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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O Mais Corajoso Exército!

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Ébola: a incessante e quiçá extenuante luta que se trava em África contra esta terrível e infecciosa doença de níveis de contágio inacreditáveis, e que fazem o resto do mundo temer na potencialidade de uma possível e futura praga pandémica (ou surto epidemiológico à escala global) que transponha em si todas as portas, todas as barreiras, em extermínio de toda a população do planeta.

                                                            Os Exércitos do Bem!

Existem Exércitos. Os do Bem e os do Mal, como se sabe. Eu prefiro os do Bem, os que auxiliam e levam a paz, mesmo que por vezes tenham de fazer a guerra. Os capacetes azuis da ONU são disso exemplo. E muitos vezes caem. Morrem. Numa terra que não os viu nascer mas os viu morrer em nobre prestação da sua nação sobre outras que não conhece.

E depois há os outros. Aqueles exércitos de gente que não dorme mas cuida, não sucumbe mas protege, não descura e acarinha, independentemente da fragilidade de cada um. Esses, os exércitos de homens e mulheres de todas as cores, todas as raças, todas as etnias e ideologias, crenças ou oportunidades em que deixam de ser só a sua pessoa para serem a de muitas outras.

Estes Exércitos são os que lutam pela vida. Pela esperança que não morre, mesmo quando tudo à sua volta padece, sofre e fenece sem que haja um milagre ou uma forma de tudo reverter. O Ébola sabe disso e faz-se contorcionista, imbuído que está em criar o caos, a mágoa, o desespero e a desesperança nas vítimas que faz.

E vai abrindo os seus braços, os seus longos e tentaculares braços da desgraça sobre os povos de África... e que um dia não serão só de lá mas de todos nós, se entretanto não houver uma cura, uma abençoada e eficaz cura para todos estes males!...

Hoje sabe-se que estes exércitos se unem nesta demanda no feroz combate ao Ébola, a mais peculiar e fatal febre hemorrágica que parece não dar tréguas - em particular na República Democrática do Congo - por onde homens e mulheres de boa vontade e uma coragem férrea, se fazem continuar de pé, sem desistir ou sem fugir, de também eles poderem contrair a doença, determinando-se a nossos mundanos olhos como um dos Mais Corajosos Exércitos da Terra!

Quem disso duvidar vá até lá e testemunhe o que esta gente, da Medicina e da Paz, faz com todos os recursos que possui, por vezes apenas a voz do conforto e de uma segurança que não medeia, pois que as ferramentas - de prevenção e tratamento - há muito que estão esgotadas, tanto quanto as forças que se esvaem ao verem-se mais covas abertas e almas fechadas.

São batalhas duras. Muito duras! Mas não há espaço nem tempo para parar ou para se deixarem atemorizar pelos números que se avolumam e, estatisticamente vão apresentando ao mundo, mais detalhes e tristemente mais a confirmação de quem está a ganhar esta luta, esta terrífica batalha - hemorrágica também - de se não ver estancar.

Estamos no século XXI. De há 300 mil anos para cá supõe-se que algo tenha mudado. Da versão hominídea até ao Homo sapiens sapiens ou homem moderno, a Medicina e a compreensão que fazemos dela transformou o Homem e a sociedade em que vive - não sem antes se confrontar com muitas doenças, muitos surtos epidemiológicos que nem sempre conseguiu debelar. Um exemplo disso foi a Febre Espanhola no século XX que ceifou milhares de vidas por toda a Europa.

Se algo similar se estabelecer, que não seja focalizado e tratado convenientemente, sem antídoto e terapêutica ou haver a contracção/remissão dessa estirpe, desse vírus, o mal generalizado e proliferado à escala global poder-nos-à ditar o destino de toda a nossa civilização humana.

