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quinta-feira, 31 de julho de 2014

A Noiva-Viúva


WTC - Torres Gémeas no Dia 11 de Setembro de 2001           Nova Iorque (Big Apple)  EUA

Que punição foi esta tão pungente, tão dilacerante e tão devastadora que me arrancou a alma do peito, à semelhança de Dom Pedro por Dona Inês de Castro - minha mui chorada rainha consorte e, sem sorte alguma, que pereceu degolada ante seus algozes? Ou, numa outra dor, da justa imputação e condenação póstuma, por aqueles tão negros corações - os outros, de Gonçalves e Coelho - que o meu Rei arrancou com suas próprias mãos (afere-se sem haver disso prova) no que lhes imputou perante toda a corte e, em praça pública, decepando-os da vida acometida? Haverá maior dor...? Passados tantos séculos e tamanhas provações, e ter eu hoje em inversa e corpórea situação, essa mesma reiteração instada em mim como peçonha maldita de sempre ver quem mais amo, sob os desígnios da morte? Que Karma será este, Santo Deus...? Que terei feito de tão negritude missão em alguma vida, para Deus ou os homens me condenarem assim? Não terei já sofrido demais??? Não basta já, recordar-me dessas vidas, dessas lutas, dessas agruras? Como resistir a este Inferno de Dante, inferno real perante meus olhos...? E...perante o mundo...?

11 de Setembro de 2001  -  Lisboa  /  Nova Iorque
O Noivado
Eu estava linda! Exuberante como flor acabada de colher em todo o meu regaço de menina-mulher que era. Tão jovem...tão bela e...tão distante do que me iria acontecer daí a dias, a semanas...a momentos que por mais que queira esquecer, não consigo! Jamais conseguirei esquecer! E...perdoar! Não posso!
Os meus pais parecem libelinhas saltitantes em meu redor ou como simples abelhas em torno do casulo, em torno da sua rainha. Rainha ainda não sou...apenas uma princesa destes novos tempos. Tenho tudo para ser feliz....(pensava eu). Tenho o mundo à minha beira e, à minha espera em leito nupcial daqui a uns dias, a uns instantes, suponho. Sou feliz e penso que o mundo sabe disso.
Tenho a boda toda preparada. Os enfeites são lindos: são todos em amarelo e branco como as cores do Vaticano, só para agradar à minha mãe que é muito religiosa e não perde uma missa cantada, desde a Capelinha das Aparições de Fátima às emitidas pelo Papa na grande praça de São Pedro, em Roma.
O pai, esse, está tão aflito de ir «perder» a sua menina que mal respira e, por muito que considere e respeite o meu futuro marido, ainda assim se sente usurpado de poderes e de distinções que outrora eu lhe fazia lambuzando todo em colo e carinhos, aquando me levava ao Circo, ao Zoológico da cidade ou simplesmente à Escola Primária! Licenciei-me fervorosamente com uma média de curso mediana, é certo, mas confiante no futuro, pois nem todos temos de ser grandes cérebros - macrocéfalos, sinto! - para que entremos em Medicina com a pontuação máxima. Optei por Enfermagem - sempre estou mais perto de quem de mim precisa, necessitando de cuidados básicos ou sequer um carinho, um sorriso. E gosto disso!
Há dois meses atrás, o meu grande amor - que conheci já na Faculdade - presenteou-me com um belo e romântico jantar num dos mais caros e dispendiosos restaurantes da cidade, em Lisboa, pedindo-me em casamento. Aceitei! Meu Deus...como recusar??? Ele, o meu amor, é lindo! Lindo demais, bom demais...é tudo demais! E eu...bem, eu também não sou nada de deitar fora (dizem-me) mas dá-me que pensar se, sendo ele tão charmoso, tão inteligente e com aquele sorriso endemoninhado de malandrice e submissão, e eu não sei o que farei se mo roubarem de mim, se mo sacarem da minha alma, pois que já não vivo sem ele! Acabou Engenharia há dois anos e está agora numa promissora carreira entre reino Unido - Nova Zelândia - Arábia Saudita - Angola - e por muitos mais países que eu nem suspeito existirem. Por várias vezes me deixou apeada no terminal do aeroporto em choros e lamentos, por de si me ver apartada. Por isso este noivado é tão importante para mim...tão importante! Amo-o tanto que por vezes sinto que enlouqueço sem ele, mas refrego-o para mim, não vá ele pensar que eu sou uma dessas sanguessugas que não têm vida própria e lhes sugam o vital das suas. Comigo não. Mas sofro, ah...como sofro!
E pronto, é isto! Vou casar a 19 de Setembro deste belo ano de 2001. E nada me fará voltar atrás, na irreversibilidade completamente assente do que sinto e, do que quero para a minha vida! E ninguém mo pode tirar. Ele, é o meu príncipe e eu...sou a sua princesa, a sua rainha...a sua maior agonia de quando não está comigo, a sua «Shangri-la» destes novos tempos, disse-mo mordiscando-me uma das orelhas, aquando me enfiou o anel de noivado e...o seu corpo em mim...numa promessa eterna de acoplagem cósmica e universal de corpos e alma juntas, que nada nem ninguém jamais separará! Nada! Ninguém!

O Dia do Juízo Final
Para mim, aquele dia...aquelas horas...aquele momento consagrado ao mais terrível demónio de todos os tempos, vivê-lo-ei com a certeza de não mais ter um dia na vida assim! Foi crucial e determinante em toda a linha, na voltagem que se tem por hábito dizer de, cento e oitenta graus em destino e não-retorno.
Ver aquelas Torres-Gémeas a arder, era como se um mundo fictício, inexpugnável e tão irreal como a minha razão distorcida - ali - ao observar o poder da maldade pura, o poder maléfico de todas as coisas sobre algo e, alguém, que jamais se poderia defender, enclausurado naqueles múltiplos pisos de fumo, cinza, fogo e morte. Era como se a minha alma estivesse a ser assada em lume brando, sob uma campânula fervente em que via uma outra, distendida e morta sem que algo se pudesse fazer na inevitabilidade das coisas.
Tinha acabado de almoçar em plena Avenida que circunda o Corte Inglês em Lisboa. O movimento era caótico como de costume. Mas algo se passava de estranho...de sobrenatural, considerei. Havia gente apinhada sobre os restaurantes locais - que sempre tinham televisões acesas ou abertas em plena actividade laboral para que os clientes assim pudessem estar actualizados com as notícias e, informações sobre o globo. Eu não era excepção. Mas...naquela tarde em particular, achei estranho que tanta gente se empurrasse para ver o que se passava entre murmúrios, lamentos, incredulidade e mesmo rezas - ouvidas a baixa voz.
Tentei furar por entre alguns curiosos, ante a perspectiva de ver algo inédito ou mesmo de muito interessante, perante tamanha assistência de um silêncio sepulcral, recortado por êxtases alucinantes (de quem era mais sensível) do triste espectáculo no ecrã que nos detinha a fala, o andar e...o pensamento, acreditei.
E o que vi, matou-me por dentro. Sei que emiti um grito. E mais não sei. Apaguei! Ou seja, devo ter desmaiado. De volta de mim, já se achavam vários rostos que eu não conhecia e que me pareciam tão esquisitos quanto aterradores, sobre o que em mim revertiam de idiota de hiper-sensibilidade ou sequer uma histérica escriturária que se dava de fanicos, só por ter visto uns edifícios em chamas.
Nada mais errado. Ou...mais correcto com a minha dor. O meu noivo tinha ido na véspera para Nova Iorque em reunião marcada com um empresário de alto gabarito, que se comprometia a erguer novos edifícios no Dubai, sob a égide e coordenação do meu amado noivo e outros dois colegas de profissão que o haviam igualmente acompanhado nessa missão profissional. O WTC era o visado, por este referido empresário ter aí os seus escritórios e sede certificada. Eu tinha acabado de falar com ele ao telefone - lá eram oito e quarenta e cinco minutos da manhã (na hora em que o primeiro avião embateu na primeira Torre, penso...não sei nem quero saber a hora exacta!) e, estando ele no Hotel a tomar o pequeno almoço antes de ir com os outros seus colegas, eu ter ouvido a sua voz, o seu riso, a sua alegria inexorável sobre o que eu determinava ser o meu Rei, a minha outra metade da alma havida! Foi a última vez que o ouvi...pelo «meio-dia» (12 horas) em Lisboa e, seis da manhã lá, em Nova Iorque do que supus ele ter madrugado e nada ter dormido em insónia permanente por tão eminente reunião e, de tão grande importância para a firma onde trabalhava.
Acabou aí. Acabou tudo! Os lençóis no chão, os nossos corpos nus, envoltos um no outro, os cheiros, os desejos, as ambições, os futuros a construir, os filhos por vir, as carreiras por constituir, a vida no fundo...por consolidar, a dois! E agora...o vazio, a dor, a morte! A cruel ceifeira doida e louca que me levara o homem! Aquela malvada traiçoeira que mo tirou de mim...aquela coisa feia, esquelética, horrenda...que me arrancou o noivo de mim, e eu...agora, sem nada mais para haver, sem nada mais para que algo me socorresse nessa tão crepitante dor dos infernos, só lamentava não ter ido consigo para que tudo tivesse acabado num só momento e, no Céu, no Paraíso ou onde quer que fosse...eu estar do seu lado...como sentira um dia, a Lady Di ao lado seu Dodi que não deixaram amar, que não deixaram frutificar...e assim me vi, morta e petrificada em meses e meses de recuperação por entre anti-depressivos, anti-psicóticos e mais algumas coisas começadas por psi que não eram coisa boa! Mas não morri!

