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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A Relíquia



Quem terá razão? Os vários investigadores que o consideram autêntico e julgam ter sido feito há dois milénios ou, a datação por radiocarbono?

Datação por Radiocarbono
Caso a mortalha seja verdadeira, Jesus Cristo teria de estar ainda vivo quando o baixaram da cruz. Em 1988, o Vaticano mandou datar a relíquia pelo método de radiocarbono. Ao fim e ao cabo, estavam em jogo os principais dogmas da Igreja: a morte na cruz e, a ressurreição. O resultado porém, foi que o tecido fora fabricado na primeira metade do século XIV. Quem tinha razão então? Os vários investigadores que o consideravam autêntico e julgavam ter sido feito há dois milénios ou, a datação por radiocarbono?
Ao cabo de uma minuciosa investigação, os investigadores alemães Holger Kersten e Elmar R. Gruber conseguiram demonstrar que durante a datação houvera manipulações e que, os vestígios de aloé e mirra encontrados na mortalha, não intervêm nos ritos fúnebres judaicos, já que apenas era praticada a unção com óleo. Estas substâncias também não eram utilizadas para embalsamar, um costume considerado sumamente repugnante entre os Judeus. As duas plantas - aloé e mirra - eram sobretudo empregues para tratar feridas extensas, pois são óptimas para confeccionar pomadas e unguentos.
Alguns cientistas defendem que os Judeus costumavam preparar emplastros e ligaduras misturando mirra com a resina de estevas. Ao que parece - com o tecido e as ervas - ter-se-à preparado um emplastro, pelo que o tecido não seria uma mortalha, mas antes uma ligadura. Esta hipótese é reforçada pelo facto de os Judeus costumarem envolver os mortos em tiras de pano largas e estreitas, como as múmias, não os envolvendo em panos largos, como ocorreu com o suposto Santo Sudário de Turim.
Nas suas análises, Gruber e Kersten demonstraram que os unguentos apenas puderam criar a imagem no tecido ao misturarem-se com suor e fluidos corporais: tal demonstra que a imagem só pode corresponder a uma pessoa que ainda estava viva.

Outros Indícios: As Feridas
A distribuição das feridas pela cabeça demonstra que, a coroa de espinhos não formava um aro, mas uma espécie de capuz que cobria todo o crânio, ao estilo das coroas ocidentais da época. Nos ombros e costas contam-se mais de 90 feridas pequenas, cujas características apontam para um determinado «látego romano» (o flagrum), que possui três tiras de couro com esferas de chumbo presas nas extremidades.
Na região dos ombros, também se vê o sangue resultante das feridas que coincidem com o antigo costume de obrigar o condenado que iria morrer na cruz, a carregar até ao local da execução e, sobre os ombros, a trave de madeira a que iria ser pregado.

A Experiência
Holger Kersten e Elmar R. Gruber untaram um voluntário com uma mistura de aloé e mirra e envolveram-no numa tela de linho. Aumentaram a temperatura ambiente para que a «cobaia» suasse e no tecido formou-se uma imagem em negativo, resistente à lavagem, e muito semelhante à da mortalha de Turim. É óbvio que não é exactamente igual ao original, já que não foi possível reproduzir as alterações sofridas por este, durante o processo de envelhecimento.

Reconstrução do Crucificado
A tonalidade das manchas da tela é mais intensa nos locais em que estava em contacto directo com o corpo, sendo mais clara nos pontos que ficaram mais afastados da pele. Um grupo de cientistas analisou as tonalidades de cinzento de uma fotografia a preto e branco da mortalha: os pontos mais escuros eram interpretados pelo computador como protuberâncias e, os mais claros, como zonas menos pronunciadas.
A partir desta relação entre a distância do tecido  e a intensidade da cor, um programa informático reconstruiu a forma de um corpo envolto na mortalha e, projectou um gráfico tridimensional com a imagem do «homem do sudário».

Datação Duvidosa
Entretanto, surgiram várias vozes - como a do microbiólogo Leoncio Garza-Valdéz, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de San Antonio, no Texas - que discordavam da datação, realizada através do método do radiocarbono. Garza-Valdéz descobriu que o Santo Sudário de Turim, tal como muitas relíquias antigas, está coberto por uma camada de bactérias e fungos que em parte ainda estão vivos. Deste modo, ao efectuar-se a datação com o radiocarbono, o que se datou foi uma mistura de linho com o revestimento biológico que o acompanha. O resultado tinha de ser uma data muito diferente. Para além do mais, Garza-Valdéz argumenta que, ao examinar uma mancha de sangue, constatou a presença de minúsculos restos de madeira. Na sua opinião, trata-se de uma espécie de azinheira que até agora não foi possível classificar com plena certeza. Pensa que poderia tratar-se de pequenos fragmentos da madeira da cruz. Visto que a maioria das relíquias conhecidas da «verdadeira cruz de Cristo» é de madeira de pinho, este resultado pode revelar-se uma nova fonte de inquietação para os crentes.

Particularidade nas Hemorragias
Nos quadros e pinturas da História da Arte é costume Jesus Cristo ser representado, crucificado com os pregos a atravessarem-lhe as palmas das mãos. As manchas de sangue da mortalha revelam no entanto, que na verdade, os pregos penetraram pela base da mão, pois esta era a única forma de assegurar que as mãos não se rasgariam com o peso do corpo. Dos três fios de sangue visíveis no tecido, apenas um poderia ter sido provocado ao serem retirados os pregos mas, visto que o sangue se espalhou em extensão, só pôde fluir quando o corpo repousava no chão.

O Códice de Pray
Uma miniatura do chamado Códice de Pray, reforça a ideia da incorrecta datação obtida pelo método do radiocarbono. Este manuscrito foi elaborado entre 1150 e 1195 e por isso, é pelo menos um século mais velho que a data atribuída ao sudário. Sem dúvida, o artista teria de conhecer a existência do Santo Sudário de Turim, já que a imagem desnuda de Jesus Cristo com as mãos cruzadas é única.
Enquanto isso, na actualidade, o pano de linho no qual o suposto corpo de Jesus Cristo terá sido envolto após a crucificação, é considerado a relíquia mais valiosa e também a mais controversa da cristandade.
Ao mesmo tempo que os crentes veneram a profundamente a mortalha, os cientistas vão discutindo no tempo - e nas experiências que vão continuamente fazendo, acredita-se - a autenticidade e origem da dita mortalha em eterna relíquia, para crentes e não crentes, supõe-se.
Que a verdade seja uma só e nos seja revelada a breve trecho e, a na consistência devida do muito que ainda há por descobrir e modificar na História das Religiões. A bem de todos, assim seja!


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