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terça-feira, 21 de novembro de 2017

"Em Memória de Mu"

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Galáxia NGC 4501 (galáxia espiral do tipo Sc, a 60 milhões de anos-luz de distância da Terra e de magnitude 9.6, sendo membro do enxame galáctico de Virgem) na constelação de Cabeleira de Berenice (créditos: Jim Quinn/Adam Block/NOAO/AURA/NSF): a longa epopeia galáctica de onde nós, seres humanos, viemos. Das estrelas para a Terra; da Cabeleira de Berenice para Mu (de Shalmali I para Shalmali II). Ou, do mais enigmático e distante pulsar cósmico que no planeta Terra se inaugurou sobre uma terra de ninguém, que, repartida mas não esquecida, se chamaria Mu, em vibrante colónia de Atlântida...

                                                     "A Memória é o escriba da Alma!"
                                                                     (Aristóteles)

A Memória é tudo o que nos resta. Dos céus à terra, ou do limiar dessa inexorável fresta do que em mnemónica perpetuamos do que um dia nos fez ser corpo e espírito, físico e psíquico, adaptação e funcionalidade, objectivo e sustentabilidade, na continuação da génese dessa espécie de estrato biológico e antropomórfico que nos vê ser gente, ser algo ou alguém através dos tempos.

Os limites geofísicos intransponíveis ou apenas invisíveis pelo que a nossa racionalização capta, acaba por nos confinar a uma exígua porta de um minúsculo cubículo sem janela que tudo veta e não trespassa ou, visualize enfim, o que para lá dos nossos olhos se observa noutras dimensões, noutras vibrações ou considerações.

A Terra de Mu é a prova disso mesmo. A existência de continentes desaparecidos baseia-se por certo em tradições e documentos (por vezes contestáveis) mas alegóricos e fundamentais nos muitos dados científicos extremamente válidos que os consideram não lugares míticos de contos ou lendas mas, na veracidade histórica e geográfica que, tendo existindo, poucos lembram.

E lembrando, saberão que existiu - em épocas recuadas - um único Continente Terrestre, ainda que por vezes subdividido ou fragmentado em colónias suas, que se teria cindido em consequência de grandes convulsões geológicas (esta a tese defendida há muito pelo geofísico alemão Wegener).

E essas convulsões geológicas, de erosão, destruição ou mesmo transformação ao longo dos milénios - e das consequentes aferições diluvianas que o planeta Terra sofreu - fez com que se estudasse mais em pormenor o afastamento das massas emersas sobre as camadas móveis do interior do planeta, assim como as Translações Continentais, que se efectivaram sobre este.

Mesmo na Geologia Marinha os dados são esclarecedores destes fenómenos: o fundo do mar ter-se-à expandido durante milénios, separando a massa emersa em continentes distintos.

Daí que se reverbere que, Mu, tal como Lemúria ou Atlântida tenham sofrido não só a consequência dessa modificação geofísica como, o afundamento por dilúvio acometido sobre a Terra.

E, nada disto sendo novidade, sê-lo-à, talvez, sobre os resquícios do que sobre Mu se investiga e mesmo assevera, sobre este «continente perdido» continuar a existir no mais extremo Ocidente Atlântico por terras hoje de nacionalidade e identidade portuguesas.

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Do Céu para a Terra; da constelação de Cabeleira de Berenice para Atlântida e suas colónias na Terra. Ter-se-ão feito sobreviver, esses mui longínquos mas avançados e inteligentes seres endógenos de Berenice, através do imenso cosmos, percorrendo estrelas, planetas que lhes fossem amistosos na disseminação da sua galáctica espécie? Por que terão vindo dessas suas galáxias, desses seus planetas distantes e possivelmente disformes de tudo o que hoje concebemos em continuação dos povos na Terra....? Seremos a sua descendência???

