Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 28 de janeiro de 2014
A Unidade Cósmica
Das Huacas - construções de pedra semelhantes a templos - os Incas parece terem celebrado cultos místicos, das quais ainda hoje emanam forças misteriosas. Partilhavam uma visão do mundo na qual o Além e o Aquém, o Céu e a Terra, o Homem e a Natureza eram considerados como uma grande unidade.
Será assim tão difícil para nós, seres humanos do século XXI compreender ou, simplesmente reaprender, esta sabedoria antiga? E, esta verdade única em complemento ou unidade cósmica?
Cuzco - A Unidade Cósmica dos Incas
"Em nenhuma outra parte do mundo, vi tanto ouro e prata como no templo de Inti." - Anotou o cronista Pedro de León. Quando os Espanhóis conquistaram o enorme Império Inca, que se estendia desde o Equador até ao Chile, a sua ânsia por ouro pôde finalmente ser saciada. Só do templo principal da cidade imperial de Cuzco, situada nos Andes Peruanos, os Espanhóis retiraram 700 placas de ouro, tão grossas «tábuas de caixotes». Não obstante, por detrás da fachada resplandecente de Cuzco, manteve-se oculto um pensamento invisível e, religiosamente nobre.
Nos seus templos, os indígenas veneravam Mamaquillia, a deusa da Lua, e Inti, o deus do Sol. Consagraram nos templos salas próprias a Vénus, às Plêiades e a todas as estrelas, assim como ao trovão, ao relâmpago e, ao arco-íris. Ao lado de uma imagem gigantesca do Sol, as múmias dos reis defuntos, enquanto «Filhos do Sol», guardavam o seu reino como se fossem santos.
O Jaguar Sagrado
Cuzco e os seus templos eram para ser entendidos como parte integrante da História Cosmológica, ligados à força criativa do Universo. Os Incas dispuseram as construções da sua capital à semelhança da forma do jaguar, símbolo de força e de poder. Em determinados pontos da cidade procedia-se à observação de fenómenos astronómicos através de clarabóias, razão pela qual até hoje alguns cumes de montanhas preservam nomes como «Eixo (do Sol)» (Intihuatana) ou «Retículo do Universo» (Pachatusan).
O vale de Vilcamayu, que se estende desde Cuzco até Machu Picchu, era considerado o espelho do Céu. Ao longo desta representação terrestre da Via Láctea, o soberano Inca celebrava as cerimónias mais sagradas em construções megalíticas antiquíssimas. Certo é que estes Índios Andinos partilhavam uma visão do mundo na qual o Além e o Aquém, o Céu e a Terra, o Homem e a Natureza eram considerados como uma grande unidade. Parece assim que nós, os seres humanos do século XXI, só a muito custo estamos a reaprender esta sabedoria antiga.
O «Umbigo do Mundo»
Segundo a tradição oral dos indígenas, quando os homens ainda viviam na barbárie, o pai divino dos Incas enviou o seu filho e a sua filha para os Andes, munidos de um bastão dourado. Deveriam estabelecer-se no local onde o bastão penetrasse na terra. O misterioso objecto afundou-se no solo, perto do local da fundação de Cuzco, na colina de Hanacauri, o «umbigo do mundo».
Escavações arqueológicas têm vindo a provar em todo o mundo que, este tipo de mitos, possui normalmente um fundo de verdade; porém, o objecto que em tempos foi tragado pela terra em Hanacauri - bem como o que se esconde por detrás desta história - permanecerá por enquanto motivo de especulação.
Locais Mágicos
Os Incas pensavam que estavam na Terra, na sua qualidade de «exílio da pátria no mundo superior». O rio Vilcamayu, no vale de Cuzco, era considerado uma alegoria para a corrente torrencial que separava os vivos dos mortos. A alma só podia atravessar o rio através de uma ponte que era tão fina como um fio de cabelo. Os conhecimentos secretos dos Incas, de como se processava com êxito essa passagem do mundo material para o transcendental, ter-se-ão perdido irremediavelmente com a conquista do império pelos Espanhóis no século XVI.
Como se referiu inicialmente, ainda hoje emanam das «huacas», os templos Incas, as tais forças misteriosas que, sejam locais ou visitantes, as sintam como preces dos deuses numa eloquência energética estranha, enigmática e possivelmente insinuante também. Cuzco, na unidade cósmica que se lhe conhece na actualidade - nessa dita convergência do Além e do Aquém, do Céu e da Terra, do Homem e, da Natureza - evocando potencialmente toda uma sabedoria antiga, retrata-nos para a posteridade e futuro a longo prazo, a epopeia distinta do seu povo Andino. E também como já anotámos, a sua exuberante e misteriosa força divina que parece refulgir no ar todo um segredo bem guardado em cumulativa unidade cósmica. E assim permaneça a bem da Humanidade!
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