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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Os Extraordinários Mecanismos Genéticos

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A Neuroplasticidade e todos (ou parte) daqueles extraordinários e impressionantes mecanismos genéticos que nos regem, pormenorizando o ser inteligível que somos; e que, de acordo com a mais recente descoberta realizada por investigadores da Escola de Biociências da Universidade de Birmingham, em Inglaterra, vem agora identificar como um específico conjunto de genes regula e administra a plasticidade do cérebro.

Em paralelo, será o mesmo que colonizar todo o nosso sistema solar (na similaridade grandiosa de feito único e absolutamente extraordinário), descobrindo novas formas de vida biológica ou tentando decifrar outras, por entre mundos da Neurociência e da Microbiologia, sem desmerecer obviamente todos os outros percursos já consumados do micro ou do macrocosmos.

Uma Nova Era impõe-se portanto; sobre o conhecimento - e de certa forma endeusamento ainda - do incognoscível que orla o cérebro humano que, determinadas e encimadas vezes se desmistifica, pelos estudos tão entusiasmantes quanto carismáticos que se vão realizando, se tivermos em conta a pluralidade ou multiplicidade intrínsecas de todo esse mágico descodificar genético neurobiológico.

Mais uma vez se presenteia, ovaciona e elogia todo o trabalho apresentado pelos magníficos autores deste último estudo, publicado na «eLife» em 18 de Fevereiro de 2020 com o título «Um mapa de receptor de pedágio está subjacente à plasticidade estrutural do cérebro». Os autores são:

Guiyi Li; Manuel G. Forero; Jill S. Wentzell; Ilgim Durmus; Reinhard Wolf; Niki C. Anthoney; Mieczyslaw Parker; Ruiying Jiang; Jacob Hasenauer; Nicolas James Strausfeld; Martin Heisenberg e Alicia Hidalgo.

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O Cérebro Humano: o atingir de uma contemporânea era de perfeita luxúria na exibição que apresenta, muito mais reduzida esta mas também efectivamente muito mais eficiente (em relação aos nossos ancestrais) - compactadas que são e estão todas as multifunções do cérebro - em níveis considerados de elevada inteligência.

A transformação ou mutação verificadas desde há 20.000 anos para cá são prova disso mesmo. O ser humano do presente possui um cérebro de 1350 cm3; ou seja, o volume médio do cérebro humano diminuiu consideravelmente, uma vez que o Homem primitivo apresentava um cérebro que media cerca de 1500 cm3 - sugestivo e perspicazmente operativo pelas difíceis e mesmo agressivas funções que tinha de executar em raciocínio e actuação prontas para os muitos desafios da Era Pré-Histórica.

Actualmente, os cientistas estão empenhados em encontrar respostas não tanto a nível da caixa craniana e da sua dimensão mas, sobretudo, o que dentro dela o nosso cérebro põe e dispõe em mecanismos genéticos fabulosamente complexos.

Reactivos pelo avanço tecnológico que também presentemente dispomos, há que reconhecer as cada vez mais janelas de luz sobre estes mesmos labirintos genéticos. Para isso, há que entender e tentar compreender melhor de que se trata a Neuroplasticidade ou Plasticidade Neuronal, para que saibamos do que estamos a falar.

Neuroplasticidade/Plasticidade Neuronal
A Neuroplasticidade em termos mais abrangentes define-se como a capacidade do Sistema Nervoso de mudar, adaptar-se ou mesmo moldar-se a nível estrutural e funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito ou submetido a novas experiências.

De acordo com os Neurocientistas, esta característica única faz com que os circuitos neuronais sejam maleáveis, sendo esta a base de formação de memórias e da aprendizagem, assim como, na adaptação a lesões e a eventos traumáticos ao longo da vida adulta.

A Neuroplasticidade é assim um processo incrivelmente coordenado, dinâmico e contínuo que promove a remodelação dos Mapas Neurosinápticos - a pequena, média e longa duração -  para optimizar e/ou adaptar a função dos circuitos neuronais.