A Terra de Mu: Shalmali
Shalmali - a capital de Mu no cosmos - a pátria extraterrestre dos Atlantes??? E sendo controversa esta teoria, de contornos pouco claros mas adepta de uma outra realidade que não só mera imaginação terrena, ver-nos-emos contemplar essa outra realidade em Shalmali II, na terra de Mu e sobre o planeta Terra - em memória ao nome da capital da pátria estelar Shalmali I! Há quem o defenda com unhas e dentes; ou seja, afincadamente.

E o que dizer, o que revelar sem extrapolar factos e argumentações geofísicas (no contexto histórico mas também geológico que tanto nos conta) sobre o que foram ou terão feito esses primeiros habitantes da Terra, transmitindo o seu conhecimento aos Atlantes, todos os seus estelares ensinamentos que, segundo Robert Charroux, tudo terão implantado em colonização pontual?!

E o símbolo da cruz, o do sagrado quatro (nas quatro forças primordiais, exactamente as do cosmos e as da Terra) que hipoteticamente terão servido para enaltecer em simbolismo mas efectiva execução terrestre a criação do mundo, o nosso mundo?!

Símbolo celta ou cristão, símbolo cósmico ou somente a designação das quatro frentes terrestres de: Atlântida, Lemúria, Hiperbórea e terra de Mu, que mais poderá ser senão a verosímil amostragem de um outro conhecimento em estabelecimento na Terra???

Mu: o berço da raça/espécie dos homens brancos. Segundo o professor francês Rameau de Saint-Sauveur, os Muanos de raça branca vinham da constelação chamada «Cabeleira de Berenice», no que terão sido os primeiros habitantes civilizados da Terra.

Do império cósmico ao do planeta azul foi um passo, estendendo-se este seu «império» terrestre da ilha da Páscoa às ilhas Marquesas (na teoria de Saint-Sauveur que não coadjuvou nesta qualquer referência histórica) mas que ainda assim insistiu que Mu existiu mas se afundou há cerca de 700 mil anos.

Segundo este professor, a Atlântida compunha-se de três ilhas, a Atlanta (capital), situada no meio do Atlântico Norte, emergindo então um continente na América do Sul - a terra de Ischtar, a deusa babilónica - com Tiahuanaco por capital.

Mesmo sem grande consistência geográfica ou histórica sobre esta tese, há que sublevar que, na tese dos proponentes que defendem a existência destes territórios e sua civilização congénere, se possa admitir a existência dos continentes: Atlântida, Gondwana-Lemúria, Hiperbórea e Terra de Mu.

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Porto Covo - Sines (Alentejo). Portugal, num abraço eterno ao mar, na costa atlântica de um extremo ocidental ancestral e que, por vezes esquecido no tempo, se relembra a cada passo, a cada encosta, a cada ravina por onde se passa, por onde andaram outros que somos nós...

Sobre Mu e o Céu dos Deuses:
                                                        (A memória que detenho de Mu)
«Lembro-me de correr e saltar sobre a espuma do mar e das ondas velozes, indómitas e selvagens que me percorriam o corpo salpicado de sal, solidificado de uma alegria que jamais senti. A liberdade havida por todos os poros da minha alma, voando com os pássaros, as andorinhas - igualmente livres, persistentemente felizes - que nidificavam nos ninhos e nichos das ravinas, das arribas lá do alto, sobre um cáustico mas dormente Sol que me acalmava os ânimos e, exaltante me falava em sua própria palavra, arrevesando-me: "És uma de nós". E eu acreditava.»

«Nesta minha terra, neste meu chão de Mu, eu, Atlante de origem, em etérea essência física e não física - de todos os sóis e de todas as luas - sou o sumo, o sangue, a força e e a energia que me levita o ser mas, me detém na alma, que Mu, meu porto de abrigo, minha finisterra de todas as graças, me será, após muitas vidas, o mesmo berço de um outro nome, outro ser corpóreo, mas, a idêntica alma! Jamais te esquecerei, Mu; e tu a mim. Um dia, em memória e consciência, te recordarei sobre outra vida e sobre esta mesma alma que manterei. Voltarás Mu, a ser a minha terra, aquela que em escondida memória sempre lembrarei... para sempre... e sobre esta minha imortal alma que pelos criadores do Universo jamais deixarei. Sou tua Mu! Eternamente!»

