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sábado, 11 de janeiro de 2014

A Verdadeira Paixão





Qual será a verdadeira paixão, a que morre precocemente entre almas e corações perdidos ou a que se busca uma vida inteira, infrutífera e inutilmente?

Soneto de Luís Vaz de Camões - Dedicado à sua eterna amada Dinamene

"Alma minha gentil, que te partiste
 Tão cedo desta vida descontente,
 Repousa lá no Céu eternamente,
 É vivo eu cá na terra sempre triste.

 Se lá no assento etéreo, onde subiste
 Memória desta vida se consente,
 Não te esqueças daquele amor ardente
"Que já nos olhos meus tão puro viste.

 E se vires que pode merecer-te
 Alguma cousa a dor que me ficou
 Da mágoa, sem remédio, de perder-te.

 Roga a Deus, que teus anos encurtou,
 Que tão cedo de cá me leve a ver-te.
 Quão cedo de meus olhos te levou."

Luís Vaz de Camões apaixonado por Dinamene uma jovem chinesa que, consigo partilhara o infortúnio do naufrágio em Rio Mecon, não tendo a igual sorte ou desdita de se ter feito sobreviver a olhos seus.
Poeta e homem lusitano que viajou até à Índia, compondo sonetos, escrevendo tertúlias, feitos e mestrias de navegantes e homens do mar, por entre vagas saturninas e pesadas de um desmando dos céus e, de um mar capitoso, indómito. E nem o seu grande amor se lhe sobreviveria, nem a si nem às impiedosas ondas do mar, do rio e, de toda uma indelével corrente maligna e destruidora em ambos os seus corações. Dinamene, a sua eterna amada que pereceria então sem ver chegada Goa numa terra não sua mas, querida pelo seu bem. Não tanto como em Macau, onde o seu coração se repartira em inspirada congeminação entre a palavra e, o sentimento lusitano de saudade, reclusão e possivelmente solidão.

Apaixonei-me por este grande homem que morreu há tantos séculos atrás e só possuía olhos para a sua tão amada Dinamene. Nascido por volta de 1524/1525 em pleno século XVI, homem nobre e de cortes apresentado, viveria na pobreza e na concupiscência vergonhosa de não ter alma que lhe valesse a não ser, um seu pobre criado vindo da Índia que viveria de mendicidade também, repartindo os parcos bens com o seu senhor. Luís de Camões morreria a 10 de Junho de 1580 na miséria total. Filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, nascido no distrito de Coimbra e tendo este estudado Literatura eFilosofia e frequentado a corte portuguesa, onde se diz fiel amigo do seu Rei, El-Rei de Portugal Dom Sebastião, morre como sempre viveu, na agonia e desalento da solidão e, da imagem do seu grande amor há muito desaparecido mas não esquecido. Terá dito ou proferido em suas últimas palavras: "Ah! Minha Dinamene! E, ecoaria ao longo dos céus e das nuvens em rumorejar seu, em estertor da morte em mente ainda não apagada, por suposto:

"Quando de minhas mágoas a comprida
 Imaginação os olhos me adormece,
 Em sonhos aquela alma me aparece
 Que para mim foi sonho nesta vida."

Descansa em paz legítima e fervorosa de, estardes unos ou alados na vida para além da morte. E...para além de tudo o que se convencionar na terra de que possam os corações, pertencerem! Para sempre jazerás também em nossos lusitanos corações e mesmo do mundo inteiro que te lê e te sente na eternidade da verdadeira paixão: o da leitura, do conhecimento e, das belezas únicas que nos transmitiste em sonetos lindos, eternos como eterna será a tua alma, Luís Vaz de Camões. Até sempre!

Os restos mortais do poeta e ícone máximo de Portugal residem hoje no monumento que lhe faz jus ao nome e, à inigualável celebridade que este foi. Está suplantado em memória e glória no Mosteiro dos Jerónimos em Belém, na cidade de Lisboa, capital de Portugal. Comemora-se o Dia de Portugal  e das Comunidades Lusófonas a cada 10 de Junho de cada ano. O poeta renasce assim para todos nós portugueses, anualmente e, a cada dia que passa, em homenagem merecedora e como já se referiu, eterna!

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