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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Imunidade/Susceptibilidade

 

Imunidade /Susceptibilidade: as duas vertentes reveladas no impacto global exercido pelas intervenções ditas não-farmacêuticas (NPIs) - no uso de máscara e distanciamento social - como fundamentais ferramentas no combate à pandemia do coronavírus em curso; ou seja, como factores determinantes e redutores na incidência de muitas outras doenças ou patologias.

                                                            Remissão/Progressão

Vivemos tempos difíceis e nem sempre totalmente compreendidos na estimativa e, basilar perspectiva, de tudo ir ter um final feliz. Advoga-se os efeitos milagrosos de vacinas projectadas à velocidade da luz e, numa eficácia tal, que ninguém pode contestar ou sequer refutar; pelo menos nos casos em que as mesmas se impõem numa obrigatoriedade estatal ou regional nos cidadãos.

Todavia essas quebras de liberdade e democracia dos povos - a bem da saúde pública global - inflama-se nas populações a urgente necessidade de uma mundial imunização (incorrendo-se na desautorização dessas medidas caso haja o desrespeito e negação de as invectivar, sonegar ou censurar com as devidas consequências daí respeitantes). 

Os órgãos de comunicação social que, tendo um papel imprescindível na informação e elucidação das massas, invadem todo um espaço outrora mais abrangente e diversificado com uma massificação - na minha opinião exagerada - de medo, recolhimento, privação de liberdade e acção - nos movimentos quotidianos da população. E tudo com o aval dos governos reinantes muitas vezes mais autoritários e, quase totalitários, com que têm gerido esta pandemia.

Há que seguir regras, preceitos e conselhos, mas nunca uma tangível obstinação de contrariedade e desinformação para que toda a sociedade - nacional e internacional - fiquem em completo sequestro, seja no seu pequeno espaço doméstico seja na mentalidade por estes agora atribuída e, exigida, de sermos todos uma enorme ou imensa comunidade não-pensante, acéfala e não-beligerante, manipulada que foi (e está a ser continuadamente) por uma força motriz de temor e, por vezes muita dor, sobre o impacto desta pandemia que dá pelo nome de COVID-19.

Todavia estes desvios, estas ocorrências indevidamente propaladas, há a óbvia consciência de estarmos perante um vírus que se disseminou à escala global com efeitos muito negativos de vasta letalidade e que, em caso de sobrevivência, deixa muitas comorbidades, associadas a outras já existentes nos pacientes. Daí que os cientistas estejam atentos e sintam que têm de informar e, divulgar, todos os avanços e descobertas que vão fazendo.

Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Princeton, Nova Jersey (EUA) - que foi publicado em 9 de Novembro de 2020 na revista científica «Proceedings of the National Academy of Sciences» com o título «O impacto das intervenções não-farmacêuticas do COVID-19 na dinâmica futura das infecções endémicas» - alude a que, o uso de máscara e o distanciamento social, são as ferramentas fundamentais para se reduzir a infecção por coronavírus.

Verificou-se também de que estas acções (do uso de máscara e da distância social que hoje todos ou grande parte de nós praticamos em espaços públicos ou abertos) reduziam de forma considerável a incidência de outras doenças, tais como a Gripe e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Todavia esta conclusão, os investigadores de Princeton relatam também que as reduções actuais nessas infecções respiratórias comuns, no entanto, podem efectivamente aumentar a susceptibilidade da população a essas doenças, resultando assim e de futuro, em grandes e propagados surtos quando esta massa populacional começar a circular novamente já sem estas restrições ou obrigações. Ou mesmo com elas. Será isto um paradoxo?... Esperemos para ver e para o saber.

Entretanto novas questões se impõem: Teremos de passar a andar de máscara sempre e, para sempre distanciados uns dos outros?... Teremos de seguir ad infinitum estas regras e imposições para que haja uma quase inoculação humana sem deixar vestígios de contágio e infecção?... Teremos de passar a ser uns invólucros camuflados como se o nosso planeta tivesse sido acometido de uma qualquer invasão de raios cósmicos ou, de uma guerra ou terrorismo biológicos perpetrados por mão humana...?! 

E, sendo tudo isto exequível ou passível de ser executado por todos nós em cumprimento espartano de um pretor virológico que a todos mantém reféns, até onde se poderá ir, até onde nos permitiremos resistir, sem que ingloriamente possamos anular (adiando apenas) todos os nocivos efeitos e resultados de novas gripes, novos vírus respiratórios em maior e mais intensa demanda da qual nada nem ninguém está a salvo ou pode fugir...?!

Sim, são muitas questões às quais eu não sei responder; nem eu nem muitos de nós que, embora todos os esforços científicos ou a explicação mundana de estarmos perante a maior maldição dos mundos, ainda nos não foram respondidas, pelo que teremos de aguardar sempre que hajam os prenúncios de uma quase salvação de imunização sem susceptibilidade à vista...


