"Quente e Resplandecente!" - É assim que as pessoas que escaparam da morte, descrevem «a luz» que as conduziu através de um túnel, na fronteira entre o Mundo terrestre e o Além. O passo em direcção a um mundo brilhante e novo, é descrito em todos os relatos de experiências pré-mortuárias de todas as culturas.
Algumas pessoas que tiveram um encontro de perto com a morte, viveram experiências insólitas. Revivem todas as etapas da sua existência de uma forma que supera tudo o que se possa imaginar, numa espécie de retrospecção integral. Sentem-se arrastadas através de um túnel por uma luz mágica que muitas descrevem como a «personificação do amor ilimitado». O regresso à vida - quase sempre devido aos esforços de reanimação dos médicos - é para muitos, um processo emocionalmente doloroso.
Deste modo, impõe-se a seguinte questão: - Serão os relatos das pessoas reanimadas uma demonstração da sobrevivência depois da morte...? Ou, um sinal que a morte não põe fim à existência individual?
Médicos de várias áreas de especialização, tanatólogos e psiquiatras têm vindo ao longo dos tempos - em particular nas últimas décadas - a compilar e a analisar (cada vez mais) os seus pacientes nesse processo de reanimação, contribuindo assim, para o avolumar de experiências análogas entre si.
Elisabeth Kubler-Ross (n. 1927) e Kenneth Ring (n. 1941), a partir desse material empírico afirmariam: - Uma pessoa está no seu leito de morte e no momento mais crítico, ouve o médico declará-la clinicamente morta. Ouve ainda uma campainha ou um zumbido muito forte e desagradável. Simultâneamente tem a sensação de se deslocar muito rapidamente através de um longo túnel escuro. De repente, vê-se fora do seu corpo material que, até então, estava vivo. Vê o seu próprio corpo como se fosse um espectador. Deste ponto de vista insólito, observa as tentativas de reanimação sobre si, em todos os seus detalhes.
Seres de Luz
Finalmente sai-lhe ao encontro um ser luminoso, uma figura amorosa e cordial que lhe coloca questões sem palavras e que a obriga a prestar contas do valor da sua vida. Com uma rapidez inesperada (mas por vezes tão lentamente que provoca o desespero), o protagonista da experiência passa em revista os principais acontecimentos da sua vida - que deve ele mesmo julgar - com uma clarividência que até então desconhecia possuir. Neste processo reconhece (em alguns casos de forma dolorosa), razões escondidas para ter prejudicado outras pessoas. Elisabeth kubler-Ross assevera: -"Se existe o Inferno, então ele está nesse instante. Não importa o que faço aos outros (seja bom ou mau), os meus actos têm repercussões em mim e nos demais."
Paz e Alegria
O moribundo aproxima-se de uma barreira que compreende ser a linha de separação entre a vida terrestre e a outra existência. Neste ponto, decide-se a voltar à vida, porque ainda não chegou a hora da sua morte. Mas, resiste a voltar, uma vez que se sente invadido de sensações de paz, de amor e de alegria. Apesar das suas reticências, no final volta a unir-se com o seu corpo material.
Alucinações no Cérebro
Quando chega o momento de avaliar as experiências pré-mortuárias, os médicos dividem-se. Enquanto alguns consideram que as imagens descritas são alucinações do cérebro - geradas por neurotransmissores como as endorfinas - para outros, os acontecimentos relatados apontam no sentido de uma realidade distinta, quaisquer que sejam as suas características. O especialista em medicina interna e tanatólogo alemão Paul Becker (n. 1930) expressa o seu ponto de vista com estas palavras. -"Aparentemente, a morte para uma pessoa não preparada é sobre-humana, qualquer coisa que não consegue superar com as suas próprias forças, necessitando que lhe fornaçam ajuda de algum lado."
Elisabeth Kubler-Ross especialista nesta área, tendo-se redimensionado pelas várias clínicas psiquiátricas na América do Norte, no estudo do medo da morte e nos relatos de experiências pré-mortuárias, divulgaria então os resultados das suas investigações em conferências: -"Aquilo que as pessoas vêem no limite da morte é uma realidade inconcebível. Quem já o tiver experimentado uma vez, não poderá ter medo da morte! No novo mundo, encontra-se rodeado de amor total e absolutamente incondicional. A morte, é um passo para outro estado de consciência, no qual continuamos a sentir, a ver, a ouvir, a compreender, a rir e onde somos capazes de continuar a crescer, anímica e espiritualmente. Aprender, é um processo interminável que prossegue após a morte. A morte não é mais, do que a saída do corpo físico; do mesmo modo que a borboleta abandona o invólucro do casulo."
Apenas se poderá concluir então. Nada de receios infundados e medo textual sobre a morte. Ela é inevitável mas, desta forma explícita, muito mais do que o que supomos conhecer desta. Entreguemos-nos assim, à laboriosa mão de Deus ou, naquilo em que na vida acreditamos (mesmo os agnósticos...) pois que todos somos um só na Terra ou, fora desta. Fiquemos atentos mas sensíveis na consciência de que haverá mais vida para além da morte propriamente dita. Como se fôssemos «viver» para uma outra dimensão, outra extensão acima do que nos conhece e viu ser «gente» até aí. Plausível de aquietar ânimos e refrear os mais cépticos, pensemos então de que vale de facto a pena, existirmos para além de todas as coisas em harmonia e paz do que provavelmente não possuímos na passada vida. Há que ter esperança, há que ter boa-ventura nas almas e nos corações de quem nos comanda. Vamos acreditar. Que a luz nos guie, nos encaminhe e nos confronte com uma nova e pura realidade a assumir. Que a luz nos conforte e segure nesse novo caminho. Assim seja!
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