O Luto
Pode-se não acreditar mas, o lugar onde me sentia melhor e menos frágil, era no Mosteiro de Alcobaça. Não sabia dizer porquê. Até...o descobrir! A maior revelação de toda a minha vida fora a de que sempre me sentira deslocada, abocanhada por uma actualidade que não era mais minha. Nem antes nem depois. Eu sentia-me bem dentro daqueles húmidos claustros onde as paredes pareciam guardar segredos, lamentos, gritos, nascimentos e...sepultamentos, por certo! As esculturas em pedra sobre os túmulos virados um ao outro de um meu Rei antepassado, meu senhor e rei Dom Pedro I e de, minha sacrossanta (quase...pelo menos para mim e, à semelhança da Santa Isabel, uma outra rainha, esposa de Dom Dinis e avô deste meu Dom Pedro aqui sepultado em restos mortais). Ficava horas a olhá-los em suave e silenciosa permanência que, as guardas e funcionárias do Mosteiro me admitiam pelos muitos arrogos de meus pais - que haviam inclusive empunhado um certificado clínico do meu psiquiatra, registando a minha deformidade mental, invasiva em mim mas evasiva do mundo que me acolhia agora! E lá iam mantendo a sua postura distante de mim que, por conforto e amabilidade de uma das funcionárias, me dera um pequeno banco para que me sentasse, visto estar horas perdidas, horas impensáveis a olhar, só olhar, para aqueles túmulos de pedra de ambos os meus reis da Idade Média, agora e a li prostrados em gelo e, em imperiosidade fóssil...como eu!
Nada se modificava. Os pais até alugaram uma pequena casa nos arredores da vila de Alcobaça para que eu recuperasse das dores sofridas de me ter visto espoliada e desamparada de meu querido noivo, enterrado (pois nunca se veio a identificar o seu corpo, ou o que restaria deste em análises forenses de ADN) e, não ter onde chorá-lo, não ter onde amparar essa minha dor, achar que ali - a cento e muitos quilómetros de distância de Lisboa - o sentir era diferente, era próximo, o sentir que algo me levava a estar junto de si.
O espectável era que eu fosse a morta Dona Inês...mas não! Via-me como um garboso, bonito e altivo rei Dom Pedro, de mão dada com a sua bela Inês - o meu amado noivo! Não compreendi de início. Depois sim...senti-lhe a raiva, senti-lhe a dor, senti-lhe o despudor e até a loucura presente, não só em ter arrancado do peito e das costas os corações pulsativos de vida de Gonçalves e Coelho - que a mando de seu pai, o rei vigente Dom Afonso IV tinham ido executar a pobre coitada da Dona Inês de Castro - só por esta ter contraído matrimónio com Dom Pedro à revelia deste em secretismo absoluto, sendo esta de linhagem dos Castros e, de toda uma Castela, Leão e Aragão malditas, aos olhos de seu pai que sempre o contrariara desse desmando. E tudo eu via...e tudo eu sentia. E então compreendi!
Curei-me. Voltei para a minha cidade e mudei radicalmente. Não mais chorei nem tomei a medicação astronómica com capacidade para matar de vez com uma manada inteira de gado ou então...colocá-los a dormir em sonolência permanente, que era o que me tinha sucedido até aí. Voltei a trabalhar. Voltei para a vida! Voltei para o mundo dos vivos!
Às vezes, os serviços noticiosos ainda dão as imagens das Torres-Gémeas em Nova Iorque - em particular a cada ano comemorativo sobre esse fatídico dia em que pereceram milhares de pessoas - e todo o mundo assistiu em pesar e incoerência geral do que se observava impotentemente. Nada voltaria a ser como dantes...nada! Eu não voltei! Mudei, sou outra pessoa. Não quero lembrar. De nada. Dos tempos de namoro...das flores do campo metidas por entre as minhas calças e, as suas mãos - as mãos suaves dele - no meu corpo, no meu baixo-ventre, na minha alma! Tantas vezes que, após termos feito amor, lhe dizia depois: "Vais ser sempre meu, sempre!" E ele me respondia com o olhar lânguido e temente de quem não receia nada: " Até à eternidade!" - E assim é! Será mesmo até à eternidade, pois que nesta vida mais ninguém fará o amor como ele fazia comigo, beijando-me os seios, o ventre, beijando tudo como se o mundo estivesse em rotação decrescente ou sem esta, parando quase de imediato. Era premente o nosso amor! Era obrigatório em exultar gemidos, gritos, forças orgásticas que nenhum de nós detinha em si e depois...suados e dormentes, sob um clímax dúbio entre o que já se atingira e o que se desejava ainda mais, que morríamos no corpo um do outro - em sabor e crescente alucinação de corpos e mentes tão lúcidas, tão amantes...tão uma da outra que se não dissociava quem era quem. E foi assim...até a eternidade que nos despedimos naquela ante-véspera maldita em que o meu amor-noivo rumou até à «grande maçã», como na brincadeira lhe chamávamos em epíteto só nosso, num português arrevesado entre um fado vadio e, uma corrente anárquica e de certa forma yuppie, do que o futuro o esperava em novos e frutuosos projectos profissionais: de ambos! E tudo morreu com ele! E tudo desapareceu e eu...tão só fiquei, eu, a Noiva-Viúva que o fui de facto (estávamos casados oficialmente e por via legal, havia um mês...esperando pela cerimónia religiosa para tal determinar depois) e, sem nada o prever, ser cortada destas ambições, destes projectos, destes futuros a dois! E só...fiquei. E...só estou, esperando o dia em que me juntar a si, ao meu belo noivo-amante que amo incondicionalmente, até que esta vida me leve e Deus me troque de corpo. Não lamentem. Sou feliz...à minha maneira. Amo tudo e todos mas não me envolvo, a não ser... a não ser que... Deus me pregue uma partida terrestre em conluio com uma conspiração universal e...me devolva a alegria e..quem sabe...um novo amor. Não procuro mas...se ele vier, eu aceito. Deus está sempre presente e eu...bem eu, aceitarei tudo o que Ele me quiser dar, apenas porque sou apenas...uma só vida com muitas outras por viver. Só isso! E Deus sabe disso muito bem! Até à eternidade!!!

Leonard Cohen - First We Take Manhattan

Leonard Cohen - Hallelujah

A Sabedoria Divina


Retrato de Jacob Boehme (Bohme) - Filósofo, Místico Luterano Alemão

"O fundo escuro é o aspecto mais secreto de Deus (...) - O Abismo Insondável! No espelho virgem da sabedoria, o Divino reconhecer-e-à e «imagina a partir do abismo insondável de si mesmo (...) e impregna-se de imaginação vinda da sabedoria (...) como uma mãe que não dá à luz» (cf.p. 388)      
«À volta da madrugada vermelha, o dia separa-se da noite / e cada um é identificado pela sua natureza e força: porque sem oposição nada é revelado / não surge nenhuma imagem no vidro transparente / se a outra face não for obscura (...)» (G. Gichtel)                       - A Aurora -            Jacob Boehme (Theosophical Works)
                                                                                                                            (1682) - Amesterdão

Jacob Boehme e a Teosofia
Certa manhã, um modesto sapateiro da região de Lausitz, de seu nome Jacob Boehme (1575-1624), reparou num reflexo de luz sobre um prato de estanho pendurado na parede, uma experiência que veio desencadear uma verdadeira «visão interior».
Compreendeu então que a luz não poderá ser vista sem a existência de um fundo escuro. Esta descoberta conduziu-o a uma série de tomadas de consciência, acerca da existência de Deus e da sua criação.
O Mal e o Bem condicionam-se mutuamente e apenas podem coexistir numa unidade superior. É precisamente em Deus que os princípios do Bem e do Mal radicam.
Deus e o Diabo não são, pois, princípios independentes um do outro.

A Teosofia de Boehme
O acto de reconhecer a presença de Deus de um modo místico e intuitivo, recebe o nome de: Teosofia (Sabedoria Divina).
A teosofia de Boehme baseia-se em episódios místicos por ele experimentados em estados de consciência alterados. Ao concentrar toda a sua atenção na observação de um objecto, o seu espírito tornava-se receptivo a percepções visionárias. No seu conhecido primeiro escrito, «Aurora oder Die Morgenrote im Aufgang» (Aurora ou o Arrebol em Ascensão), de 1612, desenvolveu a sua doutrina dos três princípios que se encontram presentes na origem da divindade e, do ser humano: "Escuta, ó ser humano cego, tu próprio estás em Deus em ti e, se viveres de modo sagrado e sublime, assim serás o próprio Deus."

Os Três Princípios
Os princípios contraditórios revelam-se sob a forma do terrível «Fogo da Ira» de Deus e na dócil «Luz do Amor» do Filho. O terceiro princípio é a vontade unificadora, sem princípio nem fim, que não é boa nem má, que produz o Bem eterno e que corresponde ao Espírito Santo.
Boehme chega à conclusão de que o elemento destruidor contém em si as possibilidades do elemento criador e vice-versa. A tomada de consciência deste princípio é por ele chamada de: renascimento.

O Mito Andrógino
Johann Georg Gochtel (1683-1710), discípulo de Boehme, desenvolveu as teorias enunciadas pelo seu mestre.
Os pontos de vista de Boehme acerca de, a Humanidade ser originalmente dotada de características andróginas, encerrando assim em si mesma simultaneamente uma totalidade masculina e feminina - foram aqueles que mais o impressionaram.
No Paraíso, um ténue aspecto corpóreo envolvia harmoniosamente as características masculinas e femininas no ser humano. Mediante o pecado original de Adão, essas subtilezas perderam-se - as diferenças acentuaram-se. A partir de Adão desenvolveu-se a dualidade dos sexos. Segundo Gichtel, este perdeu a sua qualidade angélica.

Centros de Energia
Certas ilustrações de um livro de Gichtel, intitulado «Eine Kurze Eroffnung und Anweisung der drei Prinzipien im Menschen» (Uma Breve Revelação  e Indicações acerca dos Três Princípios do Ser Humano), onde são fornecidas indicações para a realização de exercícios espirituais práticos - são bastante curiosas.
Surge aí a representada a localização  dos centros de força ocultos no ser humano, representação essa que exibe semelhanças extraordinárias com os «Chacras» - os centros de energia do corpo humano na tradição indiana.
Charles Webster Leadbeater (1847-1934), um dos fundadores da Teosofia Anglo-Indiana, foi um dos primeiros a notar e a chamar a atenção para o paralelismo entre as descrições de Gichtel e a teoria dos Chacras.

Jacob Boehme publicou numerosos escritos acerca da Teosofia. Em 1619 surgiu «Die drei Prinzipien gottlichen Wesens» (Os Três Princípios da Divina Essência) e no ano seguinte, Vom dreifachen Leben des Menschen» (Da Vida Tripla do Ser Humano). As calcografias da época, foram retiradas de um livro de George Gichtel, «Eine Kurze Eroffnung und Anweisung der drei Prinzipien im Menschen» - como se já referiu anteriormente - em «Uma Breve Revelação e Indicações acerca dos Três Princípios do Ser Humano, de 1696. Estes mostram, da esquerda para a direita, uma representação simbólica dos três princípios do ser humano de acordo com Jacob Boehme: no ser humano reflectem-se o Espírito Santo (testa), Jeová (abdómen) e ao baixo-ventre corresponde o «mundo obscuro», sendo todo o conjunto iluminado por Jesus, Filho de Deus (coração).
Na «Practica», as costas do ser humano são representadas como um ser divino e iluminado, onde o Mundo do Ar reúne em si as forças do Mundo da Luz e, do Inferno (baixo-ventre).
Finalmente, no «ser humano renascido», a serpente da danação surge completamente esmagada pois traz Cristo no coração.

Jacob Boehme teve grande influência sobre as gerações de filósofos que se seguiram. Boehme defendia entre outras coisas, a necessidade da existência de opostos como um dos princípios fundamentais da Criação. Só na diferença se pode autenticar - talvez - o desenvolvimento e a evolução humanas.
Assim sendo apenas resta acrescentar que, por gerações vindouras e esclarecedoras em maior e mais abrangente pensamento teosófico, se possa autenticar estas mesmas referências iniciadas por Boehme. Teosofia ou Sabedoria Divina no que a nossa razão, consciência e conhecimentos possa ditar. A bem da cultura teosófica  e do que num todo possamos deter em nós e, a favor da Humanidade, assim seja!                  

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A Língua dos Anjos


Pintura e Imagem de John Dee, Astrólogo da Rainha Isabel I de Inglaterra (ao lado)

Que Magia era esta, a que John Dee ritualizava na dimensão  alusiva a Anjos - invocando estes - numa espécie de linguagem sua em que comunicavam, riscando símbolos mágicos e diversos quadrados com as letras do Alfabeto? Que língua de Anjos era então esta, que assim se arrogava aquando John Dee se exultava em transe? Seria um desvio em Magia Negra - como alguns o conotaram pejorativamente - ou efectivamente o veículo transmissor dessa língua de Anjos?

John Dee - O Astrólogo da Rainha
John Dee (1527-1608) foi, por assim dizer, o visionário do Império Britânico e para além disso um Mágico obstinado! Como Matemático, Astrólogo e Alquimista soube aplicar cálculos geométricos na navegação, cunhou a palavra «Britânnia» para designar a Inglaterra e a Escócia e, desenvolveu um plano relativo à construção da frota britânica e à formação dos navegadores.
Foi ele também que fez o horóscopo para o dia da coroação da Rainha Isabel I, tornou-se seu conselheiro e ensinou-lhe também Astrologia. Em 1595, ela nomeou-o reitor do Manchester College.

A Técnica de Invocação
Com o seu médium Edward Kelley, Dee deu início a uma das mais invulgares explorações do Mundo Invisível de que há registo nos anais da História da Magia. Em grandes quadros de cera (chamados «almadel») riscava símbolos mágicos e diversos quadrados com as letras do Alfabeto.
Para além disso era colocado um espelho mágico numa mesa, pronto a ser usado e dividido em sectores (aethyr). Cada «aethyr» correspondia a uma determinada região do Mundo Invisível. Segundo Dee, estas regiões eram governadas por Anjos e Demónios que deveriam ser invocados mediante rituais específicos.

O Sistema Enoquiano
Durante os rituais, Kelley ficava em transe e no espelho mágico via aparecerem Anjos. Com uma vara, os Anjos iam indicando diversas letras nos quadrados , letras essas que John Dee ia assentando de acordo com as instruções de Kelley. A sequência das letras era então invertida, pois Kelley era da opinião que os Anjos as transmitiam assim de modo a que a sua força mágica se mantivesse intacta.
Dee achava que estas mensagens recebidas do Mundo Invisível constituíam os fundamentos do Enoquiano - a língua dos Anjos e aquela que Adão terá falado no Paraíso.
O Sistema Enoquiano da Magia então desenvolvido é, ainda hoje utilizado por organizações secretas, que se dedicam à Magia com vista a invocar espíritos.

