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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A Sincronicidade I


Teoria da Sincronicidade/Coincidência da Psique Humana

Será efectivamente real - tal como o consignou o psicólogo suíço Carl Gustav Jung - que no plano espiritual mais profundo, a Alma atravessa nele as fronteiras do tempo e do espaço?
Será assim explicada esta Teoria da Sincronicidade como um fenómeno «natural», baseado na ligação íntima entre os acontecimentos psíquicos e, físicos? Ou haverá mais do que a mera coincidência entre esse estado psíquico e, acontecimentos objectivos ou de exterior futuro?

Acasos Extraordinários
Ouvimos pela primeira vez uma palavra pouco comum e pouco depois ela é repetida no noticiário da televisão ou por algum conhecido. Trata-se então de uma Coincidência Significativa Simples, que podemos atribuir à direcção que a nossa percepção tem nesse momento.
Os casos mais complexos deste tipo fazem parte das experiências misteriosas que parecem estar sempre associadas ao destino, como ilustra o exemplo seguinte: em Março de 1914, uma mãe fotografou o seu filho de 4 anos na Floresta Negra, na Alemanha. Teve então de ir à pressa para Estrasburgo e esqueceu-se do rolo da máquina fotográfica. Algum tempo depois, rebentou a Primeira Guerra Mundial. Dois anos mais tarde, comprou em Frankfurt um rolo novo para fotografar a filha que entretanto dera à luz. Ao revelá-lo, viu que a película fora exposta duas vezes: era a que perdera.
A primeira exposição mostrava o filho na Floresta Negra, brincando com os amigos na neve, e por cima via-se a filha apanhando Sol em Frankfurt!
Arthur Conan Doyle (1859-1930), autor dos romances de Sherlock Holmes e espiritista convicto, acreditava poder atribuir este tipo de coincidências à intervenção dos Espíritos do Além
O escritor alemão Wilhelm von Scholz (1874-1969), que recolheu muitos dos exemplos de Coincidências aqui citados, falava da «Força de Atracção do Referente», que encerra a ideia de que existem ligações invisíveis que remetem para uma inter-relação transcendente com o destino.

Sincronicidade
Estes fenómenos estranhos são acontecimentos que não parecem relacionados na Consciência nem no mundo material. A Coincidência não tem nenhuma causa, mas os factos guardam uma relação significativa entre si. Designando estes fenómenos por « Sincronicidade», o psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) tentou explicá-los à luz da sua Teoria do Inconsciente Colectivo, que seria o plano espiritual mais profundo, comum aos homens de todas as épocas e culturas.
A Alma atravessaria nele as fronteiras do tempo e do espaço e seria dele que teriam surgido os mitos. Através dele, cada indivíduo seria um mero participante na Mitologia.
Jung exprimiu esta circunstância com as seguintes palavras: "Quando no ponto A acontece alguma coisa que afecta o inconsciente colectivo, então ela ocorre por toda a parte!"

Relações Não-Aleatórias
Em determinadas situações, sobretudo as que têm algum significado existencial, verificam-se coincidências relacionadas com experiências anímicas: aos olhos do Observador, parece existir uma misteriosa inter-dependência entre os acontecimentos interiores e os exteriores e, vice-versa.
Juntamente com o Físico, Wolfgang Pauli (1900-1958), Jung sistematizou a sua teoria:
 - «A Sincronicidade deve ser entendida como um princípio de relações não casuais; mais do que um modelo explicativo no sentido das Ciências Naturais - trata-se de um quadro descritivo baseado na linguagem íntima entre os acontecimentos psíquicos e físicos».
Esta união foi redescoberta e está a ser estudada pela moderna investigação no campo da Consciência. Jung distinguiria então três categorias de Sincronicidade:
1º - A Coincidência não-casal entre o estado psíquico de uma pessoa e um acontecimento exterior simultâneo que, corresponde ao estado psíquico em questão. Um exemplo desta categoria seria o caso do «Escaravelho» ( o Escaravelho ocupa um lugar de destaque n`O Livro dos Mortos do Antigo Egipto), em que Jung conta como o relato do sonho de uma paciente tem a ver com a aparição ocasional de um coleóptero desta espécie.
2º - A Coincidência entre um estado psíquico e um acontecimento objectivo que lhe corresponde mas que, o sujeito não percepciona. Por exemplo, o fenómeno da Clarividência pode considerar-se um acontecimento sincronístico: em 1756, o naturalista e místico sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) teve espontaneamente uma visão num banquete em Gotemburgo: viu o incêndio na casa de um amigo em Estocolmo. Verificou-se depois que o incêndio acontecera realmente ao mesmo tempo.
3º - A Coincidência entre um estado psíquico e um acontecimento exterior futuro. Na década de 1920, uma jovem de 14 anos visitou com os pais o Mont-Saint-Michel, em França. Depois de admirar os grandes automóveis ali estacionados, meteu-se num especialmente bonito. O motorista ralhou-lhe numa língua estrangeira e, expulsou-a do carro. Passados 8 anos, conheceu em Munique um engenheiro escandinavo com quem casou. Depois do casamento, folheando um álbum de fotografias do marido, reconheceu o carro com o motorista diante do Mont-Saint-Michel. Ou seja, em rapariga entrara no automóvel do seu futuro marido, mas o mais notável da história é que, anos mais tarde, este a expulsou do matrimónio tal como a tinham expulsado do veículo.
O divórcio pesou-lhe durante décadas! Este significativo Acaso, parece assim um Oráculo de uma importante evolução futura...!

A Aliança na Flor/O Anel no Lago/O Alfinete da Tia
Colhendo flores em Annatal, a mulher do pintor Moritz von Schwind perdeu a aliança. Desesperada, passou toda a zona a pente fino com o marido, ou seja, em pormenor, mas em vão.
No Verão seguinte, já esquecida a tão dolorosa perda afectiva, os Schwind passeavam de novo por Annatal, exultando com o espectáculo das plantas em flor, quando repararam num brilho numa delas: uma candelária crescera por baixo da aliança e levantara-a do chão.
Houve uma senhora que contou que perdeu certa vez o anel quando tomava banho num lago. Apesar de o procurar vezes sem conta, não o encontrou. Oito anos mais tarde, tomando banho no mesmo local, escorregou, pôs a mão no fundo para se equilibrar e o seu dedo encontrou o anel perdido.
Num outro caso, uma mulher perdeu um alfinete pouco comum no seu dia de aniversário. Não era muito caro, mas tinha para ela um grande valor afectivo. Ainda muito triste, abriu os presentes que lhe tinham enviado e, entre os quais, se encontrava um embrulhinho remetido pela tia, que vivia há muitos anos do outro lado do mar. Dentro dele, estava então um alfinete espantosamente parecido com o que acabara de perder. A tia, que nunca vira o objecto em perdido, comprara aquela jóia obedecendo unicamente a um impulso espontâneo! Coincidência ou...partida do destino? Algo que, explicado ou não cientificamente ainda nos intriga um pouco!

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