Esta remodelação compromete o estado basal da actividade neuronal promovendo uma ruptura no balanço da actividade normal do cérebro, nomeadamente ao nível da Libertação de Neurotransmissores, Morfogénese Neural (e Glial) e mudanças na formação das redes neuronais.

Esta Plasticidade ocorre assim em variados níveis e inclui numerosos eventos - desde a abertura de certos canais ionicos que promovem a despolarização das membranas dos neurónios, formação de potenciais de acção, e a remodelação das estruturas sinápticas (nível celular/molecular) até à reorganização dos circuitos neuronais e mapas sinápticos a eles associados (nível de circuitos), criando conexões neuronais mais duradouras.

É na Mudança Da Força de Transmissão Sináptica modelada pelo ritmo a que os neurotransmissores são libertados e capturados que reside a base para o fantástico fenómeno da Plasticidade. Esta vai por sua vez ditar as mudanças molecularmente complexas - estruturais e funcionais - ao nível sináptico, que se reflecte na dinâmica das redes neuronais.

A Neuroplasticidade está portanto, intimamente relacionada com a reestruturação cerebral promovida por mudanças coordenadas nas estruturas sinápticas assim como, nas proteínas associadas que levam ao remapeamento dos circuitos neuronais e, por conseguinte, ao processamento de Informação e Formação de Memórias.

Além disso, a Neuroplasticidade - e a Neuromodelação - têm um papel muito importante na alteração do estado de excitabilidade do cérebro e na regulação de estados comportamentais, assim como na adaptação a lesões ou eventos traumáticos. Poder-se-à então falar claramente em plasticidade a um nível microscópico - Plasticidade Sináptica - e a um nível macroscópico - Plasticidade de Circuitos.

Ambos os Tipos de Plasticidade têm em comum muitos mecanismos, partilhando assim muitos componentes celulares e vias de sinalização associadas, sugerindo aos cientistas que estes sejam processos inter-relacionados que ocorrem em paralelismo.

«De Grosso Modo» na Plasticidade Sináptica existem duas perspectivas distintas: A Plasticidade Hebbiana, que permite o controle dinâmico da passagem da informação através da correlação coordenada entre neurónios, e a Plasticidade Homeostática, que promove a estabilidade dos circuitos neuronais.

Há que referir que, na Sinapse, podem de facto ocorrer modificações que levam a que haja plasticidade. Estas modificações  incluem assim alterações robustas à escala intracelular - nomeadamente na expressão de proteínas essenciais à diferenciação sináptica e libertação de neurotransmissores; pode haver também a estimulação da formação de novas estruturas celulares (formação de novo de espículas dendríticas) ou remodelação das estruturas já existentes - Plasticidade Estrutural.

No Mundo da Neurociência e mais concretamente sobre o mundo neuronal que todos exibimos, sabe-se que estes estão conectados em circuitos neuronais por vários tipos de sinapses (excitatórias, inibitórias, químicas e eléctricas) que apresentam uma variedade imensa de características e funções que moldam a força  das transmissões sinápticas.

Está assim inerente a cada circuito neuronal uma especificidade que permite exibir um certo número de características muito particulares e, além disso, interagir com outros circuitos, permitindo nessa sequência uma dinâmica única e controlada.

O Sincronismo entre Neurónios dentro de um certo circuito funcional é de facto um ponto crucial para permitir uma potenciação de uma certa resposta ou função desse mesmo circuito, levando em última instância, a uma remodelação via-plasticidade, e a um rearranjo da Actividade Neuronal Associada.

Considera-se então - A Plasticidade de Circuitos - como a mudança na actividade e nas relações entre Neurónios Sincronizados dentro de um circuito, e a interligação que é feita com outros neuro-circuitos.

Como por exemplo: A Plasticidade ao nível do Córtex Cerebral e a Neurogénese em adultos (processo de novos neurónios no hipocampo adulto e que é composto por várias fases: manutenção, activação e selecção do destino das células estaminais; expansão das células neuronais progenitoras intermediárias; migração das novas células granulares; integração das novas células e maturação).