Ter essa consciência e usar de todos os meios para travar essa condição, será talvez o primeiro passo para que não desapareçamos sem deixar rasto; e deixando, este não seria de todo uma feliz ou benéfica contemplação do vestígio humano na Terra, pelo que essa pegada ecológica da humanidade feneceria por si, ante toda a restante vida planetária se acaso se propagasse aos restantes seres vivos do planeta.

(Daí que seja de máxima urgência estarmos atentos para estes fenómenos/surtos epidemiológicos de elevada perigosidade se não quisermos deixar de ser civilização...)

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Neandertais: a civilização de há 40 mil anos que desapareceu sem explicar como. Portentosos, com fortes caixas cranianas e um raro espírito de sobrevivência, os homens e mulheres de Neandertal eram por certo muito mais resistentes do que o homem moderno; no entanto, não sobreviveram.

A extinção foi um facto a que hoje, indubitavelmente, damos voz sem sabermos com toda a certeza qual o factor determinante que terá levado a essa extinção. Pandemia, hibridação, coabitação conflituosa ou mesmo incesto são algumas alíneas; o que fica por esclarecer também, é se por contingência ambiental e planetária ditas naturais ou se por vias de mão não-humana, ou seja, por mão de quem nos é superior (na entidade de uma super-inteligência interestelar) em acintosa agenda de acabar com toda uma população...

                                                           Extinção ou Evolução?...

Há aproximadamente 40 ou 50 mil anos que nos debatemos com a razão pela qual certas civilizações humanas se extinguiram. Dos Neandertais da Europa aos Maias da América Central e Sul.

E tantas outras que por vezes e só através das mais recentes escavações arqueológicas vamos conseguindo destrinçar, aperfeiçoando ou talvez rectificando um conhecimento que outrora não detínhamos - em datação e conotação - com o que os actualmente determina, relaciona e subjectiva estas civilizações perdidas. No entanto, uma Nova História vai-se fazendo...

A Ciência, por sua vez, certifica-nos em fonte segura da existência de hominídeos há cerca de 300 mil anos, os quais se foram «moldando» - na velha teoria da Selecção das Espécies de Charles Darwin (teoria da evolução pela selecção natural). E assim, expressada com grande enfoque nestes dois últimos séculos - ou na mais eloquente revelação - que toda a vida na Terra descende de um ancestral comum e que as sucessivas gerações em existência e sobrevivência se tiveram de adaptar; as que o não conseguiram foram extintas, segundo a sua teoria. Mas terá sido exactamente assim???

Depreende-se que mesmo com a acirrada oposição por parte de alguns historiadores, vai-se reescrevendo uma Nova História Humana - ou mais exactamente uma Arqueologia Proibida - segundo alguns teóricos sobre a História dos Antigos Astronautas que visitaram a Terra, por outros que jamais o admitem, reportando-se meramente aos factos que se conhece, não referindo ou simplesmente preterindo hiatos que se não explicam (não lhes dando qualquer importância).

E, aliás, não reconhecendo também que houve um certo e Grande Salto em Frente na condição humana em inteligência, desenvolvimento e evolução inexplicáveis ou entendíveis do ponto de vista científico. E reconhecendo, o não sabem confinar em explicação plausível.

O que se sabe é que nos primórdios (há aproximadamente 40/50 mil anos) havia três espécies de hominídeos - Neandertais (homo sapiens neandertalensis), Homo Floresiensis (vulgo hobbits, seres de estatura muito pequena) e Denisovanos. E que a partir daí, dessas espécies, houve um extraordinário Big Bang da inteligência humana em QI surpreendente que tudo fez mudar.

O que despoletou tamanho fenómeno nos cérebros humanos de então ninguém sabe com toda a certeza responder, apesar de alguns afirmarem ter-se tratado de cirúrgicas manipulações genéticas perpetradas por extraterrestres que desejavam a nossa evolução à sua semelhança. O fenómeno não é de facto de simples explicação, pelo que todavia e ainda hoje não existe um consenso geral na identificação científica lógica para tal.