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Vila do Bispo, Algarve - Portugal: Por onde os deuses andaram, vigiando um litoral terrestre imenso, de toda uma Natureza vigente e uma amena atmosfera que lhes deu guarida e protecção na vivência planetária admitida. Sob Atlântida ou colónias desta, Mu ter-se-à erguido e assim mantido ao longo dos séculos na translação galáctica das estrelas para a Terra...

Imortalizando memórias...
Há 12000 anos ou mais que pisámos este chão, estas areias, estes sentidos de mar salgado, mar de outros mares, céu de outros céus. Fomos bem-aventurados por saber que, vivemos e morremos sob uma igual dimensão dos deuses que nos deram vida - e no-la tiraram - de há milénios para cá.

E tudo numa desonrada enxurrada de um dilúvio sem tréguas nem delongas que sufragou e matou cerca de 64 milhões de almas (mais coisa menos coisa) de habitantes de Mu, na avassaladora destruição e afogamento de todas as suas gentes, de todas as suas edificações.

E por esse cataclismo, esse global dilúvio orquestrado pelos deuses, esses mesmos que nos criaram ou incentivaram a continuar, persistimos nós hoje, seres humanos, a conquistar (ou a reconquistar) o que nos foi tirado há milénios. O mar retirou-se e a verdade mostrou-se. Mais a Ocidente que a Oriente; mais a Norte dos hemisférios que a Sul, que importa? Mais para lá do que a memória nos guarda e nos dá cabimento de termos sido seus, um dia, sobre a Terra de Mu...

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Cabo da Pedra da Mua ou de Mu, no cabo Espichel, em Sesimbra, Portugal: Há 65 milhões de anos que por aqui bisaram os Dinossauros (de Sesimbra à Lourinhã...) e, por onde se avistam, ainda, não as suas hercúleas dimensões mas, a visão de outrora, sobre mundos tão esquecidos; entre eles, já mais tarde, a terra de Mu, terra dos homens que vieram das estrelas...

Mu: a Realidade Portuguesa
Segundo Manuel J. Gandra, o investigador, historiador e professor (além muitas outras coisas mais) que se tem debruçado sobre a História e a Geografia de Portugal nos parâmetros da pesquisa toponímica dos lugares em parte sagrados ou míticos portugueses (especificamente neste caso de Mu), que afere existir uma relação ou uma conexão ibérica com a mitografia de Mu.

Seguindo-lhe os passos da criteriosa investigação, observamos que Mu se baseia na mitologia Atlante, procedida de uma leitura bastante original da Toponímia Portuguesa (no quadro da sua interpretação do fenómeno das peregrinações para Ocidente). Gandra exemplifica então:

«As peregrinações para as Finisterra Ocidentais, em direcção ao mar, umas já extintas outras já adulteradas, serão, quiçá, uma reminiscência desse continente que, uma vez desaparecido, teve a sua memória perpetuada na toponímia, nas lendas piedosas e nos ritos praticados no decurso de tais deambulações. A implícita ou explícita referência a tão celebrado território, impedem que seja colocado - como alguns propõem - no estrito campo da metáfora filosófica ou poética.»

Ou seja, não se pode coibir ou mesmo anular a referência toponímica do território português como algo apenas coincidente ou sem ligação, uma vez que esta toponímia incide taxativamente como identificação geográfica desse continente perdido (quase como pilar geodésico na Terra do que adveio de Mu, no cosmos), na elaboração do levantamento de topónimos com o radical em MU, para evocar a memória deturpada dessa terra outrora afundada. Refere Manuel J. Gandra assim, no que classifica e qualifica como radical de MU:

«Muhia ou Vila Nova de Muia (Ponte da Barca); Mujães (Viana do Castelo); Muranzel (Aveiro); Serra Da Mua (Trás-os-Montes); Muar (Vinhais); Muar (Vila Nova de Gaia); Muinha (Castro Daire); Serra do Muradal (Castelo Branco); Muela (Vila Nova de Poiares); S. Pedro de Muel;Vale de Mu (Sardoal); Vale da Mua (Envendos, Mação); Muge; Serra das Mutelas (Torres Vedras); Mujedeira (Turcifal, Torres Vedras); Murcifal (Sintra); Cabo da Pedra da Mua ou de Mu (Espichel, Sesimbra); Serra do Caldeirão ou de Mu (no Algarve).