A Plasticidade do Córtex Adulto infere tudo o que se envolve no córtex cerebral (que estabelece todas as nossas representações sensitivas e motoras) pelo que possuindo uma rara capacidade plástica, vai influir e ser deveras importante em situação de lesão. Havendo este incidente (lesão), ocorrerá a perda de aferências específicas, como por exemplo no caso de amputação.

No entanto, a Capacidade de Plasticidade Cortical não ocorre somente após lesões. Mudanças plásticas são igualmente visíveis após períodos de treino (por ex: o aumento da performance de uma habilidade motora após períodos de prática intensiva).

Assim, quando uma tarefa implica o uso selectivo, por exemplo, de uma parte específica do corpo,  a área cortical correspondente a esta zona vai sofrer, indubitavelmente, a chamada «Hipertrofia», resultando numa invasão das zonas vizinhas, as quais ficam comprometidas devido ao aumento da carga cognitiva sobre estas.

Há que reportar ainda que - Este Poderoso Mecanismo Cerebral - resulta da excitação simultânea dos neurónios pré e pós-sinápticos, levando à Amplificação Sináptica, a qual é descrita no mecanismo hebbiano.

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Neuroplasticidade e Circuitos: o ambiente e a plasticidade cerebral; a Neuroplasticidade e a memória/aprendizagem; a idade e Plasticidade Neuronal; a influência do Stress e Depressão na plasticidade neuronal; Neuroplasticidade e AVC e doenças neurodegenerativas e plasticidade, são alguns dos ítems que os cientistas se têm debruçado em entender no desenvolvimento ou aperfeiçoamento de todas as implicações e funções a que todos estão imbuídos.

Neuroplasticidade e Circuitos
É muito difícil ou de extrema complexidade poder-se aqui relatar toda a analogia científica que concerne a cada um destes temas que, especificamente em cada caso, nos sugere um estudo mais aprofundado. Assim sendo, não se pretendendo redigir tudo o que cada um encerra em si em termos do desenvolvimento de investigação científica já firmado, apenas se referirá o necessário para uma maior compreensão neste domínio.

Em relação ao ambiente, é plenamente conhecido ou do senso comum de que este interfere em absoluto com toda a nossa autonomia e anatomia. Tudo o que nos rodeia está normalmente ligado à Neuroplasticidade, porque nos relata e apresenta - a cada dia -  muitas outras e novas experiências, sendo necessárias uma ou mais respostas em face a essa adaptação.

Estudando a influência do ambiente no cérebro, os cientistas socorrem-se muitas vezes (ou quase sempre) das experiências de observação sobre as condições experimentais nas quais os animais vivem em ambientes enriquecidos, melhorando as interacções cognitivas e sociais bem como as capacidades sensitivas e motoras, o que potencia a Aprendizagem e Memória.

Este modelo experimental facilita assim e ainda, o estudo das Alterações Plásticas que ocorrem nos cérebros jovens e em animais envelhecidos.

Muitos animais que vivem nestas condições têm mostrado geralmente uma percentual melhoria na Aprendizagem e na Memória, tendo uma redução nas respostas de muitos neurotransmissores ao Stress, melhorando também a Neurogénese numa zona chamada de «giro dentado» do hipocampo.

Regista-se então nessas experiências que os animais vão aumentando de peso e o tamanho do cérebro, além da compreensão que suscitam nos investigadores ao verificarem a melhoria da Gliogénese, bem como a ramificação das Dendrites e a formação de novas sinapses em muitas áreas do cérebro.

Estes ambientes enriquecidos fazem ainda com que os animais  mostrem Um Aumento da Expressão dos Genes para o factor de crescimento nervoso (NFG), factor neurotrófico derivado da Glia (GDNF) e factor neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), em muitas áreas do cérebro. Este último (BDNF), parece ser mesmo necessário para o melhoramento na aprendizagem e na Neurogénese produzida no hipocampo destes animais.

