 induz um número significativo dessas mudanças logo numa hora (na primeira hora) após a infecção, e estabelece as bases para um sequestro completo das células pulmonares hospedeiras."

Também Andrew Wilson - MD, professor associado de Medicina da BUSM e investigador do CReM - tem uma palavra a dizer a respeito do tema:

Existem importantes características biológicas específicas das células pulmonares que não são reproduzidas por outros tipos de células comummente usados para se estudar a infecção viral. Estudar o vírus no contexto do tipo de célula que é mais danificado nos pacientes, provavelmente trará percepções que não seríamos capazes de ver noutros sistemas-modelo."

Os Investigadores da BUSM e associados analisaram também os seus dados para identificar assim as prospectivas oportunidades que se poderão de futuro reportar no tratamento da doença por COVID-19. O que descobriram foi surpreendente: o poder da reutilização!

Descobriram então que, pelo menos 18 medicamentos pré-existentes e, clinicamente aprovados (desenvolvidos originalmente para outras condições/doenças médicas), podem ser potencialmente reutilizados para a eventual administração dos mesmos na terapia a efectuar sobre pacientes com COVID-19.

Segundo os cientistas, estas drogas, estes medicamentos já implementados no mercado, têm demonstrado e revelado de forma algo admirável, uma excepcional promessa de bloqueio à proliferação do SARS-CoV-2 nas células pulmonares humanas, o que vem dar esperança claro está, a muitas outras derivas ou mesmo questões que até aqui se colocavam sobre a impotência de tal.

Os Investigadores desta Descoberta acreditam assim que esta nova informação é de facto inestimável, abrindo desta forma o frondoso caminho para uma estratégica terapêutica mais recente - potencialmente promissora e mais relevante a nível económico - economizando-se tempo também para se combater o COVID-19, o que se reconhece francamente positivo!

Esta descoberta foi tornada pública em online pela revista científica «Molecular Cell», 2020, tendo por título «Respostas do Hospedeiro Citopatogénico accionáveis de células alveolares humanas do tipo 2 ao SARS-CoV-2».

Este estudo teve como somativa ou formativa colaboração muitos outros autores além os aqui já mencionados. Estes prestigiados investigadores são: Raghuveera Kumar Goel, PhD; Adam Hume, PhD; Jessie Huang, PhD; Kristy Abo, BA; Rhiannon Werder, PhD; Ellen Suder, BS, e muitos outros de uma extensa e igualmente meritória lista de nomes que colaboraram nesta descoberta.

Parabéns então a todos eles pelo que nunca é de mais ovacionar quem tanto luta e batalha para construir uma manhã mais seguro - e mais correspondente - com o que nos define, a nós humanos: a segurança e saúde públicas em nome de uma civilização que se quer atenta, em constante evolução e sustentação nos avanços da biomedicina e não só.

Todos temos de contribuír para esta causa, para esta prerrogativa, este benefício sem moratória. Sem adiamentos ou constrangimentos de sermos alcançados ou superados por outros. Mesmo nos fracassos temos glória; o de nunca desistirmos, o de nunca prevaricarmos sobre algo que também sobre nós se poderá fazer pungir. E eclodir. Letalmente.

Temos de ser unidos e juntar esforços, mesmo que os graus de eficácia não sejam os esperados ou que os resultados não sejam os desejados, pois que só na tentativa e na perseverança se poderá almejar a tal esperança averbada. 

Respostas temos algumas mas perguntas temos ainda mais, pois nem todas são prontamente dadas à semelhança deste estudo, desta tão fabulosa descoberta.

No entanto, a persistente teimosia de quem se não deixa acomodar a este e a outros vírus também, num processo imparável de novos estudos e novas descobertas, pelo que haverá certamente ainda mais respostas por dar, mais explicações por colmatar, sendo nisso que todos trabalhamos. E continuamos a acreditar - independentemente de qual for o hospedeiro...

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