Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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quarta-feira, 19 de março de 2014
A Porta do Inferno
Caverna de Naj Tunich - Poptún - Sul de Petén Guatemala América Central
Teriam os Maias razão e, de acordo com a sua mundivisão, de mesmo em locais sagrados as energias perigosas poderem fazer-se sentir, irrompendo assim sem compleição? E que porta para o Inferno era esta - que pertencia ao Reino dos Mortos - e na qual a civilização Maia detinha um cumprimento sacrificial sobre as forças obscuras aí retidas?
Ruínas Maias - México e Guatemala
O povo indígena dos Maias possuiu em tempos pré-colombianos uma cultura com alto grau de desenvolvimento, ainda hoje capaz de fascinar todos aqueles que visitam as ruínas e estudam os seus mitos. O mundo deste povo encontrava-se impregnado pelas forças do sobrenatural. Toda a matéria - as plantas, as pedras, os utensílios de cerâmica, até mesmo o próprio firmamento - era animada e poderia transformar-se numa força ameaçadora. Apenas com base em rituais bizarros e, cultos sacrificiais sangrentos, é que o cosmos dos Maias podia existir. O objectivo das suas cerimónias, hoje em dia frequentemente vistas como cruéis, era a manutenção do delicado equilíbrio entre o Céu, o mundo intermédio terreno e, o funesto mundo inferior. Através de oferendas sacrificiais esperava-se evitar a descida dos deuses do cosmos ou, o regresso dos antepassados do Além. Os rituais importantes eram levados a cabo pelos «Ahauob», os príncipes sacerdotes dos índios, que perante o povo eram simultaneamente os governantes e os Xamãs.
Rei e Xamã
Um destes rituais incluía um jejum de vários dias, no qual o rei-sacerdote se deixava entrar num estado semelhante ao transe. Nessa ocasião encontrava-se na plataforma superior de uma daquelas pirâmides lendárias dos Maias. Perfurava o próprio pénis com o espigão de uma raia, passando depois um pedaço de corda através da ferida. O sangue ia pingando ao longo de tiras de papel compridas que eram presas ao pénis enquanto o governante se entregava e, redopiava, numa dança em êxtase.
Os seus ajudantes apressavam-se a queimar esta oferenda sagrada numa taça sacrificial. O fumo ascendente simbolizava para os Maias uma cobra, através da qual o rei recebia as suas visões e estabelecia uma ligação aos antepassados e, aos deuses. Este povo acreditava de que, apenas através dos actos rituais destes xamãs quase divinos, haveria possibilidade de manter o necessário equilíbrio entre o Aquém e o Além, pois de acordo com a mundivisão Maia, até em locais sagrados as energias perigosas podiam irromper e, fazer-se sentir!
As estelas - uma espécie de quadros de pedra escritos - que os Maias consideravam equivalentes a árvores vivas, eram então de imediato enterradas para que as forças destrutivas não se abatessem sobre a cidade.
Portas para o Além
Em Tabasquena, no estado mexicano de Campeche, existia uma «garganta» que comunicava com o mundo inferior. Nos seus centros religiosos, os Maias criavam uma espécie de portas de comunicação com o mundo do Além: foram feitas esculturas medonhas de monstros com colmilhos afiados e, enormes bocas, que serviam para advertir quem por ali quisesse entrar. Por detrás de cada uma destas sombrias entradas escondiam-se forças terríveis, simultaneamente perigosas e mágicas. Uma vez que, a cada sacrifício que era realizado, a linha de demarcação entre um mundo e o outro - o Aquém e o Além - se tornava cada vez mais ténue e permeável, as forças obscuras só poderiam voltar a ser reenviadas e, devolvidas ao outro mundo, mediante a realização de um culto especial de consagração.
Pirâmides Sepulcrais
No Calendário Maia, a cada conjunto de 52 anos, vivia-se um ano sagrado. Por esta ocasião, uma legião de trabalhadores recuperava a cobertura das pirâmides, dotando-as de uma nova camada exterior de pedras. Bem no interior destas construções apontadas para o Céu, situava-se os sepulcros dos reis: até mesmo os altares sobre os quais praticavam os rituais eram conservados junto deles.
De acordo com as crenças Maias, proporcionava-se assim aos habitantes daquele lugar a proximidade de um enorme depósito de energia. Estes montes artificiais deverão ter constituído para os Maias centros energéticos, locais de concentração de forças e energias.
O Mundo Inferior
O brilho da lanterna de bolso perdeu-se nas profundezas escuras e, no silêncio da gigantesca caverna de Naj Tunich, na Guatemala. Diante dos olhos de George E, Stuart, investigador da civilização Maia, revelou-se uma fantástica galeria de inscrições e desenhos de diversas cores. Espalhados pelo chão estavam maravilhosos recipientes de cerâmica brilhante que ninguém havia tocado desde há 1200 anos.
Os hieróglifos secretos que ele encontrou continuam por decifrar, porém, a caverna poderá ter com toda a certeza desempenhado uma função importante na transição para uma nova época da civilização Maia.
O investigador George E. Stuart suspeitaria então que este lugar sinistro teria pertencido ao «Reino dos Mortos» e que, para os Maias, terá sido algo semelhante a uma porta para o Inferno.
Tulum é outro exemplo, situada na península do Iucatão, trata-se da única povoação Maia junto ao mar e, é caracterizada pela existência de muitas grutas e cavernas - conhecidas como «cenotes» - nas quais se pode mergulhar. Um destes reservatórios de água encontra-se sob o templo do «deus caído». O que perfaz assim a idêntica amostragem de portas subterrâneas tanto do Aquém como do Além para os Maias em diversos locais de efectivas portas temíveis do que se sobrepunha a estas em escuras e profundas cavernas. E que, ainda no tempo corrente, nos fará temer ou sequer respeitar em obrigação sucessória dos nossos antepassados ou desses povos da civilização Maia. Só nos resta dizer então que, a bem dessa continuação, assim possa ser de futuro!
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