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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A Alegoria da Vida


Jardim Dedáleo do Palácio da Bacalhoa - Azeitão                   Portugal

Que busca é esta - no caminho certo da vida - na perfeita alegoria à vida humana em todas as suas provações, obstáculos e desvios? Será este símbolo iniciático - o labirinto - o verdadeiro caminho para o conhecimento em significado e, obtenção de uma maior espiritualidade no Homem?

O Labirinto
O labirinto é um dos símbolos mais antigos da História da Humanidade! E, pode ser encontrado sob diversas formas em muitas culturas. Na sua essência é um sistema de vias enganadoras que conduzem a um centro. Na sua simbologia reflecte sobretudo a busca do caminho certo na vida.
É um exemplo perfeito para qualquer situação na vida em que nos falta uma orientação e, não sabemos que rumo haveremos de tomar. Deste modo, o labirinto pode ser visto como uma alegoria à vida humana, com todas as suas provações, obstáculos e desvios.
A tarefa do Homem é encontrar o objectivo ou, o centro a dirigir-se ao ponto fulcral, onde tudo tem a sua ordem e onde lhe está reservado o conhecimento. O labirinto tem sido objecto de várias interpretações e, tem desempenhado funções várias ao longo da História da Humanidade, consoante as diversas culturas!

O Fio de Ariadne
A designação «labirinto» remonta ao mito grego do Minotauro, um monstro que era metade homem e metade touro. O rei de Creta - Minos - mandou construir uma prisão em forma de labirinto para esta criatura, um sítio de onde ele jamais pudesse escapar.
Segundo a lenda, a cada nove anos, tinham de ser sacrificados ao monstro sete raparigas e sete rapazes. Entre os desafortunados encontrou-se certa vez o jovem príncipe Teseu, por quem Ariadne - filha do rei Minos - estava apaixonada. Esta deu-lhe um novelo de fio - o fio de Ariadne - com o qual ele encontrou o caminho de saída do labirinto depois de ter morto o Minotauro. É aqui muito evidente o sentido do labirinto, como símbolo para a descida ao mundo inferior.

Vida e Morte
Os labirintos e os jardins dedáleos têm uma longa história de 5000 anos. Um dos mais antigos símbolos do labirinto foi encontrado nas proximidades do túmulo do faraó egípcio Peribsen (c. 3400 a. C.).
Em 1800 a. C. o faraó Amenemhat III mandou construir um gigantesco templo tumular com 3000 salas, cuja disposição faz lembrar um labirinto. Muito antes dessa época, contudo, já os homens pré-históricos gravavam ou desenhavam marcas parecidas com labirintos em paredes rochosas ou em objectos.
A sua forma e função primitivas serviam com certeza para estabelecer uma ligação mágica com a morte, conforme testemunha o túmulo de Peribsen.
Os labirintos circulares assemelham-se a espirais, as quais eram consideradas como mapas do Reino dos Mortos, devendo indicar o caminho às almas dos defuntos.
Hoje em dia, os labirintos tanto podem ser coisas com uma existência real - como por exemplo, jardins - símbolos ou ornamentos em paredes e pavimentos, como ainda alegorias para situações desconcertantes e confusas: por exemplo, o labirinto dos sentimentos.

Dança sobre o Torno do Oleiro
Aquando do restauro do palácio de Cnosso, no qual terá reinado Minos, não foram descobertos quaisquer indícios de ali ter existido uma construção labiríntica. Os historiadores partem por isso do princípio de que, na origem da lenda, tenha estado um ornamento no chão em forma de labirinto ou, porventura, o número desconcertante de salas existentes naquele palácio.
Teria sido num pavimento com uma decoração deste género que, os Cretenses, apresentavam as suas danças de labirinto - sobre as quais Homero relataria: "Andavam em círculos como se estivessem em cima de um torno de oleiro."
O objectivo destes rituais seria experimentarem uma sensação invulgar - parecida com um transe - à semelhança do que os Dervixes - membros de uma ordem mística do Islão - continuam a praticar actualmente.

Reims e Chartres
Podem encontrar-se labirintos sob a forma de mosaicos no pavimento de inúmeras igrejas e mosteiros por toda a Europa. A Cristandade desde cedo adoptou este motivo antigo, convertendo-o em símbolo de cura.
Na Idade Média, o centro de um labirinto destes constituía um símbolo da própria Igreja ou do Céu, contudo, também podia representar o caminho de penitência dos peregrinos até Jerusalém. Quando situados perto da entrada da igreja, os labirintos serviam de protecção contra os espíritos malévolos, mas foram também parte integrante de rituais religiosos durante séculos.
Nas catedrais medievais de Reims e Chartres, os fiéis, enquanto cantavam e rezavam, tentavam concentrar-se nos ideais cristãos contando os passos ou percorrendo de joelhos os intrincados meandros dos labirintos.

Jardim Dedáleo e Labirinto
Um jardim dedáleo é, por norma, constituído por sebes de folha perene e serve de diversão aos visitantes, pois só quem encontra o caminho certo - após muitos enganos - poderá chegar ao objectivo no centro.
O Labirinto forma e protege este centro e só permite a entrada em condições muito especiais. A admissão é, portanto, a iniciação - um passo no caminho do conhecimento!
Deste modo, enquanto símbolo iniciático, o labirinto está associado à entrada num mundo espiritual de aparência confusa, cujo centro significa a obtenção da espiritualidade. Incorpora ao mesmo tempo a Morte e, a Ressurreição. E, assim, adquire uma estreita relação com o símbolo, quer na forma quer no seu conteúdo alegórico!

Como se já referiu, o Jardim dedáleo é um labirinto construído não apenas para fins de diversão mas, em toda a sua essência natural, tomada de consciência e espiritualidade numa alegoria da própria vida individual e, global, de cada um de nós. Por entre as densas sebes de buxo, as pessoas quase são conduzidas à loucura nos seus intrincados meandros - no que, a nossa existencial vida nos remete em igual tormento e, vicissitudes. Há que estabelecer que, para além de todas as coisas, o nosso próprio labirinto de experiências, vivências e assimilação de ambas em nós, faz com que muitas das vezes não consigamos dar logo com a «porta de saída» em finalização e objectivos na vida. Mas há que persistir. Há que descobrir essa virtual porta - ou portal - de um conhecimento maior e, restaurar em nós, a confiança devida de tal nos consignarmos em mais lata consciência e, espiritualidade. Só assim ascenderemos a algo que, muitos de nós, ainda tentam buscar, ainda tentam encontrar. Assim sendo, para os que buscam, os que procuram, os que se insistem em não desistir dessa longa e farta caminhada da vida em conhecimento, altruísmo e sinceridade, o meu bem-haja - pela incessante afronta na vida de vitória, em saída de labirinto ou eclíptica da vida! E que, a bem da Humanidade, assim possa continuar a ser!

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