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domingo, 2 de março de 2014

A Terra dos Deuses


Tula  México

Será o que resta da cidade de Tula - situada a 60 quilómetros a Norte da cidade do México - efectivamente a mítica metrópole dos Toltecas ou terá, por outro lado, apenas recebido o mesmo nome em memória de uma gloriosa época há muito passada?

Tula - A Enigmática terra dos Toltecas
Quando por volta de 1215 d. C. os Astecas alcançaram o México, onde viriam um pouco mais tarde a lançar as primeiras fundações de um poderoso império, já o reino de Tula existia apenas em mitos e lendas. Os Astecas terão olhado com admiração e surpresa as ruínas de edifícios e estátuas de basalto que se encontravam naquela antiga capital abandonada. Em diversas fontes históricas é-nos dada de Tula a imagem de uma cidade perfeita, das circunstâncias paradisíacas da sua situação, logo ensombradas pelo seu fim trágico. Os seus habitantes, os Toltecas, ficaram conhecidos pela sua rectidão, temor aos deuses e sabedoria, sendo vistos por muitos outros povos mexicanos como os inventores das artes e dos ofícios, como detentores de respeitáveis conhecimentos de medicina, experimentados no uso das plantas medicinais e respeitados também como homens das ciências. Dominavam a interpretação do significado das estrelas, a concepção de calendários e eram também poetas e cantores. O estado e a cultura Toltecas alcançaram um nível bastante elevado.

O Eldorado do México
Tula foi também uma cidade lendária repleta de palácios únicos, cujas salas eram ornamentadas com ouro, prata, turquesas, delicadas penas de aves e conchas vermelhas.
Os Toltecas, a sua capital e a sua área de implantação têm até hoje escapado a um estudo histórico mais aprofundado. Descrições contraditórias e pesquisas arqueológicas têm contribuído mais para reforçar a criação de mitos, do que para esclarecer cabalmente sobre este povo. É no entanto discutível que, os numerosos relatos fornecidos pelas culturas subsequentes, encerram em si um núcleo de verdade.

Os Vestígios dos Toltecas
Tula foi fundada em 856 d. C. Espaçosos salões com colunas, demonstram assim que se levavam aqui em imperiosa instância, grandiosas reuniões de pessoas. A sociedade Tolteca era dominada por ordens militares, tendo os sacerdotes perdido a sua preponderância. Senhores feudais governavam um território que chegou a estender-se ao Sudoeste dos actuais EUA, à Guatemala e a Chichén Itzá, na península do Iucatão.
Por volta de 1000 a. C. - sob a liderança do seu governante Quetzalcóatl - os Toltecas abandonaram as terras altas e avançaram rumo às zonas costeiras do golfo e, ao Iucatão, para território dos Maias, cuja cultura experimentou um novo florescimento sob a influência Tolteca. No final do século X, a sua capital, Tula, foi atacada por povos bárbaros vindos de territórios mais a norte e, em 1168, os Chichimecas atacaram e destruíram a cidade pelo fogo. Para além de tudo isso, também uma guerra civil serviu para acelerar a decadência dos reis-sacerdotes Toltecas.

O Tempo da Luz
Os missionários espanhóis escutaram uma história surpreendente quando entraram no México. Constava que os Toltecas veneravam uma divindade chamada «Quetzalcóatl» (serpente emplumada), em honra da qual não eram feitos sacrifícios humanos, mas sim de borboletas. Ele era o «Criador do Sol» e, com o seu fôlego divino difundia a vida. Houve também um governante Tolteca chamado Quetzalcóatl - um Rei-Sacerdote que chegou mesmo a ser identificado com o próprio Deus.
Este Topiltzin-Quetzalcóatl (em que topiltzin significa «pequeno príncipe») reinou no século X. Foi sob o seu governo que a cultura dos Toltecas experimentou o seu período áureo. Quando finalmente os conquistadores espanhóis - e com eles os missionários cristãos - chegaram ao território, este príncipe sacerdote lendário assumiu quase traços semelhantes aos de Cristo. A compaixão, a humanidade, a própria ideia de regresso e, de reencarnação, são conceitos que se encontram no seu mito.

Milagroso Nascimento de um «Cristo»
Em redor do nascimento deste soberano divino desenvolveram-se muitos relatos estranhos. O seu pai, o rei Mixcóatl, casou-se com uma princesa de Xochicalco, mas só 10 anos depois da morte do pai é que Topiltzin- Quetzalcóatl foi gerado de modo sobrenatural, por intermédio de uma esfera de fogo celestial que desceu até à sua mãe. Cresceu então com a mãe em Xochicalco, mas enquanto jovem apercebeu-se que, o seu destino estaria em regressar à cidade do pai, a Tula, para aí instaurar e dar a conhecer aos Toltecas o culto do deus que lhe dava o nome, o grande Quetzalcóatl.
Um forte opositor de Topiltzin-Quetzalcóatl, Huemac, príncipe pertencente a uma dinastia nobre influente em Tula, fez-lhe frente, pretendendo expulsar Quetzalcóatl de Tula.
O príncipe Quetzalcóatl deixou-se derrotar pelo simples facto de ter sido vítima de uma tentação que lhe foi infligida por criaturas demoníacas: de acordo com a lenda, um homem velho e mau chegou-se junto dele e conseguiu levá-lo a beber o «pulque sagrado», uma aguardente extraída da agave. Inebriado pelo álcool, Quetzalcóatl foi tomado pelo medo e fugiu de Tula, com destino à costa do golfo do México. Aí chegado, envergou um fato de plumas e, envolto em enormes chamas, ascendeu aos céus e aí ficou, sendo então visível como a Estrela da Manhã.

O Crepúsculo dos Deuses
Os Astecas e os Maias acreditavam que o rei Quetzalcóatl se teria feito ao mar em direcção a leste, com vista a um dia mais tarde voltar para assim recuperar o seu poder. Esta crença acabou por lhes custar caro, pois, quando os conquistadores espanhóis aqui apareceram, as profecias começaram a realizar-se: deveria aparecer um cometa, uma coluna de chamas tornar-se-ia visível com grande alarido, cairia um relâmpago sem trovão e, as águas espumariam mesmo sem vento. Tudo isto deveria acontecer no ano Ce Acatl, que correspondia a 1519 d. C., o ano em que Hernán Cortés conquistou o Império Asteca. Veio de leste por sobre o mar e, tal como Quetzalcóatl, envergava uma capa ornamentada com cruzes. O Imperador Asteca Moctezuma e todo o seu povo - entregaram-se sem opor qualquer resistência ao conquistador espanhol.

Contactos Transatlânticos
Desde muito cedo parece ter havido contactos entre as civilizações ocidentais, os Egípcios, os Romanos, os Vikings e estes povos americanos. Poderá Quetzalcóatl ter sido originário da Europa ou ter-se refugiado lá?
O Rei-Sacerdote pertencia à tribo Nonohualca Teolixca Tlacochcalca, que teve origem numa terra conhecida como Tlapallán, o que quer dizer «terra do Oriente para lá do mar», onde viviam aqueles que «falam uma língua estranha», «soldados» e, «mensageiros de Deus». Para além disso, os sacerdotes eram conhecidos como «os do templo do Senhor», como «pregadores e veneráveis monges», para além de usarem uma tonsura, como acontecia com os monges europeus. Terá já havido tentativas por parte de alguma ordem religiosa medieval, no sentido de ter querido cristianizar povos indígenas?

A Cidade dos Antepassados
Os arqueólogos pouco terão conseguido encontrar nos aspectos que correspondessem à imagem ideal que a tradição nos forneceu, daí a inicial questão do texto sobre o que nos resta da cidade de Tula ser ou não efectivamente, a mítica metrópole dos Toltecas. É interessante então pensar que, os próprios Toltecas, se referem a uma terra mítica de onde são originários e que se situaria na região de Chicomoztoc (sete grutas). Talvez, a misteriosa cidade dourada de Tula ainda esteja por descobrir, algures nos segredos dos deuses.

Os povos indígenas chamavam a esta região «Teolalpa», a terra dos deuses. Em Tula, deverão os deuses inferiores ter estado em contacto e, comunicado, com as divindades superiores através de cordas. Os atlantes de basalto que se distinguem na imagem, têm mais de 4,5 metros de altura e suportaram em tempos o peso de um templo. Daí a suposta magnitude do que em terras de deuses se terá assomado, em Tula.
Para a Humanidade ficará então, esta magistral e poderosa cidade em ancestral vivência e abnegação de seus reis-sacerdotes e toda a sua incomensurável história e, origem, dos céus e das estrelas. E assim se conserve, a bem do conhecimento!

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