Por conclusão: todos estes efeitos se correlacionam com uma melhoria no desempenho dos animais envelhecidos em diferentes tarefas de aprendizagem. Tornou-se então evidente que «O Sucesso de um Cérebro Envelhecido», só será possível se as pessoas em regra geral mantiverem certos hábitos saudáveis ao longo de toda a sua vida.

Em relação à Neuroplasticidade e Memória/Aprendizagem reconhece-se a capacidade do cérebro sofrer Alterações Sinápticas que faz com que os circuitos neuronais sejam capazes (ou estejam habilitados) de se transformar, sendo esta característica única que está na base da Aprendizagem e da Memória.

Este é assim um processo constante e, contínuo, visto que está impreterivelmente ligado a uma adaptação ao ambiente circundante e às novas experiências que vão surgindo. São inúmeras as zonas cerebrais onde se pensa ocorrer plasticidade, sendo todavia necessária a contribuição de regiões específicas no Córtex Central e no Lobo Médio-Temporal para que ocorra a formação de novas memórias.

É a Interacção Complexa entre estas várias regiões cerebrais, que possibilita então a formação de Novas memórias e o seu armazenamento, assim como a parte da recordação. Apesar das estruturas celulares - como os Neurónios ou células da Glia - serem altamente estáveis, estes estão integrados em redes neuronais altamente dinâmicas e plásticas que se adaptam.

Este processo contínuo de flexibilidade cerebral está sujeito constantemente à influência de múltiplos factores intrínsecos e, extrínsecos, proporcionando a remodelação/readaptação/neuro-adaptação dos circuitos neuronais em resposta ao ambiente.

Idade e Plasticidade Neuronal: durante a Idade, o cérebro altera a sua estrutura e função, no que actualmente se pontua e, apregoa, destas Alterações Plásticas não serem homogéneas, dependendo da interacção dos indivíduos com o ambiente.

Pensa-se que - A Heterogeneidade das Alterações Encontradas nas Diferentes Áreas Cerebrais - está seriamente relacionada com os substratos neuronais aí existentes.

Esta hipótese é suportada por descobertas que revelam que, durante a idade, ocorrem Alterações Heterogéneas na Morfologia dos Neurónios e na densidade do tecido cerebral, bem como nas Dendrites e na dinâmica e interacção funcional entre os diferentes neurotransmissores.

A nível científico sabe-se que - A Idade do Cérebro - é um processo biológico deveras complexo e sempre associado com a diminuição das funções sensoriais, motoras e cognitivas. Sendo também um processo fisiológico normal muitas vezes pode desenvolver-se sem o aparecimento de doenças.

Segundo os cientistas, a População de Sinapses Neocorticais de uma pessoa idosa com cerca de 120 anos e sem o registo de patologias ou doenças, pode efectivamente diminuir para os níveis encontrados na doença de Alzheimer, com uma perda da conectividade intra-cerebral de cerca de 40%.

Assim sendo, e tendo em conta que a esperança de vida está de facto a aumentar, é muito importante desvendar e, decifrar os mecanismos, não só ligados à longevidade mas também aos factores mui complexos que fazem os seres humanos serem mais vulneráveis à patologia e às doenças neurodegenerativas.

A Influência do Stress e da Depressão: a doença do foro neuropsicológico (depressão) que se caracteriza por afectar o humor, cognição e ansiedade, revela também as manifestadas mudanças que estão na base da formação desta neuropatologia ao nível corporal (anedonia, função anormal do eixo HPA, alterações comportamentais) e, especialmente,  ao nível dos circuitos neuronais, como redução do volume hipocampal, na Neurogénese adulta e na Neuroplasticidade.

Os Factores que originam a Depressão são diversificados: desde factores genéticos, epigenéticos e ambientais. O Stress é tido como o factor número-um ou a principal causa dos estados depressivos.

O Stress Crónico pode então levar à disrupção no balanço das funções e características dos circuitos neuronais, principalmente por provocar uma super-produção de Glucocorticoides. É por actuar ao nível dos circuitos límbico-corticais que o Stress induz respostas endócrinas e comportamentais.

