Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 17 de dezembro de 2013
A Doutrina dos Puros
Os Cátaros - Designação Grega: «Puros»
Terão sido os Cátaros, na sua eterna demanda pela consolação divina, os guardiães do Santo Graal na sua fortaleza de Montségur?
A Doutrina dos Puros
No século XII foi tomando vulto nas zonas em redor do Reno e no Norte de Itália, mas sobretudo no Sul de França, uma irmandade cujos membros se autodenominavam «Cátaros» (da palavra grega que designa «puros»). Em referência ao nome da cidade de Albi, no Sul de França, onde a sua influência se fez sentir com mais importância, os Cátaros são também conhecidos como Albigenses.
Os Cátaros são, por assim dizer, os sucessores dos gnósticos do fim da Antiguidade. Tal como estes últimos, os Cátaros defendiam um dualismo rigoroso: o Deus bom, acompanhado do seu filho Jesus Cristo, opõe-se ao Deus mau, com o seu filho Satanás. Os «puros» desprezavam tudo o que era material e terreno, pois consideravam-no produto do Deus mau e de Satanás. O Antigo Testamento era por eles tomado como equivalente ao Mal, uma vez que era o livro do criador da matéria, do Deus mau.
A Ascese como um Ideal
Mediante a ascese, os Cátaros pretendiam afastar-se da corrupção provocada pelo mundo material. Os seus dirigentes viam-se como perfeitos, como tendo já sido iniciados e, como se nada os pudesse demover do caminho rumo ao espírito. A iniciação consistia num ritual especial, a que se dava o nome de «consolamentum» (consolação). O sentido desta iniciação residia em ficar-se preparado para a vinda do Espírito Santo, enquanto consolador.
Crença na Transmigração das Almas
Os Cátaros adoptaram uma atitude provocatória em relação à Igreja dominante. Os seus bispos viviam em exclusivo para a sua fé, sem quaisquer bens, posses, pompas, prebendas ou terras.
Rejeitavam os sacramentos e os cultos sagrados, bem como a imagem de Jesus crucificado. Acreditavam numa espécie de reencarnação que implicava a transmigração das almas e em que estas podiam mesmo vir a ocupar o corpo de animais. As almas só seriam libertadas desta viagem constante - de um corpo para outro - quando encarnassem no corpo de um Cátaro, um desses seres perfeitos.
Os Hereges são Exterminados
Em 1179, o Papa Alexandre III proclamou a anatematização dos Cátaros. Quem matasse um Cátaro, receberia em troca uma remissão de dois anos de pecados e, seria colocado sob a protecção da Igreja, à semelhança de um Cruzado.
Vinte anos mais tarde, o Papa Inocêncio III fez publicar as suas terríveis leis contra os hereges. Os Cátaros não se defenderam, pois consideravam a guerra um acto contrário à conduta de um cristão, acabando por ser brutalmente aniquilados. A 12 de Março de 1244, na fortaleza de Montségur, nos Pirinéus, os últimos Cátaros renderam-se àqueles que os cercavam e, entregaram-se à morte pelo fogo.
O Enigma do Graal
No decurso dos séculos, os corajosos Cátaros, na sua eterna demanda pela consolação divina, viram-se associados a uma enigmática função: ter-se-ia tratado de sábios iniciados que, na sua fortaleza de Montségur, haviam guardado o Santo Graal.
De acordo com uma outra teoria, deve, ao invés do cálice em que fora recolhido o sangue de Jesus, ter sido o sudário em que o crucificado havia sido envolto, após a deposição da cruz (e no qual misteriosamente se imprimira uma imagem em negativo da forma do corpo e, onde subsistiam manchas de sangue) que por eles foi guardado.
O Papa Inocêncio III (1160-1216) foi um dos sumos-pontífices mais poderosos da Idade Média. Ampliou os domínios do Estado Eclesiástico, reformou a Cúria Romana e o Clero, e lançou os fundamentos da Inquisição. Sob o seu pontificado (1198-1216), os Cátaros foram cruelmente perseguidos e, extintos.
Cátaros ou Albigenses, em doutrina inversa à dos Papas vigentes, perseguidos, torturados e mortos na fogueira, vinculariam na história medieval um cunho deveras elevado de prestação divina que, tal como o nome indicava, de consolação e nunca de batalhas ou guerras anunciadas. Mas por terem havido a «ousadia» de desafiarem a Igreja instituída, pagariam com a vida em túmulo aberto de cinza e fogo mas que a própria História - a dos homens - haveria de fazer ressuscitar em alquimia de reposição e verdade dos factos. Guardiães do Santo Sudário, do Santo Graal ou...de outra qualquer relíquia religiosa e cristã, o certo é que, não o tendo conseguido na totalidade, o tentaram até às últimas consequências e só Deus saberá se de facto terão sido bem sucedidos ou não.
Que segredos guardará a fortaleza de Montségur nos Pirinéus? Será que, enterrados e em sepulcro autenticados, estará o tão falado Santo Graal? Ou...o verdadeiro Santo Sudário? Ou ainda, quem saberá...o elixir da eterna juventude, da imortalidade, da sabedoria e afins? Muitas perguntas sem dúvida que não estando ao nosso alcance, ainda assim nos permite na liberdade de pensamento e curiosidade históricas, enaltecer em imaginação fluente. Que um dia a verdade se saiba e se nos revele. A bem da Humanidade, assim possa ser!
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