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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Árvore Sagrada



Terão as árvores, alma? Serão espíritos de uma mágica força vegetativa na transmissão de igualdade entre homem e árvore?

O Eixo dos Mundos
A tribo siberiana dos Iacutos acredita que no «umbigo dourado da Terra» está uma árvore que estende os seus oito ramos até ao Paraíso. Sobre esta árvore nasceu o primeiro homem. Alimentava-se do leite de uma mulher, cujo corpo emergia do tronco da árvore. Aí Tonyon, o Criador da Luz, vive com os seus filhos nos ramos da copa da árvore.
Dado que, as suas raízes penetram nas profundezas do mundo inferior e a sua copa se estende até ao Céu, esta era árvore era considerada o eixo que liga os mundos. Enquanto eixo dos mundos, a árvore está no centro; tal como o freixo Yggdrasil, a árvore do mundo dos povos nórdicos que, com as suas três majestosas raízes, alcança o Reino dos Gigantes, do nevoeiro e o lar da família de deuses germânica dos Ases. Sob a terceira raiz nascia Urd, a fonte sagrada, onde os deuses tinham o seu patíbulo.
Os ramos da Árvore do Mundo alcançavam muitos outros mundos como por exemplo, o Reino dos Vanes, a segunda estirpe divina germânica, ou o Reino dos Elfos. Era ainda do freixo de Yggdrasil que emanava toda a sabedoria e o conhecimento secreto. O deus supremo dos Ases, Ódin, esteve pendurado na árvore do mundo durante nove noites para descobrir o segredos das runas.

A Árvore da Vida
Segundo as lendas de muitas tribos siberianas, as almas das crianças antes de nascerem aninham-se, tal como pequenos pássaros, nos ramos da Árvore dos Mundos. É aí que o Xamã as vai procurar para as levar aos pais. Uma lenda dos Iacutos descreve que as almas dos xamãs nascem num pinheiro, situado na montanha sagrada de Dzokuo, no Noroeste da Sibéria. Os xamãs mais poderosos crescem nos ramos mais altos; os menos poderosos nos mais baixos. Um Xamã da região montanhosa de Altai, na Mongólia, durante a sua viagem extática aos céus, sobe a uma bétula que se encontra no centro da tenda, passando por sete, nove ou doze céus, até alcançar o Reino do supremo Bai Úlgan. Os Buriatas, um povo do Sul da Sibéria, chamam a esta árvore dos xamãs, a «Udes-i-burkhan», o guarda do portão, pois é ela que abre o caminho para o Céu, tal como para os Maias a «sumaúma» se erguia através dos buracos das sete camadas do Céu.

Árvores Sagradas na Índia
Em muitos locais da Índia também se veneram árvores sagradas. A mais sagrada para os budistas é a árvore «bodhi» (Ficus religiosa), em Bodh Gaya, pois foi debaixo dela que Buda se tornou iluminado.
No Templo de Ekambaranathar, em Kanchipuram, os adeptos de Xiva veneram Sthala-virutcham, uma mangueira sagrada que terá cerca de três mil e quinhentos anos. Reza esta lenda que um crente, Kamakshi Amman, foi penitenciar-se debaixo da mangueira para depois desposar espiritualmente Xiva. Mais tarde, o templo foi erigido à volta da árvore. Mas, não são só os mitos indianos que falam de árvores sagradas; em quase todas as culturas da Humanidade, as árvores, enquanto pontos de confluência de forças cósmicas, ocupam um lugar nas lendas sobre a criação do mundo.

A Árvore com Alma
Muitas lendas antiquíssimas estão ligadas às árvores. A crença na igualdade entre Homem e Árvore - enquanto seres vivos - está profundamente enraizada em muitas regiões.
A veneração de árvores sagradas e um grande número de costumes em torno desse fenómenos, baseiam-se na observação de que a árvore é um ser dotado de alma, na qual habitam espíritos. Criou-se a ideia de que a mágica força vegetativa da árvore poderia ser transmitida ao homem. Assim, surgiriam cultos da vegetação e da fertilidade, bem como a noção de «árvore da vida», a qual é conhecida em variadíssimos povos.
Na Acrópole de Atenas, junto ao Templo de Erecteu, encontrava-se uma oliveira sagrada. Na Antiguidade os Gregos consideravam esta árvore sagrada, constituindo um símbolo multifacetado: como fornecia azeite para as lamparinas e, portanto, estava ligada à luz, era um símbolo da força espiritual e do conhecimento; devido à capacidade purificadora do azeite, era o símbolo da purificação, da fertilidade e da força vital. Era ainda, o símbolo da vitória - dada a sua resistência e longevidade - assim como da paz, devido às propriedades mitigantes do seu azeite.

Yggdrasil, a árvore sagrada eternamente verde, desempenha um papel importante na mitologia germânica que, ainda hoje, se faz ressentir nos demais. Ela está no centro do mundo e fornece apoio a Midgard, o mundo intermédio povoado de humanos - representado sob a forma de disco com um monte fortificado e envolto pela cobra de Midgard. Este mundo intermédio, por sua vez, está ligado ao mundo divino dos deuses Ases (como já foi referido) os quais habitam na raiz da Yggdrasil, e aos ramos, onde habitam os deuses Vanes. Seja em mitologia premente ou simples insinuação espiritual através dos tempos, o ser humano conflui directamente com estas poderosas forças divinas que se chama de árvores. Elas prevalecem, subsistem e sobrevivem ao longo dos tempos também, na sua total e incomensurável misericórdia beneplácita inserida na Humanidade. Merecemos-la nós? Destruímos florestas imensas, saqueamos campos, pradarias, selvas e o que mais houvesse em vegetação vária de flora e fauna infinitas que só não o são, pela devastação territorial agreste e sem limites que o Homem se propôs na vida. Abate árvores de todo o tipo, como se abatesse um mal maior, não vendo que se abate a si próprio na ignomínia de uma ignorância lascívia e fatal, acima de tudo para si próprio. A seiva das árvores é o nosso sangue e com este derramaremos um dia o nosso, igualmente, se...não pararmos esta carnificina vegetal de completo saque na Terra. Elas, as árvores vigiam-nos com o seu portentoso olhar de uma alma sua em ramos e fortificação dessa mesma fertilidade no planeta. Quebrarmos isso, é quebrarmos a nossa própria fé em conhecimentos maiores, espirituais e outros. Somos tão pequenos ao seu olhar, ao seu quebranto...a continuar assim não recrudescemos, antes regredimos na paralela ou inferior dimensão do que nos assiste como humanos. Um dia, a Humanidade verá tudo isso mas aí...talvez já seja tarde; veremos...a bem de todos nós, reconsideremos de que as árvores sagradas ou não, possam também ter alma como nós. A bem da Humanidade, que assim seja então! Por todos nós!

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