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quinta-feira, 17 de julho de 2014

A Grande Catedral


Catedral de Salisbury - Condado de Wiltshire                       Sul de Inglaterra

Com uma torre que atinge os 123 metros de altura - tentando atingir o Céu e provavelmente chegar a Deus - que catedral é esta e, o que nos quer dizer em toda a sua imponência estática mas de factual energia e ascensão? Que magia possuem estas catedrais em Inglaterra que, de acordo com as leylines - linhas de forças invisíveis que cobrem toda a Terra - se conectam numa disposição espacial entre si, para além de Stonehenge nessa mesma ligação?

As Catedrais Mágicas de Inglaterra
Quase todas as catedrais e conventos ingleses foram erigidos sobre «solo sagrado», onde já em tempos remotos se haviam situado lugares de culto dos habitantes que então povoavam as Ilhas Britânicas.
Quem hoje pretender visitar essas velhas igrejas já quase só encontrará ruínas, rodeadas de bosques e parques sub-espontâneos.
Entre as poucas construções que não foram afectadas pela destruição progressiva a que o tempo as sujeita, contam-se as catedrais de Salisbury (na região de Wiltshire), do século XIII, e de Saint David (no País de Gales), cuja construção começou em 1180.
A destruição e expropriação dos bens da Igreja - e a consequente perseguição de sacerdotes e monges - teve lugar durante o reinado de Henrique VIII (1491-1540), que se ergueu contra Leão X (1475-1521) - o importante Papa Renascentista que já condenara como heréticas as teses defendidas pelo reformador Martinho Lutero. Para não ficar sujeito à jurisdição papal, o rei procedeu à fundação da sua própria Igreja, a chamada Igreja de Inglaterra, instituindo-se como chefe supremo do Anglicanismo.

A Lendária Casa de Deus
A planície em que se situa a outrora florescente cidade de Sarum, na margem do rio Avon - actualmente na região de Salisbury - é tida como uma das paisagens da Grã-Bretanha de maior importância histórica.
Há mais de 7500 anos houve um grupo de seres humanos que aí se estabeleceu. Praticamente nenhum outro lugar das Ilhas Britânicas parece ter sido planeado de modo tão rigoroso como New Sarum, situada três quilómetros mais a norte. A meio caminho entre ambas as localidades erguia-se uma igreja.
A velha catedral situava-se num local frio e húmido, por onde, de acordo com os testemunhos escritos por monges que chegaram até nós, também os espíritos de antigos habitantes costumavam vaguear.
Segundo reza a lenda, um archeiro de Old Sarum, à procura de um local apropriado para uma nova catedral, decidiu lançar uma seta ao acaso. No local onde a seta atingisse o chão, deveria ser erguido o novo centro da comunidade cristã de Sarum. A seta acertou numa corça, a qual antes de cair morta conseguiu ainda arrastar-se até um terreno que era propriedade da Igreja.
Os habitantes de Old Sarum seguiram a orientação do seu bispo e, ininterruptamente, entre 1220 e 1258, construíram a catedral de Saint Mary - precisamente no local onde a corça morreu - daí resultando uma das catedrais inglesas do período gótico inicial de traço estilístico mais seguro.
Em redor da catedral, toda ela concebida na prancheta de desenho, desenvolveu-se a localidade de New Sarum. A construção daquela igreja com uma torre de 123 metros de altura foi extremamente dispendiosa e, apenas pôde ser financiada, pela então florescente actividade de manufactura têxtil que se verificava em Salisbury.

Velhos Tesouros envoltos em Mistério
A «catedral feita de uma assentada» - como a catedral de Saint Mary ficou conhecida em virtude da sua história de construção - tem duas naves transversais e, um coro quadrangular com uma capela dedicada a Maria. Na biblioteca erigida em 1756, estão guardados um missal anglo-saxão e também uma das quatro cópias existentes da Magna Carta que é, por assim dizer, a lei fundamental inglesa.
No decurso dos tempos, a velha catedral de Old Sarum foi sendo destruída. Pedras retiradas da sua estrutura foram utilizadas para a construção da nova igreja e, para reforçar as fortificações de um castelo normando - situado também em Old Sarum - que, no século XV, acabou por cair de vez.
Hoje em dia já só restam as fundações da primeira igreja.