Protocolo de Experiências Mágicas
O Erudito John Dee, constitui indubitavelmente uma das personalidades mais cativantes da História das Ciências Ocultas! O modo de actuação de Dee e Kelley abriu caminho para as experiências de espiritismo do século XIX e, também para a chamada «Soletração Automática».
As anotações de Dee acerca das suas invocações foram editadas em 1659 por Meric Casaubon (1599-1671). Na introdução dessa edição, Casaubon emite um juízo que teve um efeito bastante destrutivo sobre os estudiosos dessas ciências - algo que, até aos nossos dias, valeu a Dee a reputação de se ter dedicado à Magia Negra.

Kelley e o Espelho Mágico
Foi decisivo o encontro de John Dee com um sombrio jovem originário da Irlanda, Edward Kelley. Em virtude de falsificações por ele feitas, ambas as orelhas de Kelley haviam sido cortadas. Ainda assim conseguiu convencer o crítico e observador John Dee, de que era capaz de entrar em contacto com «seres espirituais». Logo na primeira tentativa, Kelley terá conseguido avistar um Anjo que Dee identificou como sendo Uriel. Deste Anjo terá então Dee recebido uma pedra obsidiana - o seu espelho mágico - onde Kelley conseguia testemunhar as aparições dos Anjos e, dos Demónios!

O doutor John Dee era filho de um membro da corte de Henrique VIII. Teve assim desde cedo um contacto de perto com a Casa Real Inglesa. Já adulto, julga-se que tenha sido o conselheiro Astrológico da Rainha Isabel I. Como, para além dos seus estudos astrológicos, tentou nos seus trabalhos aprofundar outros aspectos místicos e mágicos, o que para muitos dos seus contemporâneos se tornou numa figura algo inquietante e sinistra. Ainda hoje se não conseguiu livrar - de vez - da má reputação de ter-se dedicado à Magia Negra. Esperando que em futuro próximo tudo isso se possa erradicar da memória ou da consciência de alguns, ainda haverá por certo muitas outras interrogações sobre a fiabilidade apresentada nestas suas experiências que, o determinariam transmissor da dita língua dos Anjos. Seja como for, aqui fica o seu registo em assertiva ou quiçá instituída iniciação dos contactos espíritas efectuados então.
Para lá de todas as sequências mediúnicas e outras, haverá sempre a suspeição de algo maior, mais oculto ou mais premente nessas suas experiências mas que aqui, só me resta acrescentar de que a bem de todo um conhecimento futuro, tudo assim possa ser beneficamente explorado, pesquisado e instaurado na cultura da Humanidade. Pois que hoje e sempre, assim seja!

A Mágica Ciência


 
Ilustração sobre a Obra Basilar da Magia Natural de Athanasius Kircher - Mundus Subterranaeus

Onde termina uma e começa outra - nos imprecisos limites entre a Magia e a Ciência - e mesmo entre elas, nas tecnologias apresentadas agora na Era Contemporânea em maior compreensão e, aceitação? Teremos radicalizado tanto assim esta concepção que, na época, apelava à invocação de demónios até às simples experiências no âmbito das Ciências Naturais? Estará de facto na actualidade tudo explicado cientificamente...ou não? Haverá ainda segredos, alquimias ou essa espécie de «Mágica Ciência» por identificar e, autenticar?

A Magia Natural do Renascimento
Com a nova autoconsciência que o ser humano alcançou na época Renascentista - colocando-se a si mesmo no Centro do Cosmos - registou-se um progresso admirável das Ciências Naturais.
Pretendia-se entender e estudar as relações entre o macrocosmos da totalidade do Mundo e, o microcosmos do ser humano, em grande parte ainda por descobrir.

A Magia Natural
A visão mística da unidade do material e do espiritual, do finito e do infinito, foi ampliada através de observações e experimentação e ainda, através da tentativa de se proceder a uma explicação científica.
Nesse âmbito, a Astrologia enquanto «Ciência Matemática», desempenhou um papel central.
A Magia tornou-se como que, uma forma prévia e simplificada da Ciência Aplicada. Não se tratava já de Magia no sentido de um conhecimento sobrenatural, mas sim do entendimento das coisas naturais.
A Magia era, pois, parte integrante das coisas e, em consequência disso, tudo se via subordinado à nova noção de «Magia Natural» (Magia Naturalis) - desde a invocação dos demónios até simples experiências no âmbito das Ciências Naturais, que outrora se revestiam de um aspecto fantástico.
Os principais investigadores no domínio da Magia Naturalis, foram os italianos Girolamo Cardano (Hieronymus Cardanus 1501-1576) e Giambattista della Porta (1538-1615, bem como o precursor da Medicina Moderna, Paracelso (1493-1541).

Magia e Ciência
A Magia Natural está a meio caminho entre a magia tradicional e, as Ciências Naturais. O filósofo Tommaso Campanella (1568-1639), autor da obra utópica «A Cidade do Sol», caracterizou acertadamente esta nova concepção do Mundo: «Tudo aquilo que, com a ajuda de artes ocultas e, em limitação da Natureza ou para a ajudar, os cientistas realizam que recebe o nome de Magia. Certo é que a tecnologia é sempre chamada de Magia antes de ser compreendida e, após algum tempo, esta desenvolve-se e passa a ser uma ciência perfeitamente normal!»

As Forças da Simpatia
Começaram a ser investigadas forças e fenómenos da Natureza como o magnetismo e a electricidade e, como não eram conhecidas as leis científicas subjacentes a estes fenómenos, atribuía-se os efeitos registados a uma antipatia ou a uma simpatia característica das coisas.
Era-se da opinião que se poderia colocar os poderes cósmicos das estrelas, cujos efeitos se faziam sentir graças à sua simpatia, ao serviço do ser humano, cujos poderes eram bem menos eficazes que os das primeiras. Esta espécie de intercâmbio, de relação mútua, era explicada sobretudo pela constatação de semelhanças exteriores - ou interiores - entre as mais diversas coisas.
Importante para se poder explicar o Mundo e, para a obtenção de certos efeitos mágicos, era a a ligação entre determinados planetas e determinados metais e plantas.
Por exemplo, o Sol estava relacionado com o ouro, do mesmo modo que a Lua com a prata. A ideia de que existia um esquema oculto que determinava a harmonia interior de tudo o que existia tornou-se o princípio orientador para todos os investigadores das Ciências Naturais.

Melancolia
Sendo o tema central no pensamento humanista do Renascimento - o entendimento do ser humano como um Cosmos em miniatura - obrigado a encontrar o seu lugar  no grandioso edifício que é o Mundo, deram-se assim os primeiros passos  rumo à criação da Psicologia.
Os estudiosos Renascentistas viam-se a si mesmos como melancólicos. Já o próprio Aristóteles considerara todas as pessoas extraordinárias  como seres melancólicos.
O mais importante impulsionador  das concepções do mundo renascentistas, Marsilio Ficino (1433-1499), descreveu o melancólico como uma pessoa de natureza hipersensível que caminha sempre na cumeeira que divide as vertentes do entusiasmo e da fraqueza do espírito,. Os delírios melancólicos eram vistos como uma espécie de delírio divino.
Saturno, o planeta mais distante da vida terrestre, passou a ser considerado, por um lado, como o planeta da Melancolia - o Grande Símbolo, o deus dos Extremos, o Soberano da Idade de Ouro - e, por outro lado, como algo triste, destituído do seu poder - condenado à infertilidade!
Os estudiosos viam-se a si mesmos como Saturnianos e, por medo a Saturno, usavam amuletos de Júpiter que deveriam repelir ou equilibrar as influências negativas.

Formas Primitivas da Psicologia
Giambattista della Porta investigou as correspondências morfológicas e fisionómicas entre plantas e seres humanos e, entre animais e seres humanos. Era da opinião que essas semelhanças entre as formas animais e as humanas forneciam um quadro explicativo das características e da personalidade dos seres humanos.
G. Porta fundamentava desta maneira a caracterologia, uma precursora da Psicologia.
Foi Rudolfo Goclenius (1572-1621) médico e também seguidor de Paracelso, que pela primeira vez usou a expressão «Psychologia» como título para uma obra sobre a ciência dos factos psíquicos.

A Assinatura das Coisas
A chamada «Teoria da Assinatura dos Corpos», de grande importância para as transformações operadas na Medicina, estava em íntima relação com a Teoria da Simpatia. A semelhança de determinadas plantas com membros ou órgãos de animais - ou de pessoas - era tida como um indício de que era apropriada para o tratamento de doenças  dos membros ou órgãos  com os quais apresentavam semelhanças. O Trevo e, a Erva-Cidreira possuem folhas com uma forma semelhante à do coração, por isso deverão ser boas para as doenças cardíacas. Os Cardos deverão ajudar contra dores agudas e pungentes; as plantas que crescem por entre as pedras deverão ajudar contra a pedra no rim e na bexiga.

Conhecimento dos Segredos da Natureza
Á medida que o conhecimento sobre as Leis da Natureza progrediam - a Velha Magia - que dependia da crença em influências sobrenaturais, foi perdendo terreno.
Os dois estudiosos universalistas Athanasius Kircher (1601-1680) e Caspar Schott (1608-1666) constituem a última fase destes desenvolvimentos. Ambos são autores de obras muito respeitadas acerca de manifestações naturais estranhas e dignas de nota.
Acerca da Magia Natural, Schott escreveu que: "É um certo conhecimento oculto dos Segredos da Natureza, através do qual - desde que se saiba reconhecer a natureza - as características, as forças escondidas, as simpatias e as antipatias das diversas coisas, se pode causar determinados efeitos que parecerão estranhos ou até mesmo prodigiosos, àqueles que não estejam familiarizados com as causas desses fenómenos"!

Uma obra basilar da Magia Natural em espécie de Mágica Ciência - que agora se supõe ter existido nessa sua magnífica obra - de Athanasius Kircher «Mundus Subterranaeus, de 1678.
Aí aperfeiçoou a obra mágica de Paracelso e do seu mestre Agrippa von Nettessheim. Kircher é também tido como o inventor da Lente Ustória e, da forma primitiva da lanterna Mágica. Esta última consistia num simples aparelho de projecção para diapositivos de vidro. Ambas as invenções tomam como base o efeito de um feixe de raios de luz concentrados.
Sabe-se hoje então que, ante esta nova autoconsciência e experimentação prática de toda uma nova vertente científica, propagando-se através dos tempos, estes foram sem dúvida os seus impulsionadores, os seus percursores em tomadas de consciência inovadoras que daria à Ciência o lugar exacto que esta merece e concerne em si. O ser humano no «centro do Cosmos» em óptica Renascentista das relações entre o macrocosmos e o microcosmos numa nova visão interior e exterior, leva-nos a repercutir - mesmo nos dias de hoje - o aspecto avançado que estes homens terão feito equilibrar, tanto nesses estudos como na aceitação por quem os diferenciava e muitas das vezes, sem o reconhecimento devido.
Assim sendo, aqui fica registado toda a sua obra desenvolvida e vista hoje como a «Grande Obra» de feitos, indiciação e cumprimento do que foi a fundação de todos os estudos futuros. A bem da cultura científica ou dessa mítica ou «Mágica-Ciência» exacta, assim continue a ser. A bem da Humanidade!

terça-feira, 29 de julho de 2014

A Filosofia Eterna


Pintura a Óleo do Retrato de Marsilio Ficino - Erudito Florentino

"A Philosophia Perennis" (Filosofia Eterna) introduzida por Ficino e Pico nos círculos eruditos do Renascimento, será efectivamente a nova e globalizante consciência humana de livre arbítrio ou, em que o ser humano tem participação activa na concepção do seu destino? E tudo isto, gerado por novas concepções do mundo - combinadas entre si e, florescentes - nas diversas vertentes da Astrologia, a Magia, a Medicina, a Cabala e a Alquimia? Que inovação estrondosa foi esta, que afectaria para sempre os mui conservadores círculos intelectuais do Velho Mundo?

