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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Relíquia do Japão


 
Santuário de Ise  -  Japão

Que misterioso espelho de cristal será este e, como terá alcançado uma posição tão destacada numa religião oficial? Qual a razão da peregrinação anual de oito milhões de pessoas a este santuário de Ise em veneração máxima a esta relíquia dos deuses?

O Santuário de Ise - A Relíquia do Japão
O Japão tem muitos lugares míticos, mas o local mais sagrado da antiga religião xintoísta é a cidade de Ise, em Honshu, não muito longe de Kobe e Osaka, onde numa ilha fluvial se ergue o santuário de Ise-jingu, que alberga um misterioso espelho de cristal feito pelos deuses. É o símbolo da autoridade divina do Tenno, o Imperador Japonês. Impõe-se a questão: Como alcançou este objecto uma posição tão destacada numa religião oficial? Mas, não fiquemos por aqui. Teremos de nos interrogar também de qual a razão da peregrinação anual de cerca de oito milhões de pessoas a esta venerada relíquia...?

Caminho dos Deuses
A religião primitiva do Japão, o Xintoísmo (literalmente, o «Caminho dos Deuses»), remonta ao culto de várias divindades (Kami) que habitam todos os fenómenos da Natureza. No centro da mitologia encontram-se a deusa do Sol, Amaterasu («Pessoa Sublime que faz o Céu resplandecer»), e os seus descendentes, que unificaram o povo japonês.
Jimmu-Tenno, tetraneto de Amaterasu, desceu à Terra a Sudeste de Kyushu e, iniciou uma perigosa viagem de conquista ao Centro do Japão, onde fundou o Império Yamato em 660 a. C. Foi assim o primeiro dos 125 tennos, cuja linhagem se mantém no trono até aos nossos dias e, que descende directamente da deusa do Sol.

O Espelho Celestial
Juntamente com Jimmu-Tenno, desceu à Terra um espelho sagrado, guardado no palácio do imperador durante várias gerações. No século I a. C., durante o reinado do décimo imperador japonês, Sujin-Tenno, este símbolo da legitimidade imperial foi levado para Kasanuinomura pela princesa Mikoro e, por fim, transportado no tempo do Imperador Suinin (4 a. C.) para a cidade de Ise, onde foi guardado num santuário de uma ilha do rio Isuzu, precisamente no local onde Amaterasu apareceu aos homens pela primeira vez.
O espelho sagrado, originariamente reservado apenas à Família Real japonesa, passou a poder ser adorado por todos os xintoístas a partir do século XIX. Mas ninguém tem autorização para o olhar de frente. Por isso, há séculos que é envolto em panos. A única excepção é o imperador, que - depois de subir ao trono - pode dirigir-se directamente ao enigmático espelho divino de cristal e, tocar o testemunho da sua divindade.
Talvez um dia se possa verificar as potencialidades ou propriedades divinas deste espelho se, porventura, uma comissão científica tiver autorização para investigar o artefacto divino. Que descoberta extraordinária então será, aquando essa revelação ao mundo...mas, por enquanto, entregue à fantasia e à fé dos crentes nipónicos, apenas nos resta esperar que se abram mentes e se dê resolução a essa esmerada investigação.

Tenno Divino
A fonte mais importante da mitologia japonesa é o «Kojiki», o «Relato dos Acontecimentos Antigos», mandado escrever pela Imperatriz Gemmei em 711 a. C. e que, contém a genealogia mais antiga da dinastia imperial e seus antepassados divinos. Até ao século VI a. C., diferentes clãs reinavam nos seus territórios.
O clã Yamato - que ainda hoje se mantém no trono - conseguiu então a supremacia, sendo as divindades suas antepassadas, aceites como as mais altas autoridades. O título «tenno» (literalmente, ser divino) encontra-se já em 677 d. C. nas sepulturas encontradas em necrópoles nos arredores de Osaka.

Fica-nos a dúvida da dimensão divina em genealogia e posse neste espelho mágico. Contudo, há que averiguar dessa verdadeira dimensão pois não somos proprietários de nada que nos transcenda!
A haver estas propriedades divinas no dito espelho de cristal - advindo de deuses do Céu - teremos a confluência neste de algo miraculoso ou simplesmente uma essência estelar e de total desconhecimento humano que o fará exultar na Terra, assomos seus de origem longínqua e, para nós, divina. A única ressalva que me apela a clamar ao imperador nipónico - o ser único que o pode observar e, tocar - é que deixe a comunidade científica estudá-lo, a bem da ciência e de todas as interrogações aí impostas. De facto, mesmo registando-se um poder imensurável nesse objecto de cristal, nem assim terá impedido este povo de sofrer pelos últimos acidentes ambientais, como é o caso de Fukushima, recentemente. Para além da razia territorial de Hiroshima e Nagasaki em guerra devastadora com os Estados Unidos, Fukushima é agora a preocupação mundial e que, não tendo havido mãos humanas inimigas (pois realizou-se infortunadamente dentro do seio nipónico) este registo terrível que invade mares e solos, poder tornar-se um gigante de dimensões infinitas. Não será o tempo do imperador quedar-se um pouco e, poder deixar os cientistas aprofundarem a verdadeira razão divina - ou científica - de tão magistral objecto de culto e veneração?
Penso que todos ganharíamos com isso. Não há tesouros escondidos em pertença única. Ou pelo menos...não deve haver. Espero que reconsiderem e como tal, sejam assim abençoados; pelos deuses e, por todos nós, em interacção permanente e fluída do que desejamos em continuidade e sapiência de toda a Humanidade. Que assim seja então!

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