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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Bruxaria

 



A Grande Questão: As Bruxas existem? Ou serão somente fruto da nossa imaginação em contos, mitos e lendas, reportados através da intemporal história universal da Antiguidade até aos nossos tempos...?

O Sabat das Bruxas

As noções medievais acerca das bruxas compreendiam, entre outras coisas, a realização de ritos infernais numa assembleia chamada «Sabat». A estas reuniões acorriam as bruxas de noite, impelidas por um unguento que lhes proporcionava a capacidade de voar, sentadas nos cabos das suas vassouras ou sobre os seus animais de estimação. Juntavam-se então no meio de um campo ou, no cume de uma montanha, e através de danças enlouquecidas e de excessos orgiásticos levados a cabo durante o festim, celebravam e aclamavam Satanás como comandante de toda aquela multidão.

Cultos Antigos

Raízes muito antigas ou cultos igualmente antigos em que havia uma espécie de misteriosos ritos femininos pagãos, que se manteriam vivos ao longo dos séculos e que consequentemente, conduziram e deram origem às noções fantásticas sobre uma festa orgiástica, « o Sabat das bruxas».
Na Antiguidade, celebrava-se o culto das deusas da caça e da fertilidade. Ártemis na Grécia e Diana no Império Romano, respectivamente. Na Ilíada, Ártemis é referida como «a senhora dos animais selvagens», e que, tal como mais tarde as bruxas, voava através dos ares.

A «Sinagoga de Satanás»

Na época da perseguição às bruxas, a Assembleia do Sabat era conhecida como «synagoga diabolica». A expressão foi retirada do livro do Apocalipse, onde os judeus descrentes são referidos como «sinagoga de Satanás». Tal como os judeus, as bruxas ter-se-ão deixado convencer a comerem as carnes imoladas aos ídolos e, a praticarem a imoralidade (Apocalipse 2, 14). A adoração de Satanás, à semelhança do Apocalipse, é entendida como um sinal do fim dos tempos que se aproxima.

Receio do Desconhecido

Na designação: «Sinagoga de Satanás», não deve deixar de ser notado um certo tom de anti-semitismo. As cerimónias religiosas que os judeus realizam nas suas sinagogas não são visíveis para os cristãos, pelo que esses actos se revestiam de um aspecto misterioso e apenas poderiam ter implicações e um carácter diabólico. Nestes ritos que não eram observados, notar-se-ia então, a fantasia das pessoas que livremente projectariam as suas ilusões e receios. Do mesmo modo, a firme convicção de que nos Sabats das bruxas se realizavam assassínios rituais, atrocidades e comportamentos obscenos em registo assente na origem do medo do desconhecido.

O Voo Rumo ao Sabat

O hábito de andar à noite por aí e a própria viagem aérea até ao local de reunião para a realização do Sabat, contam-se entre algumas das mais antigas crenças relacionadas com a bruxaria. Esse voo era feito sobre animais ou objectos, sobretudo vassouras. Por vezes é descrito como uma espécie de arrebatamento: os demónios e os diabos escapam-se com a alma, enquanto o corpo permanece num sono semelhante à morte. Todos os ferimentos sofridos pela alma que se encontra separada do corpo podem ser no dia seguinte constatados neste último. As semelhanças com o xamanismo são evidentes.
 
Para os povos da Lapónia, a alma do Xamã, empreende uma viagem com fins mágicos sob a forma de um animal ou de uma vara. No seu corpo podem mais tarde ser vistos os padecimentos e ferimentos de que a alma foi vítima. É também montados numa vara que, em estado de êxtase, os xamãs buriáticos e tátaros da Sibéria, entram em contacto com o mundo dos espíritos.

Na Idade Média, considerava-se que as bruxas - mulheres despudoradas e indómitas - tinham um pacto com o Diabo. Muitas vezes, bastava verbalizar uma simples e pequena suspeita para que uma mulher fosse acusada de actos de bruxaria. Ainda hoje, existem apoiantes e seguidores desses cultos de bruxaria por diversos pontos do globo mas, mais exactamente em Blocksberg - um monte na região alemã de Harz - onde se reúnem anualmente na véspera do dia 1 de Maio, para aí celebrar a noite de Walpurgis.
 
Como se constata, finalizando este tema de bruxas e suas festas orgiásticas, haverá ainda muito por desvendar, desde os tempos remotos até à actualidade. Em argumentação contemporânea poder-se-à dizer ou rectificar, de que há uma continuidade ou mesmo determinada linhagem alinhavada pelos tempos que correm nessa idêntica corrente de bruxaria e mal dizer e, mal fazer nos outros. Haverá seitas e festas igualmente diabólicas e de sentidos obscuros em ocultas missões por que se regem ainda. O ser humano, munido de todos os seus defeitos e disfunções gerais, consegue ainda surpreender muitos de nós que preferem o poder do «mal» ao do bem, preterindo este em função de uma hierarquização a si afluente, num outro poder - incomensurável mas censurável também - de minimizar, inferiorizar e mesmo obstruir ou matar para se reiterar como ser superior. Até que estas mentalidades se abstenham de fazer o mal e reiniciem um processo de remissão e reversibilidade nas suas vidas, nunca mais sairemos deste execrável ciclo mundano em que todos nos encontramos, vigiamos e emparedamos uns contra os outros, regredindo e, sem evolução possível. Vamos acreditar de que um dia, tudo isso nos seja permitido e certificado para que a Humanidade possa finalmente se não encontrar a perfeição, pelo menos tentá-la em tangencial demonstração da sua boa fé. Ainda que tenhamos de pelejar muito para isso. Pois que assim seja, a bem de todos!


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