Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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sexta-feira, 21 de março de 2014
A Rainha de Sabá
Ilustração publicitária actual mas que pode representar o imaginário comum do que teria sido a hipotética e mui poderosa Rainha de Sabá.
Terá efectivamente existido esta denominada Rainha de Sabá de que tanto a Bíblia fala, evocando toda a sua beleza, poder e dignidade ou apenas um subterfúgio para consolidar a imagem do Rei Salomão? Qual terá sido o seu verdadeiro nome e, onde estaria situado o seu reino? Teria sido profetisa, demónio ou anjo em que, todos os homens se vergavam à sua enorme beleza mas também sabedoria e sapiência?
A Rainha de Sabá - E o seu Reino Lendário
A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e decidiu submetê-lo a um teste, através de enigmas. A comitiva que a acompanhou era grande e trazia consigo enormes quantidades de ouro e pedras preciosas. Salomão respondeu a todas as perguntas e a rainha de Sabá, forçada a reconhecer toda a sabedoria do rei, ficou estupefacta. Disse assim a Salomão: "É realmente verdade tudo o que tenho ouvido na minha terra acerca das tuas palavras e da tua sabedoria." Depois disso, ela deu ao rei 120 talentos de ouro e grande quantidade de perfumes e pedras preciosas.
Cimeira Política na Antiguidade
É assim que a Bíblia descreve uma das mais enigmáticas cimeiras políticas de todos os tempos. Um rei poderoso é posto à prova por uma mulher que lhe é equivalente em termos de poder e riquezas.
Muito embora a Bíblia não forneça sequer o nome próprio dessa rainha, ela foi capaz como nenhuma outra mulher até então de, durante séculos, despertar a fantasia dos vindouros - pois a ela pertenciam os mais sumptuosos tesouros do Oriente. Não tardou a tornar-se uma das lendas mais misteriosas de sempre: o encanto e o charme que irradiava deverão ter feito os homens render-se a seus pés uns após outros.
Sedutora e, de uma beleza exótica, foi como pintura e a literatura da posteridade a retrataram; até mesmo os filmes de Hollywood a retratam como um portentoso símbolo de erotismo. Mas impõe-se a pergunta: Terá de facto e realmente existido esta rainha? Tê-la-à a Bíblia inventado apenas para consolidar a imagem do Rei Salomão? Quando foi que viveu, qual o seu verdadeiro nome e, onde estava situado o seu reino?...
Não será então apenas uma só pergunta mas muitas questões em aberto que nos interrogamos sobre o historial desta fluente e bela Rainha de Sabá. As pesquisas arqueológicas encontram-se ainda no limiar de uma interessante demanda, para a qual todos os locais e vestígios temporais terão de ser cuidadosamente analisados e, verificados, com o rigor próprio de um detective.
Com base em tudo aquilo que hoje sabemos das fontes disponíveis, esta visita diplomática terá pretendido não tanto fomentar um romance real mas antes dar início a uma relação comercial, ao serem trocados bens de luxo por bens alimentares de primeira necessidade, dos quais os habitantes dos desertos árabes e, a sua rainha, necessitavam urgentemente!
Demónio ou Anjo
A Rainha de Sabá permanece envolta num estranho mistério de duplo sentido. Deverá ter sido vítima de uma malformação do pé, e por isso foi - sobretudo durante a Idade Média - frequentemente representada como tendo um pé aleijado coberto de pêlos, uma pata de cavalo ou mesmo uma pata de ganso, o que a tornava uma espécie de criatura do Diabo.
As lendas judaicas referem como à sua chegada ao palácio de Salomão ela foi dirigida por sobre um chão todo de vidro. Convencida de que iria ter de atravessar uma superfície coberta de água, ela sobe um pouco o vestido e deixa a descoberto os seus pés. Apesar disso, o Rei Salomão rende-se aos seus encantos e, desta singular relação, terá resultado Nabucodonosor - aquele que mais tarde foi o temido governante da Babilónia e conquistou Jerusalém.
Enquanto a Rainha de Sabá é aqui apresentada como uma sedutora demoníaca - ilustrando assim o medo que os homens sentiam de uma mulher forte com uma poderosa capacidade de atracção sexual - a malformação do pé da rainha é vista nas lendas cristãs de um modo positivo. Quando a rainha quis atravessar o Quidron - no vale entre Jerusalém e o monte das Oliveiras - teve uma visão profética. Das traves de madeira que constituem a estrutura da ponte, será um dia construída a cruz em que Jesus irá morrer. Não querendo por isso atravessar essa ponte, a rainha prossegue pela água e o seu pé aleijado e «demoníaco» vê-se transformado num belo pé de menina.
A Rainha de Sabá torna-se assim uma das primeiras profetisas que anunciam a vinda de Cristo, o Salvador que está para chegar. No Islão, é mesmo apresentada como uma discípula de Alá.
A Enigmática Terra de Sabá
Não passará a Rainha de Sabá de um produto da imaginação? De modo algum! - Defendem assim muitos investigadores. O reino de Sabá existiu na realidade. Foi a lendária Terra do Ouro e, do incenso das Arábias, e julga-se que a sua localização terá sido no Nordeste do actual Iémen.
