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terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Heresia II

Toronto - Canadá
 Ano - 2121
Permaneço em estado letárgico e de certa forma confuso com tudo o que me aconteceu. Queria ser uma mulher como as outras, deveria de o ser!...Mas não sou. E não pedi isso! Estou metida num imbróglio doentio, disforme e impositivo por «gente» que nem conheço. Não posso fugir ou dão cabo de mim, disseram-me (não por mão destes mas...de outros, asseguram-me) e remetem-me confidências suas, de origem estrelar e inumana que me leva a pensar estar a ficar doida numa insanidade instantânea.
Estou na cidade de Toronto para onde me trouxeram. Dizem-se «Anunnaki» e que estão aqui para salvarem o mundo. Eu (desabridamente) ri-me na cara deles, passando por imbecil e mal-educada mas eram os nervos à flor da pele que me sugestionaram esse acto palerma de pensar que me poderia revoltar ou sequer debelar com a possível «missão» que há muito já tinham para mim. "Deixem-me em paz", terei dito na confluência desorientada em que me vi, sendo rodeada por aqueles seres de luz que me diziam enunciar em mim, isso mesmo. Que eram os mensageiros, os paladinos da paz e eu...que só queria fugir, partir para bem longe, acabava admitindo que hipoteticamente talvez fosse a melhor solução, estes serem agora dignos de uma maior hospitalidade sobre a minha pessoa. De facto, eu não podia correr riscos, os normais para quem se encontrava na mesma idêntica situação de sujeição e «sublimação» entre si e...entre mim também.
Por eles, os «Anunnaki» que me prometiam desvelos e protecções de uma alquimia extra-estrelar e por mim, pela óbvia circunstância de me encontrar grávida e o pai do meu filho (que eu pensara inicialmente ser um valente estupor por não ter aparecido no cais de Portland, onde eu o esperava ciosamente) de nada saber da sua eventual paternidade; ainda. Estou "amarrada" de pés e mãos, ou seja, tenho de me aquietar e esperar desenvolvimentos. Estou num sarilho bem jeitoso!...

O que me sucedeu, daria para projecção futura de um filme da «nova vaga» em que tudo é posto em ponto de interrogação, inquirição e pouco ou nenhuma submissão nos povos circundantes...daria um bom filme, sem dúvida! Se na Antiguidade uma «certa Maria», uma «desgraçada Maria...» que assim se terá sujeitado a esse mensageiro (e com todos contra ela, podendo ser apedrejada até à morte) seria agora muito diferente...? Não digo apedrejada mas...automatizada, formatada em mente alucinada, manipulada e por fim morta indubitavelmente para o que o destino e a fatalidade andam sempre de mãos dadas. Mas explico melhor: não me foi dado escolher. Estava de malas prontas, esperando o meu grande amor marinheiro (e esperei horas a fio) ruminando sobre este o que lhe faria de futuro, acaso ele me deixasse «pendurada». Depois, já mais quebrantada na dor e na rejeição iminente do que o Kevin fazia em mim, deixando-me enregelar esperando por si, que eu desnorteada e lavada em lágrimas me «quis» suicidar em molho frontal de uma faixa costeira medonha em mar ruidoso e luz incidente do farol fronteiro também. Estava desesperada. Não havia nada por que lutar, estando sozinha e sem par à minha beira. Que idiota eu sou!...

Magoada, humilhada e ofendida por um repúdio e sujeição nunca na vida sentidos dessa forma tão premente, tão dolorosamente sentidos, quando em sinal de um milagre não anunciado, me apareceria uma figura de luz ímpar. Recuei (recordo) pelo inusitado e...pelo medo sentidos também. Sabia há muito daquela luz que de tempos a tempos me vinha acompanhando, o que nunca pensei fosse que esta se reportasse em vida num corpo «físico de luz» ou, o que quer que fosse. Fiquei siderada. As pernas tremiam-me, o coração saltava-me do peito e a minha coragem desaparecera por completo nesse estado geral, débil, frágil e de uma autenticidade indefectível.

