Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 8 de julho de 2014
A Auto-Regulação
Foto do Fotógrafo Franco-Brasileiro Olivier Boels na sua Exposição "Iogues Dissidentes"
Como explicar este tão impressionante domínio da dor nos Iogues? Mestres na técnica dos «Cinco Fogos», estes Ascetas Indianos a tudo resistem, levando-nos a questionar qual a profundidade desse estado de Iluminação interior que os leva ao total controlo da dor e, ao enigma por certo, dessa intensa insensibilidade? Que magistral auto-regulação é esta que, desta forma magistral, os inibe dessa dor e dessa consciência em corpo sofredor como se nada existisse em seu redor?
Auto-Regulação - O Domínio das Funções do Organismo
Os Ascetas Indianos desenvolveram métodos físicos que, do seu ponto de vista, lhes são úteis no caminho da libertação. Alguns nunca dormem e outros só o fazem em leitos de espinhos. Existem até os que vivem constantemente dobrados ou, estendem um braço no ar até os músculos ficarem atrofiados e as unhas serem mais compridas do que o próprio braço.
Até ao século XIX, o número dos que se auto-mutilavam para se libertarem dos vícios deste mundo era muito grande, relativamente aos dos fiéis moderados. Havia homens em êxtase que, com grande convicção interior, se deixavam por exemplo esmagar pelas carroças do templo.
A Prática dos Cinco Fogos
Os Iogues também são Ascetas. Aspiram à perfeição através de determinadas práticas mentais e físicas, que os fazem parecer assim mais novos do que na realidade são.
Mas as histórias que se contam dos Ascetas Indianos têm a ver sobretudo com a dor. Muitos deles são mestres na técnica dos «Cinco Fogos» (Panchatapas), em que o praticante se senta em meditação profunda desde o nascer ao cair do dia, sob um Sol abrasador, no meio de quatro grandes fogueiras.
Tal como aprende a desafiar o frio intenso - gerando calor interior - também aqui o Iogue tem de dominar o corpo para resistir ao enorme calor.
Domínio da Dor
Há Iogues que se penduram de cabeça para baixo, numa espécie de patíbulo, sobre uma fogueira de onde retiram brasas incandescentes com as mãos nuas.
Estas espantosas demonstrações de auto-regulação do organismo e, de supressão da dor, ainda podem ser observadas hoje durante as festividades religiosas, por altura das quais os Iogues arrastam às vezes - pelos caminhos da peregrinação - enormes cargas presas a ganchos cravados nas costas, sem dores nem perda de sangue.
Ausência de Dor no Êxtase
Como explicar este domínio da dor? Os cientistas sabem hoje que, em situações de stresse ou de grande esforço, se libertam no corpo as chamadas «endorfinas» - substâncias opiáceas que actuam como a morfina a nível analgésico e que, além disso, provocam um estado de euforia.
Nos estados alterados de consciência do êxtase e do transe dá-se a libertação de grandes quantidades desta hormona, o que leva ao controlo da dor e, à subida em flecha da euforia!
Auto-Mortificação sem Dor
Na década de 1970, o cientista americano Elmer Green examinou os poderes do Faquir Jack Schwarz, que não sentia qualquer dor quando lhe espetavam uma agulha comprida no músculo do braço, e detectou a presença de Ondas-Alfa - que normalmente o cérebro só produz em estados de descontracção.
Neste caso, no entanto, logo que Jack Schwarz se preparou para espetar a agulha no braço, parece que as Ondas-Alfa substituíram as Beta - que indicam uma grande atenção e prontidão de reacção.
Uma parte do enigma da insensibilidade à dor em condições extremas reside claramente na redução da atenção e, na permanência num estado de descontracção.
Auto-Regulação Invulgar
Um estudo do Fisiologista Americano Elmer Green mostra até que ponto pode ir a dita auto-regulação. Durante a meditação, o Iogue Indiano Swami Rama elevou a temperatura do lado esquerdo de uma mão e, ao mesmo tempo, baixou a do lado direito da mesma mão. Ou seja, guiando voluntariamente o fluxo sanguíneo, conseguiu que o lado esquerdo ficasse cor-de-rosa e o direito, cinzento. Além disso, reduziu a frequência do ritmo cardíaco para 21 pulsações num período de 50 segundos.
Alcançar o domínio do corpo por meio da concentração e da força de vontade é um dos objectivos no caminho da libertação. Os Iogues demonstram assim das mais variadas maneiras, como conseguem sobreviver muito tempo sem ar ou suprimir a dor.
Livres de todas as preocupações, os Iogues concentram-se na sua meditação diária sem dar qualquer valor ao mundo exterior. O mais importante para eles é, a Iluminação interior!
Assim sendo, apenas nos resta consolidar essa mesma certeza no que lhes observamos em paz, harmonia e de facto, a certa e determinada interiorização que todos eles exponenciam numa atitude calma, plácida e fortemente sólida de bem com a vida. Que o possamos também vivificar, ainda que não na sua totalidade nessa sua igual ou idêntica resistência à dor, o que nos seria efectivamente benéfico em muitas das nossas vivências quotidianas...ainda assim, augura-se que algo possamos descobrir em nós em semelhante poder, mesmo que não na sua total veemência de auto-regulação como os Iogues o fazem! A bem de toda essa inspiração e libertação e, iluminação interior na Humanidade, assim seja então!
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