Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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quinta-feira, 10 de julho de 2014
A Dança do Fogo
Foto de Dança do Fogo - Ilha de Bali Indonésia
Será mesmo um acto de fé - andar sobre as brasas em dança do fogo - num ritual espiritual que limpa, purifica e remete em vitória do «espírito sobre a matéria»?
Será que, os estados de transe - como o rectificam os neurologistas - reduzem efectivamente a sensibilidade à dor, não queimando os pés àqueles que caminham sobre brasas?
O Domínio do Fogo
Preparam-se para aquilo a que chamam «Acto de Fé»: cada um reconhece-se adepto daquilo por que vale a pena - no verdadeiro sentido da palavra - andar sobre o Fogo!
Este exercício é hoje - nos círculos culturais ocidentais - e nos seminários para gestores, um método de treino de eleição para o fortalecimento da auto-consciência e, da auto-confiança.
Nas culturas orientais, andar sobre brasas é um ritual espiritual que limpa, purifica ou põe o praticante em contacto com a sua natureza mais profunda. Com mais de 4000 anos, não foi sempre realizado em toda a parte ao mesmo tempo nem pelos mesmos motivos mas, o seu fundamento é o mesmo em todas as culturas antigas: a vitória «do Espírito sobre a Matéria»!
Caminhar sobre Brasas - A Iniciação
Andar sobre brasas é um ritual de iniciação, ou seja, um ritual de consagração que obedece à lei da Natureza: cada morte origina ao mesmo tempo um novo despertar! O jovem dá lugar ao homem, o pecador ao crente, o receoso ao confiante. Quando a Natureza e o Homem estão em harmonia e, este último concentra toda a força do seu espírito na realização de uma visão, então o que é aparentemente impossível - como caminhar sobre brasas - torna-se possível.
Rituais de todo o Mundo
As brasas destes rituais podem atingir temperaturas de 600 a 800ºC. Na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, parte da população anda descalça sobre um tapete em brasa de 6 metros de comprimento, no primeiro domingo do Ano Novo. Antes de o fazerem, as pessoas jejuam e rezam durante vários dias.
Este costume teve origem nos imigrantes indianos, que com este acto demonstram humildade e religiosidade. A abstinência, a fome e a profunda emoção de andar incólume sobre as brasas, fá-los sentir assim espiritualmente purificados e, em união com os deuses do Céu e da Terra.
Em Bali, os dançarinos percorrem um tapete de brasas montados em cavalos de madeira, os quais simbolizam a união com o seu deus do Fogo - Agni - que outrora atravessou a lava dos vulcões balineses montado numa criatura parecida com um cavalo.
Para comemorar um milagre, na Bulgária e na Macedónia, festeja-se assim este ritual a 21 de Maio, dia em que, em 1250 d. C., ardeu uma igreja. Todas as pessoas que nessa altura irromperam pelo edifício em chamas para salvar os bens da igreja, saíram miraculosamente incólumes das labaredas.
Milagre ou Ciência
Nas análises feitas a vários vídeos na Universidade da Califórnia, verificou-se que nenhuma das pessoas que andam sobre brasas toca no chão mais do que 1,9 segundos seguidos.
Os cientistas afirmam que, 2 segundos, é a fronteira fisiológica a partir da qual os tecidos são afectados pelo calor. Uma outra explicação surgiu na Alemanha. No século XVIII, o médico Johann Gottlieb Leidenfrost descobriu que uma gota de água que cai numa superfície incandescente não se evapora imediatamente, graças a uma camada de gás que a isola. Ou seja, a humidade natural da pele do praticante poderia funcionar como uma protecção muito curta mas eficaz, contra o calor que recebe nas plantas dos pés.
De resto, os próprios praticantes atribuem o seu bom senso a rituais prévios, durante os quais cantam, falam e se movimentam em transe ou meditam em silêncio.
Os neurologistas confirmam que, os estados de transe reduzem a sensibilidade à dor. Não está no entanto explicada a razão por que não queima os pés, aquele que caminha sobre brasas.
Descalços sobre a Lava
Pratica-se no Havai (Ilha do Pacífico - célebre pelos seus vulcões dos quais o Mauna Loa e o Kilauea são os mais conhecidos e ainda em actividade) uma forma curiosa de caminhada sobre o fogo.
Depois de uma excursão de muitos dias, «os Kahunas» - Xamãs Havaianos - andam sobre a lava incandescente para os turistas. Mas primeiro celebra-se um ritual que lança em transe, tanto uns como outros. Depois, só caminham na lava incandescente os que, para tal, se sentem mentalmente preparados!
Andar sobre brasas constitui hoje em dia, um espectáculo muito frequente nos festivais mundiais de Etnografia ou Música. Além do aspecto lúdico, este ritual não inteiramente desprovido de perigo, exerce assim num todo, um fascínio que não deixa o espectador ocidental indiferente, pois é realizado perante a admiração da comunidade - como sucede no Festival Indiano da Paz e da Música, no Quebeque - Canadá.
Em Pacific Harbour, no Havai, os nativos atiçam o fogo com varas compridas de madeira, distribuindo as brasas uniformemente.
Que poder é então este, e que estranho ou enigmático sentimento será, para que exerça nestas pessoas um tal fascínio - e quebranto - em pisar brasas e purificar-se assim nesta celebração do espírito sobre a matéria? Haverá magia dos deuses...? Haverá mão estelar nestas sagradas fogueiras em divinas danças do fogo, por tantos que assim se determinam em profunda sintonia com a sua própria natureza? Seja o que for, aqui fica em registo e aprumo - nos tempos e nos conhecimentos humanos - de todo um globo surpreendente que também nos fascina e entusiasma, pelo tanto que ainda temos por reconhecer e, desvendar.
A bem dessa doce ou louca aventura do conhecimento e, da cultura ancestral e actual na Humanidade, assim continue a ser...além os tempos, além os deuses quererem e nos deixarem entender! Assim seja!
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