"Sidereus Nuncius" - Assim se auto-designou "a coisa". Vinha em paz, referiu-me. Acreditei. Em posição indemne e de certa forma de uma santidade exposta (foi o que senti no momento) aquela luz em figura humanóide, revelava-me a certeza de um Futuro que eu nem em sonhos perdidos, poderia ter havido. Nunca fui de tomar drogas ou  tóxicos, aditivos de espécie alguma. Possuía uma amiga minha que era licenciada em farmácia e - estando esta em conformidade presente com esses «fármacos» ou substâncias psicotrópicas - e podermos aventurar-nos nas mesmas, nunca por nunca o fizemos ou tivemos curiosidade de o experimentar pela maturidade apresentada em ambas do mal que isso iria fazer às nossas vidas. Daí que eu estivesse lúcida e isenta de tudo isso, para mais agora que era portadora de um outro ser em mim e nada deste mundo ou de outro, me poder corromper com esse maior sentido de vida, por mim e...por ele. já o respeitava, já o amava a ele ou...a ela, não sabia ainda por vontade própria. Já o poderia saber uma vez que os testes clínicos em medicina avançada já nos elucidavam sobre isso, horas após a concepção mas eu quis esperar pelo Kevin e agora arrependo-me disso mas também já não importa pois «eles» haviam de me confidenciar de que vou ter uma menina e ainda só tenho um mês e meio de gravidez pouco pronunciada.

Estou bem agora, no que me é possível dizer e sentir estar bem. Sou bem tratada, cuidada e aconselhada. Dizem-me ter uma «missão» para mim. Que têm de me conceder protecção, cuidados e uma maior veleidade de trato e continuada coabitação - entre eu e eles - para minha própria salvação. Estou em risco de ser eliminada, taxativa e impiedosamente (revelaram-me em irreversível destino há muito anunciado) fazendo-me temer e oscilar na pouca coragem que ainda possuía em mim. Questionei-os da razão de eu, simples mortal, ter sido a escolhida para tal punção divinatória em sujeição quase fatal de andarem atrás de mim com lasers de acção destrutiva para me abaterem, a mim e ao meu bebé. Era irreal. Confuso e absurdo, considerei. Mas era um facto. Se a Igreja o soubesse, apesar de pouca força mundial já ter, ainda assim comporia em tentáculos seus, pegar em mim e fazer-me carne para cão em símbolo exemplar de fraude e excrescência humana pela afronta de me julgar uma semelhante à antiga Maria da Galileia, de Nazaré ou de toda a Palestina, Israel  vá-se lá saber agora de onde...por mim falo que estou em terras canadianas, tendo nascido americana e com origens de longa data, açorianas. Provavelmente, serão as minhas raízes de uma Atlântida perdida em consonância abjecta com esta nova vida de escassos vinte e um anos de idade em que me situo. Mentalmente acredito que não estou muito bem. Também não é para menos, depois disto tudo...mas «eles» afiançam-me de que os meus sentidos cognitivos apresentam dados normais (menos a alma que continua a tremelicar de algum medo...) e que estou estabilizada e regular em toda a minha anatomia de mulher madura. Fico mais descansada. Mas não menos temerosa. Sou uma personagem principal de uma qualquer saga cinéfila de visita ao Futuro ou...de uma expiação de pecados - que «eles» me afivelam ser quase perjúrio humano, o induzirem-nos nessa falsidade, pois não há pecado mas evolução humana - reiterando-me depois no que eu possa vir a ser. Dizem-me que a minha eventual descendência lhes é muito importante e eu só posso acreditar, após tudo o que já me foi dado ver em provação e argumentação suas. Parecem-me fiéis e credíveis no que anunciam estes «Anunnaki» que me confessam serem descendentes da civilização da Suméria. Por ora, são compostos de quatro grupos, todos amistosos com o povo da Terra e eu acredito. Fico feliz que assim seja. Mas há um nome tribal ou galáctico que me assusta e conotado com as simples aranhas terrenas, «eles» me dizem apenas ser uma coincidência casual e não factual na origem destes «outros». Até a pronunciar tive medo: "Os Arachnids", grupo estrelar ou galáctico hostil mesmo entre os seus semelhantes e muito mais em relação aos povos inferiores da Terra, citação dos mesmos, foi-me dito. Assustei-me. E acreditei agora mais fielmente na analogia do que os Anunnaki me disseram: os Arachnids são poderosos, temíveis e rancorosos. Vão querer espalhar o terror, a maldição, a submissão e a guerra global ante a compleição e auxílio mesmo, de forças terrenas que os ajudarão em cumplicidade e parceria com finalidades dúbias e oportunistas na tomada de minerais vários da Terra. Isso, já está a ser preparado nos subterrâneos tanto na Terra como nas estrelas em espaço extraestrelar em comum acordo. Daí que estejamos alerta e em passo à frente (na gíria humana) do que eventualmente esta tribo galáctica e hostil a nós também, possa fazer na Terra. Estamos assim, a tomar providências sobre a não totalidade de propriedade e devassidão que eles, os Arachnids possam fazer surgir na Terra. O vosso Homo Sapiens de há sessenta mil anos até agora - que tem sido geneticamente «melhorado« - tem apresentado valores mais interessantes no poder inteligente que demonstra em metabolismo, poder cognitivo e desenvolvimento geral com a cumulação efectiva de um maior conhecimento científico e tecnológico em exemplo de: genoma humano, ARN, ADN, neurologia e psicopatologias diversas que ao longo do tempo foram redimensionando em evolutiva ascensão humana. Por tudo isso, haverá a não renúncia ao ser humano na Terra ou fora desta. São um produto nosso a reter, a preservar, a continuar. Não temas (ter-me-ão elucidado em franca amostragem de paz, harmonia e consenso seus) não te vamos abandonar! És o nosso melhor produto em consistência e...crédito firmado. Como referem os humanos: és o melhor exemplo dessa nossa afirmação; és o produto exemplar a motivar outros, a continuar a rede terrestre de uma civilização ainda não totalmente perdida. Estamos a fazer por isso. Acredita em nós!