Neuroplasticidade e AVC (acidente vascular cerebral): é do conhecimento geral de que, quem sofre de um AVC fica inquestionavelmente debilitado; parte do cérebro sofre danos (por hemorragia ou oclusão), um dos quais a Isquemia (falta de oxigénio e de glucose). Se esta for suficientemente severa e prolongada, pode mesmo levar a enfarte com consequente morte celular.

Tudo isto conduz a indefectíveis Alterações nas Redes Neuronais e enfraquecimento do Sistema Sensitivo, Motor e Cognitivo. Havendo a indubitável perda de neurónios que desempenham funções altamente específicas, sendo que a recuperação que ocorre após o AVC não é de trato fácil, não haverá certamente o restabelecimento total das funções iniciais.

Após o AVC existem dois factores que permitem ainda assim a plasticidade no cérebro adulto. São elas:  uma enorme quantidade de concessões difusas e redundantes no Sistema Nervoso Central e a formação de Novos Circuitos Estruturais e Funcionais através do reapeamento  entre zonas corticais relacionadas.

A Reorganização Cortical após lesão por AVC pode ser comparada com a que ocorre durante o desenvolvimento normal. Os mais recentes estudos dão-nos a indicação de que são expressos durante o desenvolvimento cerebral, em níveis máximos, muitos genes e proteínas importantes para o Crescimento Neuronal, Partenogénese e Proliferação de Espículas Dendríticas, e que estes vão diminuindo ao longo do tempo.

Contudo, após se detectar clinicamente um AVC, é observado um aumento destes níveis - período crítico -  dando uma maior importância à rápida restauração de funções. Alguns dos circuitos que sobrevivem a um AVC (parcialmente afectados) tendem a sequestrar sinais sensoriais e comandos motores por mecanismos de plasticidade homeostática e hebbiana, ajudando assim a criar circuitos de compensação após o AVC.

Estas Conexões Coincidentemente Activas formam por sua vez um circuito comportamentalmente relevante e são, posteriormente,  seleccionadas para a retenção ou fortalecimento. Por outro lado, as Conexões Sinápticas que são activadas fora de fase, podem ser incorrectamente ligadas - e assim sendo, acabam por ficar enfraquecidas.

Doenças Neurodegenerativas e Plasticidade: pacientes que apresentem um quadro clínico de doença de Alzheimer ou qualquer outra doença neurodegenerativa apresentam perda neuronal acentuada, o que implica e pressupõe desde logo alguns danos que são facilmente perceptíveis.

Contudo, a constante instabilidade que estes pacientes exibem não pode ser explicada apenas pela perda ou pelo ganho de células nervosas, sendo provável que variações na actividade das redes neuronais - e talvez intoxicação por acumulação de proteínas anormais (que ocorrem em quase todos estes tipos de doenças) - sejam as grandes responsáveis pela mesma.

Estas Instabilidades observam-se muito rápidas e reversíveis, não suportando a responsabilidade da perda de células neuronais.

Aglomerados de Proteínas Anormais desencadeiam então uma actividade neuronal descontrolada, activando mecanismos compensatórios tanto em receptores de neurotransmissores como nas vias de sinalização que lhes são associadas, desencadeando assim perdas sinápticas, desintegração de redes neuronais e por último a falha das funções neurológicas.

Alterações Crónicas na plasticidade de Sinapses e Neurotransmissão podem afectar a sinalização dependente de actividade ou mesmo a Expressão Genética, resultando na desintegração de circuitos neuronais e, consequentemente, na perda da função neuronal.

Na Doença de Alzheimer, a perda de sinapses excede a perda de neurónios, correlacionando melhor a depleção de sinapses e proteínas sinápticas do que a abundância de placas ou de tranças fibrilares. As redes de circuitos neuronais possuem uma variedade de células da Glia que estabelecem com os neurónios interacções complexas e recíprocas.

Assim sendo, a acumulação de proteínas anormais pode efectivamente vir a danificar os neurónios através da produção de factores neurotóxicos pela Micróglia ou danos nas funções de suporte das Astroglias.

