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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Anomalia II

2660 - Base exterior - Austrália
Cidade laboratório - (Algures no Deserto)

" O Uno é mais do que a soma das partes!"
ENLIL e ENKI, sabem-no.
 

Defino-me agora como Ariana mas só eu o sei. Ele, o Y-2605 é Zeus, o meu Zeus. Como na Mitologia Grega da Antiguidade. Somos a continuidade dos protótipos de: XX e XY da cadeia formativa e educacional antes de 2610 - e isso no momento, só nos traz benefícios - pelo que registei com rigoroso «entusiasmo» de me nos poder ser muito útil, tanto a mim como a Zeus. Estas designações nominativas e não numéricas, servem para me distanciar em comportamento, conclusão e determinação futuras do que me impus estabelecer. Para ambos. Raramente nos cruzamos e poucas palavras trocamos, usando o poder telepático (que nem todos possuem de entre nós) para melhor consensualizarmos a dois, o que em irreversibilidade de podermos recuar, nos admitimos contrariar nesta nossa condição de anfíbios ou andróides, como por vezes nos apelidam.

Pesquisei, agrupando informação contemporânea e outra da Antiguidade em dados oficiais de registo indubitável em que tirei as minhas ilações, as minhas conclusões: "Eva Mitocondríada" ou "Hipótese de Eva", conceito erróneo de que os seres humanos descendem duma única fêmea ancestral. A realidade conceptual e de reprodução humana consiste na proveniência de uma pequena população, formada por 10.000 indivíduos (aproximadamente) no início dos tempos. «Leucócitos, Linfócitos, Plasma, Gâmetas...» (...)
Esta última (Gâmetas), reporta que cada uma das células sexuais que na reprodução sexuada se conjugam (fecundação), originando o germe denominado ovo ou zigoto.
Gametogénese - Capítulo da Biologia que trata da Génese dos Gâmetas... quanta informação! Agora compreendo. Fomos «programados» para não fazer perguntas mas acima de tudo, para não sentir. Para não ter emoções, para não revelar e expor situações desenvolvidas nos humanos, uma delas, a reprodução após «isso» que se designa amor ou somente, sexo. Não somos seres assexuados, mas proíbem-nos a junção, a reprodução. Liminarmente! Descobri que eu e Zeus (XY-2605) anteriores a 2610 - na via programática seguinte em que os anfíbios foram esterilizados em processo irreversível - estamos isentos desta manobra de programa radical e totalitário física e mentalmente. Portanto eu Ariana de código extraestrelar XX-2607 e ele Zeus de código XY-2605, «poderosos» beneficiários desta lacuna científica e de comutação de pena na continuação dos nossos genes, vamos poder dar continuidade (ainda que primitiva), aos nossos anseios físicos, psíquicos e de contemporaneidade emotiva e sexual.

Eles, os superiores, consideram-nos uma espécie de plâncton robótico/andróide laboratorial. Eu Ariana, sou uma equação matemática de 20 anos formatados e 33 de conhecimento técnico e de laboração (o que não terá sido muito diferente nos humanos de outrora...) mas com a consistência física inviolável ou de envelhecimento geral tanto no metabolismo na sua anatomia humana quanto na cognitiva, e esta ainda mais acelerada e desenvolvida, daí que nos auto-denominem de andróides. Não sei o que mais abomino, se a designação de «anfíbios» se, a de «andróides»...ambas estão incorrectas. Ambas me afligem, seja isso o que for. Tenho de criar hábitos e métodos mesmo que arcaicos, pelo que sei ter de me debater de futuro por aquilo que desejo alcançar. Não é fácil, mas vou persistir com ele ou sem ele, Zeus. Mas penso que ele está do meu lado. Ambos temos falhas. Não possuímos "Imprinting". Que é, ou são, comportamentos de imitação e registo do comportamento dos progenitores. Não o temos nem podíamos. As únicas referências à nossa antecedência e «útero» vítreo foi o que nos é dado conhecer na cápsula de  onde saímos em fabrico tecnológico orgânico. Mas foi a partir daí que eu descobri a minha verdadeira motivação e libertação destas amarras laboratoriais, trocando vezes sem conta as insígnias locais e os conteúdos do líquido imposto nos anfíbios mais antigos - e que nos injectado por via endovenosa ou intravenosa - sendo mais tarde alterada essa acção por via laser. Criei placebos e induzi-os em vários tubos de ensaio, em vários segmentos de recolha e indução para a inactividade de reprodução nos anfíbios que somos todos nós ou...nos fazem crer.