Perante isto, o que poderia eu dizer...? Ou acrescentar? estava nas mãos dos Anunnaki. Oxalá «eles» não me fossem hostis e mentirosos também, podendo estar de facto eu e todos nós na Terra, irremediavelmente perdidos. E eu, sem o meu amor, o meu Kevin que nem suspeitas tinha do meu estado físico e e muito menos do mental, destrambelhado agora por tanta informação extraterrestre que os meus pais a conhecê-lo, me internariam de imediato num centro psiquiátrico mais próximo ou mais influente dos Estados Unidos.
Havia que esperar, havia que aguardar ainda que isso me fizesse chorar horas intermináveis de uma angústia latente sem ninguém (humano) do meu lado que me socorresse por mais que «eles» me satisfizessem as vontades em fervências suas de uma exaltação pacífica de nada me faltar. Mas falta. O meu amor que «eles» me asseveraram estar retido por eles em conivência com uma sua preservação igual à minha de não ser eliminado também pelos cavernosos Arachnids que me amedrontam em sonhos e pesadelos. Mas tenho de confiar. Os Anunnaki a isso me devotam em «ilha sua» mais tarde que por ora em base terrestre sua aqui em Toronto, eu me suster a seu mando. Mais tarde irei ser deslocada para outra base. Veremos...quem me ajuda então? Falarão estes a verdade? Estarei eu a salvo? Que me reservará o Futuro? E a quem posso recorrer?... A quem? A Deus? Eu nem acredito em Deus. Ou será que...acredito? Se existes Deus, então ajuda-me, suplico-te. Mereci isto? Quero ser a nova mãe de um Jesus anunciado, quero...? Ou não quero? Já nem sei o que quero. E sei que não vai ser Jesus mas...Melina, disseram-mo. Parece que até o nome já sabem, escolheram-no «eles», ou terei sido  eu? Que confusão! Ainda estás aí, Deus? Vá...não me abandones Tu também...por favor, fica perto de mim, pois preciso tanto de Ti! Pode ser...?

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