A Tradição Hermética
Talvez nunca tivesse havido um Renascimento que colocasse o ser humano no centro do mundo e que, houvesse trazido tantos e tão notáveis progressos no campo da História da Cultura, não fosse o facto de o Erudito florentino Marsilio Ficino (1433-1499) ter traduzido para Latim um manuscrito atribuído a Hermes Trismegisto - o lendário fundador das Ciências Ocultas.

Hermetismo e Cristianismo
No Renascimento achava-se que Hermes Trismegisto fora um iniciado egípcio dos tempos de Moisés. Por essa razão, Ficino ficou surpreendido quando nos seus escritos encontrou muitas ideias cristãs. Via em Hermes um velho e respeitável Teólogo, que havia antecipado em muitos aspectos a verdade da religião cristã. Com efeito, porém, os Escritos Herméticos (o Corpus Hermeticum) constituem uma colecção de textos mágico-filosóficos dos séculos I a III da Era Cristã, nos quais convergem ideias do Judaísmo, do Neoplatonismo, do Gnosticismo e do Cristianismo.
Com base nos seus pontos de vista, Ficino tentou reunir as ideias contidas nos Escritos Herméticos, numa síntese com a Teologia Cristã. As suas ideias em relação à Magia, à Astrologia e à Medicina, lançaram os fundamentos da Magia como precursora das Ciências Naturais Experimentais.
A nova concepção do ser humano que faltava foi fornecida pelo jovem Giovanni Pico della Mirandolla (1463-1494) - o mais importante membro da Academia Platónica de Ficino, instituição que este último dirigia em Careggi, perto de Florença.

O Ser Humano no Centro do Mundo
Pico della Mirandolla reserva o papel principal para a liberdade espiritual do ser humano. Este último não se encontra sujeito a uma lei pré-determinada, ao invés disso pode determinar a sua existência através de escolhas livres e conscientes, passa então a ocupar o «Centro do Mundo».
Mediante a sua vontade ou a sua capacidade de imaginação, o ser humano torna-se um participante activo na concepção do seu destino.
Um século depois de Ficino e Pico, Giordano Bruno (1548-1600) tentou fundar uma religião universitária baseada em Escritos Herméticos. Tal tentativa valeu-lhe a morte na fogueira.

A Filosofia Eterna
Ficino e Pico introduziram nos círculos eruditos do Renascimento - para além do Hermetismo - também os ensinamentos secretos e místicos do Judaísmo - a Cabala.
Tentaram demonstrar que, todas estas correntes, faziam no fundo parte da Filosofia Eterna (Philosophia Perennis). Começaram assim a nascer novas concepções do mundo em que eram combinadas a Astrologia, a Magia, a Medicina, a Cabala e a Alquimia.
Da Academia Platónica de Florença foi avançando e ganhando força uma vaga de inovação que afectou todos os círculos intelectuais do Velho Mundo.

O Modelo do Mundo de Pico della Mirandolla
Pico della Mirandolla esforçou-se por conseguir uma unidade entre a religião cientificamente instruída e, uma filosofia temente a Deus. Esta ambiciosa síntese que Pico pretendia alcançar, ia desde os mistérios da Antiguidade - do Antigo e do Novo Testamento - à Astrologia e à Magia, passando pelas teorias de Platão.
Com base na sua perspectiva Neoplatónica acerca de uma escala da existência - que vai desde o Ser Superior (Deus) até ao corpo inanimado - desenvolve uma grandiosa «Mundivisão total».
Nesta sua Mundivisão, o ser humano é um «Microcosmos», no qual todas as possibilidades estão em aberto, tendo assim a possibilidade de escolher qual o estádio de existência que pretende ocupar; o mais elementar: o animal ou o celestial.

Marsilio Ficino, Pico della Mirandolla e um século depois Giordano Bruno, todos eles se induziram e seguiram estes parâmetros de uma nova conceptualização do Mundo em combinadas vertentes científicas. Não terão sido eventualmente compreendidos - ou aceites - nessa sua analogia de novos tempos se indiciarem, no que até se supunha em conhecimento e mesmo em crença religiosa. Giordano Bruno pagou com a vida essa sua reiteração e afeição pelos estudos mais avançados e, certamente, mais abrangentes para a  época em que vivia. Sejamos justos e façamos-lhes a todos, a devida homenagem póstuma pela exausta e imperativa afronta que então se terão debatido entre os seus. Para sempre ficará em nós, esta Filosofia Eterna que engloba tudo o que já foi referido - em Ciências reconhecidas por outras nem tanto, até mesmo nos dias de hoje. Honras lhes sejam feitas, no que foram efectivamente os precursores irrefutáveis no tempo de toda esta nova consciência no ser humano. Por eles, por nós, e pelas gerações futuras num maior ou mais lato conhecimento e cultura geral, assim se determine em continuar no avanço da Humanidade! Assim sendo, assim o seja!

A «Magia Naturalis»


O Investigador, Filósofo, Teólogo - Alberto Magno «São Alberto Magno» (1193-1280)

Por meio das suas muitas experiências científicas na época, terá efectivamente criado uma espécie de ser humano artificial ou tudo não passa de mera especulação? E, sendo verdade, que terá este descoberto em toda a sua precursora obra de Ciências Naturais Experimentais, referenciada como «Magia Naturalis», onde se evidenciava um conhecimento sobre-humano nas ditas «cabeças falantes», fabricadas artificialmente?

O Legado da Idade Média
A meio do Inverno de 1248 terá um Dominicano alemão - por intermédio de Magia - conseguido obter frutos frescos e um jardim a florescer. Ainda assim, como se tal não bastasse, murmurava-se também que ele havia construído um ser humano artificial, o qual havia sido destruído pelo grande teólogo Tomás de Aquino (1225-1274), seu discípulo.
A pessoa a quem aqui nos referimos é Albert, «Conde de Bollstadt» - mais conhecido pelo nome de São Alberto Magno (1193-1280).

O Cientista como Mágico
Alberto Magno, nascido em Lauingen, foi o mais importante erudito da Idade Média. Estudou em Pádua (Itália), tornou-se depois monge Dominicano e, o admirador do filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.).
Contudo, o facto de se ter ocupado de matérias tão diversas como a Matemática, as Ciências Naturais, a Gramática, a Astrologia e a Alquimia valeram-lhe a reputação de se dedicar também à Magia.
A verdade é que, na Idade Média, ténue era a distinção entre as Ciências Naturais e, a Magia! Alberto Magno levava a cabo experiências científicas, mas não deixava de defender a ideia de que se podia fazer acontecer milagres, mediante certas operações mágicas. A sua obra prestou contributos importantes para o desenvolvimento da chamada «Magia Naturalis» - a precursora das Ciências Naturais Experimentais.

Roger Bacon
De acordo com a opinião do investigador Alexander von Humboldt (1769-1859), o Franciscano inglês Roger Bacon (c. 1214-c. 1292) foi a personalidade da Idade Média que intelectualmente mais se distinguiu. Dotado de particular interesse para a História da Cultura, está um escrito de R. Bacon em que este descreve autómatos, máquinas, viaturas automóveis e até dirigíveis, para além de prever a invenção do microscópio e do telescópio - bem como a utilização do vapor como força motriz.
Também Bacon, em virtude dos vastos conhecimentos de que dispunha em matérias como a Alquimia, a Astronomia e a Física, atraiu sobre si inúmeras desconfianças, julgando-se que este se dedicava à Magia Negra.

Ramón Llull
O erudito e místico catalão Ramón Llull (Raimundus Lullus, 1235-1316) criou um sistema de regras gerais, a partir das quais, através de um processo especial de combinações, se pudesse obter todas as teses científicas. Para simplificar este propósito, designava os conceitos fundamentais com letras e agrupava-as em quadros, campos e figuras.
Durante séculos todos os que posteriormente se dedicavam às Ciências Ocultas, bem como às Ciências Naturais, estudaram criteriosamente a sua obra, a «Ars Magna». Para além dos seus trabalhos científicos, dedicou-se também a escrever romances e poesia, sobretudo em língua catalã.
Muitos dos escritos que lhe são atribuídos suscitam actualmente algumas dúvidas quanto à sua verdadeira autoria.

Avançados para o seu Tempo
Santo Alberto Magno, Roger Bacon e Ramón Llull foram adoptados por aqueles que se dedicavam às Ciências Ocultas. Diversos tratados de Alquimia foram atribuídos a Ramón Llull.
Nestas obras cria-se uma imagem estilizada dele - um iniciado que teria estado em poder da Pedra Filosofal.
Na verdade, porém, qualquer destes eruditos tentou contrariar comportamentos enganadores e supersticiosos. Roger Bacon era da opinião que, as Ciências Experimentais, deveriam enfrentar a Magia, que enganava e cegava a Humanidade com as maravilhas que operava - com maravilhas ainda maiores!

Os Autómatos Falantes
Consta que Alberto Magno e Roger Bacon teriam tido à sua disposição uma cabeça fabricada artificialmente e, dotada de um conhecimento sobre-humano, uma espécie de autómato falante que pronunciava Oráculos.
Na Antiguidade são feitas referências a «Cabeças Falantes» e a estátuas que se julgava estarem habitadas por algum demónio. Ao que parece, tratava-se de cabeças humanas mumificadas e preparadas de acordo com determinados critérios astrológicos, às quais era reconhecida a capacidade de falar.

O investigador, filósofo e teólogo Alberto Magno, sendo um dos estudiosos mais importantes da Idade Média, leccionou em diversas escolas de Ordens e nas Universidades de Paris e de Colónia.
Roger Bacon, filósofo, teólogo e erudito, criou o Conceito Científico de Leis Naturais e contrapôs à autoridade medieval, o Método Experimental. Ambos terão certamente afrontado a Igreja e mesmo as suas leis já pré-definidas no que aqui se registou de toda a audácia e encorajamento destas experiências científicas. Muito à frente do seu tempo, sem dúvida, sendo os percursores das Ciências Naturais Experimentais, houve quem os designasse de bruxos. E, remete-nos dizer que, mesmo não sendo Magia (ou seria...?), algo estes homens saberiam de maiores conhecimentos, de maiores poderes. Não foi à toa que elaboraram teses documentais na fabricação artificial destas tais «cabeças falantes». Que técnicas terão descoberto? Que ensinamentos e sua origem, estes homens de hábito vestidos terão conhecido e, seguido, nessas suas muitas experiências completamente extemporâneas para a época?
Todas estas questões ficam em aberto - no que se não sabe mas se impõe - em pertinência e inquirição de todo um conhecimento medieval que não se imagina (mesmo na actualidade), estes homens possuírem. Percursores, investigadores e curiosos, estes homens da Religião e da Ciência souberam-no indiciar como uma espécie de fundadores de uma qualquer comunidade científica que, na época, era impensável. Pela sua coragem e ousadia, só me resta consignar que a bem de todo um processo futuro em Ciência e Experimentação se possa continuar a aludir a estes mesmos conhecimentos, no que se conhece hoje em tecnologias de ponta e, repercussão científica, nos avanços significativos nesta área. Assim sendo e, a bem das gerações futuras - e da Humanidade - assim continue a ser!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Palavra de Jesus


Caverna em Nag Hammadi - Luxor                                            Egipto

"Porque me viste acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!" - Palavras de Jesus Cristo a Tomé (São Tomé) - o único discípulo de Jesus que não teria acreditado (inicialmente!) na ressurreição do Senhor.

O Esquecido Evangelho de São Tomé
Em 1946, camponeses egípcios encontraram numa sepultura em Nag Hammadi, próximo de Luxor, textos religiosos em língua Copta que, remontavam aos primeiros séculos da Era Cristã.
Entre eles, encontrava-se um tratado que até então apenas era conhecido dos estudiosos por surgirem referências a este, em escritos de outros autores dos primeiros tempos do Cristianismo: trata-se do Evangelho de São Tomé!
Este texto veio assim revolucionar o nosso conhecimento acerca dos autênticos ensinamentos de Jesus e, dos inícios do movimento religioso em torno de Cristo.