Confederação galáctica - Anda tudo muito agitado devido a esta Convenção de sumptuosa importância e aluimento de ideias e anúncios futuros do que os «senadores» e engenheiros genéticos extraestrelares nos concedem e...impõem. Está tudo expectante. Menos eu e Zeus. Não acreditamos muito no que «eles» vão decidir em melhor futuro nosso. Mas tudo isso dá-me tempo e espaço para o que tenho de fazer. Já tenho a referência do «Isolamento Genético» a que nos devotaram. Até agora, éramos abduzidos em experiências inauditas num mecanismo de isolamento resultante das diferenças genéticas dos organismos, embora o «acasalamento« fosse possível. Nada que nos tivesse sido informado mas eu recolhi, do que experimentalmente verifiquei. Quanto ao «Isolamento Reprodutor» auferem na ausência de «atracção física»; (física, química ou comportamental) entre machos e fêmeas ou, a diferenças físicas nos órgãos sexuais que os tornam incompatíveis. Existe um padrão elaborado de corte nupcial (nos animais e por vezes...nos humanos), em que o «Isolamento Reprodutivo» pode dar-se porque o comportamento nupcial de um dos parceiros não estimula o outro... e isto, foi a última citação que consegui registar no meu cérebro do que os humanos e os animais de outrora se acometiam, antes da copulação ou coito natural no acto futuro da fecundação e reprodução. Fiquei conhecedora mas não, sem alguma instabilidade emocional, agora...

Tentei então considerá-lo com Zeus. Observámos ambos o que «aquilo» nos poderia trazer de benefício ou...«prazer«. Trocámos olhares, conhecimentos e práticas (ainda que muito básicas e consequentemente também, muito primitivas nos humanos) mas desejávamos assim, redescobrir a nossa «fonte» ou, a nossa «origem» liminar e factual em argumentação e orientação sobre o que nos poderia reger ou suceder num futuro imediato. Queríamos respostas. Queríamos tudo! E induzimos-lo. E incitamos-lo. E obtivemos-lo.
 
Foi...bem, foi algo inexplicável, indefinível. Eu tremia. Ele também. Nenhum de nós, sabia bem o que fazer. Viajar no Espaço por entre as estrelas terá sido tão magnânimo quanto a sensação havida por ambos. Descobrimos que não só tínhamos o eclodir dessas sensações em pele como também em força interior num desejo ambíguo mas consistente de afirmação, continuação e premência física nunca por nós havida ou, sentida. Ele, Zeus, exalava um odor estranho de animal no cio (ao que nos foi dado conhecer mas em básica amostragem de uma História Universal a nível global) e nunca como ali, em sentidos extravasados e extrapolados no que ambos queríamos e ambicionávamos em espécie de luta aguerrida ferozmente animal e de raciocínios pouco concisos. Nada era natural para nós ou...demais, para o que nunca havíamos experimentado e absorvido em nós. Uma sensação única! A dois! começámos por nos tocar nos dedos das mãos em vibração pungente mas bela, muito bela. Depois as faces. De seguida, os contornos da massa cutânea, dele e minha, de pele com pele, peito seu e...meu. O meu, mais farto e pespontado por uma regurgitação estranha em entumecência rígida, vendo-me eu ser espectadora do que não conseguia fazer parar. Ele...também não. Beijámos-nos. Aquela troca de fluidos labiais foi...estranha. Tudo era estranho. Mas bom. Todos os meus sentidos estavam ao rubro. Os dele, também. Nada era como tínhamos previsto. Na camarata onde nos encontrávamos no Espaço que era só nosso em estrelas, planetas e galácticas só nossas, pairávamos agora em nave individual literalmente. A pedido superior, fora-nos concedida esta nave em prospecção geral de uma das muitas visitas de satélites envoltos na reposição de vários elementos. Daí que tivesse sido fácil podermos ter ido (e juntos) até essa zona estraestrelar. Poderia não haver muitas outras oportunidades e como tal, aproveitámos-la. Pior, seria voltar.

