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quinta-feira, 10 de julho de 2014

A Fogueira da Alma


Poeta e Asceta Budista Milarepa (1038-1123)                       Santo do Tibete

Que poderes imensos são estes ou que energia suprema é esta, à qual se atribuíam forças lendárias, para a realização de efeitos mágicos? Que «Fogueira da Alma» é esta em fogo de natureza transcendente, como uma espécie de calor mágico, calor interior através da meditação...?

O Calor Mágico
Demonstrando o seu progresso espiritual nas provas de iniciação, o aluno de Yoga, tem de ser capaz de produzir o calor físico interno chamado «Tapas». Este fogo de natureza transcendente deve então sair do «eu» interior, do «Antaratman».

O Calor Criador
Diz o mito que, o Deus Primitivo aqueceu e criou o Universo com o seu calor interior. O Iogue que aspira ao «Tapas» exerce alquimia sobre si próprio - tanto em sentido físico como espiritual - transformando o seu interior de modo a que, o fim último dos seus esforços, possa ser a imolação do corpo pelo fogo.
O Tapas, é uma energia incrivelmente intensa e concentrada! O objectivo da mais antiga prática do Yoga era acumular esta energia, à qual se atribuíam forças lendárias, para a realização de efeitos mágicos.

Provas de Iniciação no Tibete
O Budismo Tibetano também atribui um papel muito importante à criação do calor mágico, a que chama «Tumo». Nas provas de iniciação avalia-se o progresso do aluno contando os panos húmidos que este conseguia secar com o corpo nu, durante uma noite gelada de Inverno - no meio da neve.
Alexandra David-Neel (1868-1969), orientalista francesa que viajou muito pelo Tibete, foi testemunha ocular desta prova, que descreveu assim: -"Os panos são mergulhados em água gelada, congelam e ficam duros por causa do frio. Os alunos enrolam-se neles e, têm de os derreter e secar com o corpo. Logo que isto acontece, o pano é novamente mergulhado na água, e começa tudo de novo até ao nascer do dia."

A Aquisição de poderes Paranormais
No seu célebre tratado sobre o Yoga, Patanjali, fundador de uma influente filosofia, já no século II a. C. falava dos diferentes poderes paranormais que o praticante adquire com o tempo, considerando-os manifestações indispensáveis no decurso da meditação.
Pantanjali dedicou uma parte importante das suas Sutras, à classificação dos «Siddhis» (Dons perfeitos) - dos poderes paranormais: com uma prática consequente de meditação, o praticante alcançaria o conhecimento de vidas anteriores, seria capaz de adivinhar os pensamentos e as ideias dos outros, ser invisível e fazer desaparecer a fome e a sede. Veria o Futuro e, o oculto, conseguiria separar a consciência do corpo - e ir habitar outro - e alcançaria até o conhecimento do Mundo e, da ordem do Firmamento!
Embora estes poderes pareçam «sobrenaturais», trata-se de dons que, segundo a visão hinduísta, pertencem ao mundo material e, portanto, ilusório.
Todos os Mestres Espirituais afirmam por isso que ninguém deve aspirar a desenvolvê-los só por si, pois, neste caso, o espírito permanece enredado em fenómenos transitórios e exteriores, o que constitui um obstáculo ao empenho espiritual, cujo objectivo é superar o Mundos das Ilusões!

Padmasambhava - O Grande Mago
As práticas para a criação do calor interior implicam a acção de uma consciência muito desperta, da qual resultam vivências de forças mágicas, visões e êxtases.
Para o Budismo Tibetano, estes e outros dons fora do comum possuem um significado central, pois um dos seus principais fundadores, Padmasambhava (século VIII d. C.), era considerado um grande Mestre da Magia. Diz-se que, com os seus poderes, Padmasambhava dominou os poderosos demónios nativos e, abriu caminho aos ensinamentos de Buda no Tibete.

Os Monges Budistas e os Iogues Indianos conseguem assim - pelo que se estudou nestes - aumentar a temperatura do corpo através da concentração. Em casos pontuais, verificou-se nos Iogues Indianos por exemplo, um aumento geral da temperatura do corpo, que nos dedos das mãos e dos pés subiu oito graus.
Diz-se que, o poeta e Asceta Budista Milarepa (1038-1123), considerado um dos mais famosos santos do Tibete, possuía dons invulgares que adquiriu durante a sua longa e extraordinariamente rigorosa formação budista. O seu Mestre insistia muito na prática do «calor interior» (Tumo).
Milarepa (na imagem inicial do texto) passou muitos anos meditando nas cavernas geladas dos Himalaias, envergando apenas uma túnica de algodão fino.

Todas estas prática ascéticas e de certa forma redimensionadas em magia ou poderes sobrenaturais, confinam os limites - ou a inexistência dos mesmos - sobre o ser humano. Ou pelo menos, em parte de alguns deles que se arrogam na supremacia deste calor interior que os subleva a algo também muito superior, supõe-se. Esta «Fogueira de Alma» que muitos Iogues ainda hoje cometem em si, leva-nos a questionar sobre os seus reais poderes em que, por forças extraordinárias - e ainda desconhecidas por muitos de nós - se vêem invadir, exceptuando nestes toda a debilidade física que se poderia verificar em espécie de pneumonia ou qualquer outra radical doença fisiológica pela situação anunciada de altas temperaturas negativas em contraste com o seu interior. Mesmo nas forças militares das altas patentes das nações desenvolvidas, há muito que se debatem sobre estes existenciais poderes humanos, levando a que muitos exercícios no terreno - e em completa especificação de treino físico e mental - tenham vindo ao longo de décadas, a tentar cingir nos seus soldados esses mesmos treinos de interiorização e plenitude. Só não se sabe ainda se, com êxito e sucesso ou se pelo contrário...na negação ou inexequibilidade desses mesmos feitos rigorosos e, extremamente delicados para a condição humana!
Conclui-se apenas e aqui que, ainda teremos muito a aprender com Iogues e Monges (Indianos e Budistas) que, ao longo de séculos, se têm coadunado com esta estranha realidade de um poder superior - trazido ou não, por mãos estelares ou deuses supremos - no conhecimento humano. E por esse conhecimento ancestral aqui se reitera que assim continue a ser. A bem da Humanidade!

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