Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 28 de janeiro de 2014
A Morte Sacrificial
Porque razão foram as crianças sacrificadas? Terão os Incas querido prestar um serviço aos seus deuses através desse sacrifício? Seriam os seus deuses as próprias montanhas? Ou, algo mais tenebroso escondido nestas em temível e assustadora realidade na época?
Monte Llullaillaco - Argentina
Múmias no «tecto dos Andes» - Os cadáveres das três crianças pareciam indicar que a morte se dera havia pouco tempo, no entanto o passeio destas duas meninas e um rapaz que culminou na sua morte sacrificial, teve lugar há aproximadamente já 520 anos. Os seus corpos, porém, estavam tão bem conservados que até mesmo o arqueólogo americano John Reinhard (n. 1944) - especialista em investigações arqueológicas em alta montanha - estremeceu por momentos ao olhá-los, depois de encontrar a sepultura gelada das crianças Incas a 6175 metros de altitude no monte Llullaillaco, um dos mais altos vulcões da Argentina.
Esta descoberta chocante, realizada em 1999, deu origem a diversas perguntas interessantes e, indubitavelmente susceptíveis de uma super-sensibilidade face ao que nos rege hoje, na actualidade. São estas: porque razão terão sido as crianças sacrificadas? Terão os Incas querido prestar um serviço aos deuses através desse sacrifício? Seriam os deuses as próprias montanhas?
A Morte Sacrificial das Crianças Incas
Investigações levadas a cabo pela Universidade Católica de Salta (Argentina) revelaram que o rapaz de 7 anos, e uma das meninas, de 6 anos, eram de origem aristocrática, portanto já predestinados a uma morte sacrificial pelos sacerdotes Incas. Indícios que comprovam esta afirmação constituem os pescoços compridos que apresentam, já que logo após o nascimento começavam a ser artificialmente deformados com a colocação de uma espécie de estrutura em madeira, bem como os adornos e as roupas que envergam. A terceira criança - uma rapariga de 15 anos - a quem os cientistas se referem como a «doncella» (donzela), a «virgem», deverá ter consumido folhas de coca ao longo de vários anos, como ficou demonstrado pelas análises realizadas ao seu cabelo. Deste modo foi também preparada para o ritual de morte sacrificial de que foi vítima.
Neste sítio arqueológico - aquele que fica situado a maior altitude em todo o mundo - foram ainda encontradas estatuetas de ouro, prata, peças de cerâmica e pedaços de tecido.
Caminhada, rumo à Morte
Como os arqueólogos depreendem da leitura dos antigos relatos dos cronistas espanhóis e de outras investigações, as crianças deverão ter iniciado por volta de 1480 da nossa Era - portanto, antes da chegada dos conquistadores vindos de Espanha - a sua caminhada rumo à morte a partir da distante capital do Império Inca, em Cuzco, no Peru. Através das cordilheiras alcançaram o vulcão Llullaillaco, onde terão sido recebidas pelos habitantes locais.
A partir daí teriam sido dirigidas apenas por um sumo sacerdote e, pelos seus ajudantes para o cimo da montanha, onde terá decorrido uma cerimónia de consagração dos sacrificados.
As crianças deveriam ter tido noção da morte sacrificial que as esperava, pois, tendo chegado poucos metros abaixo do cume do vulcão com 6739 metros de altitude, o sacerdote ateou um fogo sagrado e procedeu à realização de danças rituais. Uma vez que nos cadáveres não foram encontrados quaisquer sinais do exercício de violência física, as crianças deverão ter morrido em consequência da escassez de oxigénio e do frio intenso, depois de lhes terem sido dadas folhas de coca para mascar e, uma bebida embriagante chamada «chicha».
Rituais Cruéis
A razão pela qual os Incas terão realizado rituais tão cruéis é incerta. Com efeito, estes encaravam as montanhas como seres vivos e, veneravam-nas, como se de deuses se tratassem.
Os poderosos Andes ter-lhes-ão infundido medo também a eles, razão pela qual as crianças que morreram congeladas terão funcionado como uma espécie de mediadores entre o Céu e a terra. Se elas terão conseguido efectivamente cumprir essa tarefa, é algo que ainda hoje desconhecemos. Em todo o caso, certo é que para os seres humanos do século XXI, elas serviram de verdadeiros mensageiros de um mundo desaparecido que era o seu - razão pela qual a UNESCO as declarou Património da Humanidade.
Sacrifícios Humanos para os Deuses
Quando em 1532 os Espanhóis conquistaram o Império dos Incas, destruíram sem qualquer consideração os locais sagrados dos povos indígenas. Aquilo de que não faziam ideia, é que muitos dos locais mais sagrados deste povo, ficavam situados nas altas montanhas. Mais de 120 locais de culto foram distribuídos pelos Incas ao longo da cordilheira dos Andes.
Em 1954, os caçadores de tesouros encontraram em El Polmo, perto de Santiago do Chile, o primeiro desses lugares sagrados. Um príncipe Inca jazia a 5000 metros de altitude na sua sepultura gelada. Os dedos delicados agarravam os joelhos flectidos, para assim poder manter-se quente. Ídolos em miniatura (um deus com uma coroa de penas vermelhas e figuras de lamas) - bem como os seus próprios dentes de leite - estavam depositados nas suas imediações. Desde então os arqueólogos têm vindo a achar centenas de cadáveres de crianças nos Andes, que terão sido sacrificadas para conquistar o favor dos deuses.
As crianças Incas eram desta forma utensílio, talismã ou somente o isco «perfeito» para as insígnias de culto e crenças destes povos dos Andes. Julgá-los à luz da nossa contemporânea lucidez é igualmente antagónico e não muito correcto - se considerarmos que mesmo na actualidade se cometem distúrbios idênticos e, sem ser em prol de algum culto ou talvez mais especificamente, seita...- contudo, continuará sempre a afligir-nos pensar e acreditar nestes rituais tão selvagens, primitivos e de uma dolorosa crueldade incutidos e implementados naquelas crianças de outrora. Isto é, se podermos ou conseguirmos ignorar como referi há pouco - nos tais distúrbios da actualidade em que se raptam crianças em África para lhes extraírem os órgãos e outras sevícias que tais - sentindo que, este mundo terá e deverá ser melhor no processo evolutivo e não animalesco em que se nos apresenta. Pelo menos, temos de tentar e viver com todas estas atrocidades cometidas tanto no passado distante como no tempo presente em alquimia superior que nos faça orgulhar e não ensandecer por tamanhas manobras irreais e tão indignas de nós, seres humanos.
A Bem da Humanidade, assim seja então!
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