Na contenda entre os mais conservadores que seguem Darwin e aqueles que se lhes opõem na medida em que defendem que fomos sempre sendo evoluídos por uma ou mais espécies de extraterrestres ou de origem interestelar de grande clarividência, superioridade e inteligência, sobram ainda os que por bases geneticistas aferem ter havido um chamado «estrangulamento genético».

Estrangulamento este, que fez com que um pequeno grupo de seres humanos tivesse evoluído num aumento exponencial de inteligência por motivos de força maior em mutação irreversível, detectam os investigadores. Mas que clique foi esse então? Espontâneo e milagroso ou eximiamente calculado e executado nos hominídeos de então com objectivos precisos?!

Mesmo tendo havido por suposição ou provavelmente por descobertas feitas outras 4 ou 5 subespécies humanas, pode-se sugerir que tenha havido também uma que se sublevasse; uma civilização vinda de África, do Iraque ou mesmo do Médio Oriente (sumérios?!) E nessa vertente, que descendemos todos de um ser humano vindo de África, um «Adão cromossomial-Y» que deixou a sua terra há cerca de 50 mil anos espalhando-se por todo o planeta.

Esta, a explicação para a torrencial evolução de que fomos alvo. Mas sobre a extinção... nada! Nem mesmo quem admite fervorosamente que o factor climático em alteração extrema possa ter provocado essa extinção; neste caso referente aos Neandertais. Quanto à civilização Maia a coisa fica mais estranha, pois não existem esqueletos enterrados que o comprovem.

Por que razão, quais os motivos reais, qual a origem dessa extinção...? Pouco ou quase nada é o que sabemos sobre ela. Daí que tenhamos de estar atentos, muito atentos, se acaso algo ou alguém - por instada mutação ou particular motivação para nós desconhecida - accionar um botão vermelho de erradicação, eliminação ou subliminar extinção sobre toda a nossa civilização!...

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Ébola na RD do Congo: em 6 meses o Ébola já matou mais de 500 pessoas, no registo dos números do Ministério da Saúde do país, como as mais recentes vítimas mortais desta tão pungente febre hemorrágica. Desde o início da epidemia - a 8 de Agosto de 2018 - que se estima terem falecido 505 pessoas das 806 infectadas com esta doença. As províncias de Kivu-Norte e de Ituro, no leste e nordeste (respectivamente) deste país africano, foram as mais atingidas. A pergunta que muitos de nos fazemos é: Estará o Ébola circunscrito a esta região e a este país???

Ébola: A sentença de morte?...
Existem questões para as quais nem sempre sabemos a resposta. O que se deve fazer em primeiro é saber do que se trata efectivamente esta doença tão mortal quanto democrática ou aleatória, se acaso estivermos em contacto (mesmo sem o sabermos) com o portador desta doença.

É uma doença rara - muitas vezes fatal -  com uma taxa de mortalidade registada nos 25 a 90% causada pela infecção por vírus Ébola. De momento não existe tratamento específico no combate à doença nem vacinas comercialmente disponíveis, o que não é nada animador nem apaziguador dos nossos maiores receios em ver - ou sentir - esta doença proliferar nas grandes cidades europeias, americanas, russas ou chinesas. O mundo tem de estar alerta!

Sabe-se que têm existido alguns casos pontuais, esporádicos, na importação da doença (na Europa e nos Estados Unidos) mas que felizmente não se reportaram na formação de cadeias de transmissão do Ébola. Aqui, o mundo mexe-se e resolve, apesar de todas as consequências admitidas.

Quanto à sintomatologia, esta é acentuada, no que os futuros pacientes se debatem com esta infecção que degenera em febre, náuseas, vómitos, diarreia, dores abdominais, dores musculares, dores de cabeça, dores de garganta, fraqueza e hemorragia inexplicadas. E isto, na evidência física de sintomas que aparecem subitamente entre 2 e 21 dias após a exposição ao vírus.

