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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A Célula da Longevidade

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As células T citotóxicas na busca da longevidade. Envelhecer nunca é fácil, nem o que a idade prolongada em si comporta de doenças e por vezes poucas alternativas de desacelerar esse processo tão natural quanto inevitável na vida do ser humano.

No entanto, existem descobertas científicas que nos optimizam hoje uma creditação física mais firme, mais estável e duradoira - ainda que não imortal - mas decerto mais auspiciosa e esperançosa de se ultrapassar a barreira centenária com uma saúde invejável.

E, se não for pedir muito, em boa companhia e com muito amor; algo que a citologia não empreende mas compreende, pois só assim se envelhecerá em conformidade não com a idade, mas com aquela que o coração nos ditar. Em identidade e felicidade. E tudo o mais que a longevidade nos possa trazer em alegria e, prazer, sob essas abençoadas e maravilhosas citotóxicas células de nosso encantamento... ou rejuvenescimento...

                                                         As Células Assassinas

A célula T citotóxica é considerada actualmente pela comunidade médica e científica como a «assassina das células cancerígenas». O termo pode até ser brutal mas é efectivamente verdadeiro na função e objectivo a que os Linfócitos T citotóxicos se propõem dentro do nosso organismo.

São por isso células formatadas e, especializadas, na tarefa fundamental de protegerem o bom ou normal funcionamento do nosso corpo físico, travando dessa forma uma luta sem tréguas contra as células infectadas por vírus. Esta faceta «assassina» dos Linfócitos T citotóxicos (CD8 ou «killer cells»), vulgarmente conhecidos como glóbulos brancos, tem a exacta função da destruição dessas células infectadas.

Já em Maio de 2015, o professor Gillian Griffiths da Universidade de Cambridge (Inglaterra, Reino Unido), que conseguiu na altura filmar com grande detalhe e acção o movimento destas células a eliminar células cancerígenas, diria com a máxima determinação:

"Dentro de nós esconde-se um exército de assassinos em série cuja principal função é matar uma e outra vez. Estas células especializadas patrulham os nossos corpos, identificam e destroem as células infectadas por um vírus ou células cancerosas, com precisão e eficácia."

Todavia, para além desta constatação médica que teve honras de ser reportada em vídeo - implícito este na divulgação do já referenciado estudo pela «Immunity» e do qual Griffiths foi o seu principal responsável e autor - afere-se ainda de que estas células venham a mostrar no futuro uma maior relevância sobre o seu empenho no organismo, pelo que as recentes descobertas nos propõem também sobre elas.

Há que pormenorizar de modo mais científico que, o Linfócito T Citotóxico (LTC) ou Linfócito T Killer é um linfócito estimulado pela timosina (daí o chamar-se de timo-dependente) para desenvolver a capacidade de matar células que exibem antígenos específicos, identificados como grande ameaça (e de causa de distúrbios ao corpo ou organismo) por outras células do Sistema Imunológico.

(Antígenos são exibidos por células tumorais, por células infectadas por vírus e algumas bactérias; ou ainda por células danificadas por qualquer outra forma. No caso de doenças auto-imunes, o LTC pode mesmo vir a provocar a destruição de células saudáveis. As próprias células infectadas utilizam parte do patógeno para «avisar que precisam ser destruídas». Elas apresentam os antígenos na sua superfície externa usando uma estrutura chamada  MHC tipo1).

Quando são expostas a células infectadas - ou disfuncionais - os LTC  libertam então as citotoxinas: Perforina, Granzima e Granulisina. Através da acção da Perforina, as Granzimas e as Granulisinas entram no citoplasma da célula-alvo, desencadeando assim uma cascata de eventos que eventualmente causam Apoptose (morte celular programada).

A afinidade dos receptores CD8+ com o MHC tipo1 mantém as células ligadas durante a activação dos antígenos. Esta, a explicação científica sobre toda a envolvente do Linfócito T citotóxico.

