"Não tenham medo da morte!" - Mensagem deixada por Stefan Von Jancovich
A Morte: - Segundo os médicos de todo o mundo, existe a distinção entre morte clínica e morte biológica. Nesta última, falham irremediavelmente a respiração, o coração e o cérebro. A morte cerebral é o ponto final, enquanto a morte clínica é reversível, permitindo reviver e recordar as experiências que se tiveram próximas da morte. Desde os finais do século passado que, se acumulam relatos de pessoas que após sofrerem um grave acidente ou um enfarte, recuperaram da morte clínica e voltaram à vida. Posteriormente informariam os médicos das suas experiências no limiar da morte, registando-se coincidências entre si de uma forma surpreendente.
Sucessão de acontecimentos: - A morte é um processo que avança por fases, numa sucessão de acontecimentos que se produzem tanto no campo psicológico como fisiológico e em cujo final se situa a morte como estado. Em algum ponto entre a paragem cardíaca e a morte cerebral alcança-se um estado que os médicos denominam «morte clínica». Este é o espaço em que se situam as experiências pré-mortuárias que se deram a conhecer nas últimas décadas, sobretudo graças ao facto de a medicina instrumental moderna conseguir recuperar para a vida cada vez mais pacientes que clinicamente estão mortos.
Perder o medo da morte: - O caso do arquitecto de Zurique, Stefan Von Jancovich (n. 1921) ganhou uma certa fama. Após sofrer um grave acidente, foi declarado clinicamente morto, acabando por ser posteriormente reanimado por um médico. O acontecimento começou com uma viagem de Zurique para Bellinzona na Suiça. Stefan Jancovich chocou frontalmente com o seu automóvel desportivo contra um camião, saindo catapultado para a estrada, onde ficou estendido no chão, gravemente ferido. Minutos depois chegaria um médico para o observar, mas entretanto já se tinha dado a paragem cardíaca. Não obstante, utilizando duas injecções de adrenalina directamente no coração, Stefan Jancovich recuperaria por mãos do «milagroso» médico que lhe salvou desse modo a vida. O acidente e as recordações da «suave flutuação celestial» mudaram a vida de S. Jancovich. A experiência pré-mortuária teria tal impacte neste que, sendo ele arquitecto até aí, deixaria a sua profissão para fixar as suas impressões em aguarelas, registando-as em livros e, divulgando-as em seminários nos quais nunca se cansaria de deixar a já referida frase: - Não tenham medo da morte!
"Vi o meu corpo!" - Jancovich descreve desta forma a sua visão da morte próxima. E acrescenta em pormenor. "- Vi o meu corpo inerte, exactamente na mesma posição que mais tarde li no relatório policial. Em seguida, afastei-me do local do acidente. Pairava no ar e ouvia uma música maravilhosa. Uma harmonia que nunca vivera e enchia a minha consciência (...). Depois vivi em velocidade acelerada todos os actos da minha vida e também os meus pensamentos (...). Tinha que julgar-me a mim mesmo e fi-lo em harmonia cósmica (...). A luz que dá felicidade voltou a entrar em mim (...)."
A vivência eufórica interrompeu-se abruptamente, no momento em que o médico aplicou as injecções a Jancovich e este, sentindo-se arrastado para o interior do seu corpo, novamente, se veria como num imenso remoinho em força e sucção.
Música do silêncio
Em 1982, o escritor Henry Jaeger (1927-2000) deu entrada num hospital de Zurique devido a um aneurisma (ruptura de uma artéria cerebral), onde foi declarado clinicamente morto, mas uma intervenção de urgência conseguiu salvar-lhe a vida. Para Jaeger, o estado de flutuação entre a vida e a morte foi «uma viagem agradável em direcção a um mundo melhor». Descreve uma experiência pré-mortuária já clássica: " - Alcancei uma enorme rocha, parecida com um portal, atrás do qual vislumbrei um esplendor luminoso. O lugar parecia-me familiar. Não via mais do que cores agradáveis e ouvia uma música que nunca antes tinha chegado aos meus ouvidos. Eram sucessões de sons de grande harmonia e beleza, uma música do silêncio, não interpretada nem composta por ninguém, mas sim aparentemente surgida do nada. Notei em mim uma paz profunda, uma harmonia inimaginável e uma sensação de felicidade que até então nunca sentira."
Entre a Vida e a Morte
Os trabalhos dos psiquiatras norte-americanos Raymond Moody (n. 1927) e Kenneth Ring (n. 1941) e ainda a médica Elisabeth Kubler-Ross (n. 1926) nascida na Suiça mas que vive agora Phoenix no Arizona, causaram sensação. Os três compilaram e analisaram em separado, milhares de registos das manifestações de pacientes reanimados. Pessoas que defrontaram a morte e que voltaram à vida com a ajuda da medicina moderna e relataram as suas experiências no limite que separa a vida da morte. Os seus testemunhos (em passagens marcadas por um calor carinhoso e uma luz ténue e delicada), não são mensagens do Além, transmitidas mediante percepções extra-sensoriais ou pessoas sensitivas. São sim, experiências de pessoas que estiveram no limite da morte. Quase todas confessam que agora, vivem muito mais conscientemente, estão mais seguras de si mesmas e são mais abertas, modestas e generosas. A maioria vive com a certeza de que a morte não será um ponto final definitivo, mas sim o começo de algo totalmente novo.
Novamente em jeito de conclusão assertiva, aqui fica a minha sincera opinião do enclave vida e morte: sejam felizes na vida com os que mais amam. Sejam solidários, carinhosos e altruístas no que a vida tem de melhor, saber dar e saber receber. Amar o próximo mesmo que nos dê vontade de o esganar porque se pôs à nossa frente na fila do supermercado ou na de trânsito. O importante é ser coerente com o que cá andamos a fazer em obra e missão sem deitar tudo a perder por uma irritação ou agressividade momentâneas...não vale a pena! Quanto à morte, sendo inevitável, também não nos poderá ser um castigo mas antes uma divina providência do Além em «passeio anunciado» para um sítio bem melhor do que os infortúnios cá de baixo, na Terra. Com calor, harmonia, música e embalo, que mais podemos desejar a não ser, deixarmos-nos ir em última prestação terrena com a confiança de leão, águia e dragão até onde nos levarem. Vamos ter fé. Vamos acreditar que a nossa missão ainda não acabou e um dia tudo retomar, numa nova perspectiva cíclica de reencarnação ou simplesmente de evolução humana. Ou não. Mas, a bem da nossa pulsação cardíaca e fluência cerebral que nos mantém lúcidos e coerentes com o que ainda não sabemos, vamos confiar nessa suposta verdade de apenas mais uma barreira a saltar, a ultrapassar. Assim seja!
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