A Máscara. Já foi tema de filmes, debates, e outras tantas bilaterais peças teatrais que nos fomentam o ódio, o medo, e por vezes a raiva de nos quererem amordaçar, bloqueando não só a respiração mas também a noção de sermos mais, muito mais, do que a simples ou complexa flagelação de algo que inversamente nos dá a salvação. Há que respeitar e seguir as regras; mas até quando...???

Retardar a Doença

Os cientistas assumem que, pelo facto de seguirmos estas regras, estamos a retardar a doença. A adiar, a procrastinar como agora se diz enfaticamente, ou simplesmente a querer esquecer que mais tarde ou mais cedo teremos de nos confrontar com muitos outros surtos futuros de grande evidência epidemiológica. É como se estivéssemos a adiar a morte, sempre inevitável e inegável na condição de seres vivos que somos.

Hoje, os investigadores de Princeton (Princeton University), localizada em Princeton, Nova Jersey, nos EUA, dizem-nos que as medidas para se reduzir a disseminação de COVID-19 por meio das intervenções não-farmacêuticas (NPIs), são de facto a base fundamental no combate ao Impacto da Pandemia de COVID-19.

Estas acções reduzindo substancialmente também como já referido a incidência de muitas outras doenças como a chamada Influenza ou Gripe (doença viral aguda do aparelho respiratório) e o Vírus Sincicial Respiratório ou VSR (em classificação superior de Pneumovírus), fizeram com que os estudiosos reclamassem de que, as reduções actuais nessas infecções respiratórias comuns, contudo, poderiam meramente adiar a incidência de surtos futuros.

Rachel Baker - a primeira autora do estudo, investigadora associada do High Meadows Environmental Institute (HMEI) da Universidade de Princeton - afirma:

"Declínios no número de casos de vários patógenos respiratórios foram recentemente observados em muitos locais globais." E explica em maior detalhe: 

"Embora essa redução nos casos possa ser interpretada como um efeito colateral positivo da prevenção do COVID-19, a realidade é muito mais complexa. Os nossos resultados sugerem que a susceptibilidade a essas outras doenças - como o VSR e a Gripe - pode de facto aumentar enquanto os NPIs estão ainda em vigor, resultando em grandes surtos quando eles começam a circular novamente."

Baker e os co-autores do estudo seus colaboradores afiançam ter descoberto que os NPIs podem mesmo levar a um Aumento Futuro no RSV - uma infecção viral endémica nos Estados Unidos, e uma das principais causas de infecções do trato respiratório inferior em bebés - sendo que o mesmo efeito não se verificou tão pronunciado no caso da Influenza.

Gabriel Vecchi - um dos co-autores do estudo de Princeton, e professor de Geociências do High Meadows Environmental Institute - anuncia: "Embora a trajectória detalhada do RSV e da Gripe nos próximos anos seja complexa, há tendências abrangentes e claras que surgem quando se focaliza alguns efeitos essenciais de NPIs e sazonalidade na dinâmica da doença."

Os Investigadores de Princeton usaram então um modelo epidemiológico baseado nos dados históricos de RSV e nas observações do declínio recente nos casos de RSV para se poder examinar o possível impacto dos NPIs de COVID-19 em surtos futuros de RSV nos Estados Unidos e no México.

A descoberta foi surpreendente. Os investigadores observaram que mesmo em períodos relativamente curtos de medidas de NPI, estes poderiam levar a grandes surtos futuros de RSV.

Segundo os especialistas, esses surtos costumam ser atrasados após o final do período de NPI, com casos de pico projectados para ocorrer em muitos locais na estação do Inverno de 2021-22.

"É muito importante preparar-se para este possível risco de futuro surto e, prestar muita atenção, a toda a gama de infecções afectadas pelos NPIs do COVID-19". (Aconselha Rachel Baker)


SARS-CoV-2/COVID-19: o terrível vírus que inicialmente se apelidou de novo coronavírus, gerando uma pandemia que, tendo o seu início em meados de Novembro de 2019 (mesmo que alguns aleguem já haver indícios deste vírus nos meses anteriores), se implantou com toda a mestria e vilipendiagem entre nós, humanos, mas também em animais. 

Por ora, há apenas a relatar as muitas implicações dos NPIs do COVID-19 em relação a outros surtos, futuros surtos com que todos nós nos teremos de confrontar...

Implicações e outras observações...

Os autores do estudo já mencionado consideraram também as «Implicações dos NPIs do COVID-19 para surtos de Influenza sazonal», pelo que encontraram resultados qualitativamente semelhantes aos do VSR. 

Foi verificada então a designada «Dinâmica da Influenza» que se mostrou muito mais difícil de projectar devido à evolução viral; no entanto, resume-se também que esta gera ainda alguma incerteza sobre as cepas ou estirpes circulantes futuras, assim como a eficácia das vacinas disponíveis.

A investigadora Rachel Baker introduz: "Para a Gripe, as vacinas podem fazer uma grande diferença. Além disso, o impacto dos NPIs na evolução da Influenza não está claro, mas é potencialmente muito importante!"