A Fase Seguinte do Ébola regista-se ou caracteriza-se habitualmente pelo aparecimento de manchas na pele, insuficiência hepática e renal. Alguns doentes apresentam igualmente hemorragias internas e externas excessivas ou de facto abundantes (não debeladas totalmente pelos meios clínicos, infelizmente) e, insuficiência de vários órgãos, o que clinicamente se traduz em falência múltipla.

A Doença por vírus Ébola é transmitida por contacto directo com fluidos ou secreções corporais (sangue, vómitos, urina, fezes, saliva ou sémen), de pessoas infectadas, mortas ou vivas.

A Infecciologia/Infectologia tenta estudar estes casos com o máximo rigor, observando-se muitas vezes não ser com total eficácia os recursos existentes para combater essa infecção derivada dos patógenos, vírus ou bactérias.

Neste caso, a infecção aqui determinada é tanta que é essencial, sempre, o uso de fatos especiais do pessoal clínico para lidar com estes casos. Nada pode ser descurado, uma vez que pode inclusive haver a transmissão do vírus Ébola através do contacto directo com as superfícies - objectos ou roupas contaminadas com fluidos dos pacientes.

Há que ter presente nunca praticar um acto sexual desprotegido, uma vez que a doença pode ser transmitida pelo contacto sexual não-protegido até 3 meses depois de se ter recuperado da doença.

O Ébola também pode ser adquirido por contacto directo com sangue e outros fluidos corporais de animais portadores da doença, ou pela ingestão da carne dos mesmos.

De acordo com a  publicação de 2018 feita pela DGS - Direcção Geral de Saúde - de Portugal, e os estudos científicos mundiais conhecidos até hoje, a transmissão do vírus Ébola só ocorre quando uma pessoa apresenta sintomas, pelo que é necessário de muita prevenção e cuidados, uma vez que o vírus poderá estar em processo de incubação sem o paciente saber.

Os países mais afectados por esta doença são: Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e República Democrática do Congo. Em relação a este último país (RDC), o número de mortos por contágio neste início de ano de 2019 foi algo assustador, num impressionante registo de ascendência. Ou seja, a subir, sem que haja algo definitivamente desmobilizador para tal.

As cidades de Beni, Katwa, Mabalako e Kalunguta continuam a ser das cidades mais afectadas (todas elas pertencentes à província de Kivu-Norte) com um maior índice de mortalidade devido ao contágio do Ébola; e isto, desde que a epidemia foi declarada em 8 de Agosto de 2018. Daí que só nos reste a liminar questão: Para quando o seu término...? Ninguém sabe.

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Ébola: quase sempre a tragédia inevitável de levar consigo o seu portador. Os números são a evidência do muito que ainda se tem de fazer, sem por vezes se saber como. A OMS (Organização Mundial de Saúde) eleva o número de 789 casos de infecção com o vírus Ébola, na RD do Congo (até ao dia 5 de Fevereiro de 2019, segundo enuncia o «Observador») num registo de 735 casos confirmados e 54 prováveis. A OMS refere ainda em comunicado de que, o Índice de Mortalidade Global, atingiu os 62%. Poderemos ficar sossegados com estes números...? Acredito que não.

Ébola na RDC: a calamidade em números...
Em relação à República Democrática do Congo(RDC), segundo dados oficiais actuais do Ministério da Saúde deste país, dos 806 casos registados desde Agosto de 2018 até Fevereiro de 2019, 745 foram já confirmados em laboratório e 61 outros são prováveis - sendo que em 9 de Fevereiro deste ano foram já confirmados 6 novos casos e 3 novas vítimas mortais nesse mesmo dia, o que vai preenchendo ainda mais a escalada do vírus Ébola na não-contenção da doença ou do que ela provoca.

Para piorar ainda mais a caótica situação em termos humanitários ou de auxílio às populações, a Direcção Geral de Luta contra a Doença de Ébola notou recentemente vários casos registados nas fileiras do Exército Nacional Congolês, na cidade de Butembo, onde dois militares oriundos da zona sanitária de Oicha - e que trabalhavam no aeroporto de Butembo - foram identificados como sendo dois casos confirmados de Ébola a 12 de Janeiro de 2019.