Comummente - e na interferência clínica do quotidiano - regista-se sobre cada um de nós os Valores de Referência dos Linfócitos (quando nos deslocamos ao médico para sabermos do nosso estado de saúde). Não raras vezes esses valores se registam abaixo ou acima do devido, podendo representar sérios problemas de imunidade (note-se de que os valores de referência normais oscilam entre 1000 a 5000 mm3).

Linfócitos Baixos ou Altos podem efectivamente revelar graves problemas imunológicos no organismo, pelo que uma prevenção cuidada e atempada numa ida ao médico (e sobre estes valores) deverá sempre ser rigorosamente observada.

Linfócitos Baixos poderão ser sinónimo de síndromes, tumores ou infecções provocadas por vírus, como por exemplo no caso do HIV (SIDA/AIDS). Linfócitos Altos representam de modo geral que o sangue produziu várias dessas células - as que têm por missão matar as anómalas - para combater alguma infecção, seja ela viral ou bacteriana.

Pode ser efectivamente sinal de que o paciente sofre de diabetes, alergias ou intoxicações medicamentosas. Mas, como em tudo na vida, há que confiar no médico e na terapêutica a seguir.

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Linfócito T citotóxico (LTC): a célula assassina de que se fala. Linfócitos, Leucócitos ou simplesmente glóbulos brancos como são conhecidos, são as principais células de defesa do organismo. Sempre que uma partícula estranha é identificada, estas estruturas são activadas evitando por conseguinte infecções ou estados infecciosos.

A Explicação da Ciência
A função (e acção) dos Linfócitos está assim inserida no complexo Sistema Imunológico que detemos no organismo - que engloba os seres humanos e animais - representando apenas uma parcela do avultado trabalho desempenhado na defesa de qualquer organismo animal.

Regista-se de que todos os Linfócitos e as demais células que constituem o sangue são produzidos pela Medula Óssea e pelas Células-tronco.

Como se sabe, existem três tipos diferentes de Linfócitos/Leucócitos: linfócitos B; linfócitos T e linfócitos NK (os tais «natural killer»). Todos eles possuem morfologia semelhante, sendo no entanto distinta a forma como agem no sistema imunitário.

Os Linfócitos B (que têm o cognome de «mensageiros», pelo que têm como função a missão de identificar possíveis organismos infecciosos na corrente sanguínea) constituem de 5 a 10% de todos os tipos de células de defesa. Essas partículas possuem uma espécie de antígenos que, sempre que entram em contacto com o mesmo antígeno, produzem os tais tão falados anticorpos (outra célula do sistema imunológico).

Os Linfócitos T, existentes em maior quantidade na corrente sanguínea, representam assim 65 a 75% no organismo. São os principais exterminadores de partículas estranhas, sendo que a sua funcionalidade e acção é feita de forma extremamente organizada.

Os Linfócitos T dividem-se então em várias sub-categorias, cada uma delas responsável por uma actividade em específico. São eles:

Os Linfócitos T-helper: como os responsáveis por activar os macrófagos, tendo um papel preponderante no auxílio de outros linfócitos a atingirem a maturidade; os Linfócitos T citotóxico: células especializadas no reconhecimento de antígenos e produtores de proteínas que ajudam a «matar» células estranhas ou anómalas ao organismo, principalmente vírus e células defeituosas que podem evoluir como tecido tumoral ou oncológico (tumores ou cancro).

Linfócito T-supressor: são os grandes construtores da tolerância imunológica na criação e sustentação alergológicas do organismo (na maior ou menor tolerância a determinadas substâncias, como no caso das alergias que, em base científica e de especialidade na Medicina se determina pelo estudo da Alergologia em diagnóstico e tratamento). Este linfócito irá ainda autorizar (ou não) as demais células de defesa a atacarem uma partícula estranha.