O Evangelho Primitivo Perdido
A moderna investigação crítica da Bíblia descobriu, ao analisar o Novo Testamento, que os evangelistas Lucas e Mateus se terão socorrido de uma colecção de aforismos de Jesus, que não era conhecida dos restantes evangelistas.
Esta colecção de aforismos constitui o escrito mais antigo que deverá ter circulado por entre os seguidores de Jesus, à semelhança do «Evangelho Primitivo». Já perdido, que continha em si as sentenças e os aforismos proferidos por Jesus..
O Evangelho de São Tomé é precisamente esse tipo de obra, uma vez que é constituído por 114 aforismos soltos e independentes. Estes aforismos evidenciam correspondências notáveis com a referida colecção que foi possível reconstituir mediante a análise fisiológica dos evangelhos conhecidos.

As Palavras Autênticas de Jesus
O Evangelho de São Tomé, é mais antigo do que qualquer dos outros quatro que vieram a integrar o Novo Testamento, mantendo no seu interior muitas frases que terão sido proferidas pelo próprio Jesus Cristo, ao invés de lhe serem atribuídas pelos evangelistas.
Este facto levou a que, uma influente associação de estudiosos desta matéria - os membros do Seminário de Jesus no Westar Institute de Sonoma, na Califórnia - considerasse este o «Quinto Evangelho», merecedor de respeito e de importância igual à dos outros quatro evangelhos canónicos, para efeitos de avaliação da autenticidade das declarações de Jesus.

Fontes Budistas
Espantosamente os aforismos do Eavangelho de São Tomé, evidenciam semelhanças óbvias com certas componentes do rico «Ideário Oriental», em concreto com o Budismo!
No seu livro intitulado «Der Ur-jesus («O Jesus Original»), os investigadores alemães Elmar R. Gruber e Holger Kersten explicam de que modo Jesus foi efectivamente influenciado pelos ensinamentos e teorias budistas.
"Quem se separa deste Mundo sem se aperceber do seu próprio mundo interior, tirará deste último tão pouco proveito, como dos Vedas que não foram estudados ou de um trabalho que se deixou esquecido a meio." - Esta máxima contida num livro Hindu, intitulado «Brihadaranyaka Upanishad», possui o seu eco no Evangelho de São Tomé (Tm 67). É aí que surgem incluídos o apelo e, a incumbência profundamente budistas, que então Jesus dirige aos discípulos no sentido de estes se libertarem das obrigações deste mundo, das suas posses, da sua residência e, encetarem assim uma vida de missionação: "Tornai-vos caminhantes" (Tm 42).

Comparações de Passagens de Texto
Estar atento, significa para os budistas tomar consciência de todas as actividades que se desempenha - mesmo daqueles comportamentos automatizados e quotidianos - de funções tais como andar e respirar, adoptando para tal a postura meditativa de um mero observador.
O Satipatthana (os quatro fundamentos da Plena Atenção) constitui o modo de meditação essencial.
Uma «Atenção Plena» deverá conseguir transformar a confusão em clareza, todo o inconsciente passará a estar consciente, toda a ignorância será transformada em conhecimento.
No Evangelho de São Tomé (Tm 5) é também feita alusão a esta atitude. Também aí surgem comparações com a Luz e a Escuridão, importantes e relevantes para os cristãos (Tm 61), sempre em concordância com as fontes budistas: «O Sábio deve desistir do caminho da sombra e, seguir o caminho da Luz» (Dharmapada 6, 12); «Este Mundo está envolto na obscuridade, poucos são o que nele conseguem ver. Poucos são os que entram no Reino da Felicidade, como pássaros acabados de sair do ninho» (Dharmapada 13, 8).

Excertos do Evangelho de São Tomé
«Quem conseguir encontrar o sentido destas palavras, não terá de provar o sabor da Morte» (Tm 1).
«Reconhece aquilo que se apresenta diante dos teus olhos e, aquilo que te está escondido, revelar-se-te-à, pois nada que tenha estado escondido jamais deixou de se revelar» (Tm 5).
«Ama o teu irmão como amas a tua Alma, protege-o, como proteges os teus olhos» (Tm 25).
«Se a carne foi criada em consequência do Espírito, então trata-se de um Milagre. Se, pelo contrário, o Espírito foi criado em consequência da carne, então trata-se do: Milagre dos Milagres. Não deixo, porém, de me espantar como foi que tamanha riqueza escolheu esta miséria para aí habitar» (Tm 29).
«Se alguém vos perguntar de onde vieram, respondam: "Viemos da Luz, do lugar onde a Luz surgiu de si mesma"» (Tm 50).
«Por isso te digo: Quem estiver vazio, encher-se-à de Luz. Quem, porém, no meio da abundância estiver dividido, encher-se-à de Escuridão» (Tm 61).
«Jesus disse: "E se alguém conhecesse o Universo todo mas, não se conhecesse a si mesmo, teria então falhado no que respeita ao conhecimento da Totalidade"» (Tm 67).
«Procurai também vós o Tesouro, que não se dissipa nem diminui e se mantém algures onde as ávidas traças o não alcançam e, onde verme algum o poderá carcomer» (Tm 76).

O Evangelho de São Tomé terá, ao que parece, sido escrito pelo apóstolo Tomé. Este ficou conhecido na História da Bíblia pela sua incredulidade, como surge então descrito no Evangelho de São João (20, 24-29).
Tomé, era assim o único que não teria acreditado (ou não acreditou no seu início...) na premente ressurreição de Jesus Cristo. Mas então o Senhor, (Jesus) ordenou-lhe que pusesse a mão sobre a ferida no seu peito e disse-lhe assim: "Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!"
Não é assim com todos nós?...Os cépticos, os incrédulos, os que se contradizem, os que não acreditam em nada e mesmo os que se negam a acreditar seja no que for, todos eles se mantêm ante esta mesma perspectiva de Jesus, no que não se acreditando - existe verdade! E...felizes então dos que se não questionam e, questionando, ainda assim acreditam na verdade e na palavra do Senhor! Amén!
Pela Fé, pelo culto (ou sem ele), pela crença ou descrença mas sempre pela verdade da e, na Humanidade, a palavra de Jesus, de Buda ou de outro qualquer Ser Iluminado, nos possa ser dita em verdade, em palavra, em respeito e, se nessa determinação nos ordenarmos, em seguimento nos homens de boa vontade. Em futuros que cumpriremos, se faça a sua palavra! Pois que assim seja!

domingo, 27 de julho de 2014

A Noite da Alma

A
Fotografia de um Nu - Seres Amantes

Recordar-me-às algum dia? Saberás ver a diferença entre os dias e as noites que não contaste e assim me amaste na perdição desses momentos e, na rendição que fizeste de teu corpo sobre o meu? Haverá instantes em que o recordes, em que o lembres com a mesma saudade e a fuga do teu pensamento, da mesma  forma que tão libidinosa e fugazmente me tomaste em ti, naquela época? Sentir-me-às ainda...? No teu corpo, na tua alma, na ausência agora imperfeita de toda uma distância, de toda uma inútil espera sem retorno? Recordar-te-às ainda....do meu corpo sobre o teu, em enlace eterno do que um dia vivemos???

       "A Alma é um olho de Fogo, ou um espelho de Fogo, onde a cabeça de Deus se revelou (...).
        É um Fogo ávido, e tem de ter consubstancialidade, pois de outro modo transforma-se num vale escuro e faminto."
       "O Amor permanecerá no seu fogo original, e tudo o que lhe resta (...) é uma fúria amarga, um desejo incendiado, consumidor e faminto; e, portanto, uma eterna busca que é um medo eterno."
                                                                                       
                                                                                                   J. Bohme «Theosophische Werke» (Teosófico) J. Bohme - Amesterdão (1682)

A Mais Pura Noite da Alma
Se tu soubesses...se tu um dia soubesses o quanto a tua alma foi minha por um dia, uma noite sem fim, um momento a sós que jamais esquecerei. Dizer-to assim em carta ou mensagem em palavras vagas, vãs de tudo, não silenciaria a agitação que antes vivi ao senti-las, ao querer dizer-tas, ao querer tudo te revelar de meu peito e de todas as agruras de uma vida imbecil sem ti. Dizer-to assim...ridiculamente, como Fernando Pessoa to diria, nas cartas de amor ridículas que escrevemos, pois que todas são ridículas quando emergidas de sentimentos que se não escondem mais, de pensamentos que se não podem mais ocultar e fazer vaguear nos espaços perdidos, como espécie de neutrinos intemporais no próprio espaço e tempo, sem tempo de se perpetuarem, sem tempo de se amarem...como tu e eu agora.
Aquela leda e triste madrugada como diria um exótico poeta, não foi mais a tua e a minha, não foi mais nada que pudesse ficar escrito nalgum mural do tempo ancestral - ou do tempo actual - que ambos pudéssemos registar em nós, como tatuagem inexorável em poros e pele sobre corpos inacabados, sobre corpos mal amados. E eu...que tantos desejos futuros te incrustei como molusco na rocha de indefectível destino sobre um mar nem sempre calmo, nem sempre piedoso, e tu...agrilhoando-me o querer e a vontade de me fazer ser mulher, apenas me deixaste as sobras de ti, as sobras de nada...em somente sombras deixadas que não mais me aqueceram o quarto, o corpo e, a alma doente! Ah...e como eu queria esquecer-te...e como eu queria arrancar-te de mim, ceifando-te dessa minha alma fenecente, dessa minha alma moribunda que me continuava a gritar para te não esquecer, para te não toldar no meu espírito fervente!...E como era difícil isso; inexequível no tempo ou nos momentos que te recordava de teu corpo sobre o meu, e eu...tão calma e serena como mar estanque, deixando-me perder nas vagas do teu corpo exangue, exaurida de mim, exaurida de tudo que não fosse a minha alma colada à tua, para sempre...para sempre...
Passaram muitos anos, anos demais. Não mais soube de ti, não mais soube de nada que te afectasse, que se te cingisse na vida algum augúrio de lamento, pronúncio ou sequer visão não anunciada de teus olhos ver, de teus olhos sentir e, de uma tua alma ressurgida das cinzas do tempo que há muito desapareceu.
Aquela Noite da Alma que ambos vivemos será sempre a nossa noite...e para sempre nos ficará em sub-cutânea afronta do que jamais viveremos em igual. Tu e eu. Terás outras almas na tua vida, passageiras, fátuas, efémeras. Não deixarão rasto nem gosto nem nada que se me compare. Não terão o meu cheiro, não terão o meu beijo, não terão o meu abraço nem sequer o meu sentir em todo o teu ser; ser que amei como nunca mais amarei ninguém! Não, nesta vida. Posso haver hercúleos pensamentos sobre muitos...que não terei nenhum sobre o que pensei e senti sobre ti, sobre o teu dulcífluo corpo, de sabor a mar, de sabor misto a sémen e pólen numa masculinidade apresentada em todo o seu esplendor. De sabor mágico.
Enlouqueceste-me a alma! Ensandeceste-me o ser e o querer que endoidou por não te ter mais, por não te sentir mais no coração e na fogosidade de uma vida a dois. Deixaste-me vazia de tudo. Até de mim.
E...aqueles teus olhos cor de prado, cor de avelã e musgo que tão bem eu lhes via em doçura e alguma candura infantil, pousados nos meus, em aromas ainda não inventados de uma alfazema pura de campos e sonhos precipitados. E como eu te amava...e tanto que até doía na alma! Tal como Luís de Camões pela sua amada morta Dinamene, em rio Mecon, na sua eterna despedida - revelando a sua quase alma morta também - por ter deixado as águas levarem de si, a sua amada. Como o compreendo agora...e como isso dói! Demais!
A minha alma está morta. Não tenho mais fulgor nem força para me debater sobre esta subcinerícia condição de me considerar agora um Anúbis de corpo e espírito submetida ao Mundo dos Mortos. O meu estupro, vivê-lo-ei na continuidade dos tempos em perfeita escuridão e nenhuma nitescência, que me possa iluminar e, revigorar esta vida que levo...sem ti. A dor essa...é excruciante! Uma dor maldita, não bem-vinda, não bem aceite por mim...nunca! Quero arrancá-la do peito, quero arrancá-la de mim mas não posso. E possivelmente...não quero!?...Quererei?...Não sei.
Ecoam em mim as benditas palavras ( mas malfazejas para muitos ) de Jesus em : "Abwun A d`bweshmaya" (Livrai-me de Todo o Mal!) Amén! - E como poderei eu livrar-me desse mal, se me está impregnado na alma como impigem ou chagas de Cristo, inextinguível no tempo e, no lamento que em mim faço como vítima e não agressora, sabendo os limites de uma e de outra, no que imponho em mim. Os meus dias são agora imbríferos e pesados, tão pesados como as mais acérrimas noites de tempestade e...não me reconheço alegrias que não sejam...o sentir estas lembranças - em mim de - como um dia fui feliz e tua...em teu corpo nu, em teu ser total! E sorrio por fim. Vejo-me finalmente como sou. Desnuda de sentimentos mas igualmente de vontades de te não esquecer, de te não perder, nas memórias que detenho de ti e, sobre ti. Não é mais negra essa minha noite, não é mais fluída de estranhos pensamentos, pois agora sei que um dia te vou encontrar, que um dia te vou dizer: meu amor, nunca te esqueci! Meu amor...estiveste sempre aqui...comigo. Em corpo, alma e ser espiritual. Estiveste sempre...em mim, na mais pura e bela noite da alma! Que jamais apaguei de mim! Para todo o sempre!
Até um dia meu amor...e nesse dia serei tua como nunca deixei de o ser. E, nessa nossa noite, o Universo vai todo receber-nos e o poder cósmico em nós...vai ser Uno. E então, meu grande e único amor da vida - desta e de todas as outras - nós iremos celebrar o nosso amor, na...mais linda e eterna Noite da Alma! Ad Eternum!...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A Tempestade no Deserto


Jacto dos Estados Unidos da América em Projecção Aérea

       - "A nossa meta não é a Conquista do Iraque, mas a Libertação do Kuwait!" - Diria George Bush em comunicação posterior do início da "Tempestade do Deserto".