A Esperança: Estes dois militares permaneceram então 5 dias no Centro de Tratamento de Ébola, saindo felizmente curados após essa estadia hospitalar, segundo se estimou em termos clínicos. Outros casos suspeitos têm surgido e sido por sua vez rastreados devidamente não havendo razão para preocupação, pelo que os testes laboratoriais registaram como negativos, o que é sempre uma boa notícia.

Há somente a acrescentar que a vacina rVSV-ZEBOV continua até ao momento a ser a única no combate a este tão hediondo vírus (ou contra as doenças associadas por vírus do Ébola), aprovada pelo Comité de Ética na sua eclética decisão de 19 de Maio de 2018. Muito recente, portanto.

Esta vacina é fabricada pelo Laboratório Merck (ou grupo farmacêutico Merck), o que permitiu assim à República Democrática do Congo poder imunizar cerca de 77 mil pessoas - entre elas os prestadores de cuidados médicos de primeira linha e que estão directamente em contacto com os pacientes.

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A Vacina que previne. Ou que tenta afugentar outros fantasmas. O vírus do Ébola não se compadece com faixas etárias ou escalas socais na RDC; ou em qualquer outro lugar. Infecta, contagia e dissemina invariavelmente as suas vítimas. Segundo nos noticia a CNN, cerca de 100 crianças acabam por falecer devido ao Ébola, aquando a crise piora ou aí se instala em toda a sua ferocidade.

De acordo com o «Save the Children», esta é a triste constatação que daí se resume aquando esta doença alcança um novo pico e, acelerado ritmo, com o surgir de novos casos de duplicação, em particular no mês passado (Janeiro de 2019).

Há quem refira que muitas crianças são inclusive abandonadas à sua sorte. E o mundo nada diz, nada faz. Seremos todos cegos, surdos e mudos para esta realidade?... Ou estamos apenas a precaver-nos para com eventuais e futuros infortúnios caso esta doença nos bata à porta???

Indiferença ou apenas conformação...?
Os números crescem ao ritmo e à velocidade com que estas notícias nos chegam também na sempre crescente reflexão (ou que assim deverá ser) do que devemos ou não fazer para que estes casos se não propaguem em foco disseminado por todo o globo.

Todavia, com excepção de um outro caso mais mediatizado passado nos Estados Unidos ou na Europa (em importação do vírus do Ébola), pouco nos importamos com esta realidade que nos parece ainda tão distante. Contudo, não o é. Portos e aeroportos estão de vigília, apesar de nem tudo se poder conter ou refrear em simples globalização no movimento de transporte de pessoas e bens, sem que haja uma segurança efectiva de se não estar a transladar também este ou outros tão nefastos vírus.

Neste momento, reconhece-se de que o actual surto epidémico do vírus do Ébola é o segundo mais mortal e o segundo mais mortífero da História - superado apenas por um, na África Ocidental em 2014, quando a doença matou mais de 11 mil pessoas, segundo a OMS.

"Estamos numa encruzilhada. Se não tomarmos medidas urgentes para conter isto, o surto poderá durar ainda mais 6 meses, se não o ano todo!..." (A indissociável verdade dita em comunicado por Heather Kerr, directora do Save the Children, no Congo)

A sua preocupação adensa-se, pelo que nos acrescentou: "É fundamental convencer as comunidades de que o Ébola é uma preocupação urgente e real. As pessoas interromperam os funerais porque não acreditavam que o falecido havia sucumbido ao vírus. Os trabalhadores humanitários foram então ameaçados porque acreditavam que eles disseminavam o Ébola."

Outro factor de grande relevância é o estado de instabilidade, insegurança e violência que grassam no país não estancando de modo algum este surto epidémico.