Nigel Pennick, quase sempre referindo-se às Ilhas Britânicas afirmava que relatos de carácter quase diluviano, de destruições ou perdas por invasão do mar, cheias, inundações ou maremotos - como se estivéssemos perante mini-atlântidas (ou pequenas colónias) - existiram e, existem, segundo ele, que assim terão contribuído  para a fixação e universalização do mito ou da narrativa do Dilúvio.

Todavia, as analogias que se aplicam no caso de Muge poderem ter óbvias cautelas, sejam igualmente concordantes as teses que a refiram como região primordial dos homens do Mesolítico (de modo a controlar o rio e a ribeira de Muge), ficando esta região sobrelevada face aos terrenos alagados circundantes. De interpretação Atlante, nada contra-indica que assim não o seja.

Ali encontramos uma ou várias comunidades, em habitats que se relacionavam quase que em exclusividade com as águas do estuário do Tejo - ou do mar interior que banhava aquela região entre 5000 e 4000 a. C., vencendo assim uma situação de transgressão marinha.

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Ponte Romana sobre a Ribeira de Muge, na região do Ribatejo (Salvaterra de Magos, Santarém, Portugal): A distinta e actual realidade portuguesa da Ribeira de Muge que se encontra completamente ao abandono, poluída e atulhada de resíduos orgânicos fecais (pela sucessiva descarga das suiniculturas e outras proveniências tóxicas) sem ter havido ainda a devida intervenção oficial sobre a mesma.

Há que dizer que Mu ou a interpretação radical de Mu tem como referente localizações «em altura», a altos de montes ou penhascos, segundo a fala do Antigo Europeu. O micro-toponómio «Pedra da Mua ou de Mu», no cabo Espichel, mantém essa mesma interpretação de localização.

Sabe-se hoje que, grande parte das estações costeiras se encontra debaixo de água, na transgressão marinha do avanço das águas - em tempo geológico - no Mesolítico europeu, diferido no tempo, e mais gradual no Neolítico (mas mesmo assim sensível), do que se documenta sobre relatos de perdas de terra em face ao mar. Súbito ou lento, toda a Costa Europeia Atlântica possui relatos escritos «regionais» que dão conta desta afirmação.

Se incidirmos o que hoje está ao abandono e à mais vergonhosa realidade portuguesa que choca com a realidade de outrora sobre o que os povos de então usufruíram - e sobre esta ribeira afloraram fazendo sobreviver - temos de pôr a mão na consciência e dar voz a todos os que querem modificar esta situação (aparte a seca extrema que se vive também actualmente) e pôr fim a estes dislates ecológicos matando todo um ecossistema em tempos natural.

Sendo ou não uma colónia de Atlântida em delineado território costeiro, em nada nos honraria - Mu, através dos seus afluentes, rios e ribeiras - se ver assim tão mal nomeado, protegido e conservado além os tempos...

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São Pedro de Muel (ou Moel, Leiria) - Portugal. Novamente a interpretação toponímica dos lugares e costas portuguesas. Encimada pelo farol que se distingue no horizonte em luz e em encaminhamento dos navegantes, outros povos houveram sobre outras luzes, outros alinhamentos, que na Terra se fizeram sentir através dos deuses, através do seu lato ou avançado conhecimento. Ter-se-ão perdido tal como Mu, agora, em «continente perdido»...???