Linfócito T de memória: células de defesa de acção rápida, que têm a extraordinária capacidade de destruição de uma série de bactérias e vírus em tempo-recorde, desde que sejam expostas ao mesmo antígeno. O seu papel é fundamental no espectro inocular, ou seja, no sucesso instado na vacinação.

Linfócitos Natural Killer (uma sub-categoria dos linfócitos T citotóxicos): são os que têm uma estrutura fortificada com proteínas MHC, que os tornam por sua vez muito mais resistentes, designando-se estas como estruturas ligeiramente maiores do que as demais células de defesa.

Os Linfócitos NK altamente programados para matarem organismos estranhos - sem necessidade de reconhecimento prévio, apesar de terem a capacidade de se comunicarem com os demais linfócitos - reconhecem-se como estruturas celulares de extrema importância na resistência do Sistema Imunológico (e na rapidez de acção nas infecções perigosas) para que possam evitar viroses intensas ou bactérias de rápida reprodução.

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A Investigação dos cientistas do RIKEN - Center for Integrative Medical Science (IMS) - e da Keio University School of Medicine, no Japão, que utilizaram a análise de ARN (RNA) unicelular para descobrir que, os Super-centenários - pessoas com mais de 110 anos de idade - têm em excesso um tipo de imunidade chamada de células T CD4 citotóxicas.

A «Chave» para a longevidade???
Sabemos que não somos imortais. Por enquanto. Se a alma o é, supostamente, e voa além fronteiras do desconhecido e do ainda incognoscível à mente humana, o corpo não o faz. Inerte e frio, decompõe-se e desaparece, salvo a excepção do esqueleto e da formação dentária que permanecem intactos até que o tempo também lhes pegue e faça desaparecer sem deixar rasto.

De uma forma geral e a nível antropológico, a média de vida do ser humano não tem por hábito e estatística média global ultrapassar os cem anos, sendo estes casos excepcionais; ultimamente alguns destes casos têm-se sobreposto, no que nas próximas décadas se tornará mais usual em maior escala e estimativa, de acordo com os especialistas.

Todavia, o que agora os cientistas nos vêm dizer na abrangência de estudos realizados recentemente, é que «As Células T citotóxicas» podem muito bem ser a futura chave para a longevidade humana.

A Investigação publicada em «Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS)», realizada em colaboração com cientistas do Centro RIKEN de Ciências Médicas Integrativas e da Faculdade de Medicina da Universidade de Keio, em Minato, Tóquio (Japão), veio assim explanar de que, os super-centenários avaliados nesta pesquisa, eram relativamente Imunes a Doenças como Infecções e Cancro/Câncer durante toda a sua vida.

Reconhecendo-se de que estes Super-centenários (pessoas com mais de cem anos de idade) são um pequeno e raro grupo de pessoas - devido a esta faixa etária ainda ser extremamente rara no planeta (por exemplo, no Japão, os investigadores encontraram apenas 146 pessoas com a idade de 110 anos) -  emergiu a ideia e interrogação científicas do que levaria a tamanha longevidade ou, segundo os cientistas, de como poderiam possuir um Sistema Imunológico Particularmente Forte...

Tentando encontrar respostas, estes investigadores analisaram as células imunes circulantes de um grupo de Super-centenários e controles mais jovens. Adquiriram então um total de 41.208 de células de sete desses Super-centenários (uma média de 5.887 por indivíduo) e 19.994 células para controles (uma média de 3.999 por indivíduo) de cinco controles com idades entre 50 e 80 anos (os mais jovens portanto).

Foi então que descobriram que, embora o número de células B fosse menor nos Super-centenários,  o número de células T era aproximadamente o mesmo.

E, em particular, o número de um sub-conjunto de células T que foi aumentado ou avolumado nos Super-centenários. Analisando essas células, os autores deste estudo descobriram então que os Super-centenários tinham um nível muito alto de células citotóxicas - o que significa que podem matar outras células, às vezes chegando a 80% de todas as células T em comparação com apenas 10 ou 20% nos controles.