A Agência de Saúde Pública da ONU estima que mais de um milhão de refugiados (e pessoas internamente ligadas a si) estão a viajar entre as províncias de Kivu do Norte e Ituri, num movimento considerável de grande factor de risco que potencia evidentemente a propagação do Ébola.

Kivu do Norte assume-se assim o epicentro do surto, sendo que esta e Ituri (onde também existem casos registados), são as duas províncias mais populosas do país, no que ainda vai piorar mais a situação - caso se não contenham estas deslocações - pela evidente referência de fazerem fronteira com o Uganda, Ruanda e Sudão do Sul.

E, como se sabe, onde a instabilidade política também se traduz, não havendo grandes perspectivas de se poder redimir a acção do Ébola. Se não se reprimir este presente em que o Ébola é rei, possivelmente não haverá grande futuro para as novas gerações, infere-se.

Disseminado e não-contrariado por toda essa tão vasta região africana, em breve se poderá admitir ter condenado toda uma zona à sua condição de não-vida. Ou seja, à morte. E pior, se esta passar de portas para fora de África!...

Tal como a civilização dos Neandertais, poderemos ser dizimados. Extintos! A Humanidade nunca sentirá esse medo até que ele lhe chegue perto: Mas há que recordar que, se há 40/50 milhões de anos toda uma comunidade foi extinta, assim como alguns outros milhares de subespécies humanas que pela Terra possivelmente vaguearam, por que não dar mais crédito a estes surtos, a estas epidemias?...

Há que ter a noção perfeita da nossa imperfeição, a finitude do que nos não é efectivamente infinito ou imortal, e saber lidar com isso. Mas tentar, apressada mas convictamente (e com toda a noção de urgência que o tema induz) em se descobrir uma cura; e acreditar que um dia o Ébola será erradicado para não mais voltar. Mas será assim???

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A inocência do que não se sabe. Mas sente. Roubaram-lhe a mãe, o pai, os irmãos, tios e tias. Os avós há muito que partiram devido à fome, às doenças, às outras doenças. Há que procurar comida e só isso importa. Se a doença vier tudo acabou. O vender o amendoim, o vender qualquer coisa que mitigue a dentada no estômago vazio que ronca como demónios por nada ter em si, e só isso importa, por agora, mesmo que esse agora seja já hoje e aqui...

É aqui que se apela aos exércitos, à protecção, ao desvelo, à comoção e à solidariedade. Mas haverá meios para isso?... Haverá exércitos que os protejam, que lhes dêem colo e abrigo, a elas, às crianças...? Sabemos que não. Muito pelo contrário.

São outros exércitos, os do mal, dos violadores aos saqueadores, aos que roubam vidas e esperança tal como o Ébola. E que só o Ébola conhece, desdenha e ensandece, por todas as covas abertas que se tapam com corpos que um dia foram vida. E as crianças, Senhor???

Crianças que o Ébola não levou...
É sempre um assunto por demais delicado. E tão intrincado, que muitos fingem não saber ou não querer saber. Mas elas existem e sofrem. Muito!

Não se lhes pergunta se estão sós ou se precisam de algo; apenas que andam por lá e vagueiam e escapam ou tentam escapar à mais terrível doença que lhes levou toda ou parte da família, e da que sobrou, se é que sobrou, nada ficou - nem forças nem vontades de ter como responsabilidade mais bocas para alimentar.

(Infelizmente é esta a triste dura realidade que muitos repórteres no local averiguam e observam consternados na impotência gerada de algo se poder mudar.)

Quanto às crianças que dizer (ou que pensar mais), perante o que nos foi deixado mais em lástima que em pedido ou talvez mais em urgência que em súplica, por voz inflamada de Marie Claire Mbombo, funcionária de protecção à criança:

"Muitas crianças estão sendo deixadas sozinhas - por causa do vírus ou por diferentes razões. Nalguns casos, os seus pais estão no hospital ou a trabalhar no campo. Outras crianças ficaram órfãs."

