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segunda-feira, 7 de julho de 2014

A Meditação


Posição e Exercício de Concentração em Meditação

Segundo Sigmund Freud, «o Sonho é o caminho para o Inconsciente», deverá então a Meditação ser considerada a via para o supra-consciente? Será a Meditação uma mera prática do desenvolvimento da consciência ou haverá algo de mais profundo nessa própria consciência que ainda não saibamos ou reconheçamos em nós? Que mistérios de alma encerra este estado puro de calma mental, os quais todos desejamos atingir na plenitude dos nossos sentidos?

Meditação - Os Caminhos da Introspecção
Entende-se por Meditação, um conjunto de exercícios especiais que podem ser realizados por qualquer pessoa e cuja prática regular ajuda a compreender a «Verdadeira natureza» da consciência e da realidade!
O conhecimento da razão do ser é adquirido através do recolhimento espiritual. Também pode descrever-se a Meditação como uma prática do desenvolvimento da consciência. Trata-se de uma série de procedimentos que permitem atingir estados de consciência mais elevados e, duradouros, e que proporcionam uma nova compreensão do «eu» e da realidade.

A Calma Mental
O estado de vigilância em que normalmente nos encontramos mantém a mente em permanente movimento, o que dificulta a percepção da nossa própria consciência e, portanto, de nós próprios. É como quando tentamos ver o reflexo do nosso rosto em águas agitadas. Só a água calma reflecte a nossa cara.
Assim, a prática da Meditação implica em primeiro lugar que se aprende a acalmar a mente agitada.
A Mente pura só se manifesta para além desta agitação mental. No processo da Meditação, os estados de compreensão cada vez mais profunda, permitem assim ao praticante começar a abrir-se para toda a sua existência. O desenvolvimento da consciência através da Meditação, é descrito em pormenor pelas diferentes tradições, como a Védica, o Yoga, a Vigilância Budista, o Zen e determinadas escolas Tauistas.

Técnicas de Transformação
A verdadeira Meditação compreende inúmeras técnicas para interromper os processos automáticos de natureza física e psíquica. Só esta interrupção dos processos mentais permite apurar a percepção (ou melhor, o «conhecimento» e a «sabedoria») para além do pensamento.
Mas, para facilitar esta transformação do corpo e da mente, a Meditação deve também actuar sobre os processos energéticos do organismo: Tal como, segundo Sigmund Freud (1856-1939), o Sonho é o caminho para o inconsciente; também a Meditação deve ser considerada a via para o supra-consciente! Se correctamente empregue, conduz a âmbitos de «Compreensão-Sabedoria» cada vez mais abarcantes e, que não se baseiam em conhecimentos adquiridos mas sim, na compreensão da natureza de todas as coisas.
Muitas tradições (como é o caso da Meditação Kundalini no hinduísmo - onde se visualiza uma serpente despertando no corpo - ou das formas de Meditação da «Alquimia interior» do Tauismo) atribuem um valor especial aos processos físicos subtis e invisíveis, através dos quais se alcançam determinadas experiências visuais de níveis de consciência superiores.

Investigação na Área da Meditação
Estudos científicos demonstraram que a Concentração Meditativa em si mesma, combina a vigilância mental com a descontracção física. Além das experiências subjectivas da expansão do campo da consciência, claridade e transparência, verificam-se também alterações fisiológicas, como por exemplo a descida da tensão arterial, redução dos níveis de adrenalina e colesterol ou abrandamento do ritmo cardíaco e, respiratório.
Muitas investigações sobre os estados meditativos debruçam-se sobre estes processos eléctricos do cérebro. Durante a Meditação, verifica-se uma regularidade e uma ritmização espantosas das ondas cerebrais e a multiplicação das chamadas «Ondas Alfa» que têm uma frequência de 8 a 13 Hertzs - e normalmente só surgem quando estamos descontraídos e de olhos fechados.
No processo da Meditação, a sua amplitude aumenta, o que indica que o seu ritmo se torna cada vez mais profundo e pronunciado. Poder-se-ia dizer que o cérebro vai tranquilamente à deriva.
As Ondas-Alfa costumam desaparecer logo que abrimos os olhos e, recebemos portanto, estímulos ópticos.
São as Ondas-Beta, de 13 a 30 Hertzs, que predominam no estado atento e, vigilante, das situações de todos os dias. Segundo os estudos que investigadores Indianos realizaram em 1960 - com o Iogue Sri Ramananda - o padrão rítmico das Ondas-Alfa continuou presente na Meditação, mesmo quando se tentou interromper este estado de Introspecção atenta com luzes fortes, barulhos e ainda, um tubo quente que lhe encostaram à mão.

