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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Consciência Krishna


Krishna - o deus pastor

"Depois de assim ter falado, oh Rei, o Deus do Ioga apareceu então a Arjuna na sua suprema forma divina. E Arjuna viu todo o Universo na sua multiplicidade unido num todo, no corpo do Deus dos deuses."
                                                                                                 - Bhagavad-Gita -

Krishna - O Deus Pastor
No fim da terceira idade (Dvapara-yuga), Vixnu encarna pela oitava vez, agora em Krishna, para matar impiedosamente os demónios - sobretudo o cruel Kamsa. Os adoradores do deus Vixnu consideram Krishna uma manifestação do redentor.

O Cruel Kamsa
Pouco antes do início da nossa Era, Vixnu encarnou em Krishna, belo e encantador filho de rei, que pode considerar-se o oposto da corrupção que se apoderou da honorável estirpe dos yadava, cujo cruel soberano, Kamsa, é fruto de um deslize da sua mãe com um demónio (Asura).
Kamsa destrói sistematicamente a ordem moral tradicional: profana o papel da mulher, nomeando como Anjo da Morte a sua irmã, uma bruxa que por Kamsa unta os seios com veneno e oferece às mães os seus serviços de ama-de-leite. Kamsa classifica assim a mulher de infanticida. Além disso, também manda matar vacas sagradas para consumir a sua carne e, sobretudo, persegue os religiosos, pois quer apagar a lembrança na trindade dos deuses indianos: Brama, Shiva e, sobretudo, Vixnu.

Símbolo do Amor Eterno
Quando nasce Krishna, filho de Vasudeva e da sua esposa Devaki - da estirpe dos Yadava - estes escondem-no numa tribo de pastores, porque Kamsa, perturbado com as profecias dos demónios seus conselheiros, manda assassinar todas as crianças especialmente robustas, na esperança de assim poder eliminar Krishna que no entanto, graças à intervenção divina, se salva sempre dos seus assaltos.
Krishna partilha uma vida ditosa, cheia de amor e felicidade, com a bela pastora Radha e muitas outras guardadoras de vacas (gopis). A música da sua flauta converte-se num símbolo. Os animais selvagens deitam-se mansamente aos seus pés para ouvir o músico divino. O som da flauta é a harmonia de toda a criação, o amor entre todos os seres.
O casal formado por Krishna e Radha, simboliza o amor eterno entre o ser humano e Deus. Por fim, Krishna mata Kamsa, sobe ao trono e faz florescer de novo o culto de Vixnu.
A sua morte, marca o início da tenebrosa quarta e última idade (Kali-yuga).

O Mestre Divino
A Krishna, muito adorado no hinduísmo, é dedicado o famoso Bhagavad-Gita (cântico da nobreza), um dos textos mais importantes do hinduísmo, no qual o deus, na figura do Auriga, ensina ao seu amigo - o herói de guerra Arjuna - os caminhos do ioga como meio de união com a «realidade suprema».
Os ensinamentos do Bhagavad-Gita fazem parte da educação religiosa diária de qualquer família tradicional indiana. Algo já referido no início do texto e que refere Arjuna na sua suprema forma divina, observando todo o Universo na sua multiplicidade unido num todo, no corpo do Deus dos deuses. É por isso que Krishna está relacionado com o conceito de «satcitananda»: o seu corpo é eterno (sat), o seu espírito cheio de sabedoria (cit) e, o seu ser, pleno de felicidade (ananda).

O Movimento Krishna
No Ocidente, os seguidores do chamado movimento Krishna desfilam cantando pelas ruas. São jovens envergando túnicas cor de laranja, com a cabeça toda rapada em sinal de humildade, salvo uma pequena trança. O movimento Krishna foi fundado em 1966 por Abhay Charan De (1895-1977).
Os seus ensinamentos e a sua prática baseiam-se no Bhagavad-Gita. Na sua opinião, a consciência de Krishna tem uma importância fundamental para a Humanidade: é o único caminho que conduz à perfeição.
Para se unirem com Krishna, os seguidores do movimento cantam a mantra "Hare Krishna", celebrizada pelo musical "Hair".

Sobretudo nas grandes cidades, encontramos frequentemente os seguidores do movimento Krishna nos seus desfiles pelas ruas. Distribuindo panfletos e, interpelando os transeuntes, tentam assim conquistar mais alguns adeptos para o seu movimento. Esta actividade missionária é constantemente interrompida por cânticos, durante os quais recitam mantras em voz alta, ao som dos tambores.
Há várias similaridades nesta história de Krishna com a de Jesus Cristo, ao que nos foi dado perceber pela perseguição e fuga de ambos por tenebrosa intenção de Kamsa e Rei Herodes, respectivamente. Ambos estes também (Kamsa e Herodes) clamaram pelas vidas de Krishna e Cristo em perturbação com o que lhes asseverariam conselheiros, profetas e demónios na perca dos seus poderes instituídos, mandando executar inocentes crianças de tenra idade. Ambos refugiados, Krishna e Cristo em total sintonia, apartados que estavam de épocas e doutrinas diferentes, haveriam de ficar para a História universal e religiosa como símbolos da verdadeira ascensão do Homem em sua salvação. De Cristo já tudo se sabe ou quase tudo, de Krishna o conceito sacrossanto também de: corpo eterno, espírito sábio (ou cheio de sabedoria) e o ser, pleno de felicidade. Aqui também, ambos iluminados e seres superiores a tudo o que é conhecido etérea e, terrígenamente para o comum dos mortais. Apenas se poderá então acrescentar de que Krishna em corrente religiosa e de ensinamentos do Bhagavad-Gita, na consciência de Krishna, o único caminho que conduz efectivamente à perfeição.

 Será de facto o único caminho? Não o sabemos mas acredita-se que será apenas e tão só mais um caminho a seguir, a respeitar e, a considerar no nosso longo caminho humano se não para a perfeição, para as bordas de tal, ou seja, que tenhamos consciência de, se não alcançarmos essa mesma perfeição, a continuemos a buscar em harmonia e coerência com o que nos rege na vida como seres humanos que somos. E isso, independentemente dos credos ou religiões que professamos na Terra. Pelo bem de todos, assim seja então!

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