Bryan Grenfell - outro co-autor do estudo de Princeton e docente associado do HMEI - arremessou por sua vez em conjunto com Kathryn Briger e Sarah Fenton (ambas professoras de Ecologia e Biologia Evolutiva e Relações Públicas), num tom conclusivo: 

"A redução nos casos de Influenza e RSV - bem como o possível aumento futuro que projectamos - é sem dúvida o impacto global mais amplo de NPIs numa variedade de doenças humanas que vimos. Os NPIs podem ter impactos não-intencionais de longo prazo na dinâmica de outras doenças que são semelhantes ao impacto na susceptibilidade que projectamos para o RSV."

Um efeito semelhante de NPIs relacionados à pandemia noutros patógenos também foi observado após a pandemia de Influenza de 1918. Os dados históricos obtidos aquando do surto de sarampo (Measles morbillivirus) em Londres, mostram uma mudança de ciclos anuais para surtos bienais após um período de medidas de controle implementadas naquela época.

A co-autora do estudo - C. Jessica Metcalf - professora associada de Ecologia e Biologia Evolutiva e Relações Públicas, e também ela membro-associado do corpo docente do HMEI, afirmou peremptoriamente de que avaliar directamente os riscos associados de NPIs ao desenvolver e implementar ferramentas como a serologia - que mede melhor a susceptibilidade - é um passo deveras importante na direcção de saúde pública e política. Admite então: 

"As futuras repercussões dos NPIs reveladas por este trabalho, dependem de como essas medidas mudam o cenário de Imunidade e Susceptibilidade."

Outros autores do artigo incluem ainda e sem qualquer desprestígio como é evidente, os reputados nomes de Wenchang Yang - um investigador associado em Geociências - e Sang Woo Park, um Ph.D. candidato em Ecologia e Biologia Evolutiva.

Há que referir ainda que muitos dos autores aqui referidos são afiliados à iniciativa de «Mudanças Climáticas e Doenças Infecciosas», financiada pelo HMEI e pelo Instituto de Estudos Regionais e internacionais de Princeton (PIIRS).

O Estudo Actual baseia-se assim no trabalho da mesma equipe - publicado em Dezembro de 2019 e que teve como tema, missão e incumbência de revelar ao grande público - o minucioso exame de como as Mudanças ou Alterações Climáticas afectam os surtos de RSV nos EUA e no México.

Outro estudo desta mesma equipe, publicado no início deste ano (2020), avaliou então o Impacto do Clima, assim como o da Susceptibilidade na trajectória da pandemia por COVID-19.

O artigo em referência «O impacto das intervenções não-farmacêuticas do COVID-19  na dinâmica futura das infecções endémicas» foi publicado online em 9 de Novembro de 2020 pela «Proceedings of the National Academy of Sciences». Os seus autores são: Rachel E. Baker; Sang Woo Park; Wenchang Yang; Gabriel A. Vecchi; Jessica E. Metcalf e Bryan T. Grenfell.

Esta investigação foi generosamente apoiada pelo Cooperative Institute for Modeling the Earth System (CIMES), o High Meadows Environmental Institute, e o Priceton Institute for International and Regional Studies (PIIRS).

Imunidade e Susceptibilidade, talvez duas causas-efeito ou consequências que futuramente teremos de lidar em maior ou menor proporção consoante os avanços, as directrizes e as ordenanças biomédicas que entretanto vão surgindo em mais aprimoradas investigações, estudos e conclusões, sobre as práticas a seguir que nos façam reprimir e nunca progredir certas e determinadas doenças.

Temos todos a obrigação moral - mas não doentiamente visceral (segundo os ditames mais autocratas ou déspotas de certos países ou instituições mundiais que parecem desejar em poder executivo e legislativo uma escravatura global em nome da saúde pública) - de estarmos atentos a esta e outras realidades; de termos de viver e sobreviver a eventuais e futuros surtos epidemiológicos nefastos para a condição humana. (E, possivelmente, ao agravar de certas doenças endémicas após este tão acirrado controle de COVID-19 por que todos passámos).

Condição essa por demais oscilante e frágil - ou talvez vulnerável e pouco ágil - entre uma ecologia por si só já tão questionável e sofrida em termos objectivos que não subjectivos, das mudanças climáticas que também nos atinge a nós humanos, e não só ao planeta, numa tomada de posição a cada dia mais consciente de que está tudo em tranformação e alguma mutação. 

Podemos não ter Imunidade total, pois podemos, mas sempre podemos tentar não ser ainda mais susceptíveis a outras intervenções; pelo menos as que nos não sejam frutuosas ou positivas no intuito e ampliação de uma maior ou mais estável saúde e bem-estar humanos. 

Daí que Imunidade e Susceptibilidade sejam apenas duas correntes, contrárias ou não, do que temos e teremos ainda de percorrer para nos podermos absolver (e salvar!) de outros pecados maiores - os de nunca admitirmos que falhámos e não considerámos numa revisitada pandemia em tempos de agonia... isso, acredito, ninguém nos perdoará; aqui ou lá fora...

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