De acordo com a analogia científica, quase todos os processos patogénicos activam mecanismos compensatórios. A distinção entre uma anormalidade como alteração compensatória em oposição a uma compensação co-patogénica é muito importante, podendo a terapêutica ou os eventuais e futuros tratamentos a efectuar, poderem antes piorar e não fazer melhorar o paciente.

A Prevenção Precoce da Perda Neuronal é obviamente um objectivo ou finalidade de suma importância, embora não seja de somenos importância reconhecer que uma parte dos défices associados com doenças neurodegenerativas podem inclusive reflectir uma disfunção reversível da rede de circuitos.

São, por conseguinte, necessários ainda muitos estudos multidisciplinares para que se consiga definir melhor a disfunção em redes neuronais-chave em diferentes doenças neurodegenerativas.

Se a relevância da reversibilidade destas disfunções for confirmada, haverá de futuro a possibilidade da redução (mas em maior alcance na conclusão e admissão dos factos confirmados) de ensaios clínicos, avaliando-se sempre a grande quantidade ou mais exactamente diversidade dos componentes terapêuticos.

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Mecanismos genéticos que geram a plasticidade do cérebro - na sua extraordinária capacidade de se fazerem transmutar e adaptar: uma das mais recentes descobertas realizadas por investigadores da Universidade de Birmingham, em Inglaterra.

«Descobrindo o plástico cérebro de uma mosca da fruta», a lapidar mas concisa e informativa frase da Science Daily de 18 de Fevereiro de 2020 que, à semelhança da revista «eLife» desta mesma data,  se fez divulgar sobre o proeminente estudo. Foi desta forma que o mundo ficou a saber que existem mecanismos genéticos impressionantes que governam (autoritariamente ou não, não o sabemos...) a plasticidade do nosso cérebro, moldando-se às circunstâncias.

Os Extraordinários Mecanismos
Chamados de «Mecanismos Genéticos» eles são, segundo os cientistas, os que governam ou administram a plasticidade do cérebro - na extrema capacidade de se fazerem mudar e mesmo adaptar, de acordo com o que os investigadores da Universidade britânica de Birmingham recentemente descobriram e deram a conhecer ao mundo.

O trabalho foi rigorosamente realizado com a Drosophila - mosca da fruta - um organismo sobejamente conhecido e de proeminente importância em assuntos ou temáticas que envolvam a Neurociência.

Foi através dela, da mosca da fruta, que os investigadores estudando e analisando todo um seu sistema nervoso, reconheceram a possibilidade de poder identificar os genes, ligados que estão desde os neurónios específicos até aos circuitos neurais (no termo da terminologia médica relativo a qualquer estrutura constituída de células nervosas e seus processos) ou neuronais (no termo da terminologia biológica relativo a neurónio) na estrutura e comportamento do cérebro.

Esta pesquisa foi fundamental, segundo palavras dos especialistas, para que se abram finalmente os caminhos de uma Maior ou Mais Profunda Compreensão de como o cérebro humano se adapta ao longo do tempo, assim como os vínculos entre Plasticidade e Neurodegeneração.

Segundo o que o Science Daily reporta em 18 de Fevereiro de 2020 «Os cientistas sabem já há algum tempo que o Cérebro Humano é adaptável e plástico.» (Nada de confusões na semântica, pois nada nos iguala a esses receptáculos de polímeros artificiais, ou mais exactamente, esses materiais orgânicos poliméricos sintéticos de constituição macromolecular, nada disso).

O que os cientistas nos dizem é que existe de facto uma mudança no nosso cérebro à medida que vamos aprendendo novas coisas, permitindo-nos assim adaptar e, compensar, uma qualquer perda após uma amputação - ou mesmo aquando parte do cérebro é danificado. No entanto, os mecanismos por trás ou na retaguarda dessa plasticidade, não são ainda bem compreendidos.