Normalmente, as Células T com marcadores conhecidos como CD8 são citotóxicas, e aquelas com o marcador CD4 não. Daí que fizesse os autores e investigadores deste estudo pensarem primeiro que talvez as células CD8 positivas tivessem aumentado. Contudo, não foi o caso. Pelo contrário, parece que as células CD4 positivas dos Super-centenários adquiriram status citotóxico.

Curiosamente, quando os investigadores examinaram o sangue de jovens doadores, detectaram que havia relativamente poucas células citotóxicas CD4 positivas, indicando assim que esse não era um marcador da juventude, mas uma característica especial dos Super-centenários.

Para determinar de como essas Células Especiais Foram Produzidas, a equipe examinou as células sanguíneas de dois Super-centenários em detalhe, descobrindo depois de como elas haviam surgido através de um processo de «Expansão Clonal» - o que significa que muitas das células eram descendentes de uma única célula ancestral.

De acordo com Kosuke Hashimoto, do IMS, o primeiro autor do artigo: "Estávamos especialmente interessados em estudar esse grupo de pessoas, porque os consideramos um bom modelo de envelhecimento saudável - e isso é importante em sociedades como o Japão - onde o envelhecimento é importante procedendo rapidamente."

O Director-adjunto do IMS, Piero Carninci - um dos líderes e responsável pelos grupos - afirma: "Esta pesquisa mostra como a análise de Transcrição de Célula Única pode nos ajudar a entender de como os indivíduos são mais ou menos susceptíveis a doenças. As Células CD4 positivas geralmente trabalham gerando citocinas, enquanto as Células CD8 positivas são citotóxicas, e pode ser que a combinação desses dois recursos permita que esses indivíduos sejam especialmente saudáveis."

"Acreditamos que esse tipo de célula, que é relativamente incomum na maioria dos indivíduos, mesmo jovens, é-nos útil para a luta contra os tumores estabelecidos, podendo inclusive ser importante para a Vigilância Imunológica. E isso é empolgante, pois deu-nos novas ideias sobre como as pessoas que vivem vidas muito longas, são capazes de se proteger de condições como Infecções e Cancro." (Fim de citação de Piero Carninci, na divulgação do Science Daily de 13 de Novembro de 2019)

Não sei se será ou não compensatório haver em nós (se atingirmos essa meta para além dos cem anos), esse tal excedente de um tipo de Célula Imunológica guerreira e desafiadora - que dá pelo nome de T CD4  citotóxica - que nos garantirá uma longevidade invejável. Sinceramente não sei.

Mas acredito piamente que o futuro ser-nos-à mais promissório de um envelhecimento mais lento e bem mais complacente. E, se possível, bem mais saudável do que o sentido pelas gerações anteriores.

Somos seres inteligentes, activos e independentes que procuram voraz e incessantemente se não a imortalidade pelo menos a durabilidade em exequível afirmação - e demonstração! - do que somos e seremos capazes para lá dos cem anos.

Nem todos lá chegaremos mas muitos de nós, certamente, cá estaremos para o comprovar em boa forma física, mental e cognitiva, pois que «velhos são os trapos»  como se diz na minha terra. A massa geriátrica não tem de ser um peso para a sociedade se, geneticamente perfeita ou não, realçar outro tipo de potencialidade em sabedoria e experiência.

Se essa Célula da Longevidade se perfilar em alguns de nós, em permanência e pertinência, então que talvez tudo tenha valido a pena, até as rugas até ao chão, as inquietas tremuras das mãos ou mesmo a ligeira falta de visão. Somos sobreviventes!

E vamos agora mais longe em idade e cumprimento, ou mesmo em anuência e não-fingimento, do que nos individualiza e conceptualiza, pois que afinal somos apenas crianças crescidas com o mundo nas mãos. Com ou sem a imunológica célula T CD4 citotóxica... Mas mais vale com, digo eu! Quem não quer viver mais e melhor?!... Eu quero!!!

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