Centro de Fé Cristã na Catedral de Saint David
Menos emocionante parece ser a história da catedral de Saint David: tem lugar numa pequena cidade com o nome desse mesmo santo, reconhecida desde a Idade Média como a «Cidade Santa dos Galeses».
Aqui viveu e morreu no século VI São David - o santo padroeiro do País de Gales - responsável pela conversão ao Cristianismo dos habitantes do Sul desta região.
A construção da catedral, em redor da qual ainda hoje se mantêm alguns Menires antiquíssimos, foi iniciada por volta de 1180 pelo bispo normando Peter de Leia, que pretendia dar aos restos mortais de São David um local de descanso adequado.
As catedrais de Salisbury e de Saint David são tidas por muitas pessoas como sendo centros energéticos - uma apreciação confirmada também por diversos rabdomantes. Sob os fundamentos destas igrejas, sobretudo junto aos altares e aos púlpitos, foi possível verificar a existência de veios de água subterrâneos.
A disposição espacial de ambas as catedrais, de acordo com as leylines - linhas de forças invisíveis que cobrem toda a Terra - liga-as assim a outros lugares místicos como Stonehenge; para além disso, também a situação topográfica única de cada uma das catedrais, junto a rios ou colinas, contribui bastante para a aura da magia que parece envolvê-las.

Ilhas de Bem-Estar
Nos círculos de pedra situados nas regiões em redor das catedrais é, ao amanhecer e ao anoitecer, que parece ser possível sentir o efeito máximo da energia.
Como se costuma dizer por essas paragens, só então é que «os portões para o outro mundo são franqueados». Já no que diz respeito às catedrais, a sua visita é mais aconselhável por volta do meio-dia. quando o Sol está bem alto no Firmamento e, a luz entra através dos vitrais, inundando assim a nave central das igrejas de uma luminosidade que lhes confere uma aura de bem-estar.
«Num desses lugares acontece sempre qualquer coisa dentro de nós», afirma o filósofo naturalista alemão Klausbernd Vollmar (n. 1946), «pois no decurso do tempo adensou-se aí uma atmosfera que se projecta e produz efeito sobre os visitantes.»
Para K. Vollmar, as catedrais, os conventos, as ruínas sagradas, mas também os círculos de pedras ou os templos megalíticos, constituem «ilhas de bem-estar» e este estudioso aconselha mesmo a que nos detenhamos e, reflictamos alguns instantes, antes de entrar num desses sítios - para assim podermos fruir melhor as possibilidades meditativas que se nos oferecem.

O Mistério Medieval de Norwich
Particularmente impressionante é o modo como os visitantes das igrejas inglesas vivem a magia destes lugares nos dias de festas religiosas. Assim, por exemplo, a festa de Natal na catedral de Norwich (Norfolk), é comemorada com a encenação de um mistério medieval.
À meia-noite, um monge vestido de branco e um seu confrade de hábito negro acendem no meio da sombria nave central da igreja as primeiras velas e, no fim do serviço religioso, o bispo segura um disco dourado sobre a sua cabeça, o qual reflecte um raio de luz que é direccionado para o interior da igreja: assiste-se assim ao renascimento da luz!
As origens deste costume remontam com certeza a uma época Pré-Histórica, quando um povo desconhecido erigiu círculos de pedra e colinas funerárias onde, por alturas dos solstícios, eram então celebrados rituais semelhantes.

A Magna Carta
Em 1215, os nobres ingleses desafiaram o rei João Sem-Terra (1166-1216) e obtiveram dele a garantia  de direitos e liberdades fundamentais, os quais ficaram estabelecidos por escrito na chamada Magna Carta.
O monarca, que não sabia ler nem escrever, mandou um monge de Salisbury escrever o texto numa linguagem jurídica, impondo depois, o seu selo nesta versão do texto.
Deste original foram feitas quatro cópias, uma das quais foi levada pelo próprio monge de regresso para Salisbury, onde ainda hoje se encontra, mais concretamente na sala do capítulo da catedral.
William Longspee, conde de Salisbury, que fora também uma das testemunhas presentes na redacção daquela que foi a primeira lei fundamental passada a escrito, foi o responsável por colocar a primeira pedra para a construção da catedral de Salisbury, tendo também sendo aí enterrado.

Old Sarum - a velha Salisbury - quando avistada de uma perspectiva aérea, revela as fundações em que se alicerçou. Quem não quiser entrar nesta povoação inicialmente Saxónica e mais tarde Normanda, poderá deter-se nos anéis fortificados exteriores: daí conseguirá reconhecer as fundações da velha catedral!
Para todo o sempre então ficará a beleza, a energia e a solicitude de magistralidade e sumptuosidade de um encontro entre o Céu e a Terra, se invocarmos a altura magnânime da torre da catedral de Salisbury. Entre outras coisas, as já referidas leylines que se verificam em disposição espacial entre catedrais.
Centros energéticos compostos em auras de magia que ainda não conhecemos na sua totalidade mas, nos vivifica a certeza de todo um bem-estar e perfeita harmonia entre estes locais e nós, humanos. Que para todo o sempre assim se determine e, a bem da Humanidade e de toda a sua integridade física e mental, assim continue a ser. Que assim seja então!

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