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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Infantaria Chinesa


 
Terá sido o imperador Qin Shi Huangdi um explorador brutal que obrigou centenas de artesãos a trabalhar num projecto inútil e sem objectivos concretos? Terá sido um déspota megalómano que acreditava que o seu exército de soldados de terracota lhe permitiria continuar a triunfar e, vencer os espíritos malignos no Além? Ou - vamos supor - ter outra origem e finalidade, ante deuses ou visitas das estrelas?

O Exército de Terracota
Foi o homem mais poderoso que alguma vez viveu na China. Há mais de 2000 anos, os seus guerreiros subjugaram os reinos de Han, Zhao, Chu e Qan.
Quando «toda a terra sob o Céu» estava conquistada, o antigo rei de Qin, designou-se a si próprio «primeiro soberano divino»: Qin Shi Huangdi. Dedicou então o resto do seu reinado (221-210 a. C.) à edificação da Grande Muralha, ao traçado de estradas e canais, ao estabelecimento de uma escrita unificada e, à construção de um exército de barro, cujos 8000 soldados tinham por missão guardar no Além, o primeiro imperador chinês.

Os Soldados do Imperador Morto
Em 1974, ao fazerem perfurações de poços, os camponeses de Xi`an descobriram uma parte do exército de terracota. Poucos metros abaixo da superfície, escondiam-se três galerias planas de 14.000 metros quadrados, contendo um exército de milhares de soldados de barro. Dispostas na formação de batalha de um regimento de infantaria chinês, as estátuas dos soldados marcham em tamanho real: na primeira linha, os arqueiros e os besteiros apontam as armas reais a uma ameaça fictícia e, atrás da infantaria, os cavaleiros couraçados conduzem as suas montadas, obedecendo às ordens de comandantes de dimensões acima do tamanho real. São impressionantes as feições personalizadas dos guerreiros que guardam o túmulo do primeiro soberano divino, que os arqueólogos já consideram a «Oitava Maravilha do Mundo».
O exército de barro, cuja maior parte ainda se encontra enterrada, levanta mais perguntas do que aquelas que podem ser respondidas do que inicialmente aqui dispusemos: com que objectivo prático ou finalidade então, terá este imperador chinês explorado de forma brutal - supõe-se - centenas de artesãos? Terá acreditado poder vencer assim, dessa forma, os espíritos malignos do Além ou outros celestiais que lhe cruzassem no caminho do seu total autoritarismo e despotismo?

Palácio no Campo
Nos arredores de Xi`an, província de Shannxi, geofísicos alemães - em colaboração com os seus colegas chineses - conseguiram encontrar no Verão de 2000 a residência do imperador Qin Shi Huang, até então desconhecida. Com a ajuda de detectores, descobriram debaixo da terra a estrutura arquitectónica de um gigantesco palácio. Os restos de pilares, muros e galerias ocupam uma superfície de cerca de 50 hectares, ou seja, quase 70 campos de futebol.
Os magnetogramas, que registam as variações do campo magnético terrestre, confirmam que os antigos relatos sobre o luxo e magnificência da corte do primeiro imperador chinês correspondem à verdade.

Declaração de Guerra do Além
Com o seu temor ao poder dos espíritos, o poderoso imperador Qin Shi Huangdi estava em perfeita sintonia com o seu tempo, mostrando-se assim e por um lado, muito realista nas medidas políticas para o fortalecimento do reino e, por outro, entregando-se receosamente às forças invisíveis.
As suas viagens de inspecção às províncias tinham uma função prática, mas também mágica: tratava-se de assegurar as boas graças dos espíritos bons e, de combater os maus. O imperador considerava por isso que, as tempestades eram declarações de guerra do Além. Quando, no seu barco, sobreviveu a uma tempestade, mandou arrasar um bosque próximo onde os Magos lhe disseram que estava o túmulo de um soberano tão poderoso como ele e, que queria matá-lo.

Fosse como fosse, este imperador chinês era alvo de muitas tormentas, não se importando com celebrações sentimentais no seu povo na edificada estrutura humana de que dispôs pela construção desta infantaria gigantesca de barro. Cada uma das 8000 figuras de barro tem feições personalizadas, o que pressupõe talvez, serem as as cópias dos soldados imperiais verdadeiros. Por receios do Além ou de outro qualquer evento celestial ou provindo do Céu, o certo é que Qin Shi Huangdi nos deixaria para a História e, para um todo de maravilhas mundiais, esta enorme «jóia» de terracota em solo chinês. E para a História ficará a sua grandiosidade se não humana, pelo menos de aguerrida e megalómana avenças suas na eloquente Infantaria Chinesa aqui mostrada. Preserve-se, erga-se as que estão ainda soterradas e, anuncie-se então ao mundo esta de facto, Oitava Maravilha do Mundo. Assim seja!

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