Mbombo esclarece ainda com toda a tristeza no olhar: "As Crianças deixadas sozinhas correm um maior risco de abuso sexual ou de ter que trabalhar. Algumas delas estão a vender amendoim à beira da estrada para sobreviver."

Perante tudo isto que dizer...? Ficar indiferente ou acomodado à nossa mesquinhez ocidental da sociedade moderna em que se vive nas grandes cidades, nas insensíveis urbes de massa populacional indistinta?! Poderemos continuar a fingir que África nos é longínqua e nada nos diz, a não ser que um dia de lá viemos em corpo e génese, em alma e tudo o mais, sem que agora o consideremos recuando no tempo...???

Poderemos, muitos de nós, viver com essa não-consciência de sermos descendentes de Eva mitocondrial ou de Adão cromossomial-Y sem nada reabilitarmos ou realçarmos o que de melhor temos sem ser através da mais pura displicência para com outros?

Penso que devemos pensar um pouco. E agir. Não é no sentido de irmos «África Minha» sem razão ou sem conhecimentos para tal (por muito boa intenção que tivéssemos) ajudar estes órfãos e esta terra-mártir; mas, trabalhar com todos os meios, todos os recursos à nossa disposição na busca de uma solução, seja a nível laboratorial seja a nível político, pois que muitas mortes se evitariam caso os governos obedecessem a regras, a auxílios vindos do exterior.

Temos esse dever para com as crianças mortas pelo Ébola, mas acima de tudo pelas vivas que permanecem abandonadas e rejeitadas por todo o mundo. Não devemos ignorar, banalizar ou até ostracizar o mal de que padecem. E se assim é, por que razão o é ?... Por serem negras? Por serem de África? Por não nos serem nada??? Não. Isto não é um monólogo de surdos. Ou um debate que se queira inter-racial. Nada disso. Nem racismo nem xenofobia têm aqui cabimento. Apenas piedade e auxílio a quem o merece certamente.

O ser humano não tem cor. Mas tem doenças. E todas elas, ou grande parte delas, não escolhe o alvo, o receptor. O Ébola também não. Acolhe e recolhe as suas potenciais vítimas indiscriminadamente; e mais ainda, de quando se negligencia cuidados e prevenções!

Furando fronteiras e outras barreiras, um dia destes o arrependimento ou o alheamento não nos bastarão (nem tão-pouco aos grandes laboratórios farmacêuticos) que em vão tentam descobrir o antídoto certo para a cura certa.

E, enquanto não houver cura nem reflexão, o ser humano continuará nas mãos daquele mais terrível conquistador que tentará a todo o custo derrubar o Mais Corajoso Exército, aquele que ajuda, ombreia, cuida e vela; e só depois sepulta, os seus mortos, os que não conseguiu salvar.

A todos eles, aqui fica a minha mais sincera homenagem aos homens e mulheres envolvidos nos Centros de Tratamento do Ébola (na RDC e fora dela). Ao excelente trabalho efectuado pelos médicos, enfermeiros e todos os auxiliares  mobilizados contra este flagelo no mundo, no nosso pequeno mundo que se chama Terra.

Se o Ébola nos for invencível e intransponível em todas as suas patogénicas qualidades de replicação e invasão - e que hipoteticamente nos irá no futuro infernizar e matar - então de nada valeram as batalhas por África, a nossa génese e a nossa evolução, seja de quem for que a tenha sonhado e impulsionado, orquestrado e criado. Que importa a origem se a meta é a morte? A menos que não haja morte...

Se não tivermos futuro, pouco importará de onde viemos, sendo que para lá iremos sem o saber contudo. No entanto há que acreditar que Outros Corajosos Exércitos se estão a agrupar, a mobilizar, a recriar uma nova forma de sentir e pensar, agir e consolidar, pois que todos talvez um dia precisemos desses exércitos humanos para nos ajudar... no colo e na dor, ou somente na solidão de quem não partiu mas ficou, vendo o que o Ébola lhe roubou...

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