Até onde irão os meus limites na vida - em recordação e acirrante mágoa - por tudo o que vivi, como se tivesse sido um mero pesadelo havido há muito tempo...há séculos atrás? Mas não o foi e peno por isso. E, latejando em alma sangrenta, hemorrágica ainda hoje, me vejo olhar os céus e pedir a Deus que me devolva o ser que amei com todas as minhas forças e vontades. Será que Deus me ouve ainda...? Estarás efectivamente morto sem corpo apresentado e, sem lápide para que aí te pudesse chorar, mesmo que sobre uma outra te tivessem feito homenagens póstumas de um país, uma nação que não é minha - mas tua - na parte dilacerada que também em mim ficou? E porque me deixaste então...quando tantas promessas foram arremessadas, foram ditas sobre o meu corpo nu e, a minha bendita alma colada à tua? Porquê???

Janeiro de 1991 - Guerra do Golfo - "Tempestade no Deserto"

O Início
O Apocalipse abateu-se sobre Bagdade, capital da Nação Árabe Iraquiana, liderada pelo carismático homem de poder totalitário - Saddam Hussein. Mais de 2.500 aviões americanos sobrevoariam os céus de um Iraque já em plena escuridão de uma noite invulgar e, surpresa. Sucessivos bombardeamentos foram desencadeados pelas forças militares e seus aliados deixando um rasto de fogo, cinza e diversas explosões sequenciais dessa acção. Três horas de raids bastariam  para que depressa e eficazmente se determinasse quem sairia vencedor. Aquela noite de quarta para quinta-feira não seria nunca mais - e ao longo de uma História infindável - igual a tantas outras de silêncios e temores, esperanças e fervor. Não o seria para os tantos que, ás mãos de Saddam, se viram na sua «Grande Guerra» - A Mãe de Todas as Guerras - como em êxtase a apelidava, deixando morrer, trucidar e tudo para trás ficar, além da inglória submissão ao elevado poder bélico do inimigo, a família. E, pior do que isso, todo aquele tão grande amor à Pátria - exacerbado por um fundamentalismo idiota  e sem nexo que tão bem Saddam lhe sabia imputar.
O Inferno de Dante não teria sido melhor descrito - ou visionado - por todos aqueles que, no meio de incêndios e pânico desordeiro se viram, rebuscados da pacatez - ainda que falseada por alguns - dos seus lares numa Bagdade agora perdida.


The Day After
O dia seguinte foi tráfico. Os Media reportavam os acontecimentos bélicos como uma panóplia de feitos surpreendentes em toda a sua magistral linha rasante: - A refinaria que existia nas imediações de Bagdade tinha sido destruída assim como, os vários edifícios oficiais.
O palácio de Saddam estava em chamas e mesmo a sua residência pessoal havia sido danos consideráveis, encontrando-se bastante danificada de facto. Várias rampas de mísseis «Scud» foram desde logo eliminadas com uma precisão e eficácia deveras impressionante pelas forças americanas e seus aliados.
Tornados britânicos F-15 americanos e, por último os não menos conceituados aviões jaguar franceses, derrubariam em bombardeio certeiro as resquícias esperanças de um Saddam agora mais indefeso, mas não totalmente destituído de todo o seu poderio militar. As armas químicas eram um fantasma que ensombrava de quando em vez certos círculos dos altos comandos das forças aliadas - não se pondo de parte a loucura  desse ditador em fazê-las espraiar sobre a força inimiga.
Não se podia nem devia subestimar o poder de Saddam que, fazendo jus à sua intensa loucura de comando sobre os seus homens - quase na sua maioria ignorantes demais para se aperceberem das intenções suicidas por si levadas a cabo - onde, por algum tempo mais, este se determinasse. Ainda que, fontes seguras revelassem já haver desertores na sua «brava» força guerreira!
Foi assim que, pelas 8 horas e 30 minutos - hora de Riade (Arábia Saudita) - se veio a reconhecer terem começado os confrontos por terra na  fronteira entre o Kuwait e a Arábia Saudita. Nesta mesma hora, o correspondente da BBC em Riade, informaria que a artilharia iraquiana tinha atacado já pela manhã, uma refinaria na Arábia Saudita. As forças norte-americanas responderiam com helicópteros «Cobra», com aviões de descolagem vertical Harrier e A-10 Thunderbolt.
A CNN daria as suas primeiras imagens dos heróis em regresso às suas Bases na Arábia Saudita - imagens essas, propositadamente oferecidas pelo Pentágono a esta cadeia de televisão - mostrando os vitoriosos.
Estava assim confirmada esta espécie de guerra electrónica, em directo, ou quase, em que todos nós participávamos como se fossem meros jogos de vídeo, mas felizmente não morríamos - por estarmos bem à distância dos factos e...das emoções. Preferencialmente!
Dick Cheney, Secretário de Defesa norte-americano dava uma conferência de imprensa após a comunicação à nação - e ao mundo - de George Bush, acompanhado pelo General Colin Powell, Chefe de Estado-Maior conjunto norte-americano. Pouco revelariam por segurança expressa ou simplesmente por ainda não saberem os factos exactos...(esta segunda hipótese não tão real assim, do que se supõe estes saberem na totalidade). Participariam então, a satisfação latente de uma vitória a quase 100 % patentiando de que os objectivos haviam sido literalmente atingidos, não tendo existido resposta aérea ou anti-aérea adequada por parte do Iraque.

O Revés
Mas a procissão ainda ia no atrium. O que quer dizer que, estas cantorias de «vãs» vitórias seriam um pouco precipitadas ou mais concretamente, mais prematuras de certa forma em ostentação de uma vitória arrasadora por, no mês seguinte, na fatídica afronta da noite de 12 para 13 de Fevereiro, se ter dado um revés - não em baixas militares nos aliados mas por outras, de origem especulativa.
O abrigo-bunker de Al-Amerieh, que tinha sido transformado em instalação militar no fim da década, albergava agora nos seus pisos superiores mulheres e crianças inocentes - alvos preferenciais de Saddam como camuflagem e, interdição. Não lhes valeu de muito, nem a ele nem tão-pouco àqueles infelizes que esturricaram debaixo dos mísseis guiados por raios-laser dos dois F-117 em missão concretizada às 4 horas e 50 minutos locais.
Esta, foi a primeira «vitória» de Saddam, e talvez a última. A operação, não de charme mas do pretenso infeliz que viu vitimar inocentes. Cingiu-se-lhe então como perfeita vestimenta de uma vitimização eloquente e assaz melindrosa, assumidos em laivos fluidos de consternação pelo sangue do seu povo derramado. Tentou passar por herói e solidário líder com a dor da sua gente. Começaria assim a temível outra guerra: a da propaganda! Perez de Cuellar lamentaria a situação na amplitude de perdas humanas. Tarek Aziz exultava-se de revoltas pelo crime hediondo cometido pelos norte-americanos e seus aliados. E o mundo esse...via em tudo numa harmonia imprecisa entre o silêncio e a confusão.
Existiria fronteiras-limite entre o que seria alvos militares e alvos civis? Pertinente ou não, era esta a indefectível pergunta à qual muito poucos saberiam responder com exactidão e, clarividência de seus actos. Em particular nesta guerra, onde se verificou que a defesa iraquiana usava escolas como postos de comando e camuflava equipamentos de guerra em caravanas petrolíferas civis.
E o terror persistia, escondido e imprevisível: o uso de mísseis Exocet e armas químicas contra objectivos terrestres e navais por parte de Saddam, provocando deste modo um número considerável de baixas norte-americanas. Os marines em Dahran aguardavam receosos ode que Saddam os utilizasse no vasto potencial químico que provavelmente dispunha e guardar para algum momento mais exacto da sua estratégia. O que não se supunha era que o fizesse mesmo, mas em circunstâncias algo inéditas e perturbadoras. «Scud» ou mais especificamente SS-1A que sabiamente (ou não) os iraquianos ampliariam na fuselagem, aumentando assim o depósito de combustível, diminuindo-lhe o peso da cabeça explosiva. Criaram deste modo duas novas versões do ultrapassado Scud: Al Hussein eo Al Abbas, de 625 e 870 km, respectivamente.
Utilizou-os então, aterrorizando populações e comandos na sua sempre inimiga Israel, fazendo tremer Telavive, Haifa, Dahran e Riade.
Foi assim que o mundo tremeu. Eu...não fui excepção. Todas estas cidades sofreram a ansiedade, o nervoso e toda a imensa loucura de uma guerra anunciada no Médio-Oriente e perto de um outro mundo: o ocidental. Suspendíamos a respiração e rezávamos. Nem as menos crentes escapavam àquela enlouquecida guerra que se registava perto de nós, mais perto do que o desejaríamos.
O meu homem não voltou para os meus braços. Morreu-me longe. Morreu-me para sempre! Ainda o choro, ainda o lamento na sua eterna jovialidade apresentada em que nos amávamos, fazendo um amor só nosso, tão louco e devasso como esta guerra que de mim o levou. Sou uma viúva sem pátria, sem homem e sem nada de meu...nem solo nem eira, nem beira. Sou só eu, com as minhas lágrimas, os meus tormentos, as minhas desilusões e...as minhas muitas tristezas. Mas hoje é um dia alegre, feliz. O filho que ele me deixou no ventre está hoje a içar e a cumprir o seu destino em bandeira, arma e nação...essa mesma nação que de mim levou o seu pai, herói guerreiro da Tempestade no Deserto. O meu herói. E agora...apenas observando os céus em força militar aérea de onde o meu filho é servidor e, servido de honras e assomos seus e de sua nação de nascença e criação, honrarei eu também o seu nome e a sua condição de homem bravo, homem guerreiro que deu a vida por uma grande missão no Médio-Oriente.
Estou feliz. Cumpriu-se os desígnios de Deus. E eu agradeço-Lhe por isso e que, me não leve o filho pois que mãe há só uma e eu nem sei o que faria se Deus me impusesse essa má condição. Ou boa...quem sabe, de um dia podermos estar todos juntos e, olhar o Céu, o nosso Céu, e vermos que afinal...somos todos livres, somos todos puros, somos todos almas que um dia se juntarão num só Céu eterno de uma só condição! Não há credos, não há cores, não há diferenciação e todos seremos felizes num abraço fraterno sem guerras, munições ou atritos de espécie alguma. Mas isso...sou eu a sonhar, tornando a ter-te nos meus braços, meu grande e único amor na vida...para além do nosso filho na Terra! Descansa em paz, meu amor! E...em breve estarei contigo. E levar-me-às contigo nesse teu jacto, nesse teu caça onde pereceste e para sempre eternizaste o teu corpo mas não...a tua alma...essa, está comigo! Guardei-a para mim e, para o dia em que nos encontrarmos de novo nos céus perdidos de um Universo infinito! Meu amor...

