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terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Cidade dos Deuses

Teotihuacán: «o lugar onde os homens se transformam em deuses»

A Cidade dos Deuses

A cerca de 40 quilómetros a nordeste da cidade do México, a 2300 metros acima do nível do mar, fica situada uma cidade histórica com pirâmides impressionantes e ruínas de palácios que remontam ao ano 200 a. C. Achados arqueológicos em redor e abaixo destas construções permitem tirar algumas conclusões acerca do seu aparecimento e, da utilização que lhes era dada; quem, porém, terá sido o construtor de tão maravilhosas pirâmides e palácios e qual a razão para o seu abandono, permanecem ainda hoje questões em aberto, de resposta incerta. Contudo, uma coisa é certa: Teotihuacán - como o povo asteca lhe chamou mais tarde - estava por volta do ano 700 da Era Cristã, novamente abandonada.

A Metrópole dos Deuses
Quando os Astecas, que se espalharam pela região central do México por meados do século XV (a partir de 1428), deram com esta cidade abandonada, tendo ficado tão impressionados com a sua localização e as suas construções nela existentes que não tiveram quaisquer dúvidas: esta cidade havia sido construída pelos próprios deuses! Em consequência disso, todas as construções realizadas pelos Astecas se inspiraram naquelas que encontraram em Teotihuacán. Com as suas pirâmides e palácios, a cidade viria também a servir de modelo a muitas outras obras e realizações importantes das civilizações mesoamericanas.
Pouco mais do que suposições podem ser feitas sobre os motivos que levaram à construção desta cidade. Não foram encontrados registos escritos, não se sabe qual a língua que esses construtores desconhecidos terão falado, nem tão pouco as ruínas fornecem qualquer pista ou facto concreto. Apenas a descoberta de alguns ossos humanos e, de cálculos geoastronómicos, permitiram a reconstituição de uma história possível, de acordo com a qual Teotihuacán poderá ter sido a capital de um povo dominado por sacerdotes que praticavam cultos religiosos.

Construída com Sacrifícios Humanos
A possibilidade de os construtores de Teotihuacán terem sido um povo guerreiro é algo que, determinados investigadores, propuseram com base nos restos mortais de seres humanos achados nas imediações dos templos. No início dos anos 80, aquando as escavações arqueológicas levadas a cabo pelo Instituto Nacional de Antropologia e História do México, encontraram sob o Templo de Quetzalcóatl uma vala comum. Foram desenterrados os restos mortais de 120 pessoas, dispostos em grupos de 20 e acompanhados por numerosas e, valiosas oferendas sacrificiais e também, peças ornamentais para o corpo como seria de esperar numa casta de guerreiros. Infelizmente as idades das vítimas do sacrifício devem ter rondado entre os 10 e os 25 anos, facto esse que, pensando sobretudo nas crianças mais novas, torna a «teoria dos guerreiros» pouco provável.

O Quotidiano numa Cidade Florescente

Teotihuacán experimentou o seu período áureo por volta de 500 d. C., tendo então aí vivido cerca de 200 mil habitantes em cerca de 70 mil casas. Com uma área de pelo menos 13 quilómetros quadrados, esta cidade magistralmente planeada era maior e mais moderna do que qualquer outra sua contemporânea.
Locais de culto em forma de pirâmide atraíam numerosos peregrinos, o que leva a acreditar que se tivesse desenvolvido um comércio bastante próspero. Indícios disso mesmo, constituem alguns artefactos encontrados em sepulturas que datam de um período entre 150 e 600 d. C., fabricados em Teotihuacán e, encontrados por todo o México. Sob as ruínas da cidade, encontram-se também vestígios de um sistema de esgotos perfeitamente funcional, sem dúvida um factor de conforto que terá beneficiado tanto os habitantes da cidade como aqueles que a visitavam.
Hoje em dia, o olhar fascinado dos turistas, concentra-se sobretudo em três construções: a Pirâmide do Sol, a Pirâmide da Lua e o Templo de Quetzalcóatl. Todos estes três monumentos estão ligados pela Avenida dos Mortos, outrora a principal artéria de Teotihuacán.

O Mito de Quetzalcóatl

O mítico Quetzalcóatl, que os habitantes de Teotihuacán muito possivelmente adoravam como um «Deus» relacionado com a vegetação e que, no decurso dos séculos se tornou para os Astecas o patrono dos sacerdotes - o protector dos artificies e inventor do calendário - adoptou em quase todas as culturas mesoamericanas, uma posição cimeira no panteão divino. Após o surgimento de um Quetzalcóatl real, o Rei-sacerdote dos Toltecas, o Quetzalcóatl mítico e, o «verdadeiro», terão possivelmente sido reunidos num só, muito embora não haja indícios concretos nesse sentido.
Segundo a lenda, havia uma rivalidade entre Quetzalcóatl e Tezcatlipoca, o «Deus da Noite e do Norte»: enquanto o Rei-sacerdote Quetzalcóatl apenas exigia dos seus súbditos o sacrifício de animais, o seu adversário não se contentava senão com sangue humano. Esta diferença deu origem a uma disputa da qual Tezcatlipoca saiu vitorioso, pelo que Quetzalcóatl foi em 987 banido de Tula, a sua capital.
Diz-se que, motivado por uma profunda tristeza, se terá imolado pelo fogo e que terá renascido sob a forma do planeta Vénus. O mesmo planeta Vénus surge associado a um símbolo guerreiro dos Astecas, a «Serpente Emplumada», o que explica por que razão o Quetzalcóatl «real» era também adorado e, frequentemente representado sob a sua forma de serpente emplumada.

O Templo de Quetzalcóatl foi construído em seis níveis, num estilo conhecido como «talud y tablero», caracterizado pela conjugação de superfícies horizontais e inclinadas. Figuras de pedra que representam serpentes, contemplam com uma expressão severa, os visitantes...
Pronúncio, estigma ou vigília permanente dos deuses, não o sabemos mas registamos em todos quanto o observam nessas figuras exóticas e mesmo agressivas que, em ostentação superior, nos visionam a todos. Esta Cidade dos Deuses tem ainda muito por contar, por revelar e nos elucidar de toda a sua existência, hábitos e confluências nos ditames de outrora que, supostamente, já nos eram superiores pelo que constatámos em relatos arqueológicos e aqui documentados em argumentação histórica. Possamos nós então evoluir e não regredir pelo que se impunha nos sacrifícios humanos e, de animais em que ainda hoje, na actualidade (e incrivelmente) se registam ainda sob estandartes de uma irracionalidade pouco ou nada estrutural de uma sociedade que se deseja a cada dia mais transparente, evolutiva e consciente. A bem da Humanidade, assim seja então!

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