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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Caveira II

"O culto da morte é, se for entendido em toda a sua profundidade e extensão, afinal de contas também um culto de vida. Ambos são indissociáveis. Uma cultura que renega a morte, renega também a vida!"
                                                                          - Prémio Nobel da Literatura, Octávio Paz -

O que tanto fascinava os povos da América Central no «Culto dos Crânios»? Vamos então pesquisá-lo...

Os Maias e o Culto dos Crânios: - No dia 1 de Novembro é um dia especial no México. Caveiras de maçapão e chocolate com nomes inscritos, decoram as montras de inúmeras lojas. Estes doces grotescos são fabricados por ocasião do «Dia de los Muertos», o dia de Todos os Santos. Nesta noite há famílias inteiras que se deslocam aos cemitérios e oferecem doces aos seus entes queridos. As origens deste culto são já muito antigas e oferecem espantosas perspectivas sobre a maneira de pensar de povos já extintos, sobre os seus ritos mágicos e as suas noções acerca do Além.
Tal como no México, a morte é integrada na vida e não vista como um tabu; também no entendimento cósmico dos povos pré-hispânicos, a vida, a morte e o renascimento constituem um todo inter-relacionado. A caveira constituía para os antepassados directos dos Mexicanos, os Astecas e os Maias, uma oferenda, um símbolo de vitória e também um elemento decorativo.

Cabeças para os deuses
Sacrifícios humanos eram oferecidos aos deuses do Sol, da Lua e da chuva para garantir o seu apaziguamento. O conquistador espanhol Bernal Días del Castillo produziu em 1521, um relato detalhado de como os Astecas - por medo dos deuses - mandaram executar, num acto de culpa e a uma escala inimaginável, centenas de pessoas, empilhando as suas cabeças (quais relíquias), numa enorme estrutura formada apenas por crânios. Os executados - frequentemente prisioneiros de tribos vizinhas - encaravam o sacrifício de que eram vítimas como uma honra, uma vez que iriam poder servir de mensageiros para os deuses. Para além disso, os deuses «precisavam» de sangue humano, para daí extrair a força necessária para prosseguir a luta contra as forças da escuridão; razão pela qual os Astecas aceitavam de bom grado e até se voluntariavam  para uma morte sacrificial. Em escavações arqueológicas realizadas na cidade do México, foi descoberta uma caveira sorridente completamente coberta de turquesa. Este crânio pertenceu a um jovem asteca que durante um ano personificou o todo poderoso «Deus Tezcatlipoca» e por fim, foi sacrificado. A sua cabeça era venerada como algo sagrado.

O Poder dos Crânios
Davam uma grande importância cerimonial a quem possuía igualmente, o crânio de um sacrificado. E isto, para os antigos Maias (entre c. 300 e 1500 d. C.). A partir dos ossos do crânio, produziam recipientes cerimoniais (canecas, por exemplo) e estes crânios eram tão simbolicamente oferecidos aos deuses, para daí poderem tragar - ou integrados como oferenda - nas fundações de um templo. Os crânios-troféu acompanhavam os guerreiros na batalha, uma vez que desse modo a força que neles residia era transmitida ao seu portador. Os Maias acreditavam ser no crânio que residia a personalidade do ser humano e a substância da alma mantinha-se neste fixada, até depois da morte.

Rituais em torno dos crânios: - Muitas culturas da América do Sul, levavam a cabo rituais em torno do crânio. No Norte do Peru, situa-se o enorme campo de pirâmides de Túcume. Quando há mil anos, os habitantes da cidade edificaram estas estruturas, incorporaram crânios humanos nas paredes do templo para assim obterem os favores dos deuses. Já a antiga cultura «Chavín» (1400-400 a. C.) do Peru, celebrava um culto em roda das cabeças como troféus em que, os crânios eram entendidos como o alimento das divindades responsáveis pela lavoura. Ainda no século XX, na região brasileira da Amazónia, os «Kayabi», continuavam a separar os crânios dos corpos dos guerreiros derrotados, para depois os decorarem com fibras de algodão. Depois o crânio era desfeito em pedaços, que eram distribuídos pelas mulheres e pelos homens da aldeia, talvez para desse modo cada um receber um pouco da força do inimigo.
Diante do Templo Mayor, o principal templo de Tenochtitlán, os Astecas erigiram um altar ornamentado por crânios de pedra que fazem lembrar prateleiras, onde as cabeças das vítimas dos sacrifícios podiam ser expostas. Ainda em relação ao célebre crânio de quartzo que em 1534, os descobridores europeus designaram de «O Jesuíta» numa altura em que os cultos dos crânios dos Maias, ainda mal podiam sequer ser entendidos pelos conquistadores, reportado que estaria (já mais tarde) a verdadeira essência da mesma. Poderes ocultos, tenebrosos ou miraculosos, o certo é que este ou estes crânios de quartzo se nos revelarão ainda de futuro em mais e maiores descobertas em afirmação superior do que conhecemos até aqui. Veremos então - sem especulação alguma - mas cientificamente retratada a nível mundial, a sua verdadeira anunciação ou finalidade, seja em factos históricos, seja na consubstancial orgânica de poderes extraordinários que possa haver em si. Aguardemos então, na esperança de que algo possa surgir nesse sentido com o aval e beneplácito dos entendidos na matéria. Assim seja!

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