Neste recente estudo publicado pela revista «eLife» em 18 de Fevereiro de 2020,  os investigadores da Escola de Biociências da Universidade de Birmingham, em Inglaterra (Reino Unido) identificaram um conjunto específico de genes que regulam efectivamente a plasticidade do cérebro.

De acordo com a explicação científica que nos é dada pelos especialistas, existe o conhecimento de que os genes codificam proteínas chamadas «Toll» - responsáveis por receber e transmitir  sinais dentro das células.

As portagens (pedágio) são conhecidas por desempenhar um papel central  no Sistema Imunológico do corpo físico, mas a equipe de Birmingham, liderada pela prestigiada professora Alicia Hidalgo, mostrou que eles também influenciam a formação do sistema nervoso. Agora, vincular pedágios (portagens) à plasticidade cerebral é um desenvolvimento ainda mais significativo e surpreendente.

A professora Hidalgo reitera de modo científico: "As moléculas específicas que identificámos são bem conhecidas pelo papel que desempenham  na Regulação do Sistema Imunológico do Corpo.

Talvez na evolução o sistema nervoso e o sistema imunológico tenham uma origem comum, pois compartilham funções semelhantes - por exemplo, o sistema imunológico ajuda-nos a proteger dos micróbios, enquanto o sistema nervoso, através do comportamento, desempenha um papel importante na protecção de perigos maiores, como a reagir a ameaças; e parece que a plasticidade central reactiva os mecanismos que operam durante a formação do cérebro em desenvolvimento."

Os Investigadores descobriram entretanto que os Receptores Toll - dos quais existem 9 no cérebro da Drosophila e 11 no cérebro humano -  estão presentes em diversas áreas do cérebro dedicadas a diferentes funções. A partir daqui, eles regulam o número neuronal e o tamanho do cérebro.

"Esse arranjo dos pedágios sugere que eles podem trabalhar independentemente um do outro, talvez para controlar a resposta a diferentes estímulos sensoriais, como o cheiro ou a visão. Estes podem ser modulados para influenciar a formação e, manutenção, de tipos específicos de neurónios em resposta à experiência." (A explicação da professora Alicia Hidalgo)

Ainda não se sabe muito bem até que ponto estes mecanismos - identificados na Drosophila - corresponderão ou não aos do cérebro humano, mas o trabalho já realizado, concederá certamente importantes pistas sobre o que procurar no cérebro humano para entender assim e bem melhor a Plasticidade Cerebral, segundo aferem os investigadores.

"A Drosophila é um poderoso organismo-modelo, porque podemos mostrar que a plasticidade do cérebro tem uma base genética, podendo-se identificar como os genes controlam esse processo. Isso dá-nos realmente um útil conjunto de pistas e «insights» sobre os mecanismos moleculares da plasticidade também existente no cérebro humano."

Sem recurso a nenhuma outra ponderação ou sequer questão sobre este assunto, pelo que o texto já vai longo e a explanação científica reportaria talvez muito mais do que aqui foi dito, há que igualmente evidenciar todos os esforços e todas as descobertas realizadas sobre todos estes «Extraordinários Mecanismos Genéticos» que se vão revelando.

São janelas de luz sobre uma ainda muito escura abóbada celeste mas do mundo da Biologia Molecular, da Neurociência, e de tantas outras ciências não menores que fazem parte também deste nosso mundo como uma «Nova e Exponencial Era dos Descobrimentos Científicos»!

Há que desvendar e compreender, pois só assim saberemos e, entenderemos, a constituição da nossa própria essência e coexistência. Afinal, talvez sejamos todos tão extraordinários quanto esses mecanismos que um Deus ou uma qualquer Força Maior do Universo nos proporcionou; cabe-nos agora a nós descobri-los e, a dar-lhes luz, na transparência do que a presciência nos diz.

Afinal, talvez sejamos todos essas mesmas preciosidades genéticas que um dia nos deu vida, em mecanismos imperceptíveis mas jamais inatingíveis de uma maior consideração, se quisermos ascender, se quisermos ser deuses como aqueles que nos olham e sentem como seus. Penso que todos acreditamos nisso! Ou muitos de nós...

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