O investigador alemão da Antiguidade Rolf Beyer acrescenta a propósito que, na História Antiga da região da Arábia, houve mais rainhas a governar do que propriamente reis. Esta misteriosa governante poderia também ter sido uma rainha nómada, pertencente a um povo que não usasse registos escritos. Uma vez que esta veio a Jerusalém «tão carregada de ofertas», Beyer admite também que a verdadeira intenção por detrás de tão numerosos presentes, fosse de facto a sugestão de uma ameaça militar considerável.
Regente de Ma ´in
Os presentes trazidos permitem tirar mais algumas conclusões em relação à terra de origem da visitante. Substâncias balsâmicas como o incenso e a mirra existiam naquela altura apenas na região sudeste de África ou no Sudeste da península Arábica. Com efeito, no século IX a. C. há um reino de Sabá que assume um papel de importância histórica na região, situado no actual Iémen. De acordo com as datações, apenas uma distância de cerca de 100 anos o separa do período de governo do Rei Salomão, entre 965 e 926 a. C.
É bem possível que a Rainha de Sabá tenha sido a governante do estado que antecedeu o dos Sabeus - o reino Mineano - cujas fronteiras se estendiam até à actual Jordânia. Através da Etiópia, os Mineanos tinham relações comerciais directas com o Egipto. Ter-se estabelecido então um contacto com Israel, não teria sido nada de extraordinário. Escavações levadas a cabo na antiga capital deste reino, Ma ´in, têm até hoje por razões políticas sido praticamente impossíveis.
Os segredos sobre a lendária Rainha de Sabá continuam por isso - e por enquanto - por desvendar. O seu mito continua vivo, mesmo na ausência de quaisquer vestígios arqueológicos que o comprovam.
Teorias para a Identidade da Rainha Makeda
A epopeia nacional da Etiópia defende que a sua dinastia real resulta de uma ligação da Rainha Makeda ao Rei Salomão. A história soa-nos familiar e possivelmente terá sido este o verdadeiro nome da Rainha de Sabá, só que esta narrativa é com alguma manha que Salomão a seduz.
Axum, a antiga cidade real da Etiópia, presta-se como ponto de partida para pesquisas históricas. Na boca do povo, a cidade é conhecida como «o local dos banhos da Rainha de Sabá», porém os testemunhos arqueológicos e, as inscrições passíveis de serem datadas, não recuam assim tanto no tempo. Ainda assim, subsistiu na Etiópia uma tradição judaica que remonta ao primeiro milénio antes da Era Cristã, pelo que é bem possível que as lendas em redor da figura da Rainha de Sabá se tivessem combinado com relatos bíblicos.
A Teoria de Hatchepsut
O autor russo e especialista em assuntos científicos Immanuel Velikovsky (1895-1979) chegou à conclusão de que a Rainha de Sabá poderia ter sido a rainha egípcia Hatchepsut. Para tal socorreu-se de duas teses: começa por datar todas as dinastias faraónicas para 500 anos mais tarde do que outros estudiosos - solução essa que lhe permite resolver algumas das contradições da investigação histórica neste campo.
Por outro lado, reporta-se ao historiador Flávio Josefo (século I d. C.), que se referia à misteriosa Rainha de Sabá como «Rainha do Egipto e da Etiópia». Relevos egípcios relatam uma expedição de Hatchepsut à «terra divina de Punt». Poder-se-à aqui estar a fazer uma referência à península do Sinai - pelo menos é o que parecem indicar as plantas representadas nos frisos dos templos - plantas essas que são comuns naquela terra. Esta seria com certeza a solução mais invulgar para um enigma antiquíssimo.
Da enigmática Rainha de Sabá desprende-se um estranho encanto que - desde há séculos - tem dado que pensar nos seres humanos de muitas culturas. A Rainha de Sabá a quem de resto nunca é atribuído um nome, é também identificada como Lilith - que na tradição judaica designa uma mulher-demónio ou bruxa.
Para encontrarmos as raízes da história de Lilith, teremos então de recuar ainda mais no tempo: 2000 anos antes de o Antigo Testamento ser escrito, existiu na epopeia de Gilgamesh a figura de uma Lilith que mais tarde se viu fundida com a Rainha de Sabá.
Só nos resta então acrescentar em dúbia questão entre a afabilidade e a repulsa do que terá eventualmente sido esta tão poderosa mulher da Antiguidade, em descrições bíblicas, exponencialmente também registada como uma das mais ricas, ostensivas e belas da sua época. Para além da efectiva (ou não...) vivência amorosa e de rasante e imortal paixão - ou verdadeira história de amor - entre ela e o Rei Salomão que terá «sucumbido» assim a seus pés, literalmente! Relatos da Bíblia determinam-na exemplar mas, terá sido efectivamente assim ou foi apenas o resultado de um mundo fantástico criado aí em imaginação vertiginosa e infundada em factos reais? Não o sabemos mas insinuamos de que, tão majestosa figura de tempos idos, o não pudesse ter sido unicamente de invenção histórica em mito ou lendas contadas através dos tempos. Mas isso agora, na actualidade, será trabalho árduo para investigadores e historiadores reporem. Assim o desejamos, assim o esperaremos de futuro! A bem do conhecimento, da cultura e da Humanidade!
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