O Mistério da Meditação
A cientista japonesa Kimiko Kawano, da Nippon Medical School de Tóquio, estuda os fenómenos fisiológicos e neurológicos que acompanham a Meditação com a ajuda dos métodos mais modernos, o que lhe permitiu observar várias particularidades: na Meditação muito profunda dá-se o abrandamento das frequências cerebrais e, o aparecimento das Ondas-Teta (de 4 a 8 Hertzs) que, curiosamente e contra o costume, não conduzem ao sono. A Mente paira entre o sono e a vigília, sem no entanto atingir nenhum dos dois estados, constituindo o que parece ser, um verdadeiro mistério da Meditação!

Atenção Tranquila - Persistente
Do ponto de vista científico, a Meditação representa uma forma específica de «Atenção descontraída». Um estudo feito com indivíduos em Meditação Zen, comprovou que não se trata aqui dos efeitos habituais resultantes da estimulação dos sentidos. Quando a nossa consciência está atenta, há uma quantidade de estímulos que deixamos «desvanecer». Só assim somos capazes de nos concentrar nalguma coisa sem estarmos a distrair-nos constantemente. Habituando-nos aos estímulos com uma presença mais permanente, podemos filtrá-los e afastá-los da nossa atenção. As reacções do cérebro tornam-se cada vez mais fracas, até não haver reacção nenhuma: nessa altura, os estímulos deixam de nos perturbar.
Os estudos realizados com Monges Zen mostraram que, estes reagem sempre como se o estímulo surgisse pela primeira vez, mesmo tratando-se de estímulos exteriores, monótonos e repetitivos. A reacção nunca diminui, como normalmente acontece com a habituação. Os monges em Meditação, percebiam assim os estímulos ainda mais claramente do que num estado normal, mas não se deixavam perturbar por eles. Houve inclusive um monge que disse que, o estado de Meditação, é como andar na rua: «Apercebemo-nos de cada pessoa que passa, mas não nos viramos com curiosidade para o observar.»

Classificação da Meditação
Os diferentes sistemas de Meditação classificam-se segundo as mais variadas técnicas:
 1 - Técnicas de Concentração: A Percepção é focada no objectivo da Concentração.
 2 - Técnicas Receptivas (de desdobramento): «Abertura» da Consciência sem concentração sobre um objecto ou vigilância atenta e livre de todos os processos vitais.
 3 - Técnicas Psico-centradas: O Centro da Atenção reside mais nos processos psíquicos e mentais.
 4 - Técnicas centradas no Corpo: O Centro da Atenção reside mais nas funções do organismo.
 5 - Técnicas Activas: Auto-direccionamento da Atenção e Procura Activa de estados de estimulação física até ao êxtase.
 6 - Técnicas Passivas: Orientação Passiva da Atenção.

Nas margens do sagrado rio Ganges, na cidade de Benares, na Índia, é comum ver-se em Meditação - e sob a posição de lótus - vários indianos com uma mão no coração e ambas as pernas cruzadas, uma sobre a outra, na descontracção latente para a dita partida de viagem interior - dentro de si próprio.
Nos Mosteiros Budistas, os noviços são desde muito cedo instruídos na arte da Meditação. Na Meditação Tauista, um dos muitos passos do caminho para o conhecimento é o estádio do «Centro no meio das Condições», no qual se experiencia a origem de todos os fenómenos no meio da vacuidade.
Em Buda - tocando na terra - invoca-a como testemunha do seu estado de Iluminação. A nobre atitude do sábio, deixa no entanto a impressão de que existe muito mais na vida além do seu aspecto material, a saber, a Consciência Espiritual!
Revoga-se então em nós o direito, de também estes sentidos possuirmos em maior e melhor consistência espiritual do que nos rege na vida. Há que o seguir, o realizar e o cumprir, nas vontades divinas de uma pura e mental reiteração introspectiva que nos faça a todos sentir de bem com a vida. Pela Humanidade e pela sã convivência exterior e interior em todos nós, que assim seja!

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