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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Eternidade

Tempo de Ser

   "Levanta-te e caminha..." Vai em busca do teu destino. Não te conformes em ser um simples ser humano.

   Marca a diferença...abre as asas e voa. Deixa que os teus sonhos se apoderem da tua vida, e luta por eles, não numa luta desmedida, mas antes numa luta onde todos nós somos respeitados; onde todos nós

   lutamos por aquilo em que acreditamos..."Tu és o sal...  Procura o mar"

                                                                                                                                Taizé




São vários os caminhos na busca da identidade, da realização e por fim, da verdade em objectivos e finalidades cumpridas. Deseja-se a felicidade, anseia-se por amor e sofre-se copiosamente pela descoberta de um "Shangri-la" universal que nos conduza ao zénite da perfeição e da plenitude de físico e alma. Poucos o conseguem e acredito que um desses, possa ter sido na vida, a Madre Teresa de Calcutá que, nascida na Albânia (um dos países mais pobres do mundo, ainda que esta fosse de berço mais farto) se tenha imbuído de verdadeiro calor e fraternidade humanas para se dar toda em vida como pura alma que era. Não é fácil ser seu seguidor e fazer da pobreza, humildade e solidariedade os seus motes de vida. Impossível mesmo, ser-lhe igual. Acredito que esteja ao lado de Deus na veemência e trato dos seus actos na Terra e seja a estrela mais brilhante do Céu, eventualmente.

Comecei a ter a noção de eternidade muito cedo. nas conversas à luz do candeeiro a petróleo da minha avó, descrevendo em pormenor as dores da partida de algum ente querido que jazeria eternamente . segundo ela - no seu coração. E os demais parentes seus afeiçoados, seus seres para sempre amados e não esquecidos.
Mais tarde, viria a descobrir essa nova realidade no que visionei (de novo) em dois jazigos lado a lado expostos no cemitério da aldeia da avó. A história foi-me contada em pormenores que hoje mal recordo no seu todo mas tenho em sugestão efectiva do sucedido entre aquelas duas almas ali presentes em corpos quase mumificados ou, lacerados de uma dor única, sua. Uma mulher, jovem ainda que terá falecido de inanição e desgosto, contraindo tuberculose por se ter entregue a uma dor incomensurável de desmando de seus pais, desautorizando-a a namorar ou sequer fazer-se acompanhar em visita por um outro jovem rapaz de intentos fiéis mas não aceites. Namoros contrariados e não admitidos em seio familiar, compondo romances e tragédias costumeiras tais como: Romeu e Julieta, Tristão e Isolda ou o nosso D. Pedro e Dona Inês de Castro, nossa rainha de Portugal a título póstumo. Pode o amor ser sinónimo de dor, angústias e morte? Pensa-se que sim, senão não haveria tantas descrições na História e na Literatura sobre essas patologias de alma que induzem à morte. O rapaz, de boa figura e compleição possante na fotografia demonstrada, ter-se-à morto por enforcamento, devido ao igual desgosto de ver a sua amada morta e sem o seu amor, jamais. Uma história de amor linda, se não fosse a tragédia de morte dupla que os levaria da terra onde viviam e dos familiares conjuntos que tanta guerra supostamente fizeram, sem que ganhassem nada com isso. Só perderam. Todos. Ou nem todos...pois acredito que estes dois infelizes seres de curta existência na Terra, tenham sido bem mais felizes no Céu em eternidades que nada nem ninguém lhes poderia ofuscar ou limitar. Não sei os seus nomes mas não interessa, pois no sítio onde estarão, estes pouca importância tenham para o que conjuntamente viverão na eternidade que lhes assiste.Assim seja!

