Estaria Machu Picchu já apagado da memória dos índios dos Andes, quando os Espanhóis levaram a cabo a conquista do Peru?
Um Estado Pré-Inca
Determinados aspectos referentes ao estilo de construção revelam algumas semelhanças com a época imperial do Rei Inca Pachacuti (1438-1471), em meados do século XV. A dinastia Inca, que teve origem numa pequena tribo indígena que migrou para o Peru e que a partir de meados do século XIV começou a alargar as fronteiras do seu reino, teria assim tido apenas cem anos para edificar, habitar e abandonar (para já não falar de esquecer...) a majestosa Machu Picchu, tendo ainda tido tempo para construir um sistema de canais e fazer o aproveitamento da terra cultivável através de socalcos. Muitos investigadores consideram isto impossível numa opinião que detêm de algo inusitado para a época.
Com base em cálculos matemáticos, há não muito tempo o arqueólogo e astrónomo Muller chegou à conclusão de que o «observatório astronómico» da cidade, poderia remontar a cerca de 4000 anos a. C.
O arquitecto e engenheiro Oswaldo Paez Patino, da Universidade de Cuzco, atribui a Machu Picchu uma origem ainda mais remota no tempo do que a das pirâmides egípcias. Com efeito, uma equipa de arqueólogos conseguiu aí encontrar fragmentos de louça com cerca de 3000 anos, o que vem corroborar a teoria do reputado investigador peruano Julio C. Tello, que já em 1930 havia avançado essa mesma hipótese de datação para Machu Picchu.
Quando em 1990 se receou pela integridade estrutural do templo principal, as equipas responsáveis pelos trabalhos de reforço, depararam-se com blocos de pedra de dimensões ciclópicas a 150 metros de profundidade. As fundações da cidade estão assim assentes em estruturas bem mais antigas do que até então se supôs.
Cidades Ciclópicas
As construções de Machu Picchu foram em grande parte edificadas com enormes blocos de pedra, verdadeiros monólitos, cortados de modo bastante preciso. Continua por explicar como foi possível em tempos remotos cortar, polir e frequentemente transportar ao longo de grandes distâncias esses blocos de pedra de grandes dimensões. Certas tradições populares relatam que os construtores de Machu Picchu teriam tido conhecimento de um suco de uma planta que permitia tornar as pedras moles como manteiga e assim cortá-las facilmente. Terá sido também essa técnica a usada por outras culturas em outras partes do mundo para erigir e esculpir as suas gigantescas construções monolíticas.
Machu Picchu dispões de uma localização verdadeiramente invulgar. Segundo reza uma lenda, por volta de 1200 da nossa Era, o primeiro soberano Inca, Manco Capac, terá ordenado ao irmão que mandasse construir um templo com três janelas. E, com efeito, um tal edifício - único em toda a América do Sul - pode ser visto em Machu Picchu. Essa obra deveria ser levada a cabo no local onde Manco Capac e o seu irmão haviam sido gerados por um raio de Sol. Já o responsável pela descoberta de Machu Picchu, Hiram Bingham, se questionou se não seria a esse lugar mítico que acabara de chegar. Se assim for, então esta cidade perdida ou esquecida no tempo, encerrará com certeza em si (ainda) numerosos segredos por desvendar. E...por nos surpreender, acredita-se.
Deuses, Espíritos e Ritos Mágicos
Em qualquer mercado da Bolívia e do Peru é comum ver os indígenas - tal como de resto sucedia na altura dos antigos Incas - a receberem previsões sobre o Futuro. Aí, compram patas de lama e outros talismãs para ficarem a salvo de pragas e dos espíritos maus. Em honra de Pacha Mama, a Mãe-Terra, são - tal como desde há séculos - feitos sacrifícios. E isto, tanto no alto das montanhas como nas grandes cidades, entre os arranha-céus. Mantém-se inalterada a mesma crença no poder dos deuses que, já nos tempos áureos de Machu Picchu era experimentada. De acordo com esta crença, (essa é pelo menos a esperança de muitos indígenas...) está para acontecer o regresso do último príncipe Inca, cujo nome é desconhecido. Uma lenda refere que este poderá ter desaparecido em 1550, na torre da Catedral de Cuzco, a antiga capital do Império Inca e, bem perto do local onde o último governante, Tupac Amaru, foi executado. Segundo a profecia, o príncipe voltará a aparecer neste mesmo local.
Quem quiser ir a Machu Picchu, tem a possibilidade de calcorrear o velho trilho Inca durante cerca de quatro dias, ao longo do rio Urubamba e, através de caminhos estreitos que começam a uma altitude de 2300 metros. Ter-se-à a certeza de que as canseiras da laboriosa subida terão valido a pena, quando se avista as ruínas da velha cidade Inca. Dispostas ao longo da encosta, consegue-se distinguir claramente, as casas e templos que outrora aí existiram.
Será de facto maravilhoso a quem aí se puder deslocar numa espécie de «viagem ao passado» que, apesar de remoto e ainda não totalmente desvendado nos muitos segredos que comporta, será sem dúvida um reequilibrar de energias e poderes assumidos destes nossos antepassados tão coesos quanto deslumbrantes em toda a sua sabedoria e presença efectiva. Que tal se preserve em local e ambiência incólumes do que se quer manter para a posteridade mas, sem que com isso, se renegue a sua contínua descoberta de povos e civilizações que ainda hoje nos são desconhecidas nas suas muitas arcas sagradas de conhecimentos seus. Por tudo isso, e a bem de toda a Humanidade e de um maior conhecimento, assim seja então!
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