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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Imagem

            "Ela era muito bela. A imagem de uma mulher alta, loura e bela, muito bela!
             Nunca tinha visto tão bela imagem...como se fosse uma princesa, uma rainha
             ou, uma fada dos meus contos infantis que me aparecera e acenara, sorrindo!"



Foi deste modo (ainda que não totalmente expresso por estas mesmas palavras, pois eu só tinha seis anos de idade...) que tremente e atabalhoadamente, gritaria depois em ajuda e anunciação do que tinha visto em imagem feérica de uma mulher lindíssima  - e supostamente - personagem de outros tempos.
Eu e as minhas primas correríamos então até ao sítio do fenómeno de "buraco do tempo" que eu presenciara e que naquele tempo nem em sonhos sabíamos poder existir. Não queria que me chamassem de mentirosa mas fora por demais evidente o meu nervoso e teimosia também do que afirmava ter visto: - "Ela, a senhora, tinha um vestido comprido e cheio de rendas, laços e folhos. Parecia tirada de uma peça de teatro, daquelas que eu via na televisão a preto e branco dos pais, lá de casa. Linda!"
Desapareceu. Sumiu-se. E eu, tentando explicar às minhas primas numa aflição visível (pois já me chamavam de maluca e mentirosa com todos os dentes da boca) persistindo no que tinha alcançado a minha vista míope nos primeiros óculos que fui obrigada a usar em primeiro ano escolar. Isso não abonara muito a consistência do que observara em óptica minha de toupeira assente. Por vingança ou despeito de se sentirem enganadas, as minhas não solidárias primas chamar-me-iam ainda de « caixa de óculos» e eu, a chorar por mim abaixo, derreei-me na circunstância da derrota havida do que jurara a pés juntos ter visto. Essa insistência valer-me-ia a punição da minha tia que nos acompanhara daquela vez. Quase sempre íamos até ao Palácio de Queluz (Sintra) com as empregadas domésticas - e internas - que, ajoujadas de cestas de lanche, mantas e uma ou outra revista do «Corin Tellado» ( e que estas devoravam fervorosamente em leituras ávidas de amor e sofrimento) arrogando-se no direito de descanso também, sendo a nossa companhia de tardes infinitas de sábados ou domingos sem os pais. Por vezes os «magalas» apareciam de mansinho numa forma ingénua de cigarro na boca e jeito marialva mas que os revelaria de imediato na oferta que de si faziam, de namoros de tardes incómodas e folgas suas, abeirando-se das minhas criadas. Estas riam desmesuradas no desvelo de ócio e prazer daqueles rapazes de barba mal semeada e discurso limitado. Uns e outros, não muito letrados mas ainda assim, boas companhias privando dos bolos ainda mornos que estas tinham feito para o lanche da pequenada. Eram bons tempos...assumo.
Dessa vez, nada feito. Se o tivesse dito às minhas simpáticas mas ignorantes criadas domésticas, elas possivelmente rir-se-iam da minha frutuosa imaginação de menina pequena que só quer chamar a atenção sobre si e não pactuar de algo mais sério ainda que, misterioso também. Mas dessa vez, era a minha tia e mãe de uma das minhas primas, não a mais severa mas a menos tolerante para com os dislates de uma sobrinha meio tola, feia e desgarrada de senso porventura, para estar a assustar daquela forma a sua menina, terá pensado. Olhando para o seu semblante carrancudo, dei por findas as minhas alusões àquela imagem de uma beleza ímpar e que no momento, eu não soube destrinçar que, fora de época.
Fechado o assunto, não mais o referi...até hoje. Só mais tarde presenciaria outro idêntico na amostragem e roupagem de outra época também, na serra da Roliça e que aqui já expus, igualmente. Considerei este, de somenos importância que o não é de todo! E por esse facto, o revelo agora.

                          "Para nós, físicos convictos, o Passado, o Presente e o Futuro
                           não passam de ilusões!"
                                                                              - Albert Einstein (1879-1955)

Segundo Einstein, o tempo e o espaço são inseparáveis, fazendo provavelmente parte de uma unidade espaço-tempo, sendo perfeitamente possível, dar-se uma ruptura. É neste contexto que cabe a ideia de «buraco negro», uma fissura no Universo na qual o espaço e o tempo podem cair, deixando de existir como unidade.
Poder-se-à referir então, nessa espectacularidade de viagens no tempo, de que possa de facto ser possível visitar o Futuro e o Passado? Indubitavelmente, pensa-se de que tal já tenha acontecido. Pelo menos, comigo aconteceu. Se foi uma «aberta no buraco do tempo« ou algo do género, não sei,e lamento que essa tão magnânima sapiência de Einstein me não possa elucidar em relação ao ocorrido de tempos atrás. Sei que no mundo subatómico da física quântica, se têm observado fenómenos nos quais o efeito se pode verificar antes da causa, ou seja, o Futuro e o Passado são variáveis. Filmes como "O Regresso ao Futuro" são disso exemplo para que o grande público o possa também considerar.

O Professor Stephen W. Hawking (n. 1942) formulou a teoria de que o tempo pode contrair-se. Segundo esta hipótese, «a seta do tempo» que aponta para o Futuro, poderia inverter-se quando o Universo deixar de se expandir e começar a entrar em colapso devido às grandes forças de atracção das massas. Ainda segundo Hawking, os seres humanos viveriam para trás. Morreriam antes de nascer e rejuvenesceriam enquanto o Universo estivesse a contrair-se. Confuso...? Nem tanto. Talvez na melhor das hipóteses tenhamos de considerar uma espécie de inspiração-expiração celestial ou galáctica em que tudo se contrai e tudo explode num movimento imparável de vida ou contra-vida universal.

Os buracos negros têm uma força de gravidade tão grande que nem as partículas naturais nem os raios electromagnéticos conseguem escapar deles, ficando presos no seu interior. A sua existência não pode por isso, demonstrar-se de forma directa. Talvez os buracos negros sejam o resultado da evolução de estrelas com muita massa mas, segundo a teoria do Big Bang, também poderiam ser restos da época da formação do Universo, com cerca de 15 000 milhões de anos.

Será possível, que o Homem nem precise de nenhuma máquina para abrir uma janela para outros tempos?...Ou será que, talvez, o tempo se abra sozinho às vezes e permita lançar um olhar sobre o Passado ou o Futuro...será? Veremos...
Relativamente à minha pessoa, apenas posso acrescentar de que todos estes factos por mim relatados, expostos e visionados na infância e na adolescência, ter-me-à dado a noção exacta e penso que correcta, desta dimensão intemporal numa excrescência total de abertura do espaço e da mente humanas. Fiquei mais sábia (sinto) mas também mais latente do que se ergue e planifica à minha volta; sem medos ou outras iguais desconsiderações que pela ciência nos vai recrudescendo o saber e a autenticidade de novas realidades. Sou possuidora por certo, de uma ocorrência inata para este tipo de fenómenos, sendo estes explicáveis ou não; pela ciência e pelo Homem. Eu sou assim. Não mudarei por esse facto. E sei-me privilegiada por isso. Não me sinto à margem de nada, na lei dos homens, na da ciência ou ainda, na transcendental. E sou feliz por isso, de uma riqueza imensa, intemporal também. A Deus e aos céus, o devo. E só isso conta!

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