Nessun' dorma (subtítulos en español)

A Anomalia Gravitacional


Castelo Gandolfo (Castrum Gandulphi) - Rochedo do Papa (Rocca di Papa) sob o Lago Albano
Vaticano                                                                                                     Roma - Itália

Será por acaso que este local tão marcado por características assaz singulares - do ponto de vista gravitacional - goza de tão distinta vizinhança? Local de «reforma» e repouso agora do Papa Emérito Bento XVI, exultará de facto nesta localidade algo de muito profundo, espiritual, divino, científico ou um outro qualquer maior poder que aí se determine? E qual a razão de outrora - na figura do Papa Urbano VIII - da insistência deste, na construção de Castel Gandolfo naquele local, perto do Lago Albano - um local que além do mais lhe fora oferecido e nem sequer antes pertencia à Igreja???

O Mundo ao Avesso
É estranho e, não obstante, bem real: existem sítios no mundo onde carros desengatados começam a subir declives sozinhos e, onde a Lei da Gravidade, estabelecida pelo físico Isaac Newton (1643-1727) - segundo as leis de Kepler - parece não ser válida.
É por isso mesmo que milhares de visitantes são todos os anos atraídos para a pequena e discreta localidade de Rocca di Papa, nas imediações de Roma, perto do lago Albano.
Nesse lugar, o mundo parece estar virado de pernas para o ar, pois quando se sai da localidade - tendo-se entrado cindo da capital - assiste-se a um fenómeno deveras peculiar durante o percurso de cerca de 100 metros em direcção à localidade vizinha de Ariccia: os objectos redondos rolam encosta acima sem receber qualquer impulso. Que força gravitacional é então esta?...
Este acontecimento fora do vulgar há muito que é conhecido pela população local, tendo-se Rocca di Papa transformado num autêntico destino turístico, devido à sua «infracção» à gravidade! Ao invés do que conhecemos desta. Daí que, inúmeras famílias aí desloquem - sobretudo aos fins de semana em verdadeiro roteiro lúdico de passeio e certa limpeza de alma. Estacionam os seus automóveis na estreita berma da estrada e, fazem rolar garrafas e latas de refrigerantes encosta acima.
Os mais jovens aproveitam para fazer a subida de bicicleta sem terem de pedalar uma única vez. Automobilistas atónitos observam os seus pesados carros desengatados a moverem-se para cima , assim que soltam o travão de mão. As pessoas que fazem a subida a pé declaram que, «por mais incrível que pareça a subida não custa nada»! Que fenómeno sucede aqui então...?

Medições Geofísicas
O geólogo Johannes Fiebag foi um dos poucos cientistas que até à data estudaram este fenómeno, tendo efectuado medições geofísicas na estrada que fica situada à margem da cratera de um vulcão - hoje, o leito do lago Albano. Estas medições concluíram que existe efectivamente uma pequena inclinação, excluindo a hipótese de ilusão óptica, tantas vezes apontada pelos cépticos como causa provável.
Contudo, só a avaliação feita por intermédio de imagens aéreas e de satélite (o GPS, «Global Positioning System») poderia fornecer uma explicação concludente para o facto de, neste local, estar anulada uma lei básica da Física!
No método de medição utilizado, os resultados não podem ser influenciados pelas eventuais anomalias gravitacionais locais, facto que no método tradicional não pode deixar de ser considerado.

A Herança de Galileu
Nas imediações de Rocca di Papa situa-se Castel Gandolfo, a residência de Verão dos Papas - que agora serve de refúgio e meditação ao Papa Emérito Bento XVI, após a sua anunciada renúncia e abdicação do alto cargo que exercia em suprema eminência papal.
Foi aqui que, quem o mandou construir - o Papa Urbano VIII - pronunciou no século VII a sentença contra Galileu (1564-1642), o primeiro homem a levar a cabo medições no campo de Gravitação Terrestre.
Algumas circunstâncias misteriosas acompanham a pronunciação desta sentença: embora Galileu Galilei tivesse autorização do Papa para publicar as suas descobertas «de repercussão universal», foi peremptoriamente silenciado, sob ameaça de tortura, pelo Papa Urbano VIII - um amigo tão querido até então!...
A teoria de que não era a Terra mas sim o Sol a ocupar o centro do sistema foi, na época, considerada então como errada e Galileu foi acusado de heresia. Daí a pertinente questão: Qual o verdadeiro motivo deste veredicto??? E qual a razão pela qual o Papa Urbano VIII insistiu tanto na construção e edificação de Castel Gandolfo naquele local, perto do lago Albano, um local que além do mais lhe fora oferecido e nem sequer antes pertencia à Igreja?...

Experiência Única
"É ir lá e...experimentar!" - Afirmação sequencial de tudo o que aqui foi dito e registado por tantos os que no local e, no momento, experienciam a situação demonstrada.
Cerca de 30 quilómetros a Sul dos limites da cidade de Roma - na margem do Lago Albano - passa a Via dei Laghi - uma estrada secundária no prolongamento da Via Appia Nuova  que liga a capital de Itália à região de Frascati. É a seguir à localidade de Rocca di Papa que se verifica um fenómeno muito estranho.
Existem, no entanto, outras localidades na Europa com anomalias gravitacionais parecidas com as de Rocca di Papa: cerca de 30 quilómetros a Sudeste da localidade de Gorlitz (na fronteira entre a Alemanha e a Polónia), há uma pequena estrada que leva à estância de Karpacz.
Os mapas da região e as cartas para caminhantes indicam um «local com distúrbios gravitacionais», na Ulica Strazacka - a estrada de Strazacka Górny. Para grande espanto dos turistas, muitas vezes os condutores dos autocarros desengatam a mudança em que iam e, os pesados veículos prosseguem costa acima.
Na Alemanha, os cépticos podem convencer-se de que «tudo rola subida acima» tanto na região de Oberlausitz - a 7 quilómetros de Bautzen - como na região montanhosa de Eifel, à saída da aldeia de Schleiden.

O matemático, físico e filósofo Galileu Galilei foi o fundador da Ciência Moderna ao introduzir, entre outras coisas, o processo de «Experimentação Sistemática».
Através das suas investigações sobre a queda dos corpos criou a «Cinemática Moderna» - um capítulo da mecânica que descreve e analisa os movimentos, tendo em conta o tempo e o espaço.
Quando defendeu publicamente o «Sistema de Mundos de Copérnico» - que sustentava a tese de um Mundo Heliocêntrico, a Igreja condenou-o a cumprir pena de prisão domiciliária por heresia. Durante o período de cumprimento da sentença - já estava quase cego - ocupou-se intensamente das leis da Queda dos Graves.
Por certo incompreendido e sem justiça haver, denunciando-se o percursor de toda uma elaborada e correcta teoria, Galileu Galilei indiciou assim as descobertas no mundo das ciências modernas, ainda que, estivesse algo distante talvez deste fenómeno aqui apresentado. Ou não. Terá sabido Galileu desta anomalia gravitacional de Rocca di Papa e tê-lo-à silenciado? Tê-lo-à levado para a cova sem que o tivesse deixado em registo póstumo?...Nunca o saberemos ou (provavelmente...) alguém o saiba, nas muitas catacumbas secretas de um Vaticano auspicioso e igualmente cioso em si, de seus secretismos e obscuras verdades que a Humanidade ainda não estará pronta para saber e, reconhecer. Mas isto é um julgamento algo leviano que não se poderá fazer aqui - nem se pretende tal - havendo respeito e consideração por esta mesma Igreja que se quer e deseja renovada de interesses e particularidades futuras muito mais abrangentes, transparentes e se possível, mais humanas também! Ou...divinas. Ou...estelares!?...O debate poderá nunca estar encerrado nestas tão vastas matérias entre a exaltante e opulenta Ciência Moderna e, uma Igreja conservadora e algo bloqueadora de um maior (ou público) conhecimento nas populações. Mas haverá certamente também uma maior consciência dos tempos que atravessamos em realidade e...verdade, desta Era contemporânea. Já não se condena à fogueira e à morte encenada por se ter induzido em descobertas inovadoras ou...estarei errada? Seja como for, que novos tempos se abram e este novo e actual Papa Francisco a isso se reitere e imponha, deixando que os tempos modernos se possam aliar à Ciência e à Religião, à crença e à verdade, pois só isso conta para a evolução no ser humano. Que assim o façam, que assim o respeitem como eu o tento sempre fazer em contraditório, oposição de ideias e debates acesos em conhecimento mais lato na Humanidade e, pela Humanidade! E por ela, que os tempos futuros nos tragam a luz de toda essa mesma verdade! Pela Humanidade...assim seja! Sempre!!!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Leonard Cohen ~ Dance Me To The End Of Love

A Fotografia Psíquica


Fotografia Psíquica de Ted Serios

Poder-se-à fazer viagens ao passado através destas fotografias psíquicas? E que dimensão poderão alcançar estas anómalas fotografias - em processo paranormal e, capacidade psicocinética - numa influência directa sobre as camadas da emulsão da película? Qual a razão de se verificarem estranhas alterações em relação aos originais, sem serem fruto da imaginação nas imagens aí representadas?

Fotografias Psíquicas
Ted Serios despiu a camisa, transpira e pragueja, após já ter bebido várias garrafas de cerveja. Há horas que vai para a lente de uma máquina fotográfica «Polaroide», através de um pequeno cilindro de cartão.
Olhar através do canudo de cartão aumenta a sua concentração nas imagens e, quando estas surgem, a máquina é accionada por indicação sua.
Este é o retrato de um dia banal de sessões experimentais com Ted Serios (n. 1930), um indivíduo oriundo de Chigago, um biscateiro sem emprego certo. A sua especialidade são as chamadas «Fotografias Psíquicas». Durante as suas experiências com Ted Serios na década de 1960, o psicanalista e parapsicólogo Jule Eisenbud (1908-1999) decidiu-se pela utilização de máquinas fotográficas Polaroid, visto que estas revelam as fotografias dentro da própria máquina - afastando desse modo qualquer possibilidade de manipulação da película, durante a revelação do rolo na câmara escura.

Fotografias do Mundo Imaginário
Numa fase inicial, apenas se viam fotografias esfumadas do rosto de Serios, até porque em todas as sessões experimentais, a focagem da objectiva estava regulada para o Infinito!
Após algumas horas conseguiam-se as primeiras cópias inexplicáveis: fotografias totalmente negras, embora a sala de experiências estivesse bem iluminada. Em geral, só depois é que se captavam as fotografias verdadeiramente impressionantes de cenas e edificações: colunas, cúpulas, uma fotografia de uma invulgar perspectiva do Hotel Hilton em Washington, entre muitas outras.

Viagem ao Passado através da Fotografia Psíquica
Certa vez, após um longo período de espera, uma equipa de televisão conseguiu obter 11 fotografias do motivo desejado: um ser humano pré-histórico!
Conforme se veio a verificar, Ted Serios havia reproduzido partes de um modelo demonstrativo em exibição no Museu de História Natural de Chicago. Por vezes, as fotografias de Ted Serios não revelavam quaisquer estruturas ou pessoas, embora apresentassem inexplicáveis anomalias: imagens completamente negras ou completamente brancas. Tais fotografias anómalas precediam habitualmente os retratos paranormais de objectos identificáveis. Não existe explicação para estes singulares efeitos.
Aparentemente, as capacidades psicocinéticas podem exercer influência directa sobre as camadas da emulsão da película, produzindo-se deste modo fotografias.

O Relógio de Música
De uma das vezes que pediram a Ted Serios para obter fotografias psíquicas no seu típico modo claro-escuro, este produziu duas fotografias que foram identificadas como representações do relógio de música da Câmara Municipal de Munique.
Após uma análise mais detalhada, as figuras mecânicas do relógio revelaram estar ao contrário, como se vistas ao espelho, e algo diferentes em relação ao original. Eram justamente estas divergências que os cientistas consideravam como um indício da autenticidade das fotografias psíquicas de Ted Serios.
Para além disso, uma das fotografias do relógio de música fora obtida com uma câmara sem lente, a qual estava a ser segurada a uma distância de cerca de um metro de Ted Serios. Neste caso, qualquer manipulação estava fora de questão. Fica por explicar o motivo por que se dão estas estranhas alterações em relação ao original. Uma vez que não se trata de fotografias que representem imagens que sejam fruto da imaginação, não se pode considerar que na sua origem estejam quaisquer lacunas da memória.
A maior parte das vezes, Serios não sabia o que iria aparecer nas fotografias. Era frequente não se concentrar em nenhum tipo de imagem, enquanto outras vezes surgiam fotografias completamente diferentes daquilo que ele havia imaginado. Ainda não é possível explicar o processo de produção das fotografias psíquicas, até porque dons como os de Ted Serios e Masuaki Kyiota são extremamente raros. Para além disso, não se procedeu ainda a experiências científicas em número suficiente.

