"As almas perfeitamente purificadas juntam-se a Osíris no Céu
para gozar de vida eterna!"
Castigo e recompensa depois da morte: Os antigos egípcios ocupavam-se pormenorizadamente do mundo do Além. São disso testemunho, os numerosos textos, murais, livros dos mortos e sepulturas monumentais.
As ideias neles sugeridas são muito heterogéneas e, por vezes, contraditórias. Em data incerta, os egípcios desenvolveram a noção do julgamento dos mortos perante Osíris, que fazia uma lista das suas más acções.
É bem conhecida a ilustração que representa uma balança que tem num prato o coração do defunto e no outro, a pluma da verdade.
A ideia de recompensa e de castigo depois da morte aparece no Irão a partir do século VII a. C.
Para chegar ao Paraíso, a alma tem de percorrer várias esferas cósmicas; no caminho há um interrogatório: quem não sair vitorioso, será precipitado num Inferno cheio de tormentas.
No Novo Testamento, o Inferno é designado por Gehenna, lugar que realmente existiu: era Gî-Hinnom, ou a Ravina dos gemidos, um sítio maldito para os judeus ortodoxos, por aí arderem dia e noite nos sacrifícios a Baal Melek, ou Moloch, a divindade de um antigo culto de Israel. Este lugar repugnante era a imagem do terror eterno em que se colocavam num enorme forno ardente, cadáveres e escórias várias. O Cristianismo associou-o à ideia de um fogo horrível, em que se ardia no Inferno, eternamente.
Nas regiões habitadas pelos Celtas, a religiosidade cristã coexistia com as predisposições visionárias. São bem conhecidas as visões do Inferno Iren Tungdal (1150) e de São Patrício. A do primeiro, é a de um panorama sádico de elaborados tormentos infernais, semelhantes aos que mais tarde podemos apreciar nos impressionantes quadros de Hieronymus Bosch. Os tormentos visionários deste, correspondem aos pecados cometidos em vida. Quanto à visão do segundo, de São Patrício, no desígnio do «Purgatório de de São Patrício», esta ainda mais significativa e, destinada a uma maior e mais vasta repercussão. Trata-se de facto do purgatório, mas contendo o Inferno em si. Há ainda o Inferno de Dante, na sua «Divina Comédia» em que Dante Alighieri (1265-1321) faria a grande síntese artística entre o Inferno do povo e o da Teologia. Seria então, o Inferno de Dante, um colossal edifício intelectual, construído à imagem da representação da sua época. Dante conduzido por Virgílio, desceria ao Poço dos Gigantes, chegando ao coração do Inferno, o centro da Terra que corresponde ao nono círculo dos condenados, terminando em encontro no ponto mais baixo de uma imensa e tremenda cratera: a do próprio Lúcifer, senhor do Inferno.
O meu Inferno é mais básico. Mais simples mas supostamente mais mordaz e letal, também. não sei para onde vai a minha alma mas acredito que um dia, subirá aos céus sem ter de passar por qualquer tipo de purgatório ou Inferno similar. Desejo isso e penso que o mereço. Nunca cometi qualquer pecado capital de mandamentos do Senhor, tentando ser uma boa cidadã. Mas tenho a dor. A dor na alma em nódoas negras que se não vêem mas escutam, nos sofrimentos muitos que conjugo nesta vida, dos que já perdi e dos que ainda virei a perder. A dor da perca, é a pior de todas. A dor de uma mãe que perde um filho, a mais dolorosa, pungente e venenosa que há na vida. Corrói-nos as entranhas e absorve-nos as forças, fazendo-nos clamar a essa mesma morte, que nos leve também. Maria, mãe de Jesus sentiu-o na pele e na alma, supõe-se. Como a tantas outras mães em iguais e terríveis vicissitudes de uma dor infinita. Não o posso definir por esta dor imensa não sentir, graças a Deus, mas possuo outras que me doem igualmente e me castram vontades e energias de me debelar com tamanha magnitude e assombro de uma tristeza ímpar. É aí que eu passo pelo Inferno...mas na Terra e, agora. Amo e perco. Como todos nós. Amo o Sol, a Lua, as estrelas e...os meus gatos que em sublime passagem das suas parcas vidas, me vão deixando em solidão e desgaste físico e mental. faço-lhes homenagem aqui, do espaço e tempo que me ofertaram sem pedir nada a não ser comida e colo. E eu dei. Mas eles, deram-me muito mais. E já partiram. Muitos. O Quicas, o Charman, a Noca, o Pussy, a Quica, a Bianca, o Juca, o Chico e finalmente (mais recentemente) a Becas. Amei-os. E isso, não pode ser pecado. Não deve ser pecado...não importa. Fizeram parte da minha família, fizeram parte de mim. devo-lhes esta homenagem. E ainda choro por eles, os meus queridos e meigos felinos nas várias etapas da minha vida. Não receio ser julgada por isso...por amar devotadamente os meus animais de bigodes aprumados e unhas afiadas. Estiveram sempre presentes e de futuro, continuarão a estar. Se possuem alma, não sei mas acredito que sim. E que vão estar comigo nesse Além que virá um dia, onde me receberão de igual forma em aconchego e timidez felina em aconchego e visitação, como um cartão de boas vindas em que todos entramos e somos presentes, no dia em que partirmos da Terra.
A Alma não pode ser um erro de Descartes em que, a emoção, a razão e o Cérebro humano andam de mãos dadas. Nos humanos e...nos animais, acredito. Somos todos seres inteligentes, uns mais do que outros. Racionais ou irracionais, isso a Deus pertence. A minha alma essa, já está destinada e não será para o Inferno de um Céu ou, de uma além Terra. Será para uma dimensão de algo que me estará reservado e que só Deus saberá. E lá, estarão os meus gatinhos. Todos! E, de alma muito aberta para mim. Assim seja!
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