Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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quarta-feira, 26 de março de 2014
A Garganta do Monstro
Estrutura Zoomórfica P - Ruínas de Quiriguá - Região Oriental da Guatemala América Central
Que nos quererão dizer estas figuras com caracteres de escrita, representando monstros e animais fantásticos de aspecto atarracado? E haverá de facto o triunfo do ser humano sobre o tempo e a matéria, bem como destes - inversamente - sobre o ser humano nestas representações esculturais?
As Estelas do Poderoso Rei
O Rei Cauac Céu surge representado em sete das estelas que sobrevivem à passagem do tempo, muito embora adquira um aspecto ligeiramente diferente em cada uma delas. Nas estelas J (de 756), D (766) e E (771) apresenta-se com um ceptro e um escudo, à laia de monarca guerreiro, ao passo que na estela H (751) pode ser visto como um sacerdote munido de um bastão cerimonial bicéfalo. Deveras interessante revela ser a estela F (761), que na parte da frente o mostra como sacerdote, com um bastão cerimonial, e na parte traseira o apresenta como rei, com ceptro e escudo.
A importância que o soberano pretendeu atribuir à sua cidade e, à sua própria pessoa, é traduzida assim nas dimensões das estelas, das quais a J, a D e a F atingem alturas entre os cinco e os sete metros e meio.
Particularmente impressionante é a estela E, que mede mais de dez metros e meio. A erecção deste monólito de 65 toneladas constitui um feito que denota grande mestria a nível técnico e, de organização.
Nesta estela, o Rei Cauac Céu pode ser visto com as insígnias do poder real e ostentando no rosto uma barba cortada bastante rente, que deverá ter estado em moda na época. Esta escultura esteve outrora assente numa fundação com três metros de profundidade. No decurso de escavações realizadas em 1934, foi - à semelhança das demais estelas - colocada sobre uma sapata de betão. Há uma outra razão que justifica o interesse despertado pelas estelas de Quiriguá: elas constituem um dos raros exemplos em que os «glifos» aí inscritos não se apresentam na sua habitual forma curta, com pequenos símbolos ou cabeças, mas antes com figuras humanas ou de animais de corpo inteiro.
Exemplares particularmente impressionantes deste género de glifos encontram-se sobretudo na estela D.
Os Misteriosos Blocos de Pedra Figurativos
Depois de 775, ocorreu algo de bastante curioso. Sempre que se festejava qualquer jubileu já não eram erigidas estelas. Em vez disso, optavam-se por grandes blocos de arenito com a forma de animais fantásticos de aspecto atarracado. Do ponto de vista artístico, estas esculturas - conhecidas como estruturas zoomórficas - são ainda mais impressionantes que as estelas. Estão inteiramente cobertas daquela mistura de altos e baixos-relevos característica de Quiriguá, para além de estarem ornamentadas com caracteres de escrita e, com representações figurativas. Os blocos representam monstros: um deles assume a forma de um jaguar, em cuja boca pode ser visto um rosto humano. Outros, porém, têm a forma de uma tartaruga. Próxima da conhecida estrutura zoomórfica P, está também a estrutura zoomórfica O, plana, que parece ter servido como altar. Nela está representada uma figura a dançar, com uma qualidade de execução excelente, bem como uma série de glifos. Consegue-se entender perfeitamente a forte impressão que as estelas e, as estruturas zoomórficas, causaram sobre o escritor Aldous Huxley - que visitou este lugar na década de 1930. Huxley referia que, as estelas de Quiriguá, nos recordavam do triunfo do ser humano sobre o tempo e a matéria, bem como do triunfo da matéria e do tempo sobre o ser humano.
O Soberano na Garganta do Monstro
O colossal monólito que é a estrutura zoomórfica P, tem a forma de uma enorme tartaruga. No interior da sua bocarra escancarada, está entre as presas do monstro - sentado imóvel e de pernas cruzadas - um rei, ricamente ornamentado, com um ceptro e um escudo e, um fantástico toucado.
A representação de uma pessoa que parece sair da boca de um monstro é um motivo encontrado em diversas construções Maias (tal é conhecido também da cultura Olmeca, patente no complexo cerimonial de La Venta e de grande importância até à sua destruição em 400).
Os monstros das figuras zoomórficas de Quiriguá parecem representar a divindade da Terra, que provavelmente se encontrava em estreita relação com a pedra de jade, a qual possuía para Quiriguá uma enorme importância, não apenas religiosa mas também económica.
O jade era entendido como um símbolo do renascimento e, da vida após a morte. Assim, também a imagem do rei que aparece ileso na boca do monstro, pretenderia então simbolizar o seu renascimento.
Uma vez mais se introduz a certeza de algo superior em conhecimento e vivência na época nas figuras destes reis representados nas estelas e, nas estruturas zoomórficas. Seriam deuses vindos das estrelas em repercussão terrestre de dinamização, cultura e ensinamentos ou vulgarmente assistidos - e aí permanentes - como «simples» soberanos, senhores de todas as posses individuais e nos demais? Sendo o jade a sua pedra preciosa em símbolos supremos de renascimento e da vida após a morte, de onde terá esta vindo em origem e supremacia senão da esfera estelar ou, como algum presente divino a estes reis soberanos de Quiriguá?...Seja como for, ainda muito se ouvirá falar destes poderes reais e de toda esta cultura Maia em existência e, permanência, em solo da América Central e Sul - para além de toda a sua pujança gloriosa que foi e, do que nos deixou em tesouros arqueológicos fantásticos.
Que se arrogue o direito e dever em continuação de averiguações e pesquisas no terreno de toda esta cultura, desta vez não em gargantas de monstros confinadas (em bloqueios da cultura e do conhecimento...) mas, de toda a sua exponencial descoberta e revelação ao mundo. Assim seja então!
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