Zeus ou XY-2605 era meu. E eu, XX-2607 ou Ariana, era dele. Completamente! Podia ter-nos sido perceptível um certo incómodo pela inicial troca de fluidos corporais mas o que no princípio nos afligira, depressa se nos desapareceu em vanguarda irremissível do que se não pode mais ocultar e, bloquear. Ele investiu em mim e eu nele. A penetração foi algo insólito. Eu olhava-o nos olhos e ele fugia destes como que escondendo uma certa angústia de fragilidade ou dor que me acometesse. Tantos anos, séculos em que nos «programaram» para não sentir dor, para não sentir nada que agora, passados esses limites - e tudo nos sendo permitido a dois - só havia que aventurar, desbravar e conhecer. Assim foi. Uma «luta» desenfreada, movida por músculos, sons, batimentos cardíacos e na melhor de todas as coisas, numa finalização em clímax despudorado, sonorizado, latente e...tão presentemente vivido que ambos considerámos estar a viver uma anunciação de outros tempos em orgânica e sensibilidade extremas. Sensação orgásmica, ouvi-me dizer em baixa voz, ecoando em sentidos perdidos o que experimentava em vivência extraordinária. A dois. Eu e ele, o meu Zeus, o meu «Deus» mitológico o meu «Uno» no momento. E queria mais! Muito mais. Ele também! Éramos um só e descobrimos isso, naquele magistral momento de acção e práticas primitivas que os humanos há muito revelavam e nós anulávamos-lo. E porquê? Porque razão, motivo ou regra admitida, digna de suspeita e rebelião, se era algo tão eloquentemente positivo e...bom. Muito bom!

Faltava a reprodução. Faltava. Ou não. A fecundação, a concepção, a continuação em gâmetas pronunciadas, divididas, multiplicadas e geradas em mim. Eu possuía órgãos reprodutores e não fora esterilizada. Nem eu, nem ele, Zeus. Não tínhamos isenção de fertilidade, pelo que me «bati» em inócuas assimetrias na ingerência que fiz ao violar regras e pressupostos no protocolo clínico em que me induzi, alterando as substâncias activas injectáveis que «eles» nos impunham. Havia que esperar ou então, repercutir de novo, estas sensações que ambos sentimos e ambos desejámos ardente e...não mecânicamente como se há muito ambos soubéssemos destes sentidos e «sentimentos», se é que lhes posso apelidar assim. Sinto pelo Zeus o que nunca senti por nada ( em elemento inanimado ou de vida coesa...) ou por alguém que tivesse feito a mesma estrada sideral que eu. Não consigo estar longe dele e ele de mim. Sofro! Penso que ele também. Somos unos. Somos um só. Por enquanto. Sei que seremos erradicados desta base ou deste ciclo em base terrestre. Tudo nos pode acontecer. É um enorme risco. Mas há que nos sujeitarmos a isso, até que tenhamos uma solução conjunta e imdemne, incólume que nos leve juntos para bem longe daqui. Mas isso, são outros sentidos que não estes por agora. Pelo «Pai Celestial», Pai de todas as coisas, pelo Grande Uno do Universo, eu «lutarei« por mim, por Zeus e pela eventual repercussão de futuro, continuidade e ser a anunciar de dentro de mim. Jamais o negaria, o ignoraria, o anularia. Agora e...no Futuro que é hoje. Para mim, para Zeus e...para a nossa concepção futura. Que o Uno esteja perto de nós e em nós. que o Uno nos proteja! Em salvação do amor que agora sei sentir. E que o Uno, isso nos conceda. Para sempre! Para a eternidade no planeta Terra, em Marte, Saturno ou em qualquer outro no imenso Universo deste Grande Uno Universal. A paz se cumpra!

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