Mu: Avatar de Atlântida!
Mu, como continente perdido e como avatar de Atlântida, é apenas uma «ideia», um confronto ou mesmo uma fantasia para muitos (não todos!) que nasceu em parte da especulação de Charles-Etienne Brasseur de Bourbourg, pouco depois de meados do século XIX, em torno das transcrições de diversas inscrições da Civilização Maia.

Percorrendo as Américas que conhecia razoavelmente bem, assim como as línguas e os dialectos das suas várias regiões, Brasseur de Bourbourg estudou as transcrições que o espanhol Diego de Landa havia efectuado por volta de 1560 das Inscrições Maias (O Codex de Madrid), concluindo de que estas faziam menção a um continente perdido no meio do Oceano Atlântico, ao qual chamavam Mu.

Conclusão errónea ou não (estimando-se que a decifração dos ideogramas mais se encontrava na sua infância, ou seja, ainda não haviam sido mais em pormenor estudados), outro investigador haveria de se debruçar sobre este tema (em finais do século XIX), de seu nome, Augustus Le Plongeon, que retoma a tese de Bourbourg e, relendo as inscrições maias,  acrescenta-lhe um enredo envolvendo uma princesa Moo, de Mu. Identifica, por sua vez, a Atlântida com esta terra perdida.

É ainda Mu que reaparece nos finais do século XIX - e agora com uma projecção inusitada nos escritos da vidente, teósofa e espiritualista, a Madame Blavatsky.

Os trabalhos de Blavatsky eram acompanhados por uma plêiade de «esoteristas» e teósofos, e a sua obra: «A Doutrina Secreta», publicada em inglês em 1888 e 1936 (já postumamente, uma vez que faleceu em 1891), ganhou inúmeros seguidores. Baseada em revelações espiritualistas (e no saber simbólico), confirma a existência pretérita de um continente perdido, passando a chamar-lhe Lemúria (situado no Oceano Índico, provavelmente em Madagáscar).

Outras teses se apropriam dela de uma forma assaz literal no que, já em 1926, James Churchward identifica a Lemúria com Mu, definindo-o como um grande continente  ocupando quase toda a área do Atlântico Norte, e de cuja destruição resultariam todos os traços comuns existentes entre as civilizações do Indo, da Mesopotâmia, do Egipto, e da América Central.

Mesmo não nos oferecendo qualquer credibilidade esta tese defendida por Churchward (que admitia ter havido dois continentes perdidos, mais tarde localizando-os no Oceano Pacífico), afirmando também que Mu seria uma colónia de Atlântida, temos aqui de o registar, mesmo que a posição geográfica possa não corresponder ao que citou na época.

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Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes, Alentejo) - Portugal. Uma entrada territorial do mar que sobre a Terra se impunha de quem vinha, provavelmente, dos céus. Uma janela para o mundo, outro mundo desconhecido para «eles» - ou talvez não. Sob todas as formas, de todas as ilhas e mares envolventes, franqueia-se um outro conhecimento, uma outra abrangência extraterrestre que nos dita os destinos, que nos confere os desígnios de sermos uma civilização; da Terra e fora dela...

De Atlântida para Mu
A Atlântida de outrora: «uma ilha, diante daquela passagem que chamais de «Colunas de Hércules», uma ilha maior que a Líbia e a Ásia reunidas, que desapareceu completamente por castigo divino», assim apregoa uma das primeiras referências sobejamente conhecida por todos, sobre: A Atlântida, segundo o Timeu de Platão.

Coloca essa destruição a cerca de 8000 anos antes da data do diálogo, o que constitui, uma contradição com o relato contido no Crítias. Contudo, a inspiração de Platão vai mais longe, na passagem em que o sábio de Sais afirma sem contemplação: «Só vos recordais de um dilúvio terrestre, quando os houve numerosos, anteriormente». E tantos houveram, efectivamente.