A Estátua da Liberdade
Com apenas 14 anos, Masuaki Kyiota causou sensação no Japão devido às suas faculdades que lhe permitiam deformar artisticamente peças de faqueiro sem recorrer à força física.
Também pôs à prova estas aptidões psicocinéticas em fotografias mentais. Para a realização das experiências, retirou-se a uma máquina fotográfica Polaroid a objectiva e o obturador. Quando se levou a máquina para fora da sala da experiência, Masuaki Kyiota permaneceu lá dentro a concentrar-se e conseguiu-se obter uma fotografia que representava a Estátua da Liberdade em duplicado, sendo cada imagem um reflexo da outra.

Quanto a Ted Serios, nas muitas experiências efectivadas com o doutor Jule Eisenbud, este só conseguia obter fotografias psíquicas após várias tentativas. Como já se referiu, era então frequente este beber várias garrafas de cerveja - para dar ânimo - num facto raro para um sensitivo!
Costumava também fumar e praguejar ininterruptamente. Fazia tudo isto de propósito, induzindo-se deste modo num estado de excitação deliberada. Visto que nestas condições começava a transpirar, despia a camisa e ficava nu da cintura para cima. Surgiam então as primeiras provas anómalas, as chamadas «blackies» - fotografias completamente pretas. Depois disso produzia várias das suas características fotografias psíquicas, normalmente uma após a outra, com grande rapidez.

Ted Serios chamava «extras» às suas personagens ou aparições de pessoas que não conhecia e se retratavam assim nas suas fotografias. Estas eram produzidas recorrendo exclusivamente à força do seu pensamento, não sendo portanto «falsificações» obtidas, por exemplo, por meio de dupla exposição.
Que se poderá traduzir então sob estas experiências de Ted Serios em particular? Que reproduziria este em projecção mental e psíquica que se lhe transporia em registo fotográfico? Alcançaria ele um estado assim tão alucinado, tão fora de si, que o faria invocar outros espíritos, outros seres e dimensões que se reportavam depois em objectiva ou mesmo sem esta, em espaço próprio  mas ocasionado e, observado em fotografia?
Que poderes retinha em si - nesse tão alterado estado físico e mental - que o levava a redimensionar toda essa perspectiva psíquica para a retrospectiva fotográfica? E qual a razão, por que cientistas e demais entendidos o não terão pesquisado mais...ou, averiguado mais em pormenor nestas suas evidências fotográficas? Mesmo na actualidade, qual a razão de não se ter aprofundado ainda esta ciência, esta técnica ou...este estranho fenómeno inexplicável de, visualização fotográfica extraída de mentes alteradas...?
Muitas questões em aberto, sem dúvida, que por muito tempo ainda carecerão de resposta e...uma mais concludente afirmação sobre todos estes acontecimentos de fotografias psíquicas. Aguardar-se-à que em breve haja uma investigação mais rigorosa e, um estudo mais pontual, sobre estas muitas questões sobre o tema. Assim sendo, só nos resta desejar que, a bem da Humanidade e de um maior conhecimento, tudo se venha a revelar em profunda e criteriosa verdade dos factos. A bem das futuras gerações, que assim seja!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

I just died in your arms tonight (Cutting Crew) - Foreigner

A Psicometria


Tomba delle Pantere (Túmulo da Pantera) - Necrópole de Monterozzi (séc. VI a. C.) - Tarquinia        Itália

Haverá a possibilidade de, os objectos possuírem memória? Poder-se-à então extrair informação desses objectos através de um processo designado por « Ressonância Mórfica», mesmo que isto envolva um certo mistério - e acesa discussão - entre os seus defensores e o seus opositores? Terão as pedras vida, contando histórias a quem nestas toque por vias da chamada Psicometria, técnica sensitiva e de intensa sensibilidade paranormal? Terão...alma? Que mistérios se escondem por detrás delas?

Psicometria - A Memória das Coisas
Nos seus sonhos, Umberto di Grazia, natural de Roma, empreende frequentemente viagens ao passado. Vê-se como um guerreiro Etrusco ou como um Vidente - na prática de antigos rituais.
Mais tarde acontece-lhe - frequentemente - encontrar os mesmos locais com os quais sonhou, seja ao dar um passeio ou quando vai apanhar cogumelos. Quando se encontra num desses locais, começa a ver a realidade em câmara lenta. Olha à sua volta, escava o chão, passa a pente fino a densa mata e, partes do bosque.
Foi deste modo que, Umberto di Grazia descobriu inúmeras povoações antigas até então desconhecidas. A Oeste de Roma, descobriu um enorme cemitério da Idade do Bronze e, ainda, um Templo Etrusco de grande interesse para os arqueólogos! Uma vez no local, basta-lhe tocar nas pedras e estas, começam logo a «falar». Contam-lhe as suas ancestrais histórias!...

A Técnica da Psicometria
Um sensitivo - a designação aplicada a uma pessoa dotada de sensibilidade paranormal - é capaz de pegar num objecto e, num curto espaço de tempo, surgem-lhe inúmeras impressões imaginárias que de algum modo estão ligadas a esse objecto. A este processo chama-se «Psicometria».
Trata-se de uma técnica bastante difundida entre os sensitivos com vista à obtenção de impressões sobre determinadas coisas. Muitos desses sensitivos exigem um objecto pessoal que lhes permita entrar em contacto extra-sensorial com a pessoa em questão. É sobretudo no esclarecimento paranormal de crimes e, na Psi-Arqueologia, que o processo da Psicometria desempenha um papel de relevo.

Dos Primórdios da Investigação
O médico americano J. Rhodes Buchanan (1814-1899) é considerado o descobridor da Psicometria. Afirmava que do ser humano emanava uma força, à qual ele chamava «Aura nervosa».
Mediante a interpretação dessa força, algumas pessoas estariam aptas a decifrar indícios de acontecimentos passados a partir de objectos.
William Denton (1823-1883), um professor de Geologia de Boston, tentou verificar as teses de Buchanan em inúmeras experiências com a mulher, o filho e a irmã, tendo chegado a alguns resultados interessantes.
Denton era da opinião que raios desconhecidos retratariam acontecimentos e, objectos, em coisas localizadas nas suas proximidades.

Objectos com Memória?
Haverá mesmo a possibilidade de, os objectos possuírem memória? Resta ainda saber - e esclarecer - se um objecto psicométrico serve apenas como uma ajuda associativa para se estabelecer um contacto clarividente ou telepático - ou se ao próprio objecto - está agarrada uma «memória».
Uma teoria actual vê a realidade construída como um Holograma. Um Holograma armazena uniformemente informações ópticas numa chapa fotográfica. Em qualquer uma das ínfimas partes da chapa fotográfica, encontra-se armazenada a totalidade do conteúdo. Se se viesse a verificar que, determinadas pessoas conseguem chamar a informação sobre a realidade holograficamente armazenada através de um objecto, tal poderia ser o ponto de partida para uma explicação de Psicometria.
A teoria dos campos morfogenéticos - proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake - também parte do princípio que mesmo os objectos inanimados contêm em si uma espécie de memória.
Poder-se-ia então, sem qualquer contacto ou causas físicas conhecidas, extrair informação aos objectos através de um misterioso processo de «Ressonância Mórfica».
Esta teoria é actualmente alvo de acesa discussão - e muita polémica - dividindo irreconciliavelmente os seus defensores e, os seus opositores.

A Capela do Rei Edgar
Em 1907, o arquitecto inglês Frederick Bligh Bond (1864-1945) foi incumbido de escavar o que restava da Abadia de Glastonbury, em Somerset.
Bond não sabia onde deveria começar a escavar. Juntamente com um amigo, o capitão John Allen Bartlett, tentou obter as informações desejadas por via paranormal. Durante uma sessão espírita, Bartlett começou automaticamente a desenhar, numa linha ininterrupta, as fundações da catedral - junto a uma pequena construção. Do mesmo modo automático, escreveu então um texto em Latim, segundo o qual um monge - supostamente do Além - relatava a história de uma capela mandada erigir pelo abade Beere em honra do rei Edgar, no início do século XVI, e que mais tarde teria sido destruída.
Bond mandou então escavar no tal local - no local indicado. Surgiu assim Edgar`s Chapel, a qual correspondia exactamente aos planos desenhados por Bartlett.

Psi-Arqueologia
Na década de 1930, os arqueólogos recorreram ao psicometrista polaco Stefan Ossowiecki. Assim que Ossowiecki pegava num objecto antigo, a sua visão anterior contemplava cenas com grande nitidez. Tinha a sensação de se poder movimentar livremente nelas, como se realmente estivesse presente numa outra época e, na pele de um observador invisível. Conseguia descrever correctamente a idade, a localização geográfica dos locais dos achados arqueológicos e, até as características da cultura de onde provinham os objectos, incrementando frequentemente os conhecimentos dos cientistas com pormenores interessantes.

A Mensagem na Garrafa
Maria Reyes de Z. foi tratada de diversos males por Gustav Pagentecher (1855-1942), um médico alemão residente no México, com recurso ao método da hipnose.
Durante o tratamento desenvolveu a capacidade de receber extraordinárias sensações paranormais ao segurar um objecto. Certa vez, o médico deu-lhe um envelope lacrado que continha uma folha de papel. Utilizando pormenores extraordinariamente vivos e detalhados, Maria Reyes de Z., relatou uma viagem num barco a vapor, descreveu pessoas, o fogo de metralhadoras e por fim o barco a ir ao fundo. Antes de o barco se afundar, um homem teria escrito uma carta que teria deitado ao mar dentro de uma garrafa.
Com efeito, o envelope lacrado continha uma carta que fora encontrada dentro de uma garrafa por pescadores nas águas dos Açores (Portugal). Nela, estavam escritas as seguintes palavras em espanhol: "O navio está a afundar-se. À tua saúde, minha Luísa, cuida que os meus filhos não me esqueçam. O teu Ramón. Havana. Deus vos proteja e a mim também! Adeus."

Peter Nelson
Numa experiência psicométrica foi dado um antigo tinteiro de vidro ao americano Peter Nelson. Nesse preciso momento surgiu-lhe a imagem de um homem com a barba branca aparada num formato pontiagudo, sentado à frente de uma escrivaninha antiga. Em seguida, Nelson viu um pacotinho quadrado e achatado, embrulhado em papel colorido, e sentiu um sabor doce na boca. O tinteiro provinha do espólio de um fabricante de chocolates já falecido - um homem que correspondia exactamente à sua descrição.
Os arqueólogos gostam de pedir conselhos a Nelson. Quando lhe deram uma série de objectos psicométricos que consistiam em figuras de barro, este foi capaz de descrever com precisão, as condições de vida das culturas que haviam produzido as mesmas figuras.

Umberto di Grazia e Peter Nelson utilizam assim com mestria e bem saber toda esta técnica psicométrica na sua essência e finalidade na descoberta e origem, tanto de objectos como de locais escondidos do mundo.
Cientistas, arqueólogos e demais estudiosos - na procura e insistência da descoberta - têm procurado os serviços destas pessoas que exibem esta técnica e, no fundo, este determinado poder interior de quase comunicação ancestral e, celestial, com o Além. Se tudo emanar e eclodir em revelação ao mundo por vias da Psicometria, isso só nos pode orgulhar no que novas ciências, novas técnicas, nos induzem a persistir no seguimento destes conhecimentos em colaboração, cooperação e contínua afirmação sobre a mesma.
E como sempre afirmo eu também, que o seja a bem da evolução da Humanidade! E, igualmente, na sua continuidade! Que assim seja então!