Ainda adolescente, passeando com um dos poucos amigos que possuía (pois era um bicho do mato...) e detectei uma presença estranha no arco de entrada do cemitério. Não me fustiguei em investigar por saber de antemão, ao que isso me levava de imagens e descobertas paranormais de que já há um tempo eu vinha sendo acometida. Tentei disfarçar mas a enorme figueira existente no átrio do território - e que ladeava a igreja da Nossa Senhora da Aboboriz e o dito cemitério - zumbiam-me aos ouvidos, a sentença havida daquelas duas almas perenes que por ali se faziam sentir ainda. Não podia voltar atrás. Era de dia e, não sendo um dos melhores locais de veraneio ou excursão plácida, eu sentia que os mortos não nos faziam mal e só ali, longe dos olhares de um povo coscuvilheiro e metediço, é que poderia estar em paz...pensava eu. Os sons, cada vez mais estranhos ( e só eu os ouvia) foram tomando forma, guiando-me até à entrada da porta do cemitério em sucção idiomática de um Além chamando por mim. Estranhamente, não tive medo. O que vi, enterneceu-me. Duas figuras aladas num só, em abraço eterno, amoroso. Fiquei tão emocionada que chorei. Sabia que não era sonho, nem sugestão havida pela história antiga que há muito me tinham contado. Estava a vê-los. Eram felizes. Pareciam-me felizes. Soltos, libertos, amando-se. Foi a primeira vez que tive a certeza da existência do Além e de toda uma força poderosa contida neste, para onde nos leva as almas viventes para uma outra aprendizagem e ascendência. Foi bonito demais.

Para o espiritismo, o Além é como uma estância de defuntos, um lugar ou um estado para onde o Homem vai, após a sua morte. Na vida do Além encontra-se a alma, a parte imortal do ser humano, no mesmo plano de vibração espiritual que as almas que possuem uma consciência semelhante e energias análogas. Os seres humanos permanecem no mesmo estado espiritual que tinham ao abandonar o seu corpo, em registo pronunciado por Linda Georgian (n. 1950) uma das adivinhas mais conhecidas nos Estados Unidos. Descreve ainda: O Além, é uma região cheia de música das esferas e na qual seres espirituais acodem para ajudar o «espírito que volta».
Para o místico sueco Emanuel Swedenborg(1688-1772) diria: "Um dos lugares mais belos que todos os terrestres e nos quais não há nem espaço nem tempo!" Em transe profundo E. Swedenborg assim relataria a sua visão do Além, apesar de reconhecer também que, existe um plano de realidade mais elementar do que o nosso mundo material e, para além de toda uma configuração esquemática do mesmo. Observaria ainda, esses locais de «depois da vida» e a chegada de recém-falecidos.

O filósofo indiano Shri Aurobindo Ghose (1872-1950) descobriu nos seus exercícios de ioga um «território incomensurável de espíritos», povoado por seres incorpóreos  «tão superiores à consciência humana» que ao seu lado, parecemos crianças...estes seres, segundo Aurobindo, podem adoptar qualquer forma. Aos cristãos aparecerão em forma de anjo, aos hindus em forma de santo hinduísta, procurando desta maneira ultrapassar as barreiras de acesso à consciência do observador. Como terá dito Buda também: " Criamos o Mundo com as nossas ideias." Para o sufis persas (o sufismo é uma confissão mística que toma o islão como modelo), o Além é um mundo que surge exclusivamente a partir da matéria fina, a "Alam Amithal", ou seja, do pensamento. Desta forma, o Além não é um lugar criado por um único espírito, mas sim um plano de existência gerado pela imaginação de muitos seres vivos.

Para o psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), as ideias sobre o Além são imagens e projecções do subconsciente. O subconsciente é para nós, segundo a opinião tradicional, o país dos sonhos e ao mesmo tempo dos mortos e dos anciãos. É uma forma de existir à margem do espaço e do tempo.

A vida depois da morte e a continuidade da existência da alma, irá ser sempre um debate aceso e incoerente nos seus opositores, nos cépticos, nos não crentes. Mas impossível de ignorar. Em sessões e círculos espiritistas, os espíritos dos defuntos são por vezes comparados a campos magnéticos que aparecem ocasionalmente aos vivos em forma de corpos quase transparentes. A nível pessoal sou cúmplice disso mesmo, do que já percepcionei, do que já vi e observei no meu campo de visão, aquém a realidade técnica e factual. Apenas isso. Não especulo, não crio teses ou teimosias incipientes do que posso ou não querer defender como verdadeiro. Na eternidade do que pensamos, sentimos, sofremos mas amamos igualmente, apenas me disponho a anunciá-lo, a escrevê-lo sem protagonismos falsos ou ilusórios de uma mente doente. Não o estou, acreditem. E quão maravilhoso é, descobri-lo em sabedoria exemplar e magnificente de todo um saber maior que não oculto. Não somos mais a Idade das Trevas nem da caça às bruxas!...Será...? Eu não o sou, disso tenho a certeza. Mas reflicto apenas no que me é dado ver e, explorar. Só isso, em eternidades assentes, volumosas e profícuas em todo o meu ser vivente. Até à eternidade!




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