Desde Deucalião, o «Noé» grego, até ao manancial de tantos outros, passando pelo nosso mais original Noé - no recontado Dilúvio Universal da Bíblia - que muitos dilúvios se deram e da Terra levaram tudo, profanando até quem o desdissesse; sendo que continentes e ilhas, planícies ou montanhas se abateram ao longo dos séculos e dos milénios e, através de várias civilizações humanas, a igual ou idêntica tragédia de um genocídio global por parte de um Deus Todo-Poderoso - ou de vários outros deuses, menores, mas iguais na punição.

Do Sudoeste da Ibéria a Creta tudo é possível. Das Ilhas dos Açores a Thera (de origem minóica) destruída pela colossal explosão do seu vulcão por volta de 1450 a. C. - ou quiçá por outros ventos, outros mares, muito para lá do Mediterrâneo - tudo se poder aluir, fazendo erigir Atlântida, ainda que submersa a nossos olhos e origens... e Mu com ele, nesse outro continente perdido, agora achado para sempre...

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A Ermida da Memória («Ribat ou Morábito») no cabo Espichel (Sesimbra, Portugal): um lugar cheio de mistérios e o próprio enigma absolutamente fantástico da Natureza com que o mar a ela se abraça, e lhe conforta as memórias do que um dia já foi e deseja continuar a ser...

As Memórias são para ficar (eternas como a alma...)
No esplendor do silêncio, a ausência de certas almas por outras mais presentes, audíveis no recortado sibilar dos uivos do vento que, ensimesmadas e talvez enciumadas por toda a flora envolvente, se viram preteridas ao ver erguer imponente (ainda que insituável em termos cronológicos, ser, na configuração actual, uma obra dos finais do século XVII) a mais majestosa obra do Homem em comunhão com a Natureza: A Ermida da Memória.

E tudo esta embelezou numa característica ímpar entre o mar e as serras, o sal e o oxigénio do ar, quase rarefeito, na absoluta certeza de se não ter estado só (ainda que imaginada ou apenas sonhada) quando, um dia, nesta praia desembarcaram navegando pelos ares, esses deuses de outros mares, esses deuses de outras terras e outros céus...

Num futuro que ainda não havia, ela despontou, a ermida. Mas muito para além dela e do seu chão e do seu céu, a memória que ficou do que então se sublevou de novas gentes, novos seres que sobre Mu aqui ficaram. E dessa memória se faz a nossa História...

E se a alma é eterna a memória também. Sigmund Freud descreveu a mente como funcionando em diferentes níveis. Entre eles está aquilo a que chamámos a Mente Inconsciente, da qual não estamos conscientes, por definição, mas que armazena toda a nossa experiência e nos leva a agir de forma correcta ou incorrecta, a pensar como pensamos, para o bem ou para o mal, reagindo de uma forma ou de outra e, sentindo o que sentimos de todas as formas possíveis.

Freud percebeu ou deu-nos a entender que, só quando acedemos ao inconsciente é que podemos compreender quem somos, de onde viemos ou para onde vamos; se bem que esta última já seja bem mais complicada. Todavia, sem esse conhecimento de nós próprios, acedendo por vezes à memória do inconsciente, poderemos atingir não o Nirvana mas, a causa-efeito de muitos dos nossos males ou até, das nossas origens. Se a Alma for Imortal, então sê-lo-emos todos; ninguém escapa a isso.

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Galáxia Espiral NGC 4651 (a 35 milhões de anos-luz de distância da Terra) na direcção da constelação de Coma Berenices. Viajando no Espaço, navegando com um fim à vista, os seres interestelares sentem-nos mas nós não. Por memória e por consciência ou, na melhor das hipóteses, tacteando um sentimento abstracto, vamos imortalizando a alma, inversamente, da Terra aos céus galácticos de Berenice...

Imortalizar a Alma!
Não sabemos se é possível, se nos é dado escolher tal. Mas tentamos. Recriar um esforço perdido e uma ansiedade sem limites, no que nos vê e observa também, de longe, por planetas e por estrelas, por galáxias e por um sem fim de matéria escura que jamais alguém poderá afirmar se tem ou não vida, mesmo sabendo que tudo pulsa e impulsiona dessa mesma vida, no que não é tarefa fácil.

A Imortalidade da Alma - na memória do nosso inconsciente - faz-nos alcançar o conhecimento não só de nós próprios enquanto agente ou corpo físico, mas, por todas as vidas - físicas e espirituais, existentes e vívicas - que ao longo dos tempos fomos perpetuando e insistindo em fazer permanecer.

Seja em que planeta ou galáxia forem, a Nossa Alma  - humana ou não (ou seja, eclética e universal e não confinada a um corpo físico, antropomórfico ou não) - eclodirá numa ou mais dimensões, na busca da perfeição e do objectivo do Universo em nos assemelhar a si. Ao Uno.

Deus, ou essa força maior do Universo que nos rege, a todos cá na Terra (por enquanto), vê-nos e sente-nos como iguais. E mesmo que a memória se nos enevoe e nos tolde o juízo - ou a suposta racionalidade havida para sobre a mesma não termos ainda essa percepção do divino ou do estelar - que teremos de nos obrigar a chegar mais perto, muito mais perto, como se nos dessem a oportunidade de uma só estrela do céu podermos tocar.

Sabemos exultar (infelizmente) um défice cognitivo, neurológico e sensitivo talvez, de não explorarmos ainda e completamente os nossos hemisférios cerebrais, o nosso software neuronal que um dia alguém fez ou introduziu em nós para deles se nos acercarmos.

Temos a potencialidade de o fazer, de o requerer ou simplesmente de o fazer surgir (sugestionado ou não pela regressão hipnótica e psiquiátrica que muitos acorrem no limite das suas forças ou mesmo de certa negação experimental do que a memória lhes esconde). Tudo é passível de ser admitido desde que não conformado. Temos de saber exigir, até de nós próprios, essa condição de podermos atingir outros pontos, outras barreiras.

O que fazemos hoje, já o fizemos antes; o que hoje nos dignamos a ser, já o fomos antes; o que actualmente exibimos como seres de corpo e e alma, já o reiterámos sucessivas vezes na tridimensional eloquência quântica - tão fabulosa quanto alucinada - de podermos ser muitos «eus»; de podermos ser o que já fomos e gostaríamos de continuar a ser. E isso, sobre inclusive outros Universos... no que o mundo da astrofísica e da astronomia nos reserva em tamanho igualmente exponencial e quântico. Se Einstein fosse vivo, surpreender-nos-ia muito ainda...

Ou não (lembram-se do livre arbítrio?) - pois é, fica tudo em aberto, dir-se-à. O ciclo nunca é limitado ou quebrado; ou raramente o é. Tal como a inspiração e expiração do Cosmos, da expansão ou retracção do Universo, a vida compõe-nos as vidas de outras vidas mas uma só alma. Temos de saber e, sentir que, já fomos algo, já edificámos algo; na Terra ou fora dela.

E, certamente também, há que corrigir, ainda o não finalizámos sobre uma vivência física e espiritual que vagueia tanto por entre as luminosas estrelas do céu como, pelos buracos negros sugadores de todas as energias cósmicas em fluxo interminável de coração e mente, inteligência e acção. E em todas elas nós estamos, nós, os pequenos grãos de poeira cósmica, de partículas subatómicas que todos somos, inevitavelmente.

E se a Memória nos não lembra de tal, nos não recorda desses tão indeléveis momentos pelos quais passámos - em Mu, neste meu particular caso em que estou hoje inserida e geograficamente situada sobre terras de um Ocidente Peninsular Ibérico (e não continente perdido de Mu) - que em abono de uma maior consciência factual eu tenha de memorizar que, Mu, é também e desde sempre a minha ancestral terra que se ergueu, finalmente, de um dilúvio que não mereceu.

Em Memória de Mu, aqui deixo a minha insígnia, a minha alma, que muito em breve ascenderá a Berenice... quem sabe...? Ou a outra galáxia qualquer. Recordarei a Via Láctea...? Só a memória mo dirá; só a memória mo revelará. Até lá, saberei esperar...

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