Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 25 de março de 2014
A Renovação da Vida
Baixo-Relevo no Campo do Jogo da Bola em Chichén Itzá- Península Mexicana do Iucatão
Que conhecimentos ancestrais seriam estes em morte e renascimento na passagem pelo mundo inferior até à renovação da vida que os Maias nos deixam reconhecidos e expostos nos baixos-relevos aqui representados? E que mistério de vida e morte é este, ainda hoje indecifrável e tão enigmático para nós?
O Campo do Jogo da Bola - Chichén Itzá
O mais impressionante campo destinado ao jogo da bola encontra-se em Chichén Itzá, no Norte da península de Iucatão. Este enorme campo de jogos tem 138 metros de comprimento e 40 de largura. No extremo sul e no extremo norte encontram-se pequenos templos, cujo interior esteve outrora ricamente decorado com cenas mitológicas e dos quais apenas muito poucos permanecem em bom estado de conservação. Invulgares são os portentosos muros de delimitação do campo de jogo, que se erguem na vertical até aos 8 metros de altura. A meio do comprimento do campo - a uma altura de 7 metros - destacam-se os anéis de pedra, com um diâmetro interior de 50 centímetros e decorados com duas serpentes entrelaçadas e representadas em relevo. A dimensão do campo de jogo de Chichén Itzá e dos anéis colocados a essa altura parece querer indicar que, neste local, se jogava segundo determinadas regras e com recurso a técnicas diferentes das do resto do território do Império Maia. Talvez neste campo de jogos de grandes dimensões se defrontassem sobretudo grandes equipas.
Morte e Renascimento
Num enorme baixo-relevo em Chichén Itzá, onde está representado o significado mítico do jogo da bola, pode ver-se um jogador ajoelhado e sem cabeça. Do seu pescoço jorra o sangue sob a forma de serpentes. À sua frente está um outro jogador que segura numa das suas mãos a cabeça decepada do adversário e na outra, uma faca de sílex. Trata-se de uma imagem que ilustra a decapitação e morte de Hunahpú.
Simultaneamente, aquele sangue que jorra para o alto, como que de uma fonte, transforma-se numa espécie de ramificada árvore da vida, um símbolo da eterna circulação da morte e do renascimento. Este contexto surge também referido no Popol Vuh, o mais importante Livro dos Maias: Ahpú, o deus da Fertilidade, transforma um ramo seco na árvore da vida, verde e carregada de frutos. Esta maravilha torna-se possível através do sacrifício da divindade, que por meio do seu sangue faz a árvore recuperar o seu viço.
Encenação de um Drama Mítico
Estas cenas sangrentas contribuíram para se reforçar a ideia de que no final de um jogo a equipa derrotada era sacrificada, ou porventura mesmo os vencedores. Não existem quaisquer indícios concretos para justificar tais afirmações, sendo bem possível que nestas imagens apenas se represente simbolicamente o mito dos gémeos heróicos. Demonstra-se assim as estreitas relações existentes entre o jogo da bola e o mito e, que esse jogo, deve ser entendido como uma interpretação de um drama religioso, uma encenação para recordar acontecimentos que tiveram lugar «no tempo antes do tempo».
No palco do jogo da bola, os príncipes de aspirações divinas encenam-se a si mesmos como heróis míticos. Por mais de uma vez desceram ao mundo inferior para aí medirem forças com aqueles que o governavam e, para superar a morte. Esta estreita relação entre o jogo da bola dos Maias e o mundo inferior, resulta em última análise também da própria disposição do campo de jogo: os muros de delimitação paralelos representam um desfiladeiro, através do qual se tem acesso ao mundo inferior.
O Crânio de Hunahpú
No campo do jogo da bola de Chichén Itzú, as paredes de delimitação são precedidas de muros mais baixos, com cerca de dois metros de altura, ornamentados com belíssimos baixos-relevos onde é representado por imagens o mito do jogo da bola dos gémeos divinos. Nestes baixos-relevos reconhece-se uma espécie de procissões, cada uma com cerca de 14 elementos, orientadas num sentido de uma cena central, onde se pode ver o crânio de Hunahpú no interior da bola - evocando o episódio mítico do Popol Vuh, quando o seu irmão gémeo é forçado a jogar contra os soberanos do mundo inferior usando a cabeça do irmão como bola. A caveira na bola, que Ixbalanqué substitui por uma cabaça, é um símbolo da força vital de Hunahpú, assim transmitida para a geração seguinte.
Encenação mítica de acontecimentos «no tempo antes do tempo», o que quererá dizer muito antes de um maior conhecimento na Terra ou de outras civilizações exteriores ao planeta que, simbolicamente como mundo a compor, evocariam poderes extremos de uma extraordinária repercussão neste designado mundo inferior. Suspeita-se que não terão apenas sido figuras de índole mitológica ou ancestral em mitos e heroicidades contadas através do tempos mas, muito mais do que isso em suplantação voraz do que existia na Terra em origem e princípios básicos da Humanidade. Seriam estes gémeos, príncipes do Universo em eloquência e dinâmica estelar, denunciando-se assim tão poderosos e imortais, fazendo renascer pessoas e animais e mesmo eles próprios? Que poderes eram esses que os vivificavam em exuberante ressurreição, em renascimento e ascensão? Deuses...? Mágicos ou simples figuras inventadas pelos Maias em suplício e seguimento do que os seus soberanos lhes incutiam em devoção, receio e punição?
Nada se sabe. Mas tudo se pode ainda aventar sobre a sua real existência que não ficou apagada no tempo em memória, cultura e conhecimento. Talvez um dia - em revelação surpreendente - nos possam elucidar sobre a verdadeira origem, proveniência e real existência destes dois especiais gémeos que, na cultura Maia, serão sem dúvida e eternamente, um exemplo para as gerações futuras de perseverança e coragem!
Agora e sempre, a bem da cultura, do conhecimento e da verdade, assim seja então!
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