A psicoterapia nos círculos espirituais
Durante muito tempo os problemas psíquicos eram considerados exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento mental. Foi a psicologia transpessoal - ciência que estuda os fenómenos e vivências da mente que provocam mudanças profundas no ser humano - que aguçou a consciência da importância do desenvolvimento espiritual da pessoa. E nesta área em particular, reconhecem-se graves crises.
As pessoas que se ocupam intensamente da sua evolução espiritual, por exemplo, através de exercícios de meditação, são a isso especialmente propensas. Determinadas experiências profundas que reaparecem espontaneamente não podem ser dirigidas e ameaçam desestabilizar o equilíbrio anímico e produzir sequelas psíquicas irreversíveis.
O médico psiquiatra e psicólogo norte-americano Stanislav Grof usou na década de 1960 a droga psicadélica LSD com fins terapêuticos (por ex: para tratar a neurose ou a psicose). Muitos dos seus pacientes, relatariam depois experiências transpessoais vividas durante o tratamento. Grof estudou a fundo algumas destas pessoas que associam de um modo insólito o encontro com a morte a certos elementos do próprio nascimento. Aparentemente a razão para isto, encontrar-se-à nalgum trauma perinatal, altura em que se vivem profundas experiências de morte e nascimento ou ressurreição. Grof demonstrou que estas vivências se reflectem nos mitos da morte e da ressurreição.
Estes mitos alteram tanto os níveis profundos da personalidade do indivíduo porque incorporam experiências que são familiares para toda a gente, ainda que quase sempre de um modo inconsciente. O rico simbolismo dos mitos e dos textos espirituais sobre a morte e a ressurreição não é mais do que o reflexo das próprias experiências transpessoais.
Experiências perinatais
Perinatal quer dizer: «o que rodeia o nascimento». Os elementos destas experiências evoluíram segundo um modelo que pode dividir-se em quatro partes, análogas às fases do nascimento biológico: abertura, transição, expulsão e pós-parto. As imagens míticas e visionárias que tiveram grande importância nas religiões têm em parte a sua origem nestas experiências perinatais. Assim o Demónio e as cenas do Inferno, as visões de seres celestiais, iracundos e diabólicos,(conhecidos em todas as religiões e livros dos mortos), são fruto das vivências da segunda fase perinatal. A viagem do Deus do Sol egípcio através de escuras regiões cheias de perigos(e de provas ) remete também para as referidas vivências.
A morte psíquica
"O encontro com o fogo purificador desempenha neste campo, um papel importante. As figuras arquetípicas que representam a morte e a ressurreição, como Jesus Cristo, Osíris, Dionísio, Átis, Adónis e Quetzalcóatl estão muito ligas a esta fase."
A terceira fase. No parto propriamente dito, deriva-se o tema da luta titânica, visões de batalhas mitológicas de dimensões cósmicas, o juízo final, os sacrifícios do sangue. As pessoas que vivem estas experiências transpessoais neste estado, concebem frequentemente encontros com animais temíveis como parte da morte psíquica. Estes monstros que parecem ter poderes devoradores precedem a quarta fase, a experiência libertadora da ressurreição psíquica.
Por motivos já referidos na instabilidade e mudança de comportamentos nos indivíduos que tal passam, este psiquiatra (de ascendência sueca) Stanislav Grof ter-se-à induzido - juntamente com um grupo de psicoterapeutas especializados ( na Spiritual Emergency Network - Rede de urgências espirituais), oferecendo ajuda psicoterapêutica para eventuais problemas que possam surgir ao se enfrentar essas experiências transpessoais.
Assim termino com a veleidade acrescida do que ainda não conhecemos mas coabita em nós, do lugar de onde viemos e, para onde iremos um dia...de uma forma mais natural e objectiva com o que nos define como seres humanos que somos. Só temos de nos deixarmos ir em rigor, crença e espaço aberto de mentes superiores que um dia seremos também. Assim